Guia Prático de Citologia Clínica

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Guia Laboratorial Prtico para o Estudo da Citologia Clnica na Universidade

Prefcio

Com a colaborao do mdico Dr Ary Slon Ribeiro, ginecologista, foram cedidas lminas de coleta crvicovaginal para anlise do esfregao ginecolgico atravs do exame de Papanicolaou. As lminas foram levadas para a USS e foram coradas no laboratrio de Resina como objeto de estudo da citologia clnica e que contou com a participao dos alunos da disciplina na etapa de colorao, seguindo um protocolo de colorao prdeterminado para serem utilizadas como amostra de estudo dos alunos.

O mtodo de Papanicolaou baseia-se na realizao de esfregao em lmina de vidro com material oriundo da raspagem da superfcie da mucosa cervical, com fixao imediata e colorao, sendo o teste efetivo e de baixo custo para rastreio de cncer crvico-uterino e de seus precursores. Consegue reduzir cerca de 80% a incidncia de cncer invasivo nas mulheres submetidas frequentemente ao rastreamento. O exame citolgico de Papanicolaou o mtodo de excelncia na avaliao do grau de alterao celular do epitlio escamoso cervical, e tem ajudado a diminuir drasticamente a incidncia de cncer de colo uterino, sendo um exame de baixo custo, que pode ser empregado tanto para a pesquisa de malignidade ou de leses pr-malignas, como para rastreio de agentes das DST (TUON et al., 2002).

O trabalho experimental hoje uma potencialidade amplamente partilhada pelos professores no ensino de Cincias como instrumento facilitador do aprendizado e capaz de criar um ambiente atravs da construo e reconstruo do conhecimento do prprio aluno onde o professor assume um papel de dinamizador e facilitador do aprendizado do aluno. No estudo das cincias naturais alguns conceitos tornam-se de difcil compreenso se forem apresentados apenas teoricamente, por esse motivo a experimentao em sala de aula um componente importante do ensino das Cincias pela diversidade de assuntos que abrange. Associar o conhecimento terico com a experimentao prtica permite ao aluno relacionar evidencias e explicaes, formular problemas e hipteses. Contudo, o conhecimento cientfico no se adquire somente na experimentao, importante que o professor seja o sistematizador do conhecimento como maneira de dar ao aluno um conhecimento terico que facilitar o aprendizado experimental.Atravs da vivncia prtica que os alunos da disciplina de Citologia Clnica podero concretizar seu aprendizado terico apresentado em sala de aula.

Atlas de Citologia Clnica ndice


Montagem do protocolo de colorao para o exame de Papanicolaou A Anatomia do Trato Genital Feminino Aspectos Normais Processos Inflamatrios Alteraes por HPV Displasia Leve /NIC I/ LSIL Displasia Moderada /NIC II/ HSIL Displasia Grave /NIC III/ HSIL Alteraes de Malignidade Referncias Bibliogrficas Pg 1 3 5 10 12 14 15 16 17 19

Montagem do protocolo de colorao para o exame de Papanicolaou


Tcnica de Colorao de Papanicolaou 1. Lavar as lminas em gua corrente 5 a 15 minutos; 2. Corar na Hematoxilina de Harris 3 a 5 minutos (figura1); 3. Lavarem gua corrente 5 a 10 minutos; 4. Diferenciar no cido actico a 10% e colocar por 1 minuto em banho maria; 5. Lavar em gua corrente 10 a 15 minutos; 6. Lavar no lcool absoluto a 90% - 3 a 5 minutos; 7. Corar no Orange G 3 a 5 minutos (figura2); 8. Lavar em duas trocas de lcool 2 imerses; 9. Corar no E.A-36 3 a 5 minutos (figura 3); 10. Lavar em duas trocas de lcool 2 imerses (figura 4); 11. Fazer 3 trocas de xilol 3 imerses. 12. 1 xilol 5 minuto, 2 xilol e 3 xilol o tempo necessrio para a montagem da lmina.
(GOMPEL ; KOSS, 1997)

Figura 1

Figura 2

Figura 3

Figura 4 2

A Anatomia do Trato Genital Feminino

Fig. 1- Colo uterino

Fig. 2- Anatomia feminina

O conhecimento da anatomia do trato genital feminino o primeiro passo para o aprendizado da citologia clnica em funo da diviso que existe entre dois tipos de epitlio que revestem este local (Tecido escamoso e glandular) e consequentemente dos tipos diferenciados de clulas que compem os respectivos epitlios.

A Anatomia do Trato Genital Feminino

Fig.3- Trato genital feminino

Fig.4- Locais de colheita

A partir do momento que ficam evidenciadas as cavidades do trato genital feminino e os tecidos que as revestem, o prximo passo conhecimento dos locais que podem ser utilizados como objeto de estudo do trato genital feminino atravs da identificao das clulas que compem estes tecidos por colheita de material celular para estudo onctico e hormonal. 4

Aspectos Normais

Fig.5- Clulas Metaplsicas

Fig.6- Tecido Escamoso

As clulas acima fazem parte do tecido escamoso que reveste desde da cavidade vaginal at regio da ectocrvice. As clulas metaplsicas j fazem parte da regio de transio entre o epitlio escamoso e o glandular apresentando um citoplasma mais vacuolado e estreito alm de um ncleo volumoso com nuclolo.

Aspectos Normais

Fig.7- Clulas Metaplsicas da juno Escamo-Colunar*. Presena de grande quantidade de hemcias na imagem direita As clulas metaplsicas j fazem parte da regio denominada JEC ou zona de transio que representa o fim do tecido escamoso e o inicio do tecido glandular. Em funo desta transio a probabilidade de uma leso pr-maligna ou maligna aumentam e tornam este local de escolha para uma avaliao onctica.

* Microscopia tica (Gustavo L. Peixoto)

Aspectos Normais

Fig.8- Clulas Intermedirias

Fig.9- Clulas Superficiais

As clulas acima constituem o tecido escamoso e apresentam aspectos de diferenciao baseados na morfologia do ncleo j que ambas apresentam citoplasma polidrico. As clulas intermedirias possuem ncleo vesiculoso enquanto as superficiais tm ncleo picntico, morfologia esta que sofre alterao por ao hormonal ( estrognio e progesterona).Ambas clulas de revestimento sem atividade mittica 7

Aspectos Normais

Fig.10- Clulas Intermedirias *

Fig.11- Clulas Superficiais*

As clulas acima constituem o tecido escamoso e apresentam aspectos de diferenciao baseados na morfologia do ncleo j que ambas apresentam citoplasma polidrico. Podemos visualizar nestas imagens a presena dos Bacilos de Duoderlein que fazem parte da microbiota do trato genital feminino.
* Microscopia tica (Gustavo L. Peixoto)

Aspectos Normais

Fig.12- Clulas Intermedirias* e Clulas profundas* As clulas acima constituem o tecido escamoso desde a sua cada mais profunda presente normalmente em crianas e mulheres menopausadas que possuem intensa atividade de mitose e a camada intermediaria de revestimento que sofrem alteraes diante de processos inflamatrios que acontecem no citoplasma das clulas e tambm em seus ncleos.Essas alteraes podem ocorrer juntamente com o aparecimento de hemcias e a mudana e cor do citoplasma das clulas.
* Microscopia tica (Gustavo L. Peixoto)

Processos Inflamatrios

Fig.13 Apagamento de Borda

Fig.14- Esfregao Atrfico

O tecido escamoso quando sofre injria pode apresentar alteraes celulares caractersticas de inflamao.A perda da delimitao do citoplasma das clulas (apagamento de borda citoplasmtica) e o aparecimento de clulas basais (atrofia) so critrios sinalizadores de um possvel processo inflamatrio que podem estar associados a outros critrios celulares. 10

Processos Inflamatrios

Fig.9- Sobreposio dos leuccitos*

Fig.10- Candida spp.*

A presena dos leuccitos sobrepostos um dos principais critrios indicadores de inflamao do trato genital feminino quando no possvel visualizar o agente causal do processo (inespecfico).Quando associados a um patgeno podemos identificar vrus, bactrias, protozorios e fungos como principais causadores do processo inflamatrio.
* Microscopia tica (Gustavo L. Peixoto)

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Alteraes por HPV

Fig.11- Coilocitose

Fig.12- Infeco por HPV

As imagens acima evidenciam o efeito citoptico do HPV sobre as clulas do tecido escamoso denominada de coilcito. As clulas apresentam um espessamento da membrana citoplasmtica e um halo claro peri nuclear alm da possibilidade de evidenciarmos um ncleo excntrico e as vezes, a presena de mais de um ncleo.A intensidade das leses pode ser classificada atravs do Sistema de Bethesda e depende da cepa viral. 12

Alteraes por HPV

Fig.13- Ncleo excntrico

Fig.14- Papiloma

As figuras acima evidenciam um infeco pelo vrus HPV e suas manifestaes que tanto podem ocorrer de forma celular como tambm atravs de verrugas que so denominados Condilomas.

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Displasia Leve /NIC I/ LSIL

Fig.15- Displasia Escamosa

Fig. 16- Displasia Endocervical

As leses displsicas ou pr-malignas podem ser classificadas por alteraes nucleares e por vezes citoplasmticas que podem ocorrer tanto no tecido escamoso quanto glandular. Alteraes como cariomegalia, hipercromasia caracterizam uma leso pr-maligna e servem como critrios para classificar o grau da leso. Os Sistemas de classificao criado por Papanicolaou, Richart e Bethesda so os mais utilizados no diagnstico destas leses. 14

Displasia Moderada /NIC II/ HSIL

Fig.17- Hipercromasia

Fig.18- Cariomegalia e binucleao

A hipercromasia caracteriza-se um ncleo mais corado que o normal dada sua maior atividade e o aumento do tamanho do ncleo acompanha essa maior atividade (cariomegalia) que pode estar acompanhada por uma binucleao como evidenciamos na figura 18. Os critrios acima classificam um leso displsica e so utilizados na diferenciao do grau destas leses em funo da sua intensidade. 15

Displasia Grave /NIC III/ HSIL

Fig.19- NIC III (Richart)

Fig.20- Bethesda (HSIL)

A gravidade das leses displsicas fica evidenciada quando alteraes celulares deixam de ser exclusivamente nucleares e atingem o citoplasma das clulas causando o que classificamos como aberraes citoplasmticas acompanhadas da intensa cariomegalia e hipercromasia. Neste grau de atipia fica difcil diagnosticar uma leso pr-maligna de um carcinoma propriamente dito. 16

Alteraes de Malignidade

Fig.21- Clula do 3 Tipo

Fig.22- Clulas em fibra

As leses malignas ou carcinoma apresentam os mesmos critrios das critrios das displasias de forma acentuada e novas alteraes como espaos vazios que permitem o diagnstico do carcinoma. Nestas leses ficam evidentes as alteraes citoplasmticas.

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Alteraes de Malignidade

Fig.23- Queratinizao

Fig.24- Amoldamento nuclear

Os critrios acima permitem a classificao da leso maligna com um leso micro ou invasiva diferentemente de um carcinoma localizado.O grau de invasividade, na maioria das vezes, determinado atravs do exame histopatolgico.

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Referncias Bibliogrficas

GOMPEL, C.; KOSS, L.G. Citologia Ginecolgica e suas bases anatomoclnicas, 1 ed., 1997. CARVALHO, G. Citologia do trato genital feminino. 4.ed., 2002. TUON, F. F. B.; BITTENCOURT, M. S.; PANICHI, M. A.; PINTO, A. P. Avaliao da sensibilidade e especificidade dos exames citopatolgico e colposcpico em relao ao exame histolgico na identificao das leses intra-epiteliais cervicais. Revista da Associao Mdica Brasileira, v. 48, n. 2, 2002.

Dr. Gelson W. Peixoto Especialista em Anlises Clnicas e Hematologia Dr. Gustavo L. Peixoto Especialista em Anlises Clnicas e Citopatologia

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