Titulo O Servio Social na cena contempornea.

Autora Marilda Villela Iamamoto Curso Bacharelado em Servio Social O Servio Social na cena contempornea. Autora Marilda Villela Iamamoto, professora titular da Faculdade de Servio Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A autora tem como uma referncia indispensvel ao servio social e ao pensamento crtico brasileiro, e que vem formando geraes, realiza uma densa anlise no significado dessa profisso na cena contempornea. No Brasil construiu com um projeto profissional inovador, apoiado em valores e princpios ticos radicalmente humanistas e nas particularidades da formao histrica do pas. Os princpios ticos que norteiam o projeto profissional fundamentam-se no iderio da modernidade, que coloca a questo social central da liberdade do ser social no cerne da reflexo tica. Na cena contempornea, que se considera tendncia e desafio do servio social onde sempre tem um enfrentamento na partilha e demandas, tanto na esfera pblica quanto no setor privado, diante das perspectivas desregulamentadoras dos mercados de trabalho. A obra apresenta inmeras citaes mencionadas pela autora Marilda Iamamoto. Esse pas no meu. Nem vosso ainda, poeta. Mas ele ser um dia O pas de todo homem. (C.D.Andrade Amrica). O Servio Social na cena contempornea. Este texto, de carter introdutrio ao curso de especializao Servio Social: Direitos Sociais e Competncias Profissionais prope apresentar uma viso panormica do Servio Social na atualidade, considerando esta temtica central. Ele se compe de quatro partes: a introduo analisa, sob um vis crtico, as competncias profissionais, resguardadas pela legislao, no mbito do projeto do Servio Social brasileiro contemporneo, comprometido com a defesa dos direitos; a segunda parte apresenta a anlise do Servio Social no mbito das relaes entre as classes socais e destas com o Estado e o significado social da profisso no processo de reproduo das relaes sociais; a terceira parte trata das relaes entre trabalho, questo social e Servio Social na era das finanas; a quarta parte aborda os direitos e competncias profissionais no marco das tensas relaes entre os princpios norteadores do projeto profissional e a condio de trabalhador assalariado do assistente social; finalmente, situam 1

alguns desafios histricos que se apresentam aos assistentes sociais na cena contempornea. Segundo a autora afirma-se que o Servio Social uma especializao do trabalho da sociedade, inscrita na diviso social e tcnica do trabalho social, o que supe afirmar o primado do trabalho na constituio dos indivduos sociais. Na obra inicial, ao indagar-se sobre significado social do Servio Social no processo de produo e reproduo das relaes sociais, tem-se um ponto de partida e um norte. Este no a prioridade do mercado, to cara aos liberais. Para que o trabalhador produza riqueza, antes desse processo, ele necessita reproduzir condies para que essa produo seja possvel. PRODUO se refere a quando o trabalhador est produzindo bens e servios, e reproduo se refere a tudo o que necessrio para que o trabalhador consiga produzir esses bens e servios, se refere a todas as relaes sociais de produo que ocorrem fora do cenrio da fbrica onde ele est produzindo, ou seja, para que o operrio consiga produzir na fbrica em que ele trabalha, ele precisa se alimentar, ele precisa se vestir, ele precisa cuidar da sua sade, at mesmo o seu momento de lazer, tudo isso REPRODUO. Ao colocarmos o Assistente Social nesta situao de reproduo. Profissional cuida de garantir que a fora produtiva esteja sempre cumprindo o seu papel de produzir riqueza. Onde esse profissional est inserido nestas reprodues que se referem ao cotidiano do trabalhador na vida em sociedade, tambm a reproduo espiritual (ideias) da conscincia social, do modo de vida, enfim, tudo aquilo que est conectado direta ou indiretamente ao modo de produo (que garanta a produo).Podemos tirar como exemplos, quando o Assistente Social busca garantir assistncia sade do trabalhador, direitos do trabalhado, garantir que ele tenha suas necessidades bsicas garantidas para que ele possa continuar produzindo. Na segunda obra, A questo social o conjunto das expresses das desigualdades da sociedade capitalista, dizia que o assistente social trabalha nas suas mais variadas expresses cotidianas e, sendo desigualdades, tambm envolve sujeitos que resistem e se opem a elas. Portanto, o assistente social trabalha nesta tenso entre produo da desigualdade e produo da rebeldia e da resistncia, terreno movido por interesses sociais distintos que tecem a vida em sociedade. A questo social j passou por vrias fases; a pr- questo social, a questo social e a nova questo social (que a atual). Hoje no Servio Social desafiado por esse contexto to adverso por seu lugar especfico na diviso scio-tcnica do trabalho. A profisso precisa adensar esse debate para que a partir de anlises concretas com base na 2

realidade, possa contribuir para o enfrentamento terico-prtico de forma crtica e com competncia. Pensar a questo social nas particularidades brasileiras supe reconhecer que a transio do capitalismo competitivo ao monopolista no Brasil no foi presidida por uma burguesia com forte orientao democrtica e nacionalista voltada construo de um desenvolvimento capitalista interno autnomo. Ao contrrio, essa transio foi marcada por uma forma de dominao burguesa, que Fernandes qualifica de democracia restrita da democracia dos oligarcas democracia do grande capital, com clara dissociao entre desenvolvimento capitalista e regime poltico democrtico (FERNANDES, 1975). Na terceira obra embora sendo regulamentada como profisso liberal, o Servio Social tem se inserido, scio-ocupacionalmente, de modo majoritrio, nas esferas Estatais. Em face de expanso de espaos de execuo dos diversos programas, projetos e servios da Assistncia Social, essa poltica tem requerido nmero cada vez maior de assistentes sociais. Diante da tenso, e dos meios que dispe o assistente social para que, a partir de seu trabalho cotidiano, as necessidades sociais dos sujeitos aos quais se dirige sua ao sejam satisfeitas e os seus direitos sejam ampliados. O assistente social tem como base de sustentao de sua relativa autonomia, e com ela a possibilidade de redirecionar o seu trabalho para rumos sociais distintos daqueles esperados pelos seus empregadores, o carter contraditrio das relaes sociais. Os limites do trabalho assalariado dos assistentes sociais no campo das polticas pblicas, exigindo estratgias polticas coletivas para o enfrentamento dos constrangimentos a que so submetidos na relao com os empregadores e dirigentes institucionais. As relaes entre Servio Social e poltica pblica, entendendo-se que as polticas sociais so mediaes fundamentais da profissionalizao do Servio Social, no entanto no se confundem com ela: preciso reafirmar as diferenas entre Servio Social como profisso e poltica pblica como responsabilidade do Estado e dos governos. No caso da assistncia social, embora seja uma mediao persistente que remonta s origens da profisso, o Servio Social no pode ser confundido com a assistncia social nem ser restringido a esse campo de interveno profissional. Mas preciso considerar que a ordem burguesa em seu cerne contraditria: ao mesmo tempo em que fornece as bases histricas para o desenvolvimento de demandas vinculadas liberdade (direitos, garantias sociais e individuais, autonomia, auto-gesto), simultaneamente bloqueia e impede sua realizao. Assim esse valor da liberdade passa a existir mais como projeto, do que como uma realidade 3

conquistada. (PAIVA et alli, 1996, p.162). Na quarta obra o mecanismo assistencial marcou profundamente a configurao da poltica de Assistncia Social brasileira. O espectro do clientelismo esteve consoante com a funo eleitoreira que a moldou em sua origem e durante longo espao de tempo. Entretanto, necessrio considerar algumas determinaes macroscpicas que vm mediando forma pela qual esses movimentos lutam e o governo direciona. O Governo Lula, contrariando as profundas expectativas da classe trabalhadora, demonstrou certa continuidade em relao ao governo anterior. Com projetos alternativos Lula acabou por sintonizar-se com o receiturio neoliberal. Mas eles tinham clareza de que as explicaes obtidas tambm influenciam o movimento da sociedade, ao transformarem a teoria em fora real que opera de dentro e atravs de grupos e classes sociais, especialmente aqueles que protagonizam a histria dos trabalhadores nesse pas. Os homens simples (IANNI, 1975) tambm tecem as linhas da histria com suas lutas e reivindicaes, rebeldias e conformismos. E lembra o autor que para conhecer a histria do Brasil indispensvel conhecer tambm a histria social do povo brasileiro (IANNI, 2004). Essa uma das condies para se assegurar a viabilidade do projeto profissional no jogo das foras sociais. Concluindo de um modo geral, que a autora apoia-se em diversos temas para emitir suas concluses. Numa das poucas oportunidades em que declara suas prprias ideias. Com relao insero do assistente social no espao scio-ocupacional da sade, podemos verificar que ainda preciso avanar muito neste processo, visto que, apesar deste ser um espao que absorve de forma significativa o profissional, ainda persistem nesse trao. A ideia conhecer um pouco sobre o mercado de trabalho e abrir nossas mentes para fato de sermos profissionais flexveis, disponveis a mudanas. Atravs de uma base terica dos pressupostos para uma anlise da profisso, que so de fundamental importncia para um futuro amadurecimento como profissionais cientes de que no somos mgicos, mas sim que somos agentes capacitadores capazes de impulsionar as mudanas sociais. Inicia-se a um o processo de profissionalizao do Servio Social e sua insero nas instituies estatais de forma predominante. Neste perodo os assistentes sociais so conclamados ao aperfeioamento tcnicooperativo, a profisso inserida na diviso social e tcnica do trabalho, exercendo a funo de profissional moderador das mazelas produzidas pelo capitalismo questo social como 4

instrumento central da manuteno da ordem hegemnica. Os (as) assistentes sociais so cada vez mais requisitados a atuar nesta rea, haja vista a expanso dos diversos equipamentos sociais que compe a estrutura do SUAS. Entretanto, essa insero balizada pelas determinaes mais amplas da sociedade, sobretudo pela configurao assumida pelas polticas sociais e pelas transformaes no mundo do trabalho, j que a insero do (a) profissional de Servio Social se d pelo estatuto assalariado. preciso considerar, portanto, que a insero profissional dos (as) assistentes sociais, ainda que se constitua num saldo significativo para a profisso, precisa ser objeto de debate e luta. Com slidos conhecimentos acerca do desenrolar dessa obra, a autora empenham em apresentar clara e detalhadamente as circunstncias na cena contempornea, levando-nos a compreender as ideias, em uma leitura que exige um pouco mais de entendimento. Com estilo claro e um o objetivo lgico, a autora d um esclarecimento sobre tudo exemplificando as relaes, os desafios e o campo de trabalho, impulsionando buscar mais conhecimentos, a fim de chegarmos nossa prpria fundamentao. Mostrando-nos a imensa possibilidade dos trabalhos que existe nesse campo, alm de nos encaminhar para exposies mais detalhadas a respeito sobre o trabalho do assistente social atual. Finalmente, com o estudo dessa obra, podemos amadurecer mais, inclusive para aceitar e at solicitar crtica rigorosa, que muito pode nos enriquecer lendo essa obra. Indicaes da dessa obra tem como o objetivo oferecer, discutir alternativas e sugestes para os assistentes sociais, a fim de que possam entender melhor, as aes, podemos planejar e desenvolver ideias. Essa obra ser de grande auxilio, principalmente, para esclarecer o desenvolvimento em nosso campo. No se trata de uma simples obra, de passos a serem seguidos, mas de um guia que apresenta os fundamentos necessrios para o nosso prprio progresso e amadurecimento. Marilda Villela Iamamoto, Professora titular da Faculdade de Servio Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O Servio Social na cena contempornea. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS IAMAMOTO, Marilda V. O Servio Social na Contemporaneidade: trabalho e formao profissional. 3 ed. So Paulo: Cortez, 2000. 326p.

_____________, Marilda V. & CARVALHO, Raul. Relaes sociais e Servio Social no Brasil. So Paulo: Cortez, 1983. FERNANDES, F. A Revoluo Burguesa no Brasil. Ensaios de interpretao sociolgica. Rio de Janeiro: Zahar ,1975. PAIVA, B; SALES, M. A. Nova tica Profissional: Prxis e Princpios. BONETTI, D. A. et al. (Orgs). Servio Social e tico Convite a uma nova prxis. S. Paulo: Cortez/ CFESS, 1996.