Shemot
Shemot (do hebraico ואלה שמות E estes os nomes, primeiras palavras do texto) é a segunda parte da Torá. Shemot é chamado comumente de Êxodo pela tradição ocidental e trata-se praticamente do mesmo livro apesar de algumas diferenças, principalmente no que lida com interpretações religiosas com outras religiões que aceitam o livro de Êxodo. Este livro trata da libertação de Israel do cativeiro no Egito, através das mãos de Moshê, profeta enviado por Deus para o resgate dos descendentes de Jacó e para a edificação de uma nova religião baseada no cumprimento de mandamentos dados por este Deus.
Nome do livro
editarO nome hebraico do livro Shemot vem de suas primeiras palavras ואלה שמות (Ve'êle shemot) que significa E estes são os nomes. A Septuaginta traduziu o nome do livro para o grego Ἔξοδος, que seria vertido para o termo Êxodo como conhecido pelo público não-judeu.
Texto
editarShemot é a continuação imediata dos eventos descritos em Bereshit. Com ênfase na eleição divina do povo de Israel, descendentes de Jacó, o texto inicia-se com a escravização dos israelitas pelas mãos dos egípcios que temem o seu aumento populacional. Moisés, um israelita-egípcio é um homem escolhido por Deus para libertar o povo deste cativeiro, executando diante de todos sinais e prodígios que culminam na libertação do povo, que segue para a conquista da Terra Prometida. Moisés institui a religião israelita e recebe de Deus os mandamentos para obediência do povo. O texto é comumente dividido em onze parashot (porções) cuja divisão servem para a leitura semanal do texto nas sinagogas acompanhadas das haftarot. Assim a narrativa de Shemot está dividida em:
Shemot(שמות)
editarA primeira porção inicia com a descrição da convivência dos filhos de Yaakov (Jacó) na terra do Egito para onde haviam migrado devido à carestia que assolava a região do Oriente Médio. Após muitos anos, um novo faraó temendo o aumento populacional da população israelita, submete estes à duros serviços e institui leis que ordenam a morte de todo recém-nascido do sexo masculino. Um destes recém-nascidos, Moshê (Moisés) tem a vida poupada e lançado no rio Nilo é resgatado pela filha de faraó, Batia, que o adota como filho. Após crescer, Moshê acaba presenciando um ato de agressão de um egípcio contra um israelita, e acaba matando o egípcio, o que leva à fugir para a região de Midian onde conhece Yitrô (Jetro)e casa-se com a filha deste, Tzipora (Zípora).
No exílio, Deus revela-se a Moshê através de uma sarça ardente e lhe incumbe de libertar os israelitas do cativeiro no Egito. Moshê ganha a capacidade de realizar eventos miraculosos, e retorna para o Egito.
- para os Ashkenazim: Isaías 27:6–28:13 & 29:22–23
- para os Sefaradim: Jeremias 1:1–2:3
Wa'era (וארא)
editarNesta parashá é narrado o envio de Moshê e Aharon da parte de Deus a faraó para libertação do povo de Israel. Instruídos a se apresentarem diante de faraó Moshê e Aharon realizam um milagre diante deste, transformando uma vara em serpente. Os feiticeiros de faraó também realizam um prodígio semelhante, o que leva faraó a menosprezar Moshê e Aharon não permitindo aos israelitas partirem.Inicia-se então um confronto de poderes conhecido como as Dez pragas do Egito.
Bo (בא)
editarNesta parashá, Moshê e Aharon são enviados a faraó para libertar os israelitas do Egito. A oitava e a nona praga são enviadas, porém faraó recusa-se à permitir que o povo de Israel parta. O Eterno envia a última praga sobre o Egito, o qual consiste em um anjo destruidor que extermina os primogênitos dos egípcios mas poupa os filhos de Israel. Deus faz um pacto com o povo de Israel de celebrar este salvamento perpetuamente através da instituição da Pessach e da mitsvá de Pidyon Haben.
Beshalach (בשלח)
editarO povo israelita é liberto da escravidão egípcia e guiada por Moshê em direção à terra prometida. Faraó segue no encalço do povo porém perece afogado no Mar Vermelho que havia sido aberto para passagem do povo de Israel, que é guiado por uma coluna de fogo de noite e uma nuvem de dia.
Porém o povo passa a murmurar contra Moshê devido as vicissitudes do caminho mesmo com a realização de sinais e prodígios pelas mãos de Moshê. Entre estes sinais prodigiosos está a retirada de água de uma pedra e o maná que caía do céu. A parashá encerra com o combate entre os filhos de Israel e o povo de Amaleque.
Yitrô (יתרו)
editarO sogro de Moshê, Yitrô chega ao acampamento dos israelitas para se juntar ao povo de Israel e aconselha a Moshê a abandonar o método de ser o único juiz do povo, dividindo sua autoridade com outros juízes subordinados.
O povo israelita chega ao Monte Sinai, aos pés do qual acampam de acordo com as ordens de Deus. Moshê sobe o monte sozinho para receber os mandamentos de Deus.
A haftará desta parashá é:
Mishpatim (משפטים)
editarMishpatim lida com mandamentos de caráter civil, incluindo as leis referentes a escravidão, penas de crimes e festividades anuais.
Terumah (תרומה)
editarEsta parashá inicia a descrição dos detalhes da construção do mishkan móvel que servirá como centro de culto do povo israelita. Descreve as medidas, materiais utilizados no processo de construção e os diversos utensílios do tabernáculo como as tábuas dos dez mandamentos, do shulkhan (mesa sagrada sobre a qual devem permanecer os Lekhem Hapanim ou Pães da Proposição) e a menorá.
A haftará desta parashá é I Reis 5:26–6:13.
Tetzaveh (תצווה)
editarEsta parashá descreve as vestes que devem ser utilizadas pelos cohanim (sacerdotes) durante o serviço sagrado, as vestes do Cohen HaGadol (Sumo Sacerdote) e os mandamentos relativos ao melu'im, inauguração ritual para o tabernáculo que deve ser realizado exclusivamente por Moisés e a iniciação de Aarão juntamente com seus filhos no sacerdócio cultural.
A haftará desta parashá é Ezequiel 43:10–27. Quando esta parashá coincide com o Shabat Zachor (o Shabat que precede o Purim), a parashá é I Samuel 15:2–34.
Ki Tisa (כי תשא)
editarKi Tisa' inicia com o recenseamento do povo israelita e a instituição de um tributo para que os adultos colaborem com a construção do tabernáculo e continua a descrição da composição dos utensílios sagrados como o lavatório, o azeite de unção e o incenso aromático. Deus separa dois homens, Betsalel e Oholiyav para supervisionar a construção do tabernáculo.
A narrativa segue para a descrição dos eventos decorrentes da demora de Moisés descer do Monte Sinai para onde subira para receber a Torá: o povo de Israel crendo que Moisés havia morrido constroem para si um bezerro de ouro para os guiarem de volta ao Egito. Moshê (Moisés) retorna ao povo e vê este dançando ao redor do ídolo. Moisés quebra as tábuas dos mandamentos e queima o ídolo. Deus pretende consumir o povo, mas é aplacado pela intervenção de Moisés, que retorna ao monte e recebe um segundo conjunto de tábuas dos mandamentos.
- para os Ashkenazim: I Reis 18:1–39
- para os Sefaradim: I Reis 18:20–39
Se a leitura da parashá coincide com Shabat Parah a haftará é Ezequiel 36:16–38.
Vayaqhel (ויקהל)
editarEsta parashá narra a convocação do povo de Israel por Moisés e a advertência sobre a obrigatoriedade do cumprimento do Shabat. Também narra as doações do povo de Israel, e o princípio da construção do tabernáculo.
A haftará desta porção é:
- para os Ashkenazim: I Reis 7:40–50
- para os Sefaradim: I Reis 7:13–26
Quando a parashá coincide com Shabat HaKodesh a haftará é Ezequiel 45:16–46:18.
Pequdei (פקודי)
editarA porção final de Shemot descreve a conclusão dos instrumentos e itens do tabernáculo e a subsequente dedicação deste.
A haftará desta parashá é :
- para os Ashkenazim: I Reis 7:51–8:21
- para os Sefaradim: I Reis 7:40–50
Quando a parashá coincide com Shabat HaKodesh, a haftará é Ezequiel 45:16–46:18.
Quando esta parashá coincide com Shabat Rosh Chodesh, a haftará é Isaías 66:1–24
Ligações externas
editar- «artigo Book of Exodus». (Jewish Encyclopedia)