José Pinheiro de Azevedo
José Baptista Pinheiro de Azevedo OA • ComA • GCL (Luanda, 5 de junho de 1917 – Lisboa, 10 de agosto de 1983[1]) foi um oficial da Marinha e político português. Foi primeiro-ministro de Portugal do VI Governo Provisório.
Pinheiro de Azevedo O Almirante sem Medo | |
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Pinheiro de Azevedo | |
104.º Primeiro-Ministro de Portugal | |
Período | 19 de setembro de 1975 a 23 de junho de 1976 |
Presidente | Francisco da Costa Gomes |
Antecessor(a) | Vasco Gonçalves |
Sucessor(a) | Vasco de Almeida e Costa (interino); Mário Soares (efetivo) |
Dados pessoais | |
Nome completo | José Baptista Pinheiro de Azevedo |
Nascimento | 5 de junho de 1917 Luanda, Angola colonial |
Morte | 10 de agosto de 1983 (66 anos) Lisboa |
Partido | independente; Partido da Democracia Cristã (a partir de 1976) |
Profissão | Militar (Almirante) e professor |
Nascimento
editarPinheiro de Azevedo nasceu a 5 de junho de 1917, na cidade de Luanda, província ultramarina de Angola, de pais de confissão judaica originários de Viseu e de Braga.[1] Era irmão do escritor Eduardo Baptista Pinheiro de Azevedo, consequentemente tio-avô materno de Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting.[2][3]
Carreira
editarEntrou na Escola Naval em 1 de outubro de 1934,[1] e foi promovido a oficial em 1937. Foi professor de Astronomia e Navegação na Escola Naval e lecionou no Curso de Capitães da Escola Náutica Infante D. Henrique. Colaborou em livros técnicos, sobre Trigonometria, Meteorologia e Navegação.
Integrou o Movimento de Unidade Democrática e foi apoiante das candidaturas de José Norton de Matos, Manuel Quintão Meireles e Humberto Delgado. Serviu na Guerra Colonial, tendo sido encarregado da defesa marítima de Angola.
Liderou a defesa marítima de Santo António do Zaire, em Angola,[1] e de 1968 a 1971, exerceu a função de adido naval à Embaixada de Portugal em Londres.[4] A partir de 1970, foi promovido a capitão-de-mar-e-guerra, e, em 1972, tornou-se comandante dos Fuzileiros Navais.[1] Depois da Revolução de 25 de Abril de 1974, foi nomeado para a Junta de Salvação Nacional, tendo sido promovido a chefe do Estado-Maior três dias depois.[1]
Empenhado na democratização do país durante o Processo Revolucionário em Curso (PREC), assumiu funções como primeiro-ministro do VI Governo Provisório desde 29 de agosto de 1975.[1][5] nessa função, Pinheiro de Azevedo queixou-se de ter sido sequestrado e de todos os ataques feitos pelas alas mais radicais da revolução. Por isso chegou a suspender a actividade do governo, junto do Presidente da República Costa Gomes, facto inédito num governo.[6] Contribuiu, igualmente, para a derrota do "gonçalvismo", e defendeu a normalização da vida nacional.[1] Em 23 de Junho de 1976, sofre um ataque cardíaco e foi substituído interinamente, entre 23 de junho e 23 de julho de 1976, por Vasco Almeida e Costa, ministro da Administração Interna.
Pinheiro de Azevedo foi candidato a Presidente da República, sem apoios partidários, nas presidenciais de 1976, realizadas em 27 de junho de 1976, nas quais alcançou cerca de 14% dos votos.[1][7]
Um ano depois tornou-se presidente do Partido da Democracia Cristã, fundado por José Eduardo Sanches Osório, cargo em que permaneceu até à sua morte.
Ficou conhecido como o Almirante sem Medo.[8]
Eleições presidenciais de 1976
editar- Resultados eleitorais das eleições presidenciais de 27 de junho de 1976
Candidato | votos | % |
António Ramalho Eanes | 2 967 137 | 62 % |
Otelo Saraiva de Carvalho | 792 760 | 16 % |
José Pinheiro de Azevedo | 692 147 | 14 % |
Octávio Pato | 365 586 | 8 % |
Morte
editarPinheiro de Azevedo morreu vítima de enfarte agudo do miocárdio em 10 de agosto de 1983.[1][8]
Citações
editar- É só fumaça!…[8] A discursar num comício no Terreiro do Paço em 10 de novembro de 1975, quando uma bomba de gás lacrimogéneo rebentou junto ao Ministério da Justiça, na esquina da Rua do Ouro.
- Fui sequestrado. Já duas vezes. Não gosto de ser sequestrado. É uma coisa que me chateia. (…) Eh pá, agora vou almoçar! 13 de novembro de 1975, quando as tropas do COPCON – Comando Operacional do Continente, libertaram os deputados do parlamento, pois uma manifestação do movimento operário mantivera-os fechados durante toda a noite.[9]
- O povo é sereno. O povo é sereno.[8]
Homenagens
editar- A 8 de março de 1954 foi feito Oficial da Ordem Militar de São Bento de Avis.[10]
- A 5 de julho de 1963 foi elevado a Comendador da Ordem Militar de São Bento de Avis.[10]
- A 1 de outubro de 1985 foi agraciado, a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.[10]
- Uma rua da freguesia de Santa Maria recebeu o nome de Rua Almirante Pinheiro de Azevedo, numa sessão da Câmara Municipal de Lagos de 4 de outubro de 1996.[1]
- A 16 de setembro de 2016, foi inaugurada a Rotunda Almirante Pinheiro de Azevedo, situada na freguesia de Santa Clara, em Lisboa.[11]
Polémicas
editarFoi acusado pelo famoso ex-agente da CIA e escritor Oswald LeWinter de, em conjunto com Francisco da Costa Gomes, ter ajudado a enviar armas para o Irão.[12]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k Ferro, 2002:41
- ↑ Eduardo Santiago / Sportinforma (5 de julho de 2013). «Bruno de Carvalho, o "Presidente Sem Medo"». Consultado em 19 de abril de 2016
- ↑ «Família de Eduardo Azevedo e Gaspar Carvalho». Lisboa: Fundação de Solidariedade Social Aragão Pinto. Consultado em 19 de abril de 2016. Arquivado do original em 3 de março de 2016
- ↑ «Memórias da Revolução - Pinheiro de Azevedo | 1917-1983». memoriasdarevolucao.pt. Consultado em 3 de maio de 2022
- ↑ «Comunicado de Pinheiro de Azevedo sobre a constituição do VI Governo Provisório, e os objetivos a que se propõe.». RTP Arquivos. 19 de setembro de 1975. Consultado em 3 de maio de 2022
- ↑ Matos, Helena (27 de outubro de 2014). «Sons de Abril - Declarações do 1º Ministro, almirante Pinheiro de Azevedo». Consultado em 3 de maio de 2022
- ↑ «Pinheiro de Azevedo formaliza candidatura às eleições presidenciais». RTP Arquivos. 28 de maio de 1976. Consultado em 3 de maio de 2022
- ↑ a b c d «Almirante sem medo». Lisboa: Correio da Manhã. 10 de agosto de 2003. Consultado em 19 de abril de 2016
- ↑ «Declarações de Pinheiro de Azevedo». Consultado em 5 de junho de 2021
- ↑ a b c «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José Baptista Pinheiro Azevedo". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 5 de janeiro de 2013
- ↑ Inauguração da Rotunda Almirante Pinheiro de Azevedo, Toponímia de Lisboa 15.9.2016
- ↑ Isabel Braga (24 de Julho de 2002). «VIII COMISSÃO DE INQUÉRITO AO CASO DE CAMARATE - Ex-agente da CIA diz que Pinheiro de Azevedo e Costa Gomes ajudaram a enviar armas para o Irão». Público. Consultado em 6 de dezembro de 2019
Bibliografia
editar- FERRO, Silvestre Marchão (2002). Vultos na Toponímia de Lagos. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 358 páginas. ISBN 972-8773-00-5
Precedido por Vasco Gonçalves |
Primeiro-ministro de Portugal (VI Governo Provisório) 1975 — 1976 |
Sucedido por Vasco Almeida e Costa (interino) Mário Soares (efetivo) |