Pedro Fernandes Sardinha

Pedro Fernandes Sardinha, ou Pero Sardinha, (Setúbal[1], 1496Coruripe, 16 de junho de 1556) foi um sacerdote português, primeiro bispo do Brasil.[2][3][4]

Pedro Fernandes Sardinha
Bispo da Igreja Católica
Bispo de São Salvador da Bahia de Todos os Santos
Pedro Fernandes Sardinha
Monumento ao Bispo Sardinha

Título

1° Bispo no Brasil
Atividade eclesiástica
Diocese Arquidiocese de Salvador
Nomeação 25 de fevereiro de 1551
Entrada solene 22 de junho de 1552
Sucessor Dom Pedro Leitão
Mandato 1551 - 1556
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 7 de dezembro de 1469
Nomeação episcopal 25 de fevereiro de 1551
Ordenação episcopal 7 de fevereiro de 1552
por Dom Fernando de Menezes Coutinho e Vasconcellos
Brasão episcopal
Dados pessoais
Nascimento Setúbal, Portugal
1496
Morte Coruripe, Brasil Colônia
16 de junho de 1556 (60 anos)
Nacionalidade português
dados em catholic-hierarchy.org
Bispos
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Biografia

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D. Pedro Fernandes Sardinha era filho de Gil Fernandes Sardinha e de sua mulher Lourença Fernandes. Diplomou-se em Teologia, cerca de 1528, na Universidade de Paris, e ensinou nas Universidades de Coimbra e de Salamanca.

Foi provisor e vigário geral na Índia após 1546.

Designado bispo do Brasil em 25 de fevereiro de 1551, foi ordenado, em 7 de fevereiro de 1552, pelo bispo Dom Fernando de Menezes Coutinho e Vasconcellos, chegou à cidade do Salvador na Bahia no dia 25 de fevereiro de 1551, e tomou posse do cargo no dia 22 de junho de 1552.

Em 1556 é chamado à Metrópole pelo que resigna, entrega a gestão da diocese ao vigário-geral Francisco Fernandes e embarca, em 2 de junho de 1556, na nau Nossa Senhora da Ajuda.

No dia 16 de julho de 1556, a nau naufraga nos baixios de D. Rodrigo, junto à foz do rio Coruripe, onde está atualmente a cidade de Coruripe, no estado de Alagoas, a seis léguas do São Francisco.

De acordo com o relato do frei Vicente de Salvador, os passageiros são capturados pelos índios caetés que, no arroio de S. Miguel das Almas, os matam e comem.[2][3][4]

«Em uma enseada, junto a este rio, alguns anos depois, sucedeu o triste desastre do naufrágio do bispo D. Pedro Fernandes Sardinha, primeiro do Brasil, que dando nela à costa, foi cativo dos índios Caetens, cruéis e desumanos, que conforme o rito da sua gentilidade, sacrificaram à gula, e fizeram pasto de seus ventres, não só aquele santo varão, mas também a centena e tantas pessoas, gente de conta, a mais dela nobre, que lhe faziam companhia voltando ao reino de Portugal.»
VASCONCELLOS, Simão de. Chronica da Companhia de Jesu de Estado do Brasil (...). Lisboa : na Officina de Henrique Valente de Oliveira impressor del Rey N.S., 1663, Livro I, n.º 46, p. 32.

Controvérsia acerca das circunstâncias da morte

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Pesquisas recentes colocam em dúvida se o bispo Sardinha teria mesmo sido devorado pelos indígenas, já que os relatos são todos marcados pela intenção de condenar os caetés e torná-los sujeitos à escravização. O principal narrador desse episódio foi o frei Vicente do Salvador; porém em outras narrativas que descrevem o incidente encontram-se controvérsias capazes de lançar dúvidas sobre a veracidade dos relatos de sua morte às mãos dos caetés[5].

O verdadeiro motivo da morte do primeiro bispo do Brasil poderia ter sido a vingança do governador-geral, Duarte da Costa, e de seu filho Álvaro da Costa, que poderiam ter tramado tal crime e incriminado os caetés[6].

O que se sabe é que a morte do bispo Sardinha serviu de pretexto aos portugueses para iniciarem uma guerra contra os caetés. Em cinco anos de conflito, os portugueses exterminaram os cerca de 80 mil caetés e passaram a colonizar a região onde eles habitavam[7].

Outros factos

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Dom Pedro Fernandes Sardinha foi sucedido na Sé Primacial do Brasil por Dom Pedro Leitão (1519-1573).

Em 1928, Oswald de Andrade utilizou-se do episódio para datar o Manifesto Antropofágico.[8]

Referências

  1. Existe alguma controvérsia relacionada com o local de nascimento. Diogo Barbosa Machado, na Biblioteca Lusitana (vol. III, Lisboa, 1742), diz ter nascido em Évora. Manuel Maria Portela, no Diário histórico setubalense (Setúbal, Tipografia Simões, 1915), p. 33, dá-o como nascido em Setúbal. Pinho Leal, no Portugal antigo e moderno : diccionário geográphico, estatístico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico de todas as cidades, villas e freguesias de Portugal e grande número de aldeias, Lisboa : Livraria Editora de Mattos Moreira, 1873-1890, vai no mesmo sentido.
  2. a b PAXECO, Fran. Setúbal e as suas celebridades. Lisboa : Sociedade Nacional de Tipografia, 1930, pp. 15-18.
  3. a b VASCONCELLOS, Simão de. Chronica da Companhia de Jesu de Estado do Brasil (...). Lisboa : na Officina de Henrique Valente de Oliveira impressor del Rey N.S., 1663, Livro I, n.º 46, p. 32
  4. a b Pedro Fernandes Sardinha em Catholic Hierarchy.
  5. Raminelli, Ronald (2021). «Canibalismo, conquista e a morte do bispo Sardinha (1556)». Sigila: 59-69. Consultado em 9 de maio de 2024 
  6. de Castro Santos Filho, Lycurgo (1952). «Um médico na contenda entre o bispo D. Pero Fernandes Sardinha e o governador Duarte da Costa». USP. Revista de História. Consultado em 9 de maio de 2024 
  7. Pinto, Tales. «BISPO SARDINHA E A ANTROPOFAGIA». Escola Kids. Consultado em 9 de maio de 2024 
  8. Cf. Revista de Antropofagia, ano I, n.º 1, maio de 1928, pp. 3 e 7.
Cidade do Salvador

Precedido por
Criação da Diocese
 
Bispo de
cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos

1551 - 1556
Sucedido por
Pedro Leitão