Nuno Krus Abecasis
Nuno Krus Abecasis GCC • GOIH (Faro, 24 de Outubro de 1929 – Lisboa, 14 de Abril de 1999) foi um engenheiro e político português.
Nuno Krus Abecasis | |
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Presidente da Câmara Municipal de Lisboa | |
Período | 8 de janeiro de 1980 a 22 de janeiro de 1990 |
Dados pessoais | |
Nascimento | 24 de outubro de 1929 Faro |
Morte | 14 de abril de 1999 (69 anos) Lisboa |
Nacionalidade | português |
Progenitores | Mãe: Maria Amélia Krus Pai: Duarte Monteverde Abecasis |
Cônjuge | Raquel Ferreira Castela |
Partido | CDS-PP |
Ocupação | político, engenheiro |
Assinatura |
Biografia
editarPercurso pessoal e profissional
editarNuno Krus Abecasis nasce em Faro, a 24 de outubro, de 1929. É filho de Duarte Monteverde Abecasis, de ascendência judaica, e de Maria Amélia Krus, de ascendência alemã. Tinha apenas nove meses quando a família se estabeleceu em Lisboa, iniciando aí a sua atividade académica, a partir do Colégio Normal de Lisboa.[1]
Licenciou-se em Engenharia Civil, no Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, em 1953[2].
Antes, realizara os estudos secundários no Liceu Camões, altura em que começou a empenhar-se nas atividades da Acção Católica Portuguesa[2], tornando-se presidente pré-juvenil e, posteriormente, dirigente da Juventude Escolar Católica (JEC) a nível nacional. Mesmo na universidade, nunca deixou a atividade na Ação Católica, empenhando-se na obra social, visitando pobres e doentes
Depois da universidade, a sua preenchida carreira profissional iniciou-se nas construções metalomecânicas, na SOREFAME. Esteve ligado a esta empresa durante 26 anos, chegando a exercer funções como diretor do Gabinete de Estudos Laboratoriais e de diretor da Divisão de Pontes e Estruturas[2].
Além disso, a nível particular, esteve ligado a vários projetos, maioritariamente de pontes ferroviárias e de pontes de grande vão, em Portugal, no Congo, em Angola, em Moçambique, no Zaire, Sudão e Costa Rica. Também encabeçou vários projetos relacionados com a conceção de escolas, de edifícios industriais e de habitação, em várias localidades portuguesas[2].
Foi ainda conselheiro da presidência do Grupo Lyonanaise des Eaux-Dumez para Portugal e África; presidente do Conselho de Administração da Imotron e da Tecnotron[2].
Presidiu a Comissão Dez do Instituto da Soldadura[2].
Percurso publico e politico
editarNuno Abecasis chega a politica depois de ter estado vários anos envolvido na Acção Católica - nesta organização fora presidente da secção pré-juvenil e, posteriormente, dirigente da JEC - Juventude Escolar Católica a nível nacional[2].
Em 1975 aderiu ao Partido da Democracia Cristã, de Sanches Osório, e, posteriormente, ao Centro Democrático Social, de que foi um destacado militante.
Foi eleito deputado à Assembleia da República, pelo CDS, nas legislaturas iniciadas em 1976, 1980, 1983, 1985 e 1995.[3]
Integrou o governo de coligação do PS com o CDS, em 1978, como Secretário de Estado das Indústrias Extrativas e Transformadoras.
Em 1979, com apoio do CDS e do PSD, seria eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, conseguindo a reeleição em 1982 e em 1985, com maioria absoluta. Foi o presidente de câmara com mais anos de mandato até à data.
Presidência da Câmara Municipal de Lisboa
editarA gestão municipal de Nuno Abecasis foi marcada pelo investimento em duas grandes áreas: a Habitação, com o lançamento da primeira tentativa de erradicação das barracas através do programa PIMP (plano de intervenção a médio prazo) e a Higiene Urbana, com a colocação de milhares de caixotes do lixo em postes de iluminação e a introdução da remoção hermética porta a porta[4].
Destaca-se também o investimento na promoção das Relações Internacionais, com a criação da UCCLA - União das Cidades Luso-Afro-Américo-Asiáticas, em 1985; e a Comunicação, com a criação do Gabinete de Comunicação Social, que representou, uma nova forma de comunicação e imagem do Município[4].
Foi o fundador da Fundação Cidade de Lisboa, em 1989[4], que tem como principal função divulgar a cultura lisboeta em particular e portuguesa em geral.
O autarca acumulou, no entanto, grandes polémicas, nomeadamente em matéria de gestão urbanística[5].
Teve outros episódios polémicos, como a tentativa de impedir a exibição do filme de Jean-Luc Godard, Je vous salue, Marie na Cinemateca Portuguesa[6].
Em 1988 confrontou-se com a necessidade de reconstrução do Chiado, apos o grave incêndio ocorrido nessa zona histórica da cidade[7].
Depois de abandonar a presidência de Lisboa, continua ativo na vida política portuguesa, tornando-se presidente do CDS-PP, em 1992, após a saída da direção de Diogo Freitas do Amaral.
Vice-presidência do Parlamento
editarEnquanto deputado na legislatura iniciada em 1995, Nuno Abecasis foi candidato a vice-presidente da Assembleia da República. Não tendo logrado obter aprovação, logo no início da legislatura, por três vezes - duas a 31 de outubro e uma a 17 de novembro de 1995, retirou a candidatura, alegando falta de dignidade do Parlamento e desrespeito pelo lugar atribuído ao CDS-PP, então liderado por Manuel Monteiro, como terceira força política[8].
Em 1995, é candidato do CDS-PP e eleito pelo círculo de Setúbal ao Parlamento, assumindo o lugar de presidente da Comissão Parlamentar para Timor-Leste.
Em novembro de 1998, porem (já com Paulo Portas como presidente do CDS-PP), conseguiu ser eleito para aquele cargo, que desempenhou durante os meses que antecederam a sua morte, em abril de 1999. Foi então substituído por Pedro Feist na funcao, durante o tempo restante da legislatura, até outubro de 1999[8].
- Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (3 de Agosto de 1983)
- Grande-Oficial da Ordem de Mérito, da R. F. A. (1980)
- Grande-Oficial da Ordem do Rio Branco, Brasil (1981)
- Grande-Oficial da Ordem de Ipiranga do Brasil (1981)
- Grande-Oficial da Ordem de Mérito, Itália (1981)
- Grande-Oficial da Ordem da Bandeira da Jugoslávia (1982)
- Grande-Oficial da Ordem de Mérito da Áustria (1984)
- Grande-Oficial da Ordem do Império Britânico (1985)
- Grande-Oficial da Ordem da Fénix da Grécia (1981)
- Grã-Cruz da Ordem da Fénix da Grécia (15 de Novembro de 1990)
- Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo (9 de Junho de 1999), esta última a título póstumo
- Grã-Cruz da Ordem do Mérito de Luxemburgo (1984)
- Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco do Brasil (1986)
- Grã-Cruz da Ordem de Francisco de Mirando da Venezuela (1986)
- Grã-Cruz da Ordem "Pro Merito Melitensi" - Ordem de Malta (1989)
- Grã-Cruz da Ordem da Estrela Polar da Suécia
- Grã-Cruz da Ordem do Mérito Civil de Espanha
- Grã-Cruz da Ordem de Nossa Senhor Jesus Cristo de Portugal (a título póstumo- 2000)
- Comendador da Ordem da Coroa da Bélgica (1984)
- Comenda Oficial de Danneborg da Dinamarca (1984)
- Medalha Vasco da Gama da Armada Portuguesa (1989)
- Medalha de Ouro da cidade de Faro (1982)
- Medalha de Ouro da Filantropia (Bombeiros Voluntários Lisbonenses)
- Medalha da Ordem de Mérito do Infante D. Henrique (Casa de Portugal de S. Paulo)
- Medalha de Mérito da Cooperação e Desenvolvimento da República de da Guiné-Bissau
Familia
editarFilho de Duarte Monteverde Abecasis, de ascendência Judaica e Espanhola, e de Maria Amélia Krus, de ascendência Alemã, e irmão do Major-General José Duarte Krus Abecasis, Oficial da Ordem Militar de Avis a 27 de Outubro de 1953 e elevado a Comendador da mesma Ordem a 24 de Agosto de 1960,[11] do também Engenheiro Carlos Krus Abecasis, Grande-Oficial da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo a 19 de Março de 1959[12] e Grande-Oficial da Ordem de Rio Branco do Brasil a 21 de Agosto de 1970,[13] e do médico pediatra Manuel Krus Abecasis. Tinha nove meses quando a família se estabeleceu em Lisboa. Era no penúltimo de 8 irmãos, sendo a irmã mais nova, Maria Amélia Krus Abecasis, freira.
Teve seis filhos e filhas, fruto do seu casamento com Raquel Ferreira Castela Abecasis: Ana, Nuno, Filipe, Raquel Abecassis, política independente que fez parte das listas do CDS – Partido Popular para as legislativas de 2019, Teresa e Joana. Dos seus seis filhos, nasceram 24 netos.
A família Abecasis destaca-se em Portugal pelo grande contributo social e, também, em diferentes áreas de formação, destacando-se a medicina e engenharia.
Referências
- ↑ «X-arqWeb». arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt. Consultado em 30 de setembro de 2024
- ↑ a b c d e f g «X-arqWeb». arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt. Consultado em 11 de setembro de 2024
- ↑ «Nuno Abecasis». Assembleia da República
- ↑ a b c «Recordar Nuno Krus Abecasis (1929-1999) - Arquivo Municipal». arquivomunicipal.lisboa.pt. Consultado em 11 de setembro de 2024
- ↑ «As polémicas de Nuno Abecasis». Consultado em 11 de setembro de 2024
- ↑ «"Abecasis "escaqueira" Jean-Luc Godard"». Augusto M. Seabra. Expresso. 1 de junho de 1985
- ↑ «Nuno Krus Abecasis – Centro Histórico e recuperação do Chiado, 1988 – Centro Nacional de Cultura». Consultado em 11 de setembro de 2024
- ↑ a b Sampaio, Gustavo (7 de fevereiro de 2022). «A "tradição" da Assembleia da República é que "os quatro partidos mais votados" escolham os vice-presidentes?». Polígrafo
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Nuno Krus Abecasis". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 3 de setembro de 2015
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Estrangeiras». Resultado da busca de "Nuno Krus Abecasis". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 3 de setembro de 2015
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José Duarte Krus Abecasis". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 3 de setembro de 2015
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Carlos Krus Abecasis". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 3 de setembro de 2015
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Estrangeiras». Resultado da busca de "Carlos Krus Abecasis". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 3 de setembro de 2015
Bibliografia
editar- Redacção QuidNovi, com coordenação de José Hermano Saraiva, História de Portugal, Dicionário de Personalidades, volume XI, Ed. QN - Edição e Conteúdos, S.A., 2004
Ligações externas
editar- «Do Mundo para Lisboa». por Marcos Soromenho Santos in Diário de Notícias em 19 de abril de 2008. Acesso 27 de dezembro de 2012.
- «UCCLA». (União das Cidades Luso-Afro-Américo-Asiáticas)
Precedido por Aquilino Ribeiro Machado |
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa 1980 - 1989 |
Sucedido por Jorge Fernando Branco de Sampaio |