Marca de Monferrato

antigo estado no norte da Itália (961–1574)



A Marca de Monferrato[nota 1] foi um Estado da Idade Média na península Itálica, vassalo do Sacro Império Romano-Germânico. Originalmente era parte da Marca da Ligúria Ocidental (Liguriae Occidentalis), criada pelo rei Berengário II em cerca de 950.

Serenissimo Marchesato del Monferrato
Sereníssima Marca de Monferrato

Marca, posteriormente Ducado
vassalo do
Sacro Império Romano-Germânico

961 – 1574
Flag Brasão
Bandeira Brasão
Localização de Monferrato ou Montferrat
Localização de Monferrato ou Montferrat
Localização da Marca de Monferrato
Continente Europa
País Itália
Capital Moncalvo - até 1306
Chivasso 1306-1435
Casale Monferrato 1435-1533
Mântua 1356-1708
Língua oficial latim
Religião Catolicismo
Governo principado
História
 • 961 Estabelecimento
 • 1574 de Transformação em Ducado de Monferrato
 • 1574 Dissolução

A área de Monferrato foi constituída como a Aleramica Marca (Marca de Aleramo). Em 1574, a marca foi transformada no Ducado de Monferrato.

Seu território, que variou muito ao longo do tempo,[1] era constituído de parte das regiões italianas do Piemonte, Ligúria e Lombardia entre as províncias de Alexandria e Asti, compreendendo também em alguns períodos parte das províncias de Turim, Cuneo, Pavia, Savona, no território hoje conhecido como Monferrato.

Formação do Estado

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O Estado, constituído sobre parte dos territórios doados no século X a Aleramo do Monferrato, genro do rei Berengário II, pelo imperador Otão I, mediante diploma datado de 23 de março de 967, foi por muitos séculos um feudo imperial.[2]

Guilherme IV de Ravena é o primeiro governante da dinastia alerâmica citado como "de Monferrato", num documento de 23 de março de 1111.[3]

Porém, somente a partir do século XII pode-se falar realmente de "marquês de Monferrato". Por trinta anos governa Rainério, o primeiro a ser identificado como “Raynerius de Monteferrato Marchio” (Marquês Rainério de Monferrato). Ele iniciou a política filoimperial que caracterizaria o destino de Monferrato por vários séculos. Ele promoveu a construção do monastério de Santa Maria de Lucedio, próximo a Trino, que tornou-se depois o local de sepultura de vários marqueses.[4]

Desenvolvimento

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A Marca de Ivrea e as três novas marcas instituídas da Berengário II

Após a morte de Rainério, assumiu o governo seu filho Guilherme V, um dos protagonistas da vida política europeia. Guilherme V, o Velho, com sua grande atividade política e militar fez a região assumir seu papel de relevante importância, não somente no âmbito italiano. A serviço do imperador Frederico I, Guilherme envolveu-se numa série de conflitos contra as comunas situadas na área piemontesa-lombarda, primeiro em Alexandria e Asti. Simultaneamente às atividades no Monferrato, Guilherme V empenhou-se, junto com seu filho, em várias iniciativas no Oriente, seja no Reino de Jerusalém, seja no Império Bizantino. Essas ações atingiram seu ápice com seu filho Conrado que defendeu Tiro, o último baluarte do reino cruzado no Oriente, da ameaça de Saladino e foi eleito ao trono de Jerusalém, e Bonifácio I, comandante da Quarta Cruzada, que se tornou rei de Salonica. Seu neto Balduíno V de Jerusalém reinou por um breve período sobre Jerusalém. Durante o governo de Bonifácio I, a corte de Monferrato acolheu vários poetas de origem provençal, como Gaucelm Faidit, Raimbaut di Vaqueiras e Bertran de Born.[4]

Território e capital

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O primeiro estado em Monferrato ocupava uma pequena área na concluência dos rios e Tanaro em direção a Valenza[1] e foi alargando-se em direção a ocidente, limitado pelos cursos divergentes dos dois rios, até alcançar no século XI a região de colinas entre o Pó e o Versa.[1]

Na época alerâmica era ausente o conceito de capital e a corte era itinerante. Com a chegada a Monferrato de Teodoro I e o advento da dinastia paleóloga em 1306, Chivasso tornou-se a cidade preferida, embora o soberano permancesse às vezes em Valenza, Moncalvo, Pontestura, Trino e por pouco tempo em Asti até a perda de Chivasso em 1435 para os Savoia.[5]

A partir de 1435, Casale Monferrato assumiu a função de "capital" do estado paleólogo. Em 1536, a passagem do goveno aos Gonzaga colocou Monferrato como estado-satélite, uma vez que os Gonzaga tinham seus interesses e sua capital em Mântua. Em 1631, assumiu o governo o ramo colateral dos Gonzaga-Nevers, porém a situação continuou igual até 1708 com a passagem da soberania aos Saboia.[5]

Fim do Estado

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Em 1708, após sete séculos de existência, primeiro como Marca de Monferrato, depois como Ducado de Monferrato, o estado perdeu sua autonomia quando Vítor Amadeu II de Saboia foi investido pelo imperador e recebeu o território de Monferrato, o que foi ratificado em 1713 pelo Tratado de Utrecht.[7]

Marqueses de Monferrato

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Brasão original do Monferrato, dinastia Alerâmica
 
Brasão de armas da dinastia Paleóloga
 
Brasão de armas da dinastia Gonzaga
 
Brasão dos Gonzaga a partir de 1575
 
Brasão dos Gonzaga a partir de 1588
 
Brasão de armas da dinastia Gonzaga-Nevers

Dinastia Alerâmica[8][9]

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 Ver artigo principal: Aleramici

Dinastia Paleóloga [10]

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 Ver artigo principal: Paleólogos de Monferrato

Dinastia Gonzaga [11]

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 Ver artigo principal: Família Gonzaga

Quando João Jorge morreu sem herdeiros a disputa pelo Monferrato acendeu-se entre Frederico II Gonzaga, Duque de Mântua e Carlos III, Duque de Saboia. Como Monferrato era um feudo imperial, foi o imperador Carlos V quem decidiu a quem confiar o território: a escolha recaíu sobre Frederico II, marido de Margarida Paleóloga (filha de Guilherme IX e de Ana de Alençon). Durante o domínio de Mântua, o Monferrato esteve no centro de muitos conflitos que visavam assegurar a sua posse por diversas potências europeias e a progressiva perda de autonomia frente ao crescente poder exercido pelos Gonzaga. [12]

Duques de Monferrato

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Dinastia Gonzaga [11]

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 Ver artigo principal: Família Gonzaga

Dinastia Gonzaga-Nevers [7]

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 Ver artigo principal: Gonzaga-Nevers

Ver também

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Notas

  1. Eventualmente chamada de Marquesado de Monferrato.
  2. Em Mântua, o duque Guilherme Gonzaga foi identificado como Guilherme I, enquanto no Monferrato era Guilherme X, na sequência dos anteriores marqueses.

Referências

  1. a b c Maestri 2014, p. 4.
  2. Maestri 2014, p. 6.
  3. Maestri 2014, p. 7.
  4. a b Maestri 2014, p. 8.
  5. a b Maestri 2014, p. 5.
  6. William Shepherd. «Perry-Castañeda Library Map Collection» (em inglês). Universidade do Texas. Consultado em 15 de janeiro de 2015 
  7. a b Maestri 2014, p. 20.
  8. «Aleràmici» (em italiano). Teccani.it - L'Enciclopdia Italiana. Consultado em 15 de janeiro de 2015 
  9. Maestri 2014, p. 9.
  10. Maestri 2014, p. 14.
  11. a b Maestri 2014, p. 18.
  12. Del Bo 2009, p. 51.

Bibliografia

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  • Maestri, Roberto (2014). Monferrato (PDF). uno Stato europeo (em italiano). [S.l.]: Palazzo del Monferrato. Consultado em 11 de fevereiro de 2014 
  • Maestri, Roberto, Il Marchesato di Monferrato, in La Marca Aleramica. Storia di una regione mancata, a cura di Raoul Molinari, Umberto Soletti Editore, Baldissero d'Alba, 2008.
  • Carlo Ferraris - Roberto Maestri, Storia del Monferrato. Le origini, il Marchesato, il Ducato, Editore Circolo Culturale I Marchesi del Monferrato, Alessandria 2011, ISBN 978-88-97103-01-1
  • Del Bo, Beatrice (2009). Uomini e strutture di uno stato feudale. Il marchesato di Monferrato (1418-1483) (em italiano). Milano: LED Edizioni Universitarie. ISBN 978-88-7916-440-5 
  • G. Aldo di Ricaldone, Monferrato tra Po e Tanaro, Gribaudo-Lorenzo Fornaca editore Asti 1999
  • G. Aldo di Ricaldone, Annali del Monferrato, Vol I e II L.Fornaca editore, Asti
  • D. Testa, Storia del Monferrato, Gribaudo-Lorenzo Fornaca editore Asti 1996

Ligações externas

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