Gastão Cruls (Rio de Janeiro, 4 de maio de 1888ibid., 7 de junho de 1959) foi um escritor brasileiro do século XX. É filho do cientista belga Luís Cruls.[1]

Gastão Cruls
Nome completo Gastão Luiz Cruls
Nascimento 4 de maio de 1888
Rio de Janeiro, Brasil
Morte 7 de junho de 1959 (71 anos)
Nacionalidade Brasileiro
Progenitores Pai: Luís Cruls (pai)
Ocupação Escritor, Médico
Prémios Prêmio Literário Luiza Cláudio de Souza (1956)
Magnum opus A Amazônia Misteriosa (1925)

Histórico

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Filho do cientista belga Luís Cruls, Gastão Cruls ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1905, formou-se em Medicina em 1910, tendo se especializado em medicina sanitária.

Atuou na Diretoria Geral de Higiene e Assistência Pública desempenhando o ofício de subcomissário e comissário médico até 1921.[2] Dedicou parte considerável de sua trajetória ao romance, a ciência e aos contos literários, por meio dos quais obteve grande renome.

Durante o ano de 1926, Gastão Cruls passou cerca de oito meses na Europa, conhecendo diversos países europeus. Após a viagem à Europa, passou a dedicar maior parte de seu tempo à literatura.

Em 1928, Gastão Cruls a convite do General Cândido Rondon, percorreu por cinco meses uma extensa rota entre Óbidos até a Cordilheira Tumucumaque na divisa com a Guiana Holandesa (atual Suriname). A expedição tinha por objetivo atingir a fronteira entre o Brasil e a Guiana Holandesa, até então inacessível pelo lado brasileiro. Na companhia da Comissão Rondon, Gastão Cruls realizou uma expedição pela selva Amazônica, transcorrendo um percurso desde o Rio Trombetas ao Rio Cuminá, localizados na região norte do território brasileiro. Do diário de viagem sobre a expedição surge a obra A Amazônia que eu vi publicada em 1930.

De 1931 a 1938 dirigiu a revista literária Boletim de Ariel, da Editora Ariel, da qual ele era um dos fundadores,[3] ao lado de Agripino Grieco. Publicou romances e contos. Espelhou nas suas obras a vida brasileira, nomeadamente a realidade amazônica, sem nunca tê-la visitado ou conhecido, captada através de sensações visuais de grande agudeza, e pesquisas em livros dos quais inspirara.[4]

Seu romance de 1925, A Amazônia Misteriosa, certamente inspirado em A Ilha do Dr. Moreau, de H. G. Wells, e ancorado em profundas leituras mitológicas e folclóricas sobre as amazonas, é importante para a ficção científica do Brasil, ganhou uma adaptação para histórias em quadrinhos publicada na revista Edição Maravilhosa da EBAL em novembro de 1955,[5] e foi transformado em filme em 2005, roteirizado por R. F. Lucchetti, sob a direção de Ivan Cardoso, com o título de Um Lobisomem na Amazônia,[6] o filme foi mais além na inspirado no romance de Wells e colocou o próprio Dr. Moreau na história.[7]

Principais obras

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  • 1920 - Coivara (contos sobre suas experiências médicas)
  • 1923 - Ao Embalo da Rede
  • 1925 - A Amazônia Misteriosa
  • 1927 - Elsa e Helena
  • 1928 - A Criação e o Criador
  • 1930 - Amazônia que Eu Vi
  • 1934 - Vertigem
  • 1938 - História Puxa História
  • 1944 - Hileia Amazônica
  • 1949 - A Aparência do Rio de Janeiro
  • 1950 - Antonio Torres e Seus Amigos
  • 1951 - Contos Reunidos
  • 1952 - As Artes Plásticas no Brasil - Arte Indígena
  • 1954 - De Pai a Filho
  • 1958 - Quatro Romances

Ver também

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Referências

  1. Paiva, Marco Aurélio Coelho (26 de agosto de 2019). «A ordem e a desordem da natureza: o sertão e a Amazônia em Gastão Cruls». Sociologias: 242–276. ISSN 1517-4522. doi:10.1590/15174522-0215112. Consultado em 26 de novembro de 2023 
  2. VIVOLO, Vítor da M.; CRULS, Gastão. a auscultação da sociedade brasileira. 2017. 126 f. 2019. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado)-Curso de Mestrado em História, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017.
  3. Hallewell, 1985, p. 346
  4. «CRULS, GASTÃO (1888 - 1959)». Consultado em 25 de setembro de 2019 
  5. Edição Maravilhosa
  6. Roberto de Sousa Causo (2007). Os melhores contos brasileiros de ficção científica. 1. [S.l.]: Devir. pp. 14 e 50. ISBN 9788575323038 
  7. Um Lobisomem na Amazônia - Crítica
Bibliografia
  • CORDEIRO, Matheus Villani. "A Amazônia que eu vi": Gastão Cruls e a produção etnográfica das sociedades indígenas dos limites do Brasil. Faces da História, v. 5, n. 2, p. 47-63, 2018.
  • HALLEWELL, Laurence (1985). O livro no Brasil: sua história. São Paulo: EdUSP. Col: Coleção Coroa Vermelha, Estudos Brasileiros. 6. [S.l.: s.n.] ISBN 85-85008-24-5 
  • MARZANI, Andressa. Entre amazonas e cientistas: representações da ciência em A Amazônia misteriosa, de Gastão Cruls. 2014.
  • PAIVA, Marco Aurélio Coelho. A ordem e a desordem da natureza: o sertão e a Amazônia em Gastão Cruls. Sociologias, n. AHEAD, p. 0, 2019.
  • VIVOLO, Vítor da M.; CRULS, Gastão. a auscultação da sociedade brasileira. 2017. 126 f. 2019. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado)-Curso de Mestrado em História, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017.

Ligações externas

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