Gravura em metal
A calcogravura ou calcografia é o processo de gravura feito numa matriz de metal, geralmente o cobre, conhecida na renascença. Pode também ser feita em alumínio, aço, ferro ou latão amarelo. Hoje em dia sua principal função é a marcação e taxação de produtos de empresas ou fábricas.
A gravura em metal pode ser definida como gravura de encavo (do francês gravure en creux), termo genérico que é aplicado para definir certos procedimentos da gravura. A palavra "encavo" pretende ressaltar que o depósito de tinta para impressão é feito dentro dos sulcos gravados e não sobre a superfície da matriz, como no caso da xilogravura.
As ferramentas mais comuns usadas para gravar uma imagem na matriz são a ponta seca e o buril. Mas, na maneira direta, há também o roulette (que permite conseguir um traçado irregular, granulado, como um lápis grafite). Já o berceau, o brunidor e o raspador, são instrumentos usados na técnica conhecida como maneira negra (do francês manière noire) ou também conhecida como meia-tinta (do italiano mezzo tinto). Existem ainda técnicas nas quais são utilizados produtos químicos, como a água-forte e a água tinta.
As nomenclaturas e as diferenciações dos inúmeros procedimentos que caraterizam o que genericamente denomina-se "gravura em encavo" são fundamentadas a partir de características básicas de suas variantes técnicas processuais: a gravura em metal, por se utilizar de um metal como matriz; a calcogravura do latim calco que significa comprimir; o talhe-doce (do francês taille-douce); e também por especificidades técnicas, como gravura a buril, a água-forte, a água-tinta, que podem se referir tanto à técnica quanto ao instrumento utilizado na gravação.
A gravura em metal é uma das mais antigas técnicas de gravura. Existem obras nesta técnica datadas de 1500, produzidas por vários gênios da Renascença, como o alemão Albrecht Dürer. A gravação em metal foi ligada ao trabalho de ourivesaria, como obra de entalhe e portanto voltada à ornamentação. O desenvolvimento de processos gráficos, a partir do século XV, e as novas necessidades na realização de imagens impressas motivaram a procura de técnicas que permitissem um trabalho gráfico de alta qualidade da imagem impressa, além de resistência às grandes tiragens e edições. O emprego de matrizes de metal, antes restrito à ourivesaria, possibilitou o surgimento das técnicas da gravura em metal. A gravura em encavo, assim denominada como oposição à gravura em relevo, deposita a tinta nos sulcos realizados pela gravação.
A técnica do metal consiste na gravação de uma imagem sobre uma chapa de cobre. Os meios de obter a imagem sobre a chapa são muitos; cada artista desenvolve seu procedimento pessoal no trato com o cobre.
A maneira mais direta de fazer uma gravura em metal é com ferramentas, como a ponta seca - um instrumento de metal semelhante a uma grande agulha que serve de "caneta ou lápis". A ponta seca risca a chapa, que tem a superfície polida, e esses traços formam sulcos, micro concavidades, de modo a reterem a tinta, que será transferida por meio de uma grande pressão, ao passar por uma prensa de cilindro conhecida como prensa calcográfica, imprimindo assim, a imagem no papel. A impressão da imagem gravada em encavo baseia-se na retirada da tinta que se encontra nos sulcos gravados, o que exige uma considerável pressão mecânica e portanto equipamento adequado, que difere do tipográfico ou da impressão manual, empregada na xilogravura. Além de ferir a chapa de cobre com a ponta seca, obtendo o desenho, a chapa também pode receber outras ferramentas diretas, como o buril e o roulette.
Nos meios indiretos, água-forte e água-tinta , os produtos químicos conhecidos por mordentes (ácido nítrico, percloreto de ferro, etc.) atacam as áreas da matriz que não foram isoladas com verniz, criando assim outro tipo de concavidades, e consequentemente, efeitos visuais. Desta forma, o artista obtém gradações de tom e uma infinidade de texturas visuais. Consegue-se uma gama de tons que vai do mais claro, até o mais profundo escuro.
Estes procedimentos podem ser usados em conjunto.
São inúmeros os exemplos de artistas que produzem obras onde a gravura é utilizada não apenas como ponto de partida para o desenvolvimento de um processo, mas também como meio expressivo autônomo, que recupera antigas técnicas e procedimentos tradicionais, incorporando também imagens produzidas por equipamentos e tecnologia dos dias atuais.
Desde as primeiras manifestações gráficas, os diferentes procedimentos da gravura têm tido destaque, seja como meio de comunicação de idéias e difusor de conhecimento, seja como um importante recurso expressivo amplamente empregado no contexto da arte contemporânea.
Importantes gravadores
editar- Albrecht Dürer (Alemanha)
- Piranesi (Itália)
- Rembrandt (Holanda)
- Goya (Espanha)
- Pablo Picasso (Espanha)
- Oswaldo Goeldi (Brasil)
- Iberê Camargo (Brasil)
- Lívio Abramo (Brasil)
- Arthur Luis Piza (Brasil)
- Adir Botelho (Brasil)
- Marcelo Grassmann (Brasil)
- Rubens Matuck (Brasil)
- Maria Bonomi (Brasil)
- Fayga Ostrower (Brasil)
- Renina Katz (Brasil)
- Regina Silveira (Brasil)
- Evandro Carlos Jardim (Brasil)
- Feres Lourenço Khoury (Brasil)
- Ruth Pimentel (Brasil)
- Marcio Périgo (Brasil)
- Paulo Roberto Lisboa (Brasil)
Ver também
editar- Emanuel Araújo (A Construção do Livro)