Empirismo

Corrente filosófica
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Na filosofia, o empirismo (em latim: "experientia": "experiência", do grego: /έμπειρία/) é uma teoria do conhecimento que afirma que o conhecimento sobre o mundo vem apenas da experiência sensorial;[1] é a experiência do real.[2]

John Locke, filósofo líder do empirismo britânico

Por sua vez, o método indutivo afirma que a Ciência como conhecimento somente pode ser derivada a partir dos dados da experiência. Essa afirmação filosófica rigorosa, acerca da construção do conhecimento, gera o problema da indução[3].

Dentre a diversa gama de pontos de vista da epistemologia - estudo do conhecimento humano -, juntamente com o racionalismo, o idealismo e o historicismo, o empirismo enfatiza o papel da experiência (sensorial) e da evidência, especialmente na formação de ideias, sobre a noção de ideias inatas ou tradições[4]. Contudo, os empiristas podem argumentar que os costumes (ou tradições) surgem devido às relações de experiências sensoriais, anteriormente vivenciadas.

Sob essa égide, o empirismo surgiu na Idade Moderna, como fruto de uma tendência filosófica que se desenvolvia, principalmente no Reino Unido, desde a Idade Média. Inclusive, verifica-se, com certa frequência, além de notória oposição ao chamado racionalismo, a presenca de características relacionadas à Filosofia continental.

Contemporaneamente, a oposição entre empirismo e racionalismo - tal qual a distinção analítico-sintética - é geralmente compreendida de forma absolutamente contundente, conforme ocorria nos tempos antigos.

Entretanto, é possível lançar mão de uma ou outra posição em contrário, sobretudo, devido à existência de questões metodológicas heurísticas, ou, ainda, à presença de atitudes vitais, desconsiderando-se os princípios filosóficos fundamentais propriamente ditos.

Com relação à problemática dos Universais, os empiristas são, em maioria, simpatizantes de críticas construtivas, de maneira que a adoção do termo "nominalista" remontaria somente ao final da Idade Média.

Durante a Antiguidade Clássica (Classicismo), o conhecimento empírico referia-se especialmente a arquitetos, artesãos, artistas e médicos, em geral, devendo ser obtido por meio de sua experiência, frente ao técnico e útil, em contraste ao conhecimento teórico, concebido como mera contemplação da verdade, além de qualquer utilitário.

Na FIlosofia da Ciência, o empirismo enfatiza as evidências, especialmente porque aqui o mesmo se desvenda a partir de experiências. Trata-se, portanto, de parte fundamental do método científico, de acordo com o qual todas as hipóteses e teorias devem ser testadas em confronto com as observações do mundo natural, ao invés de meramente se resumir a um raciocínio a priori, intuição ou revelação.

Por ter causado grande revolução na ciência, graças à progressiva valorização do conhecimento científico, aliado à valorização das experiências, o homem passou a buscar resultados práticos, almejando o domínio da natureza. Em suma, foi a partir do desenvolvimento do empirismo que se estabeleceram as bases fundamentais da metodologia científica moderna.

Dentre os filósofos associados ao empirismo, destacam-se os seguintes: Alhazen, Aristóteles, Avicena, David Hume, Ibn Tufail, Francis Bacon, George Berkeley, Guilherme de Ockham, Hermann von Helmholtz, Immanuel Kant (racionalista, porém buscou equilibrar razão e experiência), John Locke , John Stuart Mill, Leopold von Ranke, Nicolau Maquiavel, Robert Boyle, Robert Grosseteste e Thomas Hobbes.

Destes, destacam-se: Thomas Hobbes[5], John Locke[6] e David Hume[7], que são considerados uns dos mais importantes pensadores empiristas.

Etimologia

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O termo "empirismo" vem do grego /έμπειρία/, que traduzido em latim significa "experientia", que significa "experiência" em português.

 
Aristóteles deu grande importância à indução baseada na experiência sensível

História 

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Antigas formas de empirismo incluem o trabalho epistemológico de Buda no Oriente. No entanto, aqui nós consideramos a evolução das atitudes filosóficas ocidentais. Segundo o Papa Francisco, a empiria não explica todos os aspectos da vida em que a teologia participa e por isso é limitada.[8]

Antiguidade 

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Na antiguidade clássica havia uma separação clara entre:

  • Conhecimento para a experiência e o resultado: a técnica de trabalho e produtiva. O que tem sido historicamente entendida como "artes" e "artesanato". 
  • O ideal de conhecimento teórico que compreende duas áreas:
    • A ciência: entendida como um conhecimento universal e necessário. Experimente o mais recente conhecimento de causas e dos primeiros princípios, o que é agora entendida como fundamento da realidade, a metafísica.
    • práxis: Tão perfeito conhecimento prático ação direcionada para o bem e felicidade, que por sua vez opera em duas áreas:
      • A consecução de um bom indivíduo, a felicidade e Ética;
      • Alcançar o bem social comum, a política.

Na antiguidade clássica o conhecimento teórico e prático, como saber universal e necessário ideal de "conhecer" é independente da experiência, e é a sabedoria. A última expressão da verdade e do conhecimento, como a ciência, é a Metafísica e o mais próximo possível do modelo ideal de vida a felicidade, como ética, constituem o ideal do sábio.

Esta separação de conhecimento e ação prática na produção de bens materiais responde a uma tradição guerreira aristocrática da classe nobreza ou decisão. As artes e ofícios eram os de escravos e comerciantes, mas a "sabedoria" (filosofia) foi adequada para a nobreza e os homens livres. 

Em Atenas clássica e apareceu uma dupla atitude de pensar que será mantida ao longo de toda a história da filosofia no Ocidente e hoje são conhecidos principalmente como racionalismo e empirismo. Na verdade, eles têm duas atitudes e formas de entender a função do pensamento e do sentido da vida.

O primeiro a manter uma atitude claramente empirista foram os sofistas racionalistas que negavam a especulação sobre o mundo natural compartilhado seus antecessores, pré-socráticos e, acima de tudo, Platão; pelo contrário preocupado "em tais entidades relacionadas como homem e da sociedade." O valor da verdade é restrita ao valor específico da experiência e do exercício do poder, quer individualmente (moral) ou social (política).

Este empirismo está interessada em retórica no domínio da linguagem como um instrumento essencial para a vida política ateniense e do exercício do poder.

Empirismo britânico

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O método empírico de Francis Bacon e de Thomas Hobbes influenciou toda uma geração de filósofos no Reino Unido a partir do século XVII. John Locke é considerado o fundador ("pai") dessa tradição, que ficou conhecida como empirismo britânico, em oposição ao racionalismo que predominava na maior parte da Europa continental.

Em seu livro Ensaio Sobre o Entendimento Humano, Locke descreve a mente humana como uma tabula rasa (literalmente, uma "ardósia em branco"), onde, por meio da experiência, vão sendo gravadas as ideias.[9] A partir dessa análise empirista da epistemologia, Locke diferencia dois tipos de ideias: as ideias simples, sobre as quais não se poderia estabelecer distinções, como a de amarelo, duro, etc., e as ideias complexas, que seriam associações de ideias simples (por exemplo ouro — que é uma substância dura e de cor amarelada). Com isso, formar-se-ia um conceito abstrato da substância material.

No século XVIII, George Berkeley desenvolve o empirismo de John Locke, mas não admite a passagem dos conhecimentos fornecidos pelos dados da experiência para o conceito abstrato de substância material. Por isso, Berkeley afirma que uma substância material não pode ser conhecida em si mesma. O que se conhece, na verdade, resume-se às qualidades reveladas durante o processo perceptivo. Assim, o que existe realmente nada mais é que um feixe de sensações. Daí sua famosa frase: ser é ser percebido.[10]

Entretanto, para fugir do subjetivismo individualista (pois tudo que existe somente existiria para a mente individual de cada observador), Berkeley postula a existência de uma mente cósmica, que seria universal e superior à mente dos homens individuais. Deus é essa mente e tudo o mais seria percebido por Ele, de modo que a existência do mundo exterior à mente individual estaria garantida. No entanto, apesar de existir, o mundo seria impossível de ser conhecido verdadeiramente pelo homem, pois esse conhecimento só é acessível a Deus. Ao assumir esse empirismo radical, George Berkeley cria a corrente conhecida como idealismo subjetivo.

Levando ainda mais adiante o pensamento de Berkeley, o escocês David Hume identifica dois tipos de conhecimento: matérias de fato e relação de ideias. O primeiro está relacionado com a percepção imediata e seria a única forma verdadeira de conhecimento. A relação de ideias é uma inferência de outras ideias, ou seja ao relacionar duas ideias que temos na nossa mente provenientes da experiência concluímos outra ideia. Esta nova ideia, é logicamente verdadeira e necessária, pois é inferida através de um raciocínio demonstrativo (regras da lógica formal). Mas este conhecimento é tautológico, pois não acrescenta nada de novo, é apenas uma relação de ideias que já possuíamos.

 
Ao afirmar que só podemos conhecer aquilo que percebemos imediatamente, David Hume rejeitou a ideia de causalidade

Baseado nisso, Hume refuta a própria causalidade, a noção de causa e efeito, fundamental para a ciência. Ao observarmos, por exemplo, um pedaço de metal, podemos chegar a um conceito de metal, que corresponde à realidade concreta, perceptível. Se aproximamos nossas mãos do fogo, temos uma ideia de calor, que também corresponde à realidade. Mas quando aproximamos um metal do fogo e observamos que ele se dilata com o calor, não podemos concluir que "o corpo se dilata porque esquenta". As ideias "o corpo esquenta" e "o corpo se dilata" teriam como origem duas impressões dos sentidos, provenientes, respectivamente, do tato e da visão. O problema está na expressão por que. Que impressão sensível origina a ideia de porquê? Como concluímos que um fenômeno é a causa de outro?

Para Hume, o simples motivo de um fenômeno ser sempre seguido de outro faz com que eles se relacionem entre si de tal forma que um é encarado como causa do outro. Causa e efeito, enquanto impressões sensíveis, não seriam mais do que um evento seguido de outro. A noção de causalidade-necessária a partir da simples observação, sem aplicação dos "raciocínios demonstrativos" (nesse caso, a matemática. Ou, nos dias atuais, podemos aplicar esse conceito de Hume como sendo a área que concerne atualmente à Física, à Química, ou a toda ciência que use de cálculos para provar realidades empíricas). Para ele, portanto, sem o uso desses "raciocínios demonstrativos" para comprovar a existência de causas necessárias ("leis gerais"), tudo o que se baseia apenas na simples experiência para a conclusão dessas causas é somente uma dedução humana, que de forma alguma constitui um conhecimento verdadeiro, é apenas um costume, hábito. Exemplo que Hume nos dá dessa sua tese é o nascimento do Sol: "O Sol nascerá amanhã!" nada mais é que uma crença que nos temos a partir da observação dos dias que se passaram. Mas só a experiência de ver o Sol sempre nascer todos os dias não prova, necessariamente, que ele nascerá amanhã; o que nos faz acreditar que ele nascerá é meramente nosso hábito, nosso costume de vê-lo nascer todos os dias.

Ver também

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Referências

  1. Sober, Elliott. «Empiricism» (PDF) (em inglês). philosophy.wisc.edu. Consultado em 22 de dezembro de 2018 
  2. «Aristóteles e a Educação». O dia a dia da educação, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar) / Secretaria da Educação do Paraná. Consultado em 4 de abril de 2023 
  3. Chalmers, Alan. O que é ciência afinal?. [S.l.]: editora brasiliense 
  4. Baird, Forrest E.; Walter Kaufmann (2008). From Plato to Derrida (em inglês). Upper Saddle River, Nova Jérsei: Pearson Prentice Hall. ISBN 0-13-158591-6 
  5. Sorell, Tom. «Hobbes, Thomas (1588–1679)». London: Routledge. ISBN 978-0-415-25069-6. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  6. Ayers, Michael. «Locke, John (1632–1704)». London: Routledge. ISBN 978-0-415-25069-6. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  7. Garrett, Don. «Hume, David (1711–76)». London: Routledge. ISBN 978-0-415-25069-6. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  8. Network, Pope Francis,Voltaire. «Encyclical Letter Laudato Si' on Care for our Common Home, by Pope Francis». Voltaire Network (em inglês). Consultado em 15 de maio de 2021 
  9. Locke, John, An Essay Concerning Human Understanding, Kenneth P. Winkler (ed.), pp. 33–36, Hackett Publishing Company, Indianapolis, IN, 1996.
  10. Berkeley G. Tratado sobre os princípios do conhecimento humano. In: Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural; 1992.

Ligações externas

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