Cintas-largas

povo indígena
 Nota: Se procura pela língua da família linguística mondé, falada pelos cintas-largas, veja Língua cinta-larga.

Os cintas-largas são um povo indígena, assim chamado pelos primeiros invasores dos seus territórios, por ostentarem uma espécie de cinturão, feito de entrecasca de uma árvore - o tauari. Este nome foi posteriormente adotado pela Fundação Nacional do Índio.

Cintas-larga
(Cinta larga)
População total

1.954

Regiões com população significativa
 Brasil (MT/RO) 1.954 Siasi/Sesai, 2014[1]
Línguas
português
cinta-larga
Religiões

A população dos Cinta Larga está distribuída por, aproximadamente, 33 aldeamentos, a maioria deles localizados nas Terras Indígenas Serra Morena[2] (quatro aldeias), Aripuanã[3] (nove aldeias),[4] Parque Indígena Aripuanã[5] (sete aldeias) e Roosevelt[6] (cinco aldeias). Essas terras, situadas no leste de Rondônia e no noroeste de Mato Grosso possuem superfície total de 2.732.567 hectares tradicionalmente ocupadas pelos cinta-largas.[7]

O mito de criação cinta-larga conta como Gorá criou todos os seres das diferentes tribos. Os animais teriam sido criados a partir de seres humanos.[8]

Características gerais

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Demografia

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Em 1969 a população Cinta Larga foi estimada em cerca de 2.000 pessoas, em seguida a população declinou e voltou a aumentar, chegando ao total de 1954 pessoas em 2014[1], conforme os dados da tabela abaixo:

Ano População Referência
1969 2000 ISA (2019)[1]
1981 500 ISA (2019)[1]
2001 1032 ISA (2019)[1]
2003 1300 ISA (2019)[1]
2014 1954 (Siasi/Sesai, 2014)[1]

Definição

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Embora a denominação cinta-larga seja usada para designar um conjunto de grupos indígenas caçadores, habitantes das terras que se estendem do leste de Rondônia ao noroeste do Mato Grosso, trata-se, na verdade, de grupos distintos que se autodenominam Kabã, Kakin e e que têm língua e cultura semelhante.[9] Antes do contato com a Fundação Nacional do Índio, esses grupos ocupavam territórios exclusivos. Os kabã não têm subdivisões; os kakin têm algumas subdivisões e os mam ou têm várias subdivisões (Dal Poz, 1991).

Falam uma língua do tronco tupi, da família conhecida como Tupi-Mondé, a qual compartilham, com pequenas variações, com seus vizinhos gaviões, suruís-paíteres e zorós. Assim como esses povos, os grupos cinta-larga tinham na caça a sua principal atividade de subsistência, combinada com uma pequena agricultura - de tubérculos (cará, mandioca e inhame) e milho –, atividade claramente depreciada frente àquela da caça.

O território ocupado pelos cintas-largas até o final dos anos 1950 compreendia as bacias dos rios Roosevelt, a oeste; Juruena, a leste; Rio Branco, afluente da margem esquerda do Rio Negro e Guariba, afluente do Aripuanã, ao norte, até o paralelo dez e os rios Iquê, 12 de Outubro, afluente esquerdo do alto Camararé e Juína, afluente esquerdo do Juruena, ao sul. Esse território limitava-se, ao sul e a oeste, com as terras dos enauenê-nawê e dos nambiquara; a leste, com os erikbatsa e, ao norte, com os suruís e os zorós. Em tempos passados, os grupos cintas-largas viviam em guerra permanente com esses outros povos, por disputas territoriais ou por vinganças de mortes anteriores.

Massacre do Paralelo 11

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 Ver artigo principal: Massacre do Paralelo 11
 
Reconstituição do Serviço de Proteção ao Índio do modo como foi executada uma mulher da etnia cintas-largas, cortada ao meio com um facão, em um território indígena, na região entre o Mato Grosso e Rondônia, em 1963, episódio conhecido como Massacre do Paralelo Onze.[10]

Nos anos 1960, os cintas-largas, assim como vários outros grupos indígenas, foram vítimas da abertura da fronteira agrícola e das políticas de incentivo à exploração dos recursos naturais, que visavam principalmente a ocupação da região Norte do país. Nessa época, esses povos eram tidos como empecilhos ao desenvolvimento, o que motivou o extermínio de comunidades indígenas inteiras. Após o Massacre do Paralelo 11 (1963), como ficou conhecida a destruição de aldeias cinta-largas em Mato Grosso, a mando do seringalista Antonio Junqueira, o estado brasileiro foi, pela primeira vez, denunciado internacionalmente por genocídio.[8][11][12]

Referências

  1. a b c d e f g Instituto Socioambiental (ISA). «Cinta Larga - Povos Indígenas no Brasil». Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil. Consultado em 5 de julho de 2024 
  2. «Terra Indígena Serra Morena - Terras Indígenas no Brasil». terrasindigenas.org.br. Consultado em 5 de julho de 2024 
  3. «Terra Indígena Aripuanã - Terras Indígenas no Brasil». terrasindigenas.org.br. Consultado em 5 de julho de 2024 
  4. Caracterização Geral da TI Aripuanã.
  5. «Parque Indígena Aripuanã - Terras Indígenas no Brasil». terrasindigenas.org.br. Consultado em 5 de julho de 2024 
  6. «Terra Indígena Roosevelt - Terras Indígenas no Brasil». terrasindigenas.org.br. Consultado em 5 de julho de 2024 
  7. Volpato Curi, Melissa (2005). Mineração em terras indigenas: caso terra indigena Roosevelt (Dissertação de Mestrado). Orientador: Hildebrando Herrmann. Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). p. 121. doi:10.47749/t/unicamp.2005.360438. Consultado em 5 de julho de 2024 
  8. a b JUNQUEIRA,Carmen. Os diamantes do povo Cinta-Larga. Texto da conferência proferida em março de 2005.
  9. JUNQUEIRA, Carmen 1985: 2. In Processo Funai nº 4982/78, fls. 340
  10. «Missionário Jesuíta Reforça Acusação de Que Genocídio dos Índios Continua». O Globo: 15. 25 de janeiro de 1966 
  11. Senadora defende índios Cinta Larga relembrando o Massacre do Paralelo 11. 13 de novembro de 2003.
  12. A reportagem no meio do mato, por Montezuma Cruz. Observatório da Imprensa,4de maio de 2004 na edição 275.

Bibliografia

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  • Dal Poz, João. Dádivas e dívidas na Amazônia: parentesco, economia e ritual nos Cinta-Larga. Tese de doutorado. Campinas: UNICAMP, 2004.

Ligações externas

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