Ana Miranda

atriz, poetisa e romancista Brasileira

Ana Maria Nóbrega Miranda (Fortaleza, 19 de agosto de 1951) é uma romancista e atriz brasileira, conhecida por seus trabalhos literários no gênero do romance histórico e da biografia, onde demonstra foco no período do Brasil colônia[1].

Ana Miranda
Ana Miranda
Nascimento 19 de agosto de 1951 (73 anos)
Fortaleza
Cidadania Brasil
Cônjuge Arduino Colasanti, Emir Sader
Ocupação poeta, romancista, atriz, atriz de cinema
Distinções
Obras destacadas Boca do Inferno
Página oficial
http://www.anamirandaliteratura.com.br/
Assinatura
Assinatura de Ana Miranda

Biografia

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Ana Miranda nasceu em Fortaleza, Ceará e cresceu no Rio e em Brasília. A partir de 1969 radicou-se no Rio de Janeiro, e em 2001 mudou-se para São Paulo.

Foi casada com o ator ítalo-brasileiro Arduíno Colassanti entre 1970 e 1972 e também, entre 1995 e 2018, com Emir Sader, professor de sociologia e cientista político.

Trabalhou em filmes do Cinema Novo brasileiro entre 1971 e 1979, como Como era gostoso o meu francês. Teve a formação literária tutelada pelo escritor Rubem Fonseca, entre 1979 e 1989. [2]

Dirigiu o Instituto de Artes da Funarte e foi editora chefe da instituição entre 1977 e 1983. Recebeu formação na área de artes plásticas, cursando o Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília. É desenhista, ilustrou algumas das capas de seus livros. Foi escritora visitante em universidades como Stanford e Yale, nos Estados Unidos e representou o Brasil perante a União Latina, em Roma. [3]

Em 2006, Ana Miranda voltou a morar no Ceará, onde segue residindo e trabalhando.

Carreira

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Estreia como escritora com as poesias de Anjos e Demônios (1978) e Celebrações do Outro (1983).[2] O crítico Fernando Py, em matéria no Jornal do Brasil (19 de maio de 1979), escreveu: "Anjos e Demônios é um livro que, a princípio, fala mais à sensibilidade e à emoção; seguimos os versos da autora como se fossem fruto de confessionário, com suas aparentemente ingênuas nudezas de anjos e demônios internos. Essa impressão, no entanto, vai se desfazendo aos poucos; vemos surgir, aqui e ali, uma poesia de maior densidade, especialmente em certos poemas em que a expressão atinge uma invenção feliz [...]" Em O Globo de 11/3/79, Elias Fajardo da Fonseca definiu Miranda como "a moça que libertou anjos e demônios".

Em 1989 lança Boca do Inferno, na linha do resgate ou reinvenção da história e que tem como tema a cidade da Bahia do século XVII, e como protagonistas o poeta Gregório de Matos e o missionário jesuíta Antônio Vieira. O romance foi traduzido em vários países como Suécia (Wahlström & Widstrand, 1990); Dinamarca (Samleren, 1990); Holanda (Amber, 1990); Argentina (Editorial Sudamericana, 1990); Noruega (Gyldendal Norsk-Forlag, 1990); Itália (Rizzoli, 1991); Estados Unidos (Viking/Penguin, 1991); Espanha (Anagrama, 1991); França (Julliard, 1992); Inglaterra (Harvill/ Harper Collins, 1992); Alemanha (Kiepenheuer & Witsch, 1992, também em edição de bolso), entre outros. Este livro lhe rendeu o Prêmio Jabuti, Revelação, em 1990.[2][4] Boca do Inferno foi incluído na lista dos cem maiores romances em língua portuguesa do século XX, elaborada por escritores, intelectuais e críticos brasileiros e portugueses, publicada no caderno Prosa & Verso do jornal O Globo em 5 de setembro de 1998.

 
Em entrevista.

Em 1991 a autora publica o romance O retrato do rei, situado no ciclo do ouro em Minas Gerais, e em 1995, A última quimera, que tem o poeta Augusto dos Anjos como tema central.

Em 1996, lança Desmundo, que trata da história de órfãs que vinham de Portugal para casarem-se com os colonos no Brasil. O romance foi adaptado para o cinema em 2002, com o mesmo título, pelo cineasta Alain Fresnot.

Ainda em 1996, a autora publica a novela Clarice, com Clarice Lispector como personagem. No ano seguinte o romance Amrik revive a saga de imigrantes árabes recém-chegados em São Paulo, no final do século XIX.

Em 2002 chega ao público Dias & Dias, romance que tem o poeta Gonçalves Dias como tema. Em 2009, o romance Yuxin, Alma, de tema indígena, acompanhado de CD com músicas indígenas de Marluí Miranda, irmã da escritora.

2014 marca o lançamento do romance Semíramis, que tematiza o escritor José de Alencar, e do romance histórico biográfico Musa Praguejadora, A Vida de Gregório de Matos, onde retoma o poeta titular, anteriormente retratado em Boca do Inferno, como personagem[5]. Em abordagem semelhante, publica em 2017 o livro Xica da Silva, A Cinderela Negra, sobre Chica da Silva[6].

Miranda é considerada uma romancista de linguagem e fabulação. Foi escritora visitante em diversas universidades estrangeiras, como Stanford, Yale e Berkeley, nos Estados Unidos, ou Tor Vergata, na Itália. Realiza palestras em instituições de ensino e centros culturais. Foi colaboradora da revista Caros Amigos, colunista do Correio Braziliense, e escreve no jornal cearense O Povo.

Prêmios e reconhecimento

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  • 1990 - Prêmio Jabuti, Revelação de romance, com Boca do Inferno[4]
  • 1994 - Prêmio da Biblioteca Nacional, para A última quimera
  • 2003 - Prêmio Jabuti - com o romance Dias & Dias
  • 2003 - Prêmio da Academia Brasileira de Letras, Romance, Dias & Dias
  • 2009 - Sereia de Ouro, pela obra
  • 2010 - Green Prize of the Americas, com Yuxin
  • 2014 - Prêmio Bienal do Livro de Brasília (segundo lugar) para O peso da luz
  • 2014 - Medalha Rachel de Queiroz, do Instituto Histórico e Geográfico do Ceará
  • 2015 - Prêmio da Academia Brasileira de Letras - Ficção, para Musa Praguejadora
  • 2016 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Fortaleza
  • 2016 - Prêmio Jabuti - Biografia para Xica da Silva A Cinderela Negra (segundo lugar)
  • 2016 - Medalha José Mindlin do Instituto Histórico e Geográfico do Ceará
  • 2017 - Comenda Ordem do Mérito Cultural do Governo Brasileiro, MINC
  • 2018 - Título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará,[7]

Obra literária

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Livros publicados

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  • Anjos e Demônios (poesia), José Olympio Editora/INL, Rio de Janeiro, 1978;
  • Celebrações do Outro (poesia), Editora Antares, Rio de Janeiro, 1983;
  • Boca do Inferno (romance), Editora Companhia das Letras, São Paulo, 1989;
  • O Retrato do Rei (romance), Companhia das Letras, São Paulo, 1991;
  • Sem Pecado (romance), Companhia das Letras, São Paulo, 1993;
  • A Última Quimera (romance), Companhia das Letras, SP, 1995;
  • Clarice (novela), Companhia das Letras, São Paulo, 1996;
  • Desmundo (romance), Companhia das Letras, SP, 1996;[8].
  • Amrik (romance), Companhia das Letras, SP, 1997;
  • Que seja em segredo (antologia poética), Editora Dantes, Rio, 1998;
  • Noturnos (contos), Companhia das Letras, São Paulo, 1999;
  • Caderno de sonhos (diário), Editora Dantes, Rio, 2000;
  • Dias & Dias (romance), Companhia das Letras, SP, 2002;
  • Deus-dará (crônicas), Editora Casa Amarela, São Paulo, 2003;
  • Prece a uma aldeia perdida (poesia), Editora Record, São Paulo, 2004;
  • Flor do cerrado: Brasília (infanto-juvenil), Companhia das Letrinhas, São Paulo, 2004;
  • Lig e o gato de rabo complicado (infantil), Companhia das Letrinhas, São Paulo, 2005;
  • Mig, o descobridor (infantil), Editora Record, Rio de Janeiro, 2006;
  • Tomie, cerejeiras na noite (infanto-juvenil), Companhia das Letrinhas, São Paulo, 2006;
  • Lig e a casa que ri (infantil), Companhia das Letras, 2009;
  • Yuxin, alma (romance), Companhia das Letras, São Paulo, 2009;
  • Carta do tesouro (infantil e adulto), Armazém da Cultura, Fortaleza, 2010;
  • Mig, o sentimental (infantil), Record, Rio, 2010;
  • Carta da vovó e do vovô (infantil e adulto), Armazém da Cultura, Fortaleza, 2012;
  • O peso da luz, Einstein no Ceará (novela), Armazém da Cultura, Fortaleza, 2013;
  • Como nasceu o Ceará? (infantil) Edições Demócrito Rocha, Fortaleza, 2014;
  • Semíramis (romance), Companhia das Letras, São Paulo, 2014;
  • Musa Praguejadora, A vida de Gregório de Matos (biografia), Record, 2014;
  • Menina Japinim (infantil), Companhia das Letrinhas, 2014;
  • Xica da Silva, A Cinderela Negra (biografia) Record, 2017.

Trabalhos como atriz

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Ano Título Personagem
1981 A Rainha do Rádio Élida[9]
1979 O Princípio do Prazer Ana Menezes
1978 Crônica de um Industrial Anita
Amor Bandido
1977 Na Ponta da Faca Estela
1976 Padre Cícero Maria de Araújo
Ovelha Negra, Uma Despedida de Solteiro Rita
Un animal doué de déraison Ana Maria
1975 A Lenda de Ubirajara Jandira[10]
1973 Quem é Beta? Mulher da sociedade[11]
O Rei dos Milagres
1972 Amor, Carnaval e Sonho Isolda
Os Devassos Aluna
1971 Mãos Vazias Jovem
Como Era Gostoso o Meu Francês Índia
João e a faca Maria

Referências

  1. Rios, Dinameire Oliveira Carneiro (2020). «O Brasil colonial pelo olhar de Ana Miranda: uma leitura do feminino em Desmundo». Contraponto (2): 591–610. ISSN 2236-6822. Consultado em 23 de outubro de 2023 
  2. a b c Nelly Novaes Coelho. Dicionário crítico de escritoras brasileiras: 1711-2001. Escrituras; 2002. ISBN 978-85-7531-053-3. p. 59 – 60.
  3. Denis Pereira Martins (2016). «A boca e o inferno, uma análise da produção literária de Ana Miranda». Universidade Estadual de Londrina. Consultado em 15 de novembro de 2024 
  4. a b «Prêmio Jabuti, 1990». Consultado em 18 de novembro de 2013. Arquivado do original em 20 de fevereiro de 2014 
  5. Moraes, Cláudia Letícia Gonçalves; Pereira, Danglei de Castro (2019). «O romance biográfico na perspectiva de Ana Miranda: historiografia e intertextualidade na composição da obra Musa Praguejadora». REVELL: Revista de Estudos Literários da UEMS (Extra 1): 112–128. ISSN 2179-4456. Consultado em 23 de outubro de 2023 
  6. Oliveira, Amanda da Silva (4 de maio de 2020). «Gênero e raça em Xica da Silva: A cinderela negra, de Ana Miranda». Letrônica (3): e36987–e36987. ISSN 1984-4301. doi:10.15448/1984-4301.2020.3.36987. Consultado em 23 de outubro de 2023 
  7. Universitários, Divisão de Portais. «Escritora Ana Miranda recebe título de Doutora Honoris Causa da UFC». www.ufc.br. Consultado em 15 de novembro de 2018 
  8. «Filme reconstitui Brasil do século 16 com saga pessoal». Folha de S.Paulo. 25 de outubro de 2002. Consultado em 24 de março de 2016 
  9. «A Rainha do Rádio». adorocinema.com. Consultado em 22 de março de 2023 
  10. «A Lenda de Ubirajara». adorocinema.com. Consultado em 22 de março de 2023 
  11. «Quem é Beta?». adorocinema.com. Consultado em 22 de março de 2023 

Ver também

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  • Desmundo (2003), filme baseado na obra homônima de Ana Miranda

Ligações externas

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Wikiquote
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  • Ana Miranda. no IMDb.
  • Entrevista
  • Carreira, Shirley. Imigrantes: a representação da identidade cultural em Relato de um certo Oriente e Amrik. In: Adelaide Clhman de Miranda [et al.] Protocolos críticos. São Paulo: Iluminuras, Itaú Cultural, 2008.
  • Carreira, Shirley. Amrik, de Ana Miranda: a imigração libanesa revisitada[1]. In:Kúmá / Decolonizziamoci – Interculturalità. n. 17, Roma,Uniroma, 2009.