Descontruindo Barreiras
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Descontruindo Barreiras - Juraci Cardoso
E-BOOK
LETRAMENTO
RACIAL
Desconstruindo Barreiras:
Um Guia de Letramento Racial
JURACI CARDOSO
INÍCIO
QUEM SOU EU?
Me chamo Juraci, mulher preta, carioca da gema,
divorciada, formada na área das Ciências Sociais. Sou
Bacharel em Serviço Social, mais de 30 anos na prática
profissional como Assistente Social. Pós Graduada em
Saúde Mental, Pós Graduada em Dependência
Química. Sempre atuei nos debates e nas práticas em
defesa dos direitos das minorias sociais na Política
Pública de Saúde e na Política Pública
de Assistência
Social.
Então, em certo momento da minha vida me tornei
mãe! Dois corações batendo fora do meu peito. Não
foram gerados nas minhas entranhas, mas invadiram
o meu coração. Me tornei mãe de 2 meninos, meus
filhos do coração, irmãos sanguíneos e que já viviam
a diversidade desde pequenos, o mais novo pretinho
e o mais velho branquinho.
O meu filho mais velho
certo dia quis entender por que não era preto como o
irmão, também queria ser preto como a mãe de
coração, queria ser preto como a família que o
acolheu com amor e carinho...os avós, os tios. Por que
não era preto se ambos eram irmãos de verdade?
filhos biológicos da mesma mulher preta, que já tinha
virado estrelinha ?
© 2024
Juraci Cardoso
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Êita! Naquele momento, com aqueles olhinhos atentos
em mim, pensei.... e agora mamãe? Como responder a
isso? A situação era clara, ele queria pertencimento.
Mas, como explicar para o entendimento de uma
criança de 4 anos sobre a questão do pool gênico
?!
Não
!
N
ad
a
d
isso
!
N
ã
o
d
av
a
p
ar
a
s
e
r
p
o
r
e
st
e
c
aminho.
Então, o que me salvou naquele momento, foi o viés da
diversidade. Me veio uma inspiração, aquela inspiração
que somente quem é mãe entende, e que nos tira de
algumas saias justas, com as perguntas dessas crianças
curiosas e criativas. Mantendo a afirmativa de que
embora ele fosse clarinho
, ele era da etnia negra,
simplesmente virei as palmas das minhas mãos para ele
e disse: olha as palmas das mãos da mamãe, são claras,
embora a minha pele seja preta, e com palavras bem
simples lhe apresentei, pela primeira vez, o sentido da
diversidade.
E a partir de então me dei conta de quão era a
importância de adentrar no debate e fomentar
conhecimento sobre o tema do letramento racial.
Mobilização provocada por um pequeno gesto do
meu filho, na época aos 4 anos de idade.
As palmas claras das minhas mãos bastaram pra