Deus Está a Salvar-me… e a Libertar-me de Todo Mal

Duarte Sousa Lara

Deus está a salvar-me…

… e a libertar-me de todo o mal

Nada obsta

1 de agosto de 2014

Padre Dr. José Alfredo Gonçalves Patrício

Imprima-se

4 de agosto de 2014

Padre Joaquim Dias Rebelo, vigário-geral

Título

Deus está a salvar-me… e a libertar-me de todo o mal

Autor

Duarte Sousa Lara

Edição e copyright

Lucerna, Cascais

1.ª edição: novembro de 2014 (reimpressões: janeiro de 2015; abril de 2017)

© Princípia Editora, Lda.

Design da capa  Rita Maia e Moura [sob imagem: Exorcismo de Carlos II de Espanha (1665-1700), c. 1698, Escola Espanhola (século XIX), © Alamy/AIC]

Lucerna

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Prefácio

Existem questões que são colocadas com frequência aos sacerdotes. O padre Duarte Sousa Lara recolheu-as e resumiu-as, no presente livro, a 40 questões, às quais fez seguir as correspondentes respostas, dadas à luz da Sagrada Escritura, do Magistério da Igreja, da sã teologia e da sua própria experiência de sacerdote exorcista da Igreja Católica, empenhado há vários anos neste ministério que conduz com seriedade e competência.

Os fiéis encontrarão, portanto, uma resposta adequada a cada questão, que cada católico deveria conhecer para poder oferecê-la também aos outros, distinguindo a verdadeira fé das «espiritualidades» – caracterizadas pela superstição, a magia, o esoterismo – e das devastantes modas do nosso tempo: New Age, pseudo-religiosidades, espiritismo, satanismo…

Possa a leitura deste texto ser, para muitos, ocasião de esclarecimento, favorecendo o seu discernimento no meio da confusão da qual o demónio é o inspirador e o mestre, com o fim de desviar as almas da via do bem.

A Virgem Maria nos guie a todos nós, seus filhos, ao encontro e à união com Cristo seu Filho, verdadeiro Deus e Senhor do universo, aquele que dá ao Homem a liberdade fundada na verdade, o único verdadeiro Salvador, fim último de toda a existência plenamente realizada.

Padre Francesco Bamonte

Presidente da Associação Internacional de Exorcistas

Introdução

Deus-Pai, na sua infinita misericórdia, enviou o seu muito amado Filho «cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 14) para nos salvar, por meio da sua cruz, do pecado que nos escraviza e destrói, do instigador do pecado – o demónio – e das consequências amargas do pecado, entre as quais se destacam a morte eterna no inferno e a morte temporal. Esta salvação que o Pai nos oferece no mistério de Cristo morto e ressuscitado é um puro dom da sua bondade e precede qualquer mérito da nossa parte. A ela acedemos pela fé e pelos sacramentos. Tem momentos decisivos, como o dia do nosso Batismo, mas só se realizará plenamente quando Jesus voltar e, depois de derrotar definitivamente a morte, instaurar plenamente o seu Reino de amor e de paz. Deus está a salvar-me e a libertar-me de todo o mal!

Estas 40 questões breves acerca do demónio, dos exorcismos e das orações de libertação são fruto da minha caminhada e das minhas reflexões pessoais nos últimos 16 anos. Em 1998, ainda jovem seminarista, tive a graça de começar a acompanhar o padre Gabriele Amorth em muitos exorcismos. Foi uma experiência muito enriquecedora, que durou 10 anos e que me marcou bastante.

Em 2008, ano em que regressei estavelmente para Portugal, o meu bispo nomeou-me exorcista e já levo seis anos de intenso serviço ao Povo de Deus neste ministério.

As questões a que tento dar resposta são muitas daquelas com que me deparo nos vários retiros e encontros em que sou convidado a participar. Tentei dar-lhes respostas breves, claras e bem fundadas teologicamente, numa perspetiva catequética e simultaneamente atenta ao ambiente paganizado em que vivem os cristãos no mundo de hoje.

No final, em anexo, incluí uma oração de libertação que uso com muita frequência e que elaborei a partir de uma outra feita pelo padre Gabriele Amorth. Tem uma eficácia não muito diferente do exorcismo. Logo a seguir a esta útil oração de libertação, também incluí, em anexo, um breve tratado acerca da virtude moral da religião que escrevi já faz alguns anos e creio poder integrar e contextualizar melhor as afirmações que faço ao longo das 40 questões deste livro.

Possam estas breves reflexões ajudar-nos a seguir mais fielmente a Jesus Cristo, a conhecer melhor as exigências da sua Palavra e a desmascarar com maior clareza todas as sedutoras propostas do «pai da mentira» (Jo 8, 44).

1. Os demónios existem?

Sim, existem. «A existência dos seres espirituais, não corporais, a que a Sagrada Escritura habitualmente chama anjos, é uma verdade de f黹. Alguns desses anjos, criados bons por Deus, liderados por Satanás, também chamado Diabo, «radical e irrevogavelmente recusaram Deus e o seu Reino»², e portanto deve-se afirmar que «de facto, o Diabo e os outros demónios foram por Deus criados naturalmente bons; mas eles, por si próprios, é que se fizeram maus»³.

2. Porque é que existem alguns cristãos que negam a existência do demónio?

Alguns cristãos⁴, entusiasmados com as grandes descobertas científicas dos últimos séculos, colocaram, erro­neamente, uma confiança excessiva no método próprio das ciências experimentais e acabaram por negar a existência de realidades que, pela sua natureza, não são passíveis de estudo empírico, tais como, por exemplo, os seres puramente espirituais a que chamamos anjos.

3. Satanás pode causar todos os males que quer?

Não. «O poder de Satanás não é infinito. Satanás é uma simples criatura, poderosa pelo fato de ser um puro espírito»⁵, isto é, um anjo que, tal como todos os anjos, «excedem em perfeição todas as criaturas visíveis»⁶.

4. Qual é o maior mal que podem causar os demónios?

Os demónios «esforçam-se por associar o Homem à sua rebelião contra Deus»⁷, por induzir o Homem ao pecado mortal, o qual «tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E, se não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no Inferno»⁸.

5. Quais são os pecados com os quais o demónio leva mais pessoas para o inferno?

Só Deus o sabe. Na nossa cultura, porém, sobres­saem, pela sua difusão, dois vícios especialmente graves: 1) A luxúria, idolatria do prazer sexual, em todas as suas formas (contraceção, masturbação, adultério, relações pré-matrimoniais, relações entre pessoas do mesmo sexo, etc.), que destrói a capacidade humana de amar, ou seja de a pessoa se dar a Deus e aos outros⁹; 2) A superstição pela qual divinizamos alguma criatura ou força criada, caindo assim na idolatria¹⁰, na adivinhação¹¹ ou