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A essência da mente: Usando o seu poder interior para mudar
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A essência da mente: Usando o seu poder interior para mudar
E-book498 páginas11 horas

A essência da mente: Usando o seu poder interior para mudar

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Sobre este e-book

Neste livro, Steve e Connirae Andreas, pioneiros na pesquisa e na prática da Programação Neurolinguística (PNL), apresentam métodos para lidar com as mais diversas situações da vida: medo de falar em público, codependência emocional, traumas, suscetibilidade a críticas, fobias, baixa autoestima, criação de filhos, falta de assertividade, luto, problemas de peso, conflitos internos, vergonha e culpa, falta de motivação, dificuldade de tomar decisões, pânico diante de desastres, insegurança, agressividade, doenças graves, falta de propósito. Os autores descrevem sessões de PNL em que pessoas aprenderam a identificar seus padrões de pensamento e foram gentilmente conduzidas a recodificá‑los de uma forma que lhes fosse mais benéfica, sempre respeitando seus próprios valores e sua integridade. Os métodos, apresentados de maneira clara e didática, guiam o leitor por um caminho de autoconhecimento, ajudando‑o a entrar em contato com sua força interior e a ser protagonista no seu processo de transformação pessoal.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de out. de 2022
ISBN9786555490848
A essência da mente: Usando o seu poder interior para mudar

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    A essência da mente - Steve Andreas

    Introdução

    O best-seller Amor, medicina e milagres, do dr. Bernie Siegel, baseou-se no que ele aprendeu com seus pacientes excepcionais — aqueles que viveram mais do que os médicos previam ou aqueles que conseguiram se curar das chamadas doenças terminais. O dr. Siegel observou que algumas pessoas conseguiram transformar sua vida para se livrarem da doença.

    Da mesma maneira, a Programação Neurolinguística surgiu do estudo dos processos mentais de pessoas que sabiam fazer algo excepcionalmente bem ou que haviam vencido por completo algum tipo de dificuldade. Costumamos achar que as habilidades excepcionais são dons, traços da personalidade ou talentos inatos. A PNL demonstra que, se pensarmos em nossas habilidades como capacidades aprendidas, conseguiremos compreendê-las com mais facilidade e ensiná-las a outras pessoas.

    O campo da PNL baseia-se na compreensão de que criamos grande parte da nossa experiência pela maneira específica como vemos, ouvimos e sentimos as coisas em nosso corpo-mente — normalmente considerado como um todo e denominado pensamento. É por isso que uma pessoa pode ficar aterrorizada frente à simples tarefa de falar em público ou convidar alguém para sair, enquanto outra se sentirá feliz e cheia de energia diante do mesmo desafio.

    O que há de realmente novo na PNL é que agora sabemos como examinar o pensamento de alguém de uma maneira que nos permita aprender suas habilidades e capacidades. Quando aprendemos realmente a pensar como outra pessoa, automaticamente adquirimos os mesmos sentimentos e reações dessa pessoa. Em áreas problemáticas da nossa vida, essa capacidade de examinar nosso pensamento e nossos sentimentos nos dá a chave para encontrarmos soluções.

    Neste livro, oferecemos aos nossos leitores uma cadeira na primeira fila, para que observem de perto como a PNL pode ajudar a melhorar a vida das pessoas. Todos os casos aqui apresentados são de pessoas que participaram dos nossos seminários ou clientes em sessões particulares. Todos os nomes e informações foram mudados, a não ser no caso das pessoas que aparecem nos vídeos.

    Em cada um dos casos apresentados, destacamos as características mais importantes daquilo que estamos fazendo e apresentamos algumas das ideias e técnicas principais que orientaram o nosso trabalho. No entanto, não entramos em detalhes. Embora incentivemos nossos leitores a experimentar o que aprenderem com este livro, pedimos que sejam muito cuidadosos e gentis tanto consigo mesmos como com outras pessoas. A PNL é um conjunto de métodos muito poderosos, e qualquer coisa tão poderosa pode ser mal utilizada. Para as pessoas que desejarem aprender a usar os métodos da PNL, insistimos que adquiram um treinamento específico antes de se tornarem ambiciosas demais.

    Temos três objetivos ao apresentarmos cada um dos casos deste livro. O primeiro é dar uma mensagem de esperança, oferecendo uma breve demonstração da imensa gama de problemas que podem ser resolvidos rápida e facilmente com a PNL. Como tantas outras coisas, a mudança só é difícil e lenta quando não sabemos o que fazer.

    Nosso segundo objetivo é apresentar exemplos de vários tipos de intervenção que podem ser usados para resolver problemas e tornar possível uma vida mais satisfatória. Algumas dessas intervenções nem sequer existiam um ano antes da publicação da edição original deste livro, e, quando ele chegar às mãos dos leitores, muitos outros métodos terão sido desenvolvidos.

    Nosso terceiro objetivo é oferecer uma nova compreensão a respeito de como funciona nossa mente e demonstrar como essa informação pode ser usada para orientar nosso pensamento e tornar nossa vida mais agradável e satisfatória — e provavelmente mais longa.

    Steve e Connirae Andreas

    1. Como eliminar o medo de falar em público

    Joan era assessora de campanha de um deputado estadual. Parte do seu trabalho consistia em falar em público para grupos de pessoas. Mesmo sendo capaz de fazê-lo, ela sentia um profundo desconforto. Quando chegava a sua vez de falar, ficava tensa, sentia um aperto na garganta e sua voz subia de tom. Ela dizia sentir-se desligada das pessoas para quem falava. Entretanto, gostava de conversar com pequenos grupos após a conferência. Nesse momento, sinto-me ligada a elas como indivíduos, e fica mais fácil me comunicar. Gosto muito desta parte do meu trabalho.

    Como o pensamento de Joan criou o medo de falar em público

    Quando perguntei a Joan se sabia como criava sua tensão e seu desconforto, ela respondeu que não. Já que a informação de que eu precisava era inconsciente, pedi a ela que se imaginasse na situação problemática para ver o que podia descobrir.

    "Pense em uma das situações em que o problema ocorreu e veja-se antes de se levantar para tomar a palavra. Veja o que via então, sinta a cadeira em que está sentada e ouça os sons ao seu redor. Faça um sinal quando tiver conseguido…"*

    Quando ela deu o sinal, continuei: Agora, veja-se levantando-se e caminhando para o local de onde falará. Ao fazer isso, observe o que cria a tensão…

    Ela tentou, e pude observar que seus ombros se ergueram e seu tórax ficou tenso. Quando começou a falar, sua voz ficou mais alta e aguda, e então eu soube que ela estava revivendo a situação problemática. Ao comentar a experiência, Joan descreveu sua sensação de tensão e desconforto detalhadamente, porém ainda sem saber como a tinha criado. Ela precisava de mais ajuda.

    Feche os olhos e volte à situação de estar diante do público. Ao ficar de pé, observe o que poderia estar dizendo a si mesma, ou as imagens que poderia estar criando internamente… Tente olhar para o grupo e observe se há algo incomum nos olhos ou no rosto das pessoas. Como eu já havia trabalhado com o medo de falar em público antes, sei que geralmente ele aparece porque a pessoa pensa que está sendo observada, julgada ou rejeitada pelo público, o que se torna mais claro quando observamos os olhos ou o rosto das pessoas na plateia.

    Alguns minutos depois, Joan mexeu levemente o corpo e disse: Os olhos parecem de desenho animado! Todos esses olhos vazios estão me olhando sem expressão!

    Se nos imaginarmos no lugar de Joan, olhando para uma sala cheia de olhos de desenho animado em tamanho real, é fácil perceber por que ela ficava tensa e desligada do grupo! Agora que eu sabia como ela criava o problema, o próximo passo era criar a solução.

    Como criar uma sensação de conforto

    "De pé diante do público, olhe através dos olhos sem expressão e veja os verdadeiros olhos das pessoas que ali se encontram. Comece com uma pessoa e, quando puder enxergar seus olhos, passe para outro rosto. Continue fazendo contato visual com todas as pessoas no grupo, seguindo seu próprio ritmo, e diga-me que mudanças percebe em si mesma…"

    Assim que Joan começou, seus ombros e seu tórax ficaram mais relaxados, e ela começou a sorrir. Meio minuto depois, falou com uma voz próxima à sua voz normal: Sinto-me melhor agora. Posso ver as pessoas e sinto-me mais relaxada. Mas ainda estou desligada delas.

    Quando lhe perguntei como criava essa sensação de desligamento que ainda restava, ela disse, pensativa: Acho que tem a ver com o fato de eu estar fisicamente acima delas. Mesmo não estando num palco, estou sempre de pé enquanto as pessoas estão sentadas, de forma que continuo acima delas. Não gosto de olhar de cima para baixo. Não existe contato direto com os olhos.

    Já que nas situações vindouras ela continuaria de pé, ficando mais alta do que a plateia, eu precisava encontrar uma maneira de fazê-la sentir que, mesmo havendo uma diferença de altura, estava olhando diretamente para as pessoas. Um primeiro passo seria convencê-la de que isso era possível.

    Joan, você já esteve em uma palestra na qual sentiu que o orador estava falando diretamente para você, como se só houvesse vocês dois, embora ele estivesse falando de cima do tablado?

    Joan pensou e respondeu: Sim, já estive.

    "Ótimo, então sabe que isso é possível. Quero que feche os olhos e lembre-se dessa palestra. Observe o que o orador fazia para estabelecer uma relação pessoal com você, mesmo estando mais alto."

    Algum tempo depois, Joan abriu os olhos, sorriu e disse: Ele olhava para o público e sorria, e algumas pessoas sorriam de volta… Sempre que falo em público, fico apavorada e meu rosto fica tão tenso e rígido que é difícil sorrir.

    Muito bem. Agora que já se sente mais à vontade diante do público, fica mais fácil sorrir, não acha? Vamos experimentar. Feche os olhos e imagine-se preparando-se para falar em público. Antes de começar, tente sorrir para as pessoas e observe quem sorri também. Algumas pessoas sorrirão, outras não. De qualquer forma, este será o primeiro passo da sua interação com o grupo.

    Alguns minutos depois, Joan abriu um largo sorriso e disse: Funciona. Algumas pessoas sorriram de volta e isso me fez sentir ligada a elas. Como pode ser tão simples? O importante não foi fazer Joan sorrir, mas descobrir algo que a fizesse sentir a ligação pessoal que desejava.

    Esta sessão durou cerca de 15 minutos. Algumas semanas depois, Joan nos contou que nas últimas palestras se sentira mais à vontade, relaxada e ligada ao público.

    Outras maneiras de sentir medo de falar em público

    Poucas pessoas criam um medo de falar em público da mesma forma que Joan, mas todas fazem algo internamente que cria o desconforto. Algumas imaginam que não conseguirão falar. Outras receiam que o público logo comece a reclamar e vá embora. Outras, ainda, lembram-se de uma ocasião em que se sentiram humilhadas por terem preparado mal uma palestra.

    Assim que se compreende como essa pessoa cria o problema, sua reação sempre fará sentido. Nossas reações não são aleatórias; são simples consequências da maneira como nossa mente funciona. Pouco importa o que cada um de nós faz para criar um problema. Assim que a pessoa descobrir o que faz, poderá adotar uma atitude mais útil.

    No caso de Joan, mudamos diretamente alguns elementos de sua experiência interna. Pode-se obter o mesmo resultado observando o que a pessoa pressupõe e usando intervenções puramente verbais para mudar a forma como ela pensa, como no exemplo a seguir.

    O medo de falar em público de Betty

    Betty também queria vencer seu medo de falar em público. Quero me sentir à vontade durante uma palestra ou um seminário, foi o que pediu.

    O que a impede de se sentir automaticamente à vontade durante uma palestra?, perguntei.

    É que as pessoas sabem mais do que eu.

    Elas sabem mais do que você?, repeti. Como você pode saber tanto, a ponto de saber disso?, perguntei com um sorriso. Aqui, tentei usar o raciocínio de Betty para fazê-la reconhecer que sua queixa resultava do seu conhecimento, e não do conhecimento dos outros. Mas o sentimento de Betty não se modificou.

    Não sei, respondeu.

    "Então você imagina que elas sabem mais do que você", eu disse. Agora Betty estava diante de um problema interessante. Ou aceitava que sabia o suficiente para saber o que os outros estavam pensando ou admitia que não conhecia a extensão do conhecimento dos outros. Em qualquer uma das possibilidades, sua pressuposição de que os outros sabem mais do que ela passa a ser um pouco menos verdadeira.

    Isso mesmo. E tudo já foi dito e apresentado antes, disse Betty.

    Então você é essa pessoa que, se fosse um escritor, nada escreveria, porque todas as palavras do nosso idioma já foram usadas? Essa pergunta metafórica leva a sua afirmação a um extremo, dentro de um contexto que a torna francamente absurda.

    Isso mesmo, disse Betty com um sorriso, sem levar a sério o que eu havia dito.

    É mesmo? Bem, então o que a leva a querer dar uma palestra, se tudo já foi dito antes e todo mundo sabe mais do que você? Por que se dar ao trabalho? Neste ponto, passei a explorar a contradição aparente entre sua motivação para dar a palestra e sua pressuposição de que tudo já foi feito antes, não havendo, portanto, razão de se dar ao trabalho.

    É uma boa pergunta, disse Betty, pensativa. Acho que estou percebendo que posso dizer algo à minha maneira, e que as pessoas podem descobrir uma perspectiva diferente, mesmo de algo que já foi dito antes.

    Então você se dá conta de que às vezes enxergar algo de outro ponto de vista suscita uma boa reação por parte do ouvinte. Agora que sabe disso, existe alguma outra coisa que a faça querer dar uma palestra?

    Quando estou apaixonada pelo assunto, isso não deveria importar, porque quando tenho essa paixão e essa convicção interior…

    O que não deveria importar?

    Que as pessoas saibam mais do que eu e que tudo já tenha sido dito antes. Porque neste caso eu teria prazer em fazer isso, e me sentiria à vontade.

    Betty passara a ter consciência de como seria se não tivesse medo de falar em público, mas ainda não estava vivenciando a mudança. Ela estava me dizendo como as coisas aconteceriam, e não como elas são, por isso eu sabia que tinha de ir adiante.

    "Acho bom o que você disse. Agora, quando pensa num público em especial, o que acha que eles sabem menos do que você?" Betty geralmente só pensava naquilo que os outros sabiam e que ela não sabia. Minha pergunta a levava a refletir sobre a situação oposta — quando ela sabe mais do que o seu público — para tornar seu pensamento menos rígido.

    Betty pensou por uns instantes. "Eles sabem tudo mais do que eu." E riu, sem acreditar muito no que estava dizendo.

    TUDO?, brinquei. Veja bem, já que consegue imaginar tão bem aquilo que outros sabem mais do que você, deve conseguir imaginar ocasiões em que você sabe mais do que eles.

    Tudo bem, ela disse, mais séria. Tenho uma resposta… O que descobri é que muita gente sabe menos sobre sua vida, em termos do seu valor pessoal, sua autoestima e seu autoconceito. Sua voz era hesitante; ela não parecia estar completamente convencida do que dizia.

    Então essa seria uma área sobre a qual você sabe mais do que muitas outras pessoas. Notei uma certa hesitação no que você disse… não sei se você se dá conta de que, para cada pessoa, há sempre áreas em que você sabe mais do que elas, e também áreas em que elas sabem mais do que você…

    Eu estava fazendo pouco progresso na tentativa de tornar menos rígida a sua forma de pensar em termos de tudo ou nada. Então me decidi por outra abordagem. Queria lhe perguntar outra coisa. Você acha que as pessoas que frequentam o seu grupo seriam tão estúpidas a ponto de escolher uma palestra na qual não aprenderiam nada de novo? Em vez de tentar mudar a crença de Betty de que todos sabem mais do que ela, passei a usar essa crença para anular o seu medo de falar em público.

    Betty riu, e percebi nela uma intensa reação fisiológica. Seu rosto ganhou cor e seus músculos ficaram mais relaxados e flexíveis — ela estava calma, apesar de atenta. Esse tipo de modificação física geralmente é um bom indício de que houve uma profunda mudança de atitude, ao contrário do que acontece quando há apenas uma compreensão intelectual. Tem razão! Obrigada. Obrigada mesmo. Isso faz sentido, declarou com confiança e satisfação. Agora estou convencida.

    Essa rápida conversa com Betty, que durou cerca de dez minutos, lhe deu uma nova maneira de pensar a respeito das suas palestras. É importante reconhecer que, nessa conversa, eu não tratei de convencer ou aconselhar Betty sobre o que ela estava fazendo de errado e como deveria pensar. Pude entrar em seu mundo interior e lhe mostrar um caminho em que suas próprias lógica e crenças lhe indicaram a solução.

    A firme crença de Betty de que os outros são tão inteligentes me ofereceu uma base para mudar sua maneira de pensar a respeito de dar uma palestra. Já que os outros são tão inteligentes, eles têm de possuir a capacidade de saber se vão aprender algo com Betty, e assim ela pode sentir-se mais à vontade a respeito de suas palestras. A única alternativa é Betty mudar seu pensamento de que os outros são tão inteligentes, o que também a levaria a sentir-se mais confortável ao dar uma palestra!

    Isso nos mostra uma forma de adotar um ponto de vista alternativo, que leva alguém a pensar sobre sua vida de uma maneira que a faça sentir-se automaticamente bem e com recursos. Após essa rápida intervenção, Betty sentiu-se diferente a respeito das suas palestras — mais entusiasmada e confiante, em vez de desconfortável e ambivalente. Não precisou fazer um esforço para ter esses sentimentos positivos; eles passaram a estar à sua disposição de forma tão automática quanto sua reação anterior de desconforto.

    Também quero observar que a nova perspectiva que ofereci a Betty não foi uma falsa confiança que a tornaria cega para suas deficiências. Se eu a tivesse feito sentir-se confiante, quaisquer que fossem os participantes do grupo, ela poderia ter aprendido a ignorar as informações e reações das pessoas.

    Em vez disso, a perspectiva que lhe ofereci é a que adoto quando estou ensinando. Parto do princípio de que todo mundo da sala sabe mais do que eu a respeito de alguma coisa. Algumas pessoas, em algum momento, saberão mais do que eu até mesmo sobre o que estou ensinando. Isso é inevitável, mas também é uma oportunidade para que eu possa aprender com elas, o que beneficiará outras pessoas quando eu der outro seminário. Entretanto, também confio na inteligência das pessoas para saberem se querem ou não aprender comigo. Posso ter confiança no julgamento das pessoas que decidiram que querem aprender algo comigo e por isso participam dos meus seminários.

    Uma das surpresas que aguardam as pessoas que, como nós, decidiram entrar no campo do aprendizado usando e desenvolvendo a PNL, é que as mudanças pessoais são geralmente rápidas, como no caso de Betty. Isso não significa que todo mundo possa mudar completamente em dez minutos. Às vezes, levamos muito mais tempo apenas para reunir as informações necessárias para saber o que fazer. Embora, no caso de Betty, uma única mudança tenha sido suficiente, outras vezes são necessárias duas, cinco ou até mesmo 20 mudanças de crença ou perspectiva para se chegar à mudança total desejada.

    A PNL oferece muitas maneiras de descobrir como o nosso pensamento cria limitações e muitas formas de se chegar às soluções. Se a primeira solução não dá certo, conseguimos perceber isso e passar a outra solução possível.

    As palavras não têm energia alguma, a não ser que criem ou façam surgir uma imagem. A palavra, em si mesma, nada possui. Uma das coisas das quais sempre me lembro é: Quais são as palavras que fazem surgir imagens nas pessoas? Então, as pessoas seguem o sentimento criado pela imagem.

    Virginia Satir

    * As reticências são usadas para indicar pausa.

    2. Como ser mais independente nos relacionamentos

    Ann e Bob estão casados há sete anos. Apesar de viverem bem juntos, vieram nos consultar por causa de um problema que os irritava desde que se conheceram. Segundo Bob, Ann sentia-se muito insegura quanto ao relacionamento e precisava que Bob lhe dissesse que a amava de oito a dez vezes por dia. Se ele não o fazia, ela começava a lhe perguntar se a amava e não ficava satisfeita enquanto ele não lhe dissesse com um tom de voz caloroso e suave.

    Bob achava isso irritante e, de certa forma, uma falta de respeito. Ele demonstrava seu amor de várias formas e a tocava de maneira carinhosa muitas vezes por dia. Se brigavam por alguma coisa, Ann passava a ter certeza de que Bob não a amava e, durante os dias que se seguiam ao desentendimento, precisava de uma dose extra de afirmação do seu amor.

    À primeira vista, parecia um simples caso de demonstrar amor de maneira diferente. Ann precisava ouvir palavras amorosas, enquanto para Bob bastava apenas ver o rosto sorridente de Ann e sentir sua maneira carinhosa de tocá-lo. Muitos casais têm formas diversas de saber que são amados. Como diz Bob: Sei que ela me ama só pela forma como ela me olha e me toca. Não sei por que ela precisa ouvir que a amo dez vezes por dia. Qualquer pessoa pode falar o que quiser, são as ações que contam. Para Ann, porém, as palavras de Bob contavam mais do que seus carinhos.

    Mesmo achando estranho, Bob se acostumou a dizer a Ann que a amava o dia inteiro, e isso ajudava bastante. Mas, quando os dois brigavam — como acontece com todos os casais —, ele achava difícil dizer que a amava. E, quando o dizia, seu tom de voz só voltava a ser convincente quando a briga tivesse sido completamente resolvida. Por isso as discussões eram terríveis para Ann.

    Ann concordava que Bob a tocava de maneira carinhosa e tinha muita consideração com ela. Entretanto, só se sentia amada quando ele dizia que a amava. Sinto-me muito bem quando ele me diz que me ama no tom de voz carinhoso que usa. Sinto-me segura e completa. Ao dizer isso, Ann sorriu, seu rosto ficou mais suave e seus ombros baixaram ligeiramente. Essa sensação de bem-estar dura algum tempo, mas depois começa a desaparecer e volto a duvidar.

    Essa foi uma informação importante para mim. O problema não estava nos diferentes sinais que Ann e Bob usavam para saber que eram amados. O problema era que para Ann essa sensação não durava muito e parecia deixá-la em uma posição mais vulnerável. Quando Bob estava amoroso e dizia que a amava, Ann sentia-se bem, mas e quando ele não se sentia amoroso ou quando não o dizia?

    Autoconceito: como saber quem somos

    Muitas pessoas dependem dos outros para se assegurarem de algo que raramente ou nunca sentem dentro de si mesmas. Quando não nos sentimos capazes, sensuais ou merecedores de amor, procuramos pessoas que nos digam que somos isso tudo. É importante desenvolver um sentimento interno dessas qualidades, de forma a não depender desesperadamente de confirmação externa. Decidi descobrir se isso faria diferença no caso de Ann.

    Perguntei a Ann se ela se achava uma pessoa digna de amor. Ela ficou confusa e respondeu: "Não se é digno de amor! Amor é algo que se recebe de outra pessoa".

    Sem dúvida, ser digna de amor não fazia parte do autoconceito de Ann, e eu estava no caminho certo. Se ela encarasse a capacidade de ser digna de amor como uma característica sua, as sensações positivas ficariam com ela por mais tempo.

    Quando lhe perguntei: Como seria caso você se achasse digna de amor?, ela respondeu: Que coisa estranha!

    Sua resposta era mais uma prova de que ter a capacidade de se achar digna de amor seria útil para Ann.

    Como manter o equilíbrio no relacionamento

    Talvez o leitor esteja se perguntando se, ao enfatizar o comportamento de Ann, eu não estaria partindo do princípio de que o problema ou o erro era dela. De fato, sempre é importante ter isso em mente quando se trabalha com casais. Se o processo de mudança não for conduzido com muito cuidado, um dos dois pode receber a mensagem de que a culpa é sua. Para evitar que isso acontecesse, conversei com Ann e Bob sobre minha abordagem na terapia de casais.

    "Quando duas pessoas se encontram e resolvem viver juntas, parto do princípio de que cada uma delas tem um conjunto diferente de recursos — e é por isso que se sentem atraídas uma pela outra — e praticamente a mesma quantidade de recursos. Cada um de nós tem áreas em que pode se tornar mais capaz. Quanto mais aproveitamos essas oportunidades, mais fácil é conseguir o que queremos da vida. Quero deixar claro que estou disponível para ajudar ambos a obter as novas oportunidades que desejam, para que nenhum de vocês ‘fique para trás’. Esta é uma área em que você, Ann, parece querer ter mais recursos. É isso mesmo? (Ann assente de forma expressiva) E, enquanto trabalho com Ann, gostaria que você, Bob, pensasse na seguinte pergunta: ‘Onde eu desejo ter mais opções neste relacionamento?’, para ter certeza de que também conseguirá o que quer."

    Como criar um sentimento duradouro das próprias qualidades

    A maneira mais fácil de ajudar Ann a criar uma forma duradoura de pensar em si mesma como digna de amor é descobrir como ela faz isso em outras circunstâncias. Ao lhe perguntar sobre algo que é parte de seu autoconceito, posso descobrir como ela pensa a esse respeito.

    Ann, existe alguma coisa que, dentro de você, você sabe que é — não importa o que os outros achem?

    Bom, eu acho que sou persistente… Sou inteligente… Sei que sou delicada.

    Quando falou em persistência, Ann usou a expressão eu acho. Por outro lado, ao falar em ser delicada, ela disse com certeza: Eu sei.

    Como você sabe que é delicada, Ann? Que tipo de experiência interna lhe dá a certeza de que é delicada?

    Bem, quando penso sobre ser delicada, sinto-me suave e afetuosa.

    "Esta é a sensação associada ao fato de ser delicada, mas estou querendo saber outra coisa. Como você sabe que é uma pessoa delicada?"

    Ann parou um momento. Bem, eu penso nas vezes em que fui delicada. Ao fazer isso, olhou para a esquerda e gesticulou rapidamente com a mão esquerda. Para mim, isso indicava onde, em seu espaço interno, ela via essas imagens de ser delicada.

    Muito bem. Como pensa nos momentos em que foi delicada? Você fala consigo mesma, vê imagens ou sente os movimentos que faz quando está sendo delicada?

    Bem, vejo imagens de quando fui delicada com alguém. Ann gesticulou de novo com a mão esquerda. São várias, uma atrás da outra. São pequenas, estão ao alcance da mão.

    Perfeito. Esta é a informação que você usa para saber que é uma pessoa delicada. Agora, o que acontece à sua percepção de ser uma pessoa delicada quando descobre que foi indelicada com alguém, sem querer ou por estar irritada? Ao fazer essa pergunta, estou tentando descobrir se o seu sentimento de ser uma pessoa delicada é persistente, mesmo diante de lapsos ocasionais.

    Bem, fico preocupada e faço o possível para esclarecer o mal-entendido, mas ainda assim sei que sou delicada.

    Ótimo. O fato de você tentar consertar a situação quando foi indelicada é mais uma prova de que é uma pessoa delicada, não é?

    Ann ficou pensativa. Nunca havia pensado dessa maneira. Acho que é verdade. Normalmente, apenas penso em todas as outras vezes em que fui delicada.

    Você teria alguma objeção a se conceber como uma pessoa digna de ser amada, da mesma forma que se concebe como uma pessoa delicada?

    Ainda parece esquisito... Nunca pensei em ser amada dessa maneira. Acho que se tivesse a mesma sensação de ser amada, não teria tanta necessidade de que Bob diga que me ama, não é?… Não tenho objeção alguma. Pode até ser uma boa ideia. Enquanto Ann pensava cuidadosamente nas implicações da minha pergunta, não vi nenhuma indicação não verbal de objeção. Ela estava simplesmente pensando com cuidado no que eu dissera.

    Bem, agora feche os olhos e pense numa situação em que se sentiu amada e amando, uma ocasião em que criou uma experiência de amar e ser amada. (Ann concorda.) "Agora, coloque essa imagem no mesmo local em que estão suas imagens como uma pessoa delicada. Faça que a imagem seja exatamente igual às anteriores: do mesmo tamanho, à mesma distância etc. (Ann movimenta a cabeça para a esquerda, indicando que está levando a imagem para o local apropriado, e assente novamente.) Agora pense em outro exemplo de amar e ser amada, talvez com uma outra pessoa ou numa situação diferente. (Ann assente.) Agora, coloque essa imagem junto com a outra. Continue fazendo isso até ter uma série de imagens pequenas, uma atrás da outra, ao alcance da mão. Usei de propósito as mesmas palavras que Ann usara inicialmente para descrever suas imagens como uma pessoa delicada, para ajudá-la a criar a mesma certeza interna que lhe permitiu saber que é uma pessoa delicada. Avise, se precisar de ajuda, ou quando tiver terminado."

    Ann passou um ou dois minutos pacientemente colecionando imagens de si mesma amando e sendo amada, e então disse: Acabei.

    Abra os olhos. Parece que foi tranquilo. Alguma dúvida?

    "Não. Foi interessante. Primeiro parecia estranho, mas funciona. A cada imagem que eu colocava naquele local, sentia-me mais segura. Por alguma razão, me pareceu mais fácil pensar em ser amorosa do que ser digna de amor. Tenho mais controle da situação quando estou demonstrando o meu amor, e de certa forma só posso amar se for digna de ser amada."

    Então, você é uma pessoa que pode amar e é digna de ser amada? Com esta pergunta, estou fazendo um teste para saber se a mudança se manteve.

    Os olhos de Ann dirigem-se rapidamente para a esquerda. Sou. Agora posso ver que sim. Como sempre, seu comportamento não verbal — os olhos olhando para a esquerda e sua voz firme — são indicações mais importantes do que a resposta verbal.

    Daqui a pouco, Bob, quero que diga a Ann que a ama. Ann, quando ele fizer isso, quero que observe se sua reação mudou. Pode dizer, Bob.

    Ann, eu te amo, ele disse, suavemente.

    Ann sorriu, inclinando levemente a cabeça. Continua sendo bom ouvi-lo dizer isso, mas é como se eu já soubesse. É como quando alguém me cumprimenta por um bom trabalho. É bom saber que outra pessoa notou, mas já sei que o trabalho foi bem-feito.

    Ann, agora feche os olhos e imagine-se daqui a três semanas. Durante todo esse tempo, Bob agiu com você da mesma maneira, só que não disse ‘eu te amo’ uma única vez. Como você se sente?

    Ann deu um grande sorriso. É engraçado. Ouvi uma pequena voz lá dentro que dizia, num tom um pouco irritado: ‘Já passou da hora de dizer!’ Mas era como uma brincadeira. Não é um problema.

    Já se passaram dois anos desde esta sessão, que durou cerca de meia hora. Tanto Ann como Bob concordam que o problema desapareceu. Ele lhe diz que a ama algumas vezes na semana, e ela praticamente nunca lhe pergunta. Com a certeza de ser amada, Ann não depende mais de Bob para tranquilizá-la, e eles podem desfrutar melhor da companhia um do outro. Quando brigam, ainda é desagradável, mas Ann não se sente mais arrasada e reage de maneira mais adequada.

    Como desenvolver uma autoimagem positiva

    Na continuidade de nosso trabalho com Ann e Bob, nós os ajudamos a fazer

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