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Jesus e os Essênios
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E-book439 páginas8 horas

Jesus e os Essênios

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Sobre este e-book

JESUS
e
OS ESSÊNIOS
Novas descobertas sobre o Ministério de Cristo e os Manuscritos do Mar Morto
A versão autorizada das origens do cristianismo e o conteúdo dos ensinamentos de Jesus resulta das disputas políticas na Igreja dos primeiros dias. O surgimento dos Manuscritos do Mar Morto, mantidos discreta e cuidadosamente, abriu a caixa de Pandora e mostrou como há censura e muitos dogmas na Igreja. Jesus e os Essênios fornece um relato detalhado sobre Jesus como pessoa, seus atos e atitudes e a realidade de Israel naquela época.
A comunidade essênia de Qumran tornou-se foco de ideias sobre a conexão entre os ensinamentos de Jesus e tradições anteriores, com toques internacionais e gnósticos. Este livro fornece uma descrição completa da natureza e do propósito da comunidade, bem como do nascimento e formação de Jesus e de João Batista. Além disso, apresenta a versão essênia de importantes histórias do Antigo Testamento relativas a Moisés, Ezequiel, Daniel e outros, além de informações surpreendentes sobre história antiga.
Este documento extraordinário representa uma nova forma de pesquisa histórica e corrige muitas questões e interpretações errôneas ainda em aberto. Toma a forma de diálogos diretos entre uma pesquisadora moderna e um membro da comunidade essênia de Qumran, ativo na época de Cristo, através de uma pessoa que obteve acesso a memórias antigas mediante a regressão a uma vida passada. Esta informação é franca e real até sobre o Mar Morto, com muitas imagens e afirmações bíblicas corrigidas e acrescentadas.
Este livro assinala o início de uma nova revelação da vida e obra de Jesus, uma pessoa que teve um papel maior do que muitos na construção de nosso mundo moderno.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de set. de 2022
ISBN9780463810217
Jesus e os Essênios
Autor

Dolores Cannon

Dolores Cannon is recognized as a pioneer in the field of past-life regression. She is a hypnotherapist who specializes in the recovery and cataloging of "Lost Knowledge". Her roots in hypnosis go back to the 1960s, and she has been specializing in past-life therapy since the 1970s. She has developed her own technique and has founded the Quantum Healing Hypnosis Academy. Traveling all over the world teaching this unique healing method she has trained over 4000 students since 2002. This is her main focus now. However, she has been active in UFO and Crop Circle investigations for over 27 years since Lou Farish got her involved in the subject. She has been involved with the Ozark Mountain UFO Conference since its inception 27 years ago by Lou Farish and Ed Mazur. After Lou died she inherited the conference and has been putting it on the past two years. Dolores has written 17 books about her research in hypnosis and UFO cases. These books are translated into over 20 languages. She founded her publishing company, Ozark Mountain Publishing, 22 years ago in 1992, and currently has over 50 authors that she publishes. In addition to the UFO conference she also puts on another conference, the Transformation Conference, which is a showcase for her authors. She has appeared on numerous TV shows and documentaries on all the major networks, and also throughout the world. She has spoken on over 1000 radio shows, including Art Bell's Dreamland, George Noory's Coast to Coast, and Shirley MacLaine, plus speaking at innumerable conferences worldwide. In addition she has had her own weekly radio show, the Metaphysical Hour, on BBS Radio for nine years. She has received numerous awards from organizations and hypnosis schools, including Outstanding Service and Lifetime Achievement awards. She was the first foreigner to receive the Orpheus Award in Bulgaria for the highest achievement in the field of psychic research. Dolores made her transition on October 18, 2014. She touched many and will be deeply missed.

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  • Nota: 5 de 5 estrelas
    5/5
    Simplesmente excepcional! Esclareceu muito da história de Jesus e o caminho que nos deixou a ser trilhado para a ascenção! Agradeço à Dolores Cannon por seu trabalho incansável na busca deste canal de comunicação e ao Universo Divino e a Yeshua por me permitir acessar tanto esclarecimento! Gratidão Everand por divulgar e disponibilizá-lo desta forma! Faz toda diferença!!!

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Jesus e os Essênios - Dolores Cannon

Quem sou eu para pensar que iria ousar escrever um livro que perturbaria ou, no mínimo, abalaria as bases das crenças de muitos, tanto judeus quanto cristãos? Respeito as crenças. O ser humano precisa acreditar em alguma coisa, mesmo que acredite que não existe nada.

Esta é a história de um povo que dedicou a vida à proteção e preservação do conhecimento. Entendo isso. Para mim, a destruição do conhecimento é algo terrível. Essas pessoas parecem ter me passado a tocha proverbial através de éons de espaço e tempo. Esta informação não me foi passada para ficar deitada numa prateleira, tomando pó. Estava destinada a ser revelada novamente para outras pessoas famintas por conhecimento. Foi como se os essênios quase sussurrassem em meus ouvidos. Escreva, dizem-me, pois o conhecimento ficou oculto por tempo demais. Escreva, não deixe que o conhecimento torne a se perder. Assim, sinto que devo transmitir aquilo que descobri. Se isso perturba alguém, espero que entendam que não me propus a fazê-lo. Se isso faz alguém pensar, esta é a minha intenção.

Não posso afirmar que aquilo que apresentei neste livro é a verdade absoluta ou fatos inquestionáveis. Não sei, e duvido seriamente que alguma pessoa viva tenha as respostas. Porém, quem sabe pela primeira vez, ele possa tirá-lo do molde que o tem mantido prisioneiro desde a infância. Abra as janelas de sua mente e permita que a curiosidade e a busca pelo conhecimento entrem como uma fresca brisa de primavera, levando as teias da complacência. Ouse pensar o impensável. Ouse questionar o inquestionável. Ouse levar em conta conceitos diferentes sobre a vida e a morte. E sua Alma, seu Eu eterno, vai se beneficiar muito por isso.

SEÇÃO UM

Os Misteriosos Essênios

CAPÍTULO 1

Como Tudo Começou

É possível viajar através do espaço e do tempo para visitar civilizações há muito desaparecidas. É possível conversar com pessoas falecidas há muito tempo e tornar a viver com elas suas vidas e suas mortes. É possível recuar centenas, até milhares de anos, para explorar o passado. Eu sei porque tenho feito isso. Não uma vez, mas centenas de vezes.

Fiz isso por meio da hipnose regressiva. Esta é uma técnica ou método que permite que as pessoas se lembrem e geralmente revivam suas vidas passadas. A ideia de que vivemos não apenas uma, mas muitas vezes, chama-se reencarnação. Ela não deve ser confundida com a transmigração, que é a crença errônea de que um humano pode renascer como animal. Segundo minhas pesquisas, isto não acontece. Quando a alma do homem encarna, sempre vai habitar um corpo humano. Ele pode, infelizmente, descer tanto que sua natureza torna-se animalesca, mas ele nunca irá assumir a forma de um animal. Este é um tipo de espírito totalmente diferente.

Não sei porque algumas pessoas consideram a reencarnação tão difícil de ser compreendida, se podem encontrar exemplos em suas próprias vidas. Todos nós estamos mudando constantemente. Não mudar significa parar de crescer. Nesse ponto, você fica estagnado e começa a morrer. Mudamos tanto e tantas vezes que podemos sentir que vivemos muitas vidas diferentes nesta daqui. Vamos à escola, casamo-nos, temos filhos, às vezes tornamos a nos casar. Podemos mudar de ocupação e às vezes seguir uma direção completamente diferente. Podemos viajar ou morar noutro país durante algum tempo. Podemos sofrer um trauma e ficarmos pesarosos com a morte ou com a infelicidade de entes queridos. Esperamos aprender a amar e a atingir nossas metas de vida. Cada uma dessas coisas são estágios da vida, totalmente diferentes um do outro. Cometemos erros e esperamos aprender com eles. Ouvimos as pessoas dizerem, Não sei como eu pude fazer coisas tão tolas quando era mais jovem. É quase como se tivesse acontecido com outra pessoa.

Sei que eu nunca conseguiria voltar a ser a jovem adolescente do ginasial que um dia fui. Não conseguiria sequer me relacionar com ela, tão ingênua e tímida. Hoje, não teríamos nada em comum. E ela nunca teria sido capaz de compreender a pessoa complexa que me tornei. Entretanto, somos a mesma e única pessoa.

É desse modo que vejo as vidas passadas. Sabemos que as vivemos, assim como sabemos que vivemos nossa infância. Elas poderiam ser chamadas de infância da alma. Felizmente, aprendemos a aplicar os conhecimentos obtidos ao longo de centenas de anos em que cometemos erros sendo humanos. Mas assim como há pessoas que demoram mais para crescer, também há pessoas que precisam viver muitas vidas antes de aprender uma lição sequer.

Podemos olhar para nossos próprios corpos como uma forma de reencarnação. Sabemos que nossos corpos estão mudando constantemente. As células morrem sempre e são renovadas num ciclo incessante. Com certeza, não temos o mesmo corpo que tínhamos há dez, vinte ou trinta anos atrás. Ele mudou, para melhor ou para pior.

Podemos ver na reencarnação uma escola para a alma, uma série de lições e temas que precisam ser aprendidos para nossa educação e crescimento. Portanto, devemos parar de maldizer os momentos difíceis que vez por outra recaem sobre nós e aprender a pensar neles como provas e exames em que devemos obter boas notas ou falhar. Não podemos mudar aquilo que aconteceu conosco nesta vida ou em outras. Só podemos aprender com isso e seguir em frente, deixando que o passado nos guie e ensine.

A doutrina da reencarnação é uma filosofia, e, como tal, não deprecia nenhuma forma estabelecida de religião. Com efeito, ela as reforça, tornando-se mais robusta. Quem quer que estude de fato essa ideia com a mente aberta, verá que pode acreditar em ambas. Na verdade, as duas não conflitam em nada. A reencarnação não faz parte das artes das trevas. Ela não deve ser incluída indiscriminadamente no ocultismo. Ela é um fundamento do amor, e assim pode ser combinada com qualquer religião cuja base principal seja o amor. Muita gente que fica tateando às cegas à procura de respostas pode encontrar aí aquilo que busca. É como uma luz brilhante no fim do túnel.

Na verdade, você vive para sempre, pois a alma é eterna, não pode morrer. A vida é uma existência contínua, e apenas vamos de um corpo para outro. Mudamos de corpos com a mesma facilidade com que mudamos de roupas. Jogamos fora a roupa quando ela fica muito velha e gasta, ou rasgada e danificada demais para ser consertada. Para algumas pessoas, isso é difícil, pois relutam em jogá-las fora por mais que estejam rotas. Afinal, apegamo-nos à coisa. Mas você tem um corpo, você não é um corpo.

Haverá aqueles que pensam que a ideia do renascimento é complicada demais, radical demais, difícil demais para se entender. São pessoas que talvez ainda não estejam prontas para o conceito da reencarnação. Elas devem se esforçar para viver da melhor forma que podem segundo suas crenças, aquelas que conseguem compreender e com as quais se sentem à vontade. Ninguém deveria tentar forçar ninguém a aceitar essas crenças.

O conceito de viagem para o passado fascina muita gente. Por quê? A busca pela verdade, os atrativos do desconhecido ou o desejo de ver como viviam mesmo os antigos? Talvez a suspeita que, de algum modo, o passado foi melhor do que o presente? Seria essa a razão pela qual histórias sobre máquinas do tempo sejam tão populares? Talvez, em segredo, o ser humano deseje livrar-se dos grilhões que o prendem ao presente, vagando livremente através do tempo, sem limitações ou restrições.

Sou uma regressionista. Esta é a expressão moderna para o hipnotizador que se especializa em regressões a vidas passadas. Não uso a hipnose da maneira convencional, como aqueles que ajudam os outros a perder peso, parar de fumar ou mitigar a dor. Tenho me interessado profundamente pela reencarnação há mais de vinte anos. Tudo começou quando observei meu marido, que era hipnotizador, realizando experimentos de regressão. Ele usava métodos convencionais de hipnose e topou com a reencarnação meio que por acaso, enquanto trabalhava com uma mulher que queria perder peso.

A história de nossa primeira aventura no desconhecido e suas consequências trágicas foi contada em meu livro Five Lives Remembered (Cinco vidas lembradas). Meu marido quase morreu num terrível acidente de carro e passou um ano no hospital. Após uma recuperação longa e difícil, ele não se interessou mais pela hipnose. Sua vida tomou uma direção completamente diferente.

Mas meu apetite fora aguçado pelo sabor das experiências de vidas passadas às quais eu tinha sido exposta. Abriu-se uma porta para um mundo de possibilidades totalmente novo. Sempre gostei de história e essa era uma maneira fascinante de explorá-la. Ela se tornava mais viva do que nos livros de história, com datas e fatos embolorados e áridos. Este método era semelhante a percorrer um túnel do tempo e conhecer, de fato, pessoas que viveram no passado. Era possível conversar com aqueles que vivenciavam a história enquanto ela acontecia. Sim, a porta fora aberta e eu tive um vislumbre do desconhecido. Eu não permitiria que ela ficasse eternamente fechada para mim. Se meu marido não se interessava mais, então eu teria de aprender a realizar minhas próprias pesquisas.

Os métodos convencionais de indução não me atraíam. Para mim, consumiam muito tempo e eram cansativos, tanto para o paciente quanto para o operador. Continham muitos testes para se determinar quão profundo era o transe. Sempre suspeitei que, subconscientemente, a maioria das pessoas não gosta de ser testada. Condicionadas por muitos anos nos bancos escolares, não gostam de ser postas numa posição na qual passam ou fracassam. Para elas, é difícil relaxar se estão na defensiva. Esses testes são usados para medir a profundidade do estado de transe, sob a crença errônea de que isso tem alguma relação com a capacidade de chegar até o subconsciente. Já se provou que isso está incorreto. As pessoas entram num estado hipnótico muitas vezes por dia e nem percebem. Imaginam que ele seja diferente daquilo que realmente é: uma condição puramente natural.

Pelo menos duas vezes por dia, todos nós passamos pelo mais profundo dos possíveis estados de transe. Isso ocorre quando adormecemos à noite e logo antes de despertarmos plenamente de manhã. Ficou provado que sempre que assistimos à televisão e ficamos absortos pela história, entramos num estado alterado de consciência. Isso também acontece muitas vezes enquanto estamos dirigindo por um trecho monótono de estrada ou quando ouvimos um sermão ou uma palestra entediante. Entramos em estados alterados com muita facilidade, e a maioria das pessoas ficaria chocada se lhes disséssemos que, sem saber, estiveram hipnotizadas.

Achei que deveria haver um modo mais rápido e fácil de induzir o transe para fins de regressão utilizando esse estado natural. Estudei as técnicas modernas e percebi que havia, de fato, muitos métodos mais rápidos e simples. Atualmente, esses métodos estão sendo usados por alguns médicos para controlar doenças e dores. Utilizam principalmente as áreas de visualização do cérebro, permitindo que o paciente participe de um jogo usando imagens orientadas. Improvisei um método satisfatório e comecei a fazer experimentos em 1979. Foi fácil encontrar interessados, pois parece haver interesse por essa ideia filosófica, mesmo que seja apenas pela óptica da curiosidade.

Os críticos afirmam que o hipnotizador diz que o paciente deve ir a uma vida passada e que as recordações resultam do fato da pessoa querer agradar o hipnotizador. Na minha técnica, desdobro-me para não fazer sugestões. Em circunstâncias normais, nunca lhes digo para irem a algum lugar. Tudo acontece espontaneamente.

Planejei tratar meu método como um experimento científico e verificar se ele podia ser replicado. Quis usá-lo no maior número possível de pessoas diferentes. Se obtivesse os mesmos resultados, achei que isso reforçaria a validade da teoria da reencarnação. Tentei manter-me objetiva, mas quando noventa e cinco por cento daqueles que hipnotizei seguiram o mesmo padrão, narrando uma vida passada e corroborando mutuamente as histórias, foi difícil manter-me totalmente neutra. As pessoas dizem que poderia haver outras explicações além da reencarnação. Claro, isto é possível. Mas minha pesquisa leva-me a crer que os pacientes estão se recordando de memórias reais de seu passado. À medida que regredi mais e mais pessoas, descobri que o método podia ser empregado em todos os tipos, até em pessoas de baixa escolaridade ou céticas. Geralmente, as pessoas não acreditavam em vidas passadas ou sequer compreendiam o que eu estava fazendo. Mesmo assim, os resultados foram os mesmos.

Como outros que trabalham nessa área de pesquisa da reencarnação, tinha a esperança de adicionar meus dados à crescente massa de material sendo reunida pelos demais. Alguns pesquisadores estão interessados apenas nas estatísticas, quantas pessoas se recordam de vidas em certos períodos de tempo. Mas eu adoro as pessoas e por isso estou interessada em suas histórias. Prefiro trabalhar individualmente com cada um em vez de fazer regressões em grupos. Dessa forma, posso obter a história completa. Além disso, o operador (ou guia) tem mais controle sobre algum trauma que possa decorrer das memórias.

Com esta técnica, praticamente qualquer pessoa pode recordar suas vidas passadas, mesmo no mais leve estado hipnótico. Há muitos níveis diferentes de transe hipnótico. Eles foram medidos em laboratório, com instrumentos científicos. Nas regressões, quanto mais profundo o estado, maior o número de detalhes que se pode obter. Percebi que o grau do transe pode ser avaliado pelas reações físicas dos pacientes e pela maneira como respondem às perguntas. Nos estados mais leves, eles sequer pensam que está acontecendo alguma coisa fora do normal. Juram que estão plenamente conscientes e não conseguem entender de onde veio a informação. Como a mente consciente ainda está muito ativa, eles pensam que é apenas sua imaginação. Nos estados mais leves, o paciente costuma observar os eventos da vida passada como se estivesse assistindo a um filme. Quando o estado hipnótico se aprofunda, o paciente vai alternar entre a observação daquela vida e a participação nela. Quando estão observando tudo através dos olhos da outra pessoa e tendo reações emocionais, estão entrando num estado mais baixo. A mente consciente fica menos ativa e o paciente se torna envolvido naquilo que está vendo e vivenciando.

Os melhores pacientes são aqueles que conseguem atingir o estado sonambúlico. Neste estado, vão se tornar aquela personalidade em sua plenitude, revivendo a vida totalmente, a ponto de não terem mais lembranças de outros períodos de tempo. Tornam-se, em todos os sentidos, a pessoa que viveu há centenas ou milhares de anos. Estão em posição de narrar suas versões da história. Mas só podem falar daquilo que sabem. Se foram camponeses, não saberiam nada do que estava ocorrendo no palácio do rei e vice-versa. Geralmente, ignoram eventos que podem ser lidos em qualquer livro de história, mas que não tinham importância pessoal em suas vidas naquela época.

Quando acordam, não se lembram de quase nada, a menos que sejam orientados a fazê-lo. Os pacientes pensam apenas que adormeceram, e quaisquer cenas que possam permanecer na consciência lembram fragmentos enevoados de sonhos. No estado sonambúlico, podem fornecer muitas informações porque são, para todos os fins, aquela personalidade que está efetivamente vivendo naquele remoto período de tempo. Para alguém que nunca viu esse fenômeno, os efeitos podem ser bem espantosos. É uma experiência fascinante, e às vezes irritante, ver um paciente mudar completamente, assumindo os maneirismos e inflexões de voz de alguém totalmente diferente.

É difícil encontrar o sonâmbulo. Dick Sutphen, famoso especialista em reencarnação, diz que eles aparecem uma vez a cada dez pacientes. Diz que se houver trinta pessoas numa sala, provavelmente três delas serão capazes de entrar no estado sonambúlico. Minha avaliação não é tão elevada. Para mim, é um em vinte. A maioria das pessoas tem muita curiosidade sobre aquilo que está acontecendo e mantém seus muros e defesas erguidas, mesmo em transe. Isso as impede de cair no estado mais profundo. Descobri que é preciso construir um elemento de confiança antes que essas paredes desmoronem. O paciente deve saber que está em perfeita segurança. Creio que os dispositivos de proteção da mente ainda estão funcionando, pois algumas pessoas foram acordadas logo após um estado profundo para averiguar se conseguiam ver ou sentir alguma coisa desagradável ou assustadora. É muito parecido com a forma como despertamos de pesadelos. Minha técnica de hipnose não controla a mente da outra pessoa, mas sim a capacidade de formar confiança e de cooperar com essa mente. Quanto maior a confiança, maior o fluxo de informações.

Não, nunca cheguei a encontrar uma Cleópatra ou um Napoleão. Para mim, é um sinal que comprova que a maioria das vidas de que as pessoas se lembram é comum e rotineira. Na minha opinião, se alguém fosse se dar ao trabalho de criar uma história de fantasia para agradar o hipnotizador (como especialistas sugerem), teria criado uma aventura empolgante. Para mim, isso seria uma fantasia. A pessoa se veria como um herói, realizando feitos maravilhosos, extraordinários. Mas não é esse o caso. A ocasional vida excitante, diferente, é única. As vidas banais, monótonas e mundanas excedem em muito o número dessas outras. É algo equivalente à vida real. Há muito mais pessoas comuns lidando com suas vidas monótonas do que aquelas poucas que conseguem criar manchetes nos jornais.

As regressões que fiz estão repletas desses casos. Soldados que nunca foram para a guerra, nativos americanos que viveram vidas pacatas em vez de enfrentarem o homem branco. Fazendeiros e pioneiros que não conheciam nada além do trabalho duro, da tristeza e da insatisfação. Alguns nunca fizeram nada além de cuidar de seus animais, cultivar suas plantações e morrer, mais cedo ou mais tarde, desgastados e antes da hora. O evento mais empolgante de suas vidas foi um casamento, o nascimento de um filho, a viagem até a cidade ou um enterro. A maioria das pessoas que estão vivas hoje se encaixaria numa categoria similar. Não, o que impressiona na maioria das regressões não são os feitos e aventuras das pessoas, mas as emoções muito reais e humanas que elas sentiram. Quando uma pessoa acorda do transe ainda com lágrimas no rosto, depois de se lembrar de um evento ocorrido há mais de duzentos anos, ninguém pode dizer que foi uma fantasia.

É parecido com um evento no qual revivemos algo traumático ocorrido na infância, trazido novamente à tona com todos os sentimentos reprimidos aflorando após tantos anos. Ninguém pode lhe dizer que esse evento de infância não aconteceu, pois volta e meia você vai se lembrar conscientemente dele ou outras pessoas podem confirmá-lo. Assim, a regressão é similar à exploração de recordações da infância. Podemos colocá-las em seu devido lugar, ver como influenciaram a vida atual e tentar aprender com essa memória desenterrada.

Uma explicação para esse fenômeno é a criptomnésia ou memória oculta. É a teoria pela qual você leu, viu ou ouviu alguma coisa em algum lugar, em algum momento, e escondeu-a em sua mente. Então, sob hipnose, você a traz convenientemente à tona e tece toda uma história em torno dela. Para mim, esta explicação não é suficiente. Se você retém memórias ocultas, você também retém as memórias de tudo aquilo que aconteceu com você nesta vida. Isto é um fato. Mas o paciente sonâmbulo vai se esquecer de tudo aquilo que não pertence ao período de tempo sendo revivido. Há numerosos exemplos disso neste livro. Muitas vezes, os pacientes não sabem de que objetos estou falando porque eles não existem em sua janela temporal. Ou então, uso uma palavra ou uma frase que não compreendem. Normalmente, é difícil tentar explicar, em termos simples, coisas com as quais estamos bastante familiarizados. Tente fazer isso. Se o paciente estava usando uma memória oculta, por que essas coisas modernas foram esquecidas? Elas também fazem parte da memória da personalidade presente.

Outra teoria é que o paciente vai se manter em segurança e só falará de um país ou período de tempo que conhece. Por diversas vezes, mostrei que isso não se aplica. É muito comum um paciente comentar sobre uma vida numa cultura totalmente desconhecida para ele. Normalmente, eles não sabem sequer onde estão, nada é familiar. Sua excelente rememoração do país e de seus costumes ou crenças podem ser conferidos posteriormente com uma pesquisa. Isto aconteceu muitas vezes com a paciente apresentada neste livro. Eu não diria que ela estava se mantendo em segurança ao comentar uma existência havida há dois mil anos, num país que fica quase na metade do caminho para o outro lado do planeta. Mas a extrema precisão com que o fez é motivo de admiração. As pesquisas revelaram que sua rememoração foi espantosa. E esta foi apenas uma das vidas que ela trouxe à tona em nosso trabalho.

Como sou uma escritora dotada de insaciável curiosidade, envolvi-me neste projeto de pesquisa por um motivo. Minha intenção foi regredir o maior número possível de voluntários, compilando suas informações em livros que descreveriam diversos períodos da história. Levei muita gente aos mesmos períodos históricos e confirmei as histórias de uns e de outros, que forneceram as mesmas informações sobre as condições existentes naquele período. Este projeto ainda pode se tornar realidade.

Mas quando conheci Katherine Harris (um pseudônimo), percebi que meu trabalho com ela superaria os planos anteriores, tornando-se livros independentes. As informações saídas de sua mente subconsciente foram únicas e instrutivas, e considerei-as altamente importantes.

CAPÍTULO 2

A Paciente

Quem era Katherine Harris e como nossas vidas acabaram se cruzando? Na época em que nos conhecemos, eu não tinha ideia daquilo que as deusas do destino nos reservavam. Nunca teria imaginado que estávamos prestes a embarcar numa jornada que duraria um ano e que nos levaria de volta até a época de Cristo. Creio que encontros desse tipo nunca são coincidências.

Estava numa festa organizada por um grupo de pessoas interessadas em metafísica e em fenômenos psíquicos. Conhecia muitas pessoas com quem já havia feito regressões hipnóticas, mas também havia muitas desconhecidas. Katherine, que tinha interesse e curiosidade pelo incomum, estava lá com uma amiga. Durante a noite, a conversa se voltou para o meu trabalho e, como era habitual, muitas pessoas se ofereceram e solicitaram sessões de regressão. O interesse por esta área é maior do que a maioria das pessoas imagina. Geralmente, há uma razão real para solicitarem uma regressão, como a procura por relacionamentos kármicos ou para se livrarem de uma fobia; a maioria, porém, é apenas curiosa. Katherine se ofereceu e assim marcamos uma sessão.

Katherine, ou Katie, como seus amigos a chamam, tinha apenas vinte e dois anos quando a conheci naquele dia importante. Não era alta, mas um pouco cheinha para sua idade, com cabelos loiros curtos e olhos brilhantes que pareciam enxergar através da superfície. Sua personalidade parecia irradiar-se por todos os poros de sua pele. Parecia feliz e animada, interessada pelas pessoas. Mais tarde, descobri através de nosso trabalho em conjunto que essa era uma fachada que ocultava sua timidez e insegurança básicas. Seu signo era Câncer, e as pessoas nascidas sob esse signo astrológico não costumam ser muito gregárias. Mas ela era autêntica e sincera. Importava-se mesmo com as pessoas e se esforçava por ajudá-las. Tinha um senso inato de sabedoria que disfarçava sua verdadeira idade. Quando sinais de imaturidade surgiam, pareciam fora do lugar. Eu precisava ficar me lembrando de que ela tinha apenas vinte e dois anos, a idade de meu próprio filho. Mas ambos pareciam não ter nada em comum. Ela dava a impressão de ser uma alma muito velha num corpo enganosamente jovem. Às vezes, perguntava-me se os demais tinham a mesma impressão.

Katherine nasceu em Los Angeles em 1960 e o trabalho de seus pais exigia que viajassem e se mudassem com frequência. Eram membros da Igreja Assembleia de Deus, deixando claro que a formação religiosa de Katie não estimulava ideias como reencarnação e hipnose. Ela disse que sempre se sentiu deslocada durante os cultos religiosos. A barulheira e os rodopios que costumavam acontecer a assustavam. Quando jovem, na igreja, era normal sentir vontade de fazer o sinal da cruz à maneira dos católicos. Para ela, parecia perfeitamente natural fazer isso. Mas depois de ter sido advertida severamente por sua mãe, achou melhor não fazer isso em público. Seus pais a consideravam a estranha da família. Não conseguiam compreender sua relutância em ser como eles. Foi principalmente por preocupar-se com os sentimentos de seus pais que ela me solicitou anonimato neste livro. Ela achou que eles nunca entenderiam, embora, para ela, a ideia de múltiplas existências fosse um conceito fácil. Ela não quis correr o risco de perturbar sua vida pessoal. Concordei com seu desejo e o respeitei, mantendo em segredo sua identidade.

As diversas mudanças de sua família através de vários estados norte-americanos acabaram levando-a ao Texas quando Katie estava com dezesseis anos. Ela se mudou duas vezes no segundo ano do ensino médio e novamente no começo do terceiro. Estava cansada de ter de se ajustar constantemente a novas escolas, métodos de ensino diferentes e amigos temporários. Sob os protestos de seus pais, ela abandonou a escola no começo do terceiro ano. Essa foi toda a sua educação formal, dois anos no ensino médio. Isto seria benéfico para nosso trabalho. Podíamos ter certeza de que as coisas que dizia sob hipnose não estavam saindo de sua educação escolar. Aliás, não conheço escola que ensine essas coisas. Elas não enfatizam mais a geografia quanto antes. Ela é uma moça extremamente inteligente, mas seus conhecimentos não saíram de livros.

Depois de sair da escola e de gozar de aparente liberdade, ela descobriu que não conseguiria encontrar trabalho com facilidade, tendo em vista sua educação incompleta e falta de treinamento. Após um ano trabalhando em empregos desanimadores e banais, aos dezessete anos, ela resolveu fazer o teste GED (equivalente a um exame do ensino médio) e alistou-se na Força Aérea para obter uma qualificação profissional. Passou dois anos lá, especializando-se em computadores. Outro ponto importante para nosso trabalho é que ela nunca saiu dos Estados Unidos enquanto estava na Força Aérea, mas em estado de transe profundo ela descreveu muitos lugares do exterior com riqueza de detalhes.

Depois que saiu da Força Aérea, ela e sua família mudaram-se novamente para a cidade do Meio-Oeste americano onde a conheci. Agora, ela usa seus conhecimentos sobre computadores trabalhando num escritório. Parece muito bem ajustada e tem uma vida social normal. Quando tem tempo, gosta de ler esses romances e histórias de fantasia que são tão populares hoje em dia. A ideia de pesquisar em bibliotecas informações tão vitais para essas regressões não seria nem um pouco atraente para ela.

Desde a primeira sessão, percebi que ela não seria uma paciente comum. Entrou em transe profundo rapidamente, mostrando sensações como paladar e olfato, sentiu emoções e não se lembrou de nada ao despertar. Ela sempre achou que não teria dificuldades para entrar em transe, mas também se surpreendeu com a facilidade com que o conseguiu. Eu sabia que tinha encontrado a paciente sonâmbula perfeita. Como este é o tipo mais fácil de se trabalhar, quis realizar mais sessões, caso estivesse disposta. Ela também estava curiosa e concordou em fazê-lo, desde que seus pais não descobrissem. Eu esperava que não tivéssemos problemas quanto a isto, mas em termos legais ela era adulta e podia tomar decisões por conta própria. Confessou que durante toda a vida fora assombrada por lembranças que pareciam fora do lugar. Ela achava que as respostas poderiam estar na reencarnação e quis descobri-las.

Quando ficou aparente que eu poderia conseguir obter muitas informações valiosas com essa moça, começamos a nos encontrar regularmente, uma vez por semana. Como moro numa zona rural isolada, concordamos em nos encontrar na casa de minha amiga Harriet. Sua casa ficava na cidade e era de fácil acesso para ela e para mim. Harriet é uma colega, treinada em hipnose. Nunca tinha trabalhado com uma sonâmbula e ficou interessada em meu trabalho com Katie. Estava ansiosa para ver o que iria acontecer. Depois que a informação começou a surgir, fiquei feliz por ter Harriet como testemunha. Posteriormente, outras pessoas também presenciaram as sessões. Para nós, foi muito difícil acreditar no que estava acontecendo. Aproveitamos todas as testemunhas que conseguimos a fim de descartar a possibilidade de sermos acusadas de fraude.

Após as duas sessões iniciais, condicionei-a a entrar em transe profundo com a menção a uma senha. É um processo muito mais rápido e poupa-nos de demorados trabalhos preliminares. Não tínhamos ideia do rumo que esse experimento iria levar, e assim começou nossa aventura. Uma jornada que iria nos levar a pessoas que não teríamos imaginado nem em nossos sonhos mais loucos. Ela se tornou uma verdadeira jornada através do tempo e do espaço.

No começo, nunca lhe dizia para ir a determinado lugar ou período. Deixava a informação aflorar espontaneamente. Passou-se um mês e resolvi ser mais sistemática, tentando dirigir as regressões para uma espécie de ordem cronológica. Comecei a recuar em

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