Os Elohim
De Lenin Campos
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Os Elohim - Lenin Campos
1
2
Os Elohim:
os senhores da matéria.
3
4
Lenin Campos
Os Elohim:
Os Senhores da Matéria
Lenin Campos Soares
2018
5
CAMPOS, Lenin. Os Elohim: os senhores da
matéria. Natal: LCS, 2018. Vol. 1.
ISBN:
1. Elohim. 2. Exegese bíblica. 3. Grande
Fraternidade Branca.
6
Sumário
Volume I
1. O que significa Elohim?…………………………...11
2. Os Elohim e a criação……………………………..18
3. A evolução dos Elohim…………………………....25
4. Os Elohim e a Grande Fraternidade Branca
4.1. Primeiro Raio: Hércules e Amazônia……….45
4.2. Segundo Raio: Cassíope e Minerva………..74
4.3. Terceiro Raio: Órion e Angélica……………..82
4.4. Quarto Raio: Claire e Astreia………………..89
4.5. Quinto Raio: Ciclope e Cristal……………....98
4.6. Sexto Raio: Tranquilitas e Pacífica………..106
4.7. Sétimo Raio: Arcturos e Diana……………..111
7
8
Aos mestres Ferdinando Taveira e
Paulo Cordeiro
9
10
O que significa Elohim?
Diz Cassíope, elo'ah do Raio Dourado, que eles,
os elohim, são a manifestação da vontade divina. Diz
ele: "Nós somos a força divina manifesta no mundo
objetivo, como o princípio divino nas árvores, nas plantas
e até nos pensamentos dos seres humanos. Nós somos
a centelha de luz que se torna densa e se transforma em
matéria" 1. A palavra Elohim tem origem no cananeu.
Estes habitavam a região de Canaã antes da chegada
dos hebreus à região, por volta de 3500 anos antes de
Cristo. Ela tem sua raiz na palavra Bel cananeia que
pode ser traduzida como grande senhor
. Deuses como
Belzebu, o senhor das moscas, Aglibel, senhor da lua, e
Belsamim, o senhor do céu, tem em seu nome a origem
das palavras fenícias Baal e El.
A relação entre os cananeus e os fenícios é
intensa, com vários deuses sendo compartilhados como
Astarté e Haddad, e é inclusive citada na Bíblia. Em
Gênesis (10:15) lemos: "Canaã gerou a Sídon, seu
primogênito". Os hebreus entendem que os fenícios (ou
sidônios) representados por Sídon são descendentes
dos cananeus e que, portanto, seus deuses tem origem
em Canaã. A Fenícia foi uma civilização que habitou as
margens do continente asiático banhadas pelo mar
Mediterrâneo a partir de 2500 a.C.. Os atuais Síria,
Líbano e Israel eram pintadas de cidades fenícias.
Arvard e Ugarit, na Síria, Tripoli, Biblos, Beritus, Sidón,
1
ORLOVAS, Maria Silvia Pacini. Os sete mestres: suas origens e
criações. São Paulo: Madras, 2005. p. 43.
11
Tiro e Qadesh, no Líbano, por exemplo, são cidades de
origem fenícia.
Em fenício, portanto, haviam as palavras El ( elat,
no feminino) que possuía o sentido de alto, elevado. Na
Fenícia, este é o nome do deus do céu e da atmosfera,
do alto
, deus da fecundidade e da chuva, que dirigia o
tempo, o ano, as estações. Como também com a palavra
Baal ( baalit, no feminino) que pode ser traduzido como
senhor, título que cada deus de uma cidade fenícia
possuía: Baal Tammuz, Baal Hammon, Baal Dagon, Baal
Dayyog, Baal Esmun, Baalit Astarté. Somente El não
possuía o título de Baal porque este era uma categoria
inferior à categoria que o deus da criação ocupava na
mitologia fenícia e cananeia. Além destas palavras, os
fenícios chamavam todos os seus deuses, no plural,
como Elonim, os elevados, ou Baalim, os senhores 2.
Como é comum no hebraico, a palavra foi
absorvida. Entre os hebreus, povo nômade que circulava
com facilidade entre os territórios da Fenícia,
Mesopotâmia, Egito e Canãa. Era um hábito comum
entre eles a adoção pacífica de conceitos, mitos e
palavras estrangeiras. É em contato com os sidônios e
cananeus que os hebreus forjam a palavra םי ִֹהל ֱא que é o
plural da palavra Elo'ah e é erroneamente traduzida na
Bíblia como deus
. Sua primeira ocorrência acontece
ainda no Velho Testamento, Gênese: "No princípio, Deus
( elohim) criou o céu e a terra. A terra estava deserta e
vazia, as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus
( elohim vëruach) pairava sobre as águas" (Gen 1:1) 3.
Aqui uma palavra que representa o plural é traduzida por
2
Uma tríplice fonte é a responsável pelo conhecimento da religião
fenícia: o Antigo Testamento, autores gregos e latinos como Fílon (42
a.C.) e as tabuinhas de Ras Shamra, conseguidas com escavações
arqueológicas em Ugarit, na Síria.
3
Todas as referências a Bíblia são da BÍBLIA SAGRADA. Tradução da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), 12a. ed. Brasília:
CNBB/Canção Nova, 2012.
12
uma no singular. Se a tradução correta de Elohim fosse
deus, como ela está no plural a versão que deveria ser
adotada seria "no princípio, deuses criaram o céu e a
terra", contudo a necessidade de provar o monoteísmo
ideológico (a existência de um único deus que era
responsável por absolutamente tudo na existência do
mundo e dos homens) impediu que a tradução
respeitasse a verdade. Elohim precisou ser traduzida
apenas como Deus
para garantir que a verdade
fundante das religiões do livro, a crença em uma única
divindade criadora, se encaixasse com a palavra
sagrada que havia sido recebida pelo povo de Israel.
A palavra elohim reaparece inúmeras vezes na
Bíblia. Sendo mais preciso: ela é usada 2.600 vezes no
Velho Testamento 4, obviamente ela não reaparece no
Novo Testamento já que este é escrito em grego,
mascarando definitivamente o problema. Todavia, no
texto em aramaico a questão permaneceu. Em Êxodo,
quando Moisés recebe as tábuas com os Dez
Mandamentos, temos: "Deus ( elohim) pronunciou todas
estas palavras: Eu sou o Senhor teu Deus ( eloheikha
yhvh), que te tirou do Egito, da casa da escravidão, Não
terá outros deuses ( elohim) além de mim" (Ex 20: 1-3). E
quando em Êxodo também outras leis são colocadas ao
povo que vaga pelo deserto, a Palavra diz: "Quem
oferecer sacrifícios aos deuses ( läelohym) e não
unicamente ao Senhor ( layhvh), será votado ao interdito"
(Ex 22:20). Em ambos os casos a palavra ainda é
utilizada no seu sentido no plural quando convém.
Quando ela refere-se ao deus único, torna-se singular,
quando ela refere-se aos (ditos) deuses falsos ela
retorna ao seu sentido de plural. É importante
reconhecer aqui que esta interpretação é dos tradutores
4
Hunt, Michael. The many names of God. Disponível em
http://www.agapebiblestudy.com/documents/the%20many%20names
%20of%20god.htm, consultado em 02/05/2015.
13
da Bíblia e não de seus autores que sabiam o sentido
preciso das palavras que escolheram utilizar para seu
livro sagrado.
Também, como podemos ver nestes exemplos,
existe uma identificação do povo hebreu com um
determinado elo'ah, Javé ( yhvh), que passa a ser
traduzido como Senhor
quando é um nome próprio
(não estranhem yhvh nunca aparece com letra
maiúscula, apesar de nome próprio, porque isso não
existe no aramaico/hebraico). Davi chega a concluir, em
seu Salmos (entre o Gênese e os Salmos de Davi, se
passam 112 anos) quando obviamente o culto a Javé já
está consolidado em Israel que "feliz o povo cujo Deus
( elohim) é o Senhor ( yhvh)" (Sl 144:15) cuja tradução
mais exata seria feliz o povo cujo elohim é Yavé
.
Moisés conclui a fuga do Egito dizendo: "Agora sei que o
Senhor ( yhvh) se mostrou maior do que todos os deuses
( elohim), libertando o povo dos egípcios, quando agiram
com arrogância contra eles" (Ex 18:11).
Em Deuteronômio, o livro em que Moisés
promulga sua lei, uma delas diz: "Não pronunciarás o
nome do Senhor, teu Deus ( eloheika yhvh) em vão,
porque o Senhor ( yhvh) não deixará impune quem
pronunciar o seu nome em vão (Dt 5:11). Ou:
Temerás
o Senhor teu Deus (eloheika yhvh) , a ele servirás e só
por seu nome jurarás. Não seguirás outros deuses,
dentre os deuses ( elohim) dos povos vizinhos, porque o
Senhor ( qana el) teu Deus ( eloheika yhvh), que mora no
meio de ti, é um Deus ciumento. Não suceda que a ira
do Senhor teu Deus ( eloheika yhvh), inflamando-se
contra ti, venha a exterminar-te da face da terra" (Dt
6:13-15). São inúmeras as vezes que a palavra é usada,
como já dissemos.
Temos aqui, três expressões para falar em Deus:
elohim, os deuses, as potências criadoras; qana el, o
grande senhor, aquele a quem deve-se obediência; e
14
eloheika yhvh, o grande deus Yavé; todas as três
expressões são traduzidas, como Deus (com esta letra
maiúscula) nesta necessidade de provar um monoteísmo
ético. Jaime Pinsky caracteriza este conceito a partir da
existência de uma divindade (Yavé, Deus) com uma
função normativa bem definida: fazer com que os
homens ajam de forma correta e justa 5. Entre os
cristãos, Deus cumpria este papel, de propagar a
verdade e a justiça, portanto, as traduções se voltavam
não para explicar o que estava escrito na Bíblia, mas
para comprovar que este Deus único era o espírito que
movia toda a História. Que tudo acontecia por causa de
sua vontade. O monoteísmo ético, no entanto, não nega
a existência de outros deuses, ele reafirma a existência
deles quando acorda que ninguém deve cultuá-los diante
de Yavé/Deus, mas afirma que apesar da infinidade de
deuses, o Deus cristão, defende o projeto de tradução
bíblica, deve ser o modelo de verdade e justiça, ou seja,
de virtude, ao qual os cristãos devem se voltar.
Quando a Bíblia hebraica é traduzida para o grego
(a língua universal