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Embalagens Vidro: Embalagem Melhor Mundo Melhor
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Embalagens Vidro: Embalagem Melhor Mundo Melhor
E-book678 páginas4 horas

Embalagens Vidro: Embalagem Melhor Mundo Melhor

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Sobre este e-book

Num momento em que a sociedade passa a valorizar a economia circular de forma natural, muitos passam a rever o uso das embalagens de vidro. Um "retorno" interessante de conceitos que se perderam na evolução da massificação de bebidas prontas para beber.

Pela sua característica de ser inerte (não altera sabor, odor ou cor do produto embalado, preservando a saúde do consumidor), a embalagem de vidro ganhou protagonismo com a tendência de saudabilidade. Além disso, os frascos flints oferecem o benefício da transparência e os "âmbares" proporcionam barreira à luz.

No segmento de perfumes, mais do que o cheiro, o sucesso de uma nova fragrância depende do design do frasco de vidro. Há quem diga que é preciso desenhar o frasco com ingredientes emocionais, que instigam o consumidor a ver no produto um objeto de desejo, antes de experimentar a fragrância.

A embalagem de vidro também entrega glamour e requinte às marcas famosas de bebidas destiladas, águas minerais premium e alimentos.

Todos os tipos de embalagens têm suas funções e aplicações e, claro, características que as diferenciam e as tornam mais indicadas para as diferentes ocasiões de consumo. As embalagens de vidro têm uma condição praticamente única de reduzir o impacto ambiental: ser retornável.

O vidro está presente em embalagens desde os primórdios. É uma das embalagens mais antigas da nossa história e, desde o início, o fato de ser retornável, até mesmo antes de ser reutilizável, a torna amiga do meio ambiente. Ainda mais quando podemos restringir a área geográfica de atendimento.

O processo de logística reversa deve ser sustentável do ponto de vista econômico e ambiental. Sem contar o aspecto social, já que a solução democratiza o consumo de pessoas de menor poder aquisitivo, pois os produtos são mais competitivos e os consumidores podem pagar menos por eles.

Além disso, o setor segue investindo no uso de conteúdo reciclado e em estudos sobre redução de peso das garrafas.


Embalagem de Vidro Melhor. Mundo Melhor!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de fev. de 2022
ISBN9786599045585
Embalagens Vidro: Embalagem Melhor Mundo Melhor

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    Embalagens Vidro - Assunta Camilo

    1.1 HISTÓRIA DA EMBALAGEM DE VIDRO NO BRASIL

    Margaret Hayasaki

    Frasco de vidro de perfume da Avon produzido pela Wheaton

    Foto: Wheaton

    Pote de vidro antigo do achocolatado Toddy

    Foto: Acervo de embalagens da FuturePack

    A chegada da família real portuguesa ao Brasil impulsionou a instalação da primeira indústria de vidro no país. Em 1810, Francisco Ignácio da Siqueira Nobre recebeu uma autorização do regente D. João para inaugurar a Real Fábrica de Vidros da Bahia, em Salvador, que operou até 1825.

    O vidro ganhou destaque na 1a Exposição Nacional de Produtos Naturais e Industriais, em 1861, que exibiu garrafas, frascos e globos de vidro para lampiões. Pouco tempo depois, em 1882, foi criada a segunda indústria brasileira de vidros, a Fábrica Esbérald, produtora de embalagens.

    1896: VERALLIA

    Um marco importante para a cidade de São Paulo foi a fundação da fábrica de vidro plano Prado & Jordão, em 1895, por iniciativa de Elias Fausto Pacheco e Antonio da Silva Prado. A planta foi instalada perto do rio Tietê, fonte natural de jazigos de areia branca de boa qualidade e água pura, essenciais para a fabricação do vidro. Como os empreendedores não encontraram mercado para o vidro plano, em 1896, eles adaptaram o processo de produção para garrafas. Essa mudança coincidiu com o pleno desenvolvimento da indústria de cerveja à época, que tinha grandes empresas como Antarctica, Brahma, Bohemia e Bavaria.

    Em 1901, Antonio Prado se tornou o único proprietário da empresa, que dois anos depois foi rebatizada como Companhia Vidraria Santa Marina, em homenagem a uma de suas filhas. A Santa Marina foi importante para a urbanização de bairros paulistanos como Água Branca, Pompéia, Lapa e Freguesia do Ó.

    Na década de 1960, a Santa Marina foi comprada pelo grupo francês Saint-Gobain. Em 1972, foi criada a divisão de embalagens da Saint-Gobain. Em 2010, nasceu a marca Verallia. Hoje, a fabricante de embalagens de vidro para alimentos e bebidas possui fábricas em Campo Bom-RS, Jacutinga-MG e Porto Ferreira-SP, empregando 950 funcionários no Brasil.

    Mercado de cervejas sempre foi importante para a indústria de embalagens de vidro

    Foto: Acervo de embalagens da FuturePack

    1917: OWENS-ILLINOIS

    A história da Owens-Illinois começou quando Michael J. Owens inventou a máquina automática de garrafas de vidro. A tecnologia revolucionária foi um divisor de águas para o setor, pois possibilitou a produção de embalagens em série no Brasil. A O-I iniciou suas operações em 1917, no Rio de Janeiro, com a marca Cisper. Atualmente, o país é o principal mercado da companhia na América Latina.

    No ano seguinte, a empresa recebeu a primeira encomenda de 100 garrafas de vidro âmbar da Cervejaria Brahma, que marcou o início de uma relação comercial longeva que perdura até hoje. O segmento de cervejas se tornou o principal mercado da O-I Brasil, respondendo por 50% da sua produção.

    A O-I ficou conhecida pela marca Cisper, fundada pelos engenheiros Olavo Egydio de Souza Aranha e Alberto Monteiro de Carvalho e que produzia utensílios domésticos. Em outubro de 1949, a companhia construiu a segunda fábrica, em São Paulo. A sua chegada deu origem ao nome do bairro Vila Cisper, que se desenvolveu 100% em função da empresa. Bastava andar pelos arredores para perceber a olhos vistos a sua influência: Padaria Cisper, Academia Cisper. Trabalhar na Cisper povoava o sonho das pessoas que moravam no bairro, revela Gilberto Pena, Global Cost Transformation Leader (líder global de transformação de custos) da Owens-Illinois.

    Em 1960, o Grupo Monteiro Aranha vendeu 80% do capital para a O-I, tornando-se acionista minoritário. Em 2011, a empresa vendeu os 20% de participação para a Owens-Illinois.

    Como parte da estratégia de expansão da O-I no Brasil, a empresa comprou em 2010 a Companhia Industrial de Vidros (CIV), que pertencia ao Grupo Cornélio Brennand e tinha três fábricas de embalagens de vidro nas cidades de Recife-PE, Vitória de Santo Antão PE e Fortaleza-CE. Com esse investimento, a companhia ficou responsável por mais de 50% da produção de embalagens de vidro no país.

    Atualmente, a empresa possui quatro unidades industriais no país: no Rio de Janeiro, que abastece o mercado cervejeiro; em São Paulo, que produz diversos produtos e hoje é considerada a terceira maior planta da empresa no mundo; e duas no Pernambuco. Juntas, as fábricas empregam 2200 funcionários.

    Segundo Pena, no passado, os consumidores consumiam produtos em embalagens de vidro por consumir ou porque não tinham outra opção. O consumo e a relação do consumidor com a embalagem ficaram mais fortes nos últimos 20 anos. Essa mudança impactou a indústria de embalagens de vidro e a experiência de consumo. Hoje, as garrafas de cerveja estão disponíveis em novas cores, novos pesos, novos formatos e novos sistemas de abertura. Isso faz parte da evolução do vidro.

    Coleção de garrafas antigas de vidro para Coca-Cola

    Foto/Photo: Acervo de embalagens da FuturePack

    Na análise de Pena, a O-I é uma empresa centenária que tem uma capacidade espetacular de se reinventar principalmente no pacote de serviços e produtos que disponibiliza para o mercado de bebidas e alimentos. Se reinventar para os desafios que virão no futuro é uma habilidade que permitiu à companhia construir uma trajetória irretocável no Brasil. Nós somos muito orgulhosos da nossa história. Uma fábrica que começou pequena com uma produção de 100 garrafas para um cliente específico. Hoje nós somos uma companhia global e temos clientes que são companhias globais, como Ambev, Heineken, Nestlé, Coca-Cola, Pernod Ricard, Campari, Bacardi, Heinz e Unilever.

    1946: NADIR FIGUEIREDO

    Fundada em agosto de 1912, a Nadir Figueiredo inicialmente começou como uma oficina de máquina de escrever. Duas décadas depois, em 1935, a empresa adquiriu a primeira fábrica manual de vidros no bairro do Belém, em São Paulo. Com o negócio de vidros em expansão, em 1945, um dos proprietários da fábrica viajou para os Estados Unidos para comprar máquinas para produção de copos e utilidades domésticas e as máquinas automáticas IS para garrafas e potes de vidro. No ano seguinte, a Nadir Figueiredo passou a fabricar embalagens de vidro para atender vários segmentos de mercado.

    Na década 1950, a Nadir Figueiredo promoveu uma inovação disruptiva na indústria de embalagens de vidro. A empresa trouxe ao mercado uma nova solução que mudou a forma de comercializar e consumir alimentos no Brasil: o copo de vidro, que além de embalagem do produto, tinha a função de servir bebidas. Como ela surgiu? Observando o cotidiano dos brasileiros em uma de suas visitas ao interior do Brasil, Plínio de Paula Ramos, diretor de embalagens de vidro à época, viu uma pessoa tomando café em uma latinha de extrato de tomate. Ele enxergou uma oportunidade para vender a embalagem de vidro e dar uma solução para o consumidor final. Desenvolveu junto com a CICA o copo de vidro para o extrato de tomate, conta Paulo Figueiredo de Paula e Silva, diretor de vendas e marketing da Nadir Figueiredo. Segundo ele, essa linha foi uma grande revolução no segmento no país e, ao mesmo tempo, a inovação permitiu a Nadir Figueiredo fazer seus produtos chegarem de maneira econômica para o cliente.

    A história da Nadir Figueiredo se confunde com a da indústria brasileira de alimentos. Para Silva, a Nadir ajudou a desenvolver a indústria de alimentos. Ela popularizou soluções para os consumidores e para as pequenas indústrias do setor numa época em que a distribuição para o interior do Brasil era difícil. Difundiu a embalagem de vidro no país, sobretudo de alimentos.

    Construiu o seu negócio com uma participação relevante neste segmento trazendo sempre inovação como os copos de vidro para produtos alimentícios prensados, como requeijão e patês. O requeijão no copo de vidro da Nadir Figueiredo virou um clássico na mesa dos brasileiros na década de 1950. Segundo Silva, a empresa é a única detentora da tecnologia na América do Sul para produzir embalagens para produtos prensados. No começo dos anos 2000, o copo de vidro teve uma redução de participação nas prateleiras de requeijão e, nos últimos quatro anos, conseguiu recuperar mercado.

    A Nadir Figueiredo teve várias unidades industriais no Brasil, mas com a modernização e o avanço tecnológico passou a concentrar a produção na fábrica da Vila Maria, em São Paulo. Em 2009, inaugurou uma planta industrial em Suzano-SP, que começou com capacidade produtiva de 150 toneladas por dia e atualmente opera com capacidade de 660 toneladas por dia. Cinco anos depois, em 2014, a fábrica passou a concentrar 100% das operações da empresa. Os investimentos são constantes na Nadir Figueiredo. Em 2021, o objetivo é crescer 60% no mercado de embalagens de vidro. É um grande salto que vamos dar com mais novidades para o mercado, trazendo maquinários mais modernos para conformação e inspeção de vidro das embalagens, afirma Silva.

    Em 2019, o grupo norte-americano de fundos de investimentos HIG Capital comprou a Nadir Figueiredo. Segundo Silva, a empresa optou pelo melhor para a companhia, e tem se provado que a decisão foi acertada para os atuais controladores e para os antigos. A aquisição é uma clara estratégia do fundo de investimento de usar a Nadir Figueiredo, que é uma empresa tão reconhecida pela sua atuação no segmento de utilidades domésticas e embalagens de vidro, para acelerar o crescimento da companhia.

    1952: WHEATON BRASIL

    A trajetória que transformou a Wheaton Brasil numa das protagonistas da história da embalagem de vidro no Brasil começou em julho de 1952, quando o americano Franklin Wheaton inaugurou uma pequena fábrica, na esquina das avenidas Jabaquara e Indianópolis, em São Paulo.

    Construída em um terreno que pertencia ao laboratório Olavo Fontoura, a empresa, que tinha Peter Gottschalk como executivo responsável pela operação no país, construiu um negócio próspero.

    Foto: Acervo de embalagens da FuturePack

    Foto: Wheaton

    Frascos de formatos complexos para perfumes

    Quando o Brasil iniciou a produção de penicilina, a Wheaton Brasil foi pioneira na fabricação de frascos de vidro de 8 ml para envasar o medicamento. À época, a empresa fornecia as embalagens para o laboratório Olavo Fontoura que, até então, importava. De lá para cá, esses frascos pouco mudaram, e ainda pertencem ao seu portfólio de produtos.

    A entrada da Wheaton Brasil no segmento de cosméticos e perfumaria foi impulsionada com a chegada da Avon ao país, no começo da década de 1960. Antes disso, a empresa já produzia frascos de vidro para brilhantina, Leite de Rosas e Leite de Colônia, ainda bastante incipiente.

    Frasco antigo de vidro para perfume

    Foto: Acervo de embalagens da FuturePack

    A arte de esculpir frascos de perfumes começou com a Avon, que impôs desafios à Wheaton Brasil com a demanda de formatos complexos, como carrinhos, bonecas e casinhas. "Não havia tecnologia disponível para produzir esses frascos no Brasil, então a companhia investiu recursos no desenvolvimento de engenharia e ciência para atender a Avon. Peter Gottschalk Júnior, presidente da Wheaton Brasil, explica que isso criou uma base para criar shapes que encantam os consumidores".

    Frascos de vidro produzidos pela Wheaton para a Avon no começo da década de 60

    Fotos: Wheaton

    O desenvolvimento da Wheaton Brasil e do segmento de perfumaria é atribuído à Avon, que até hoje coloca grandes desafios para a companhia vidreira. Se atualmente a empresa é protagonista no mercado de frascos de cosméticos e perfumaria, que responde por 70% do seu negócio, a Avon tem grande responsabilidade.

    A história de grandes companhias como Natura, O Boticário e tantas outras se confunde com a história da Wheaton Brasil. O primeiro pedido da Natura foi de dois mil frascos de vidro, e hoje é uma das maiores empresas de cosméticos do mundo. A primeira embalagem de vidro do O Boticário foi produzida pela Wheaton Brasil quando a empresa ainda era uma farmácia de manipulação, que funcionava no centro de Curitiba, no Paraná.

    Em 1979, O Boticário lançou o seu primeiro perfume: Acqua Fresca, que era vendido em um frasco de vidro em formato de ânfora. A fragrância conquistou o mundo com o posto de segunda mais vendida. A embalagem icônica mais famosa da perfumaria brasileira foi desenvolvida pela Wheaton Brasil e se tornou símbolo da marca que é facilmente reconhecida pelos consumidores. Ela foi reestilizada em 2017, mas o projeto é basicamente o mesmo.

    Frascos antigos de vidro para perfume Acqua Fresca

    Foto: Wheaton

    O marco inicial da decoração aconteceu com a introdução da pintura orgânica através da Avon. A empresa de cosméticos mais uma vez exerceu um papel importante no desenvolvimento da Wheaton Brasil, que passou a investir em decoração de frascos de vidros pressionada pela demanda da companhia nos anos 2000. Há 20 anos, a empresa adquiriu a primeira máquina de pintura de vidro e atualmente possui 12 máquinas de pintura orgânica e inorgânica e 800 funcionários trabalhando na decoração de frascos, revela Renato Massara, diretor comercial e de marketing da Wheaton Brasil.

    Cada vez mais a Wheaton Brasil se esmera na criação de suas pequenas joias. Agora, com as infinitas possibilidades de decoração, os frascos têm uma personalidade única. Hoje, a embalagem pode ter aplicação de laser, heat transfer e pintura perfumada. A decoração deixou de ser apenas um complemento, ganhou importância no mundo da perfumaria.

    A decoração representa um grande salto da indústria vidreira. Um exemplo dessa evolução é o perfume masculino Malbec do O Boticário, que tem pelo menos 10 versões, com cores e decorações diferentes.

    A compra da Verescence do Brasil (antiga SGD), fabricante de embalagens de vidro para perfumaria e cosméticos, em 2018 pela Wheaton Brasil foi um marco na sua história. Além dos ganhos em tecnologia, a companhia vidreira deu esse importante passo com o objetivo de exportar os seus produtos para a Europa. Nas palavras do seu presidente Peter Gottschalk Júnior, é uma ousadia brasileira, um plano que está em andamento. Ele se orgulha ao revelar que o frasco do novo perfume de luxo Dunhill foi produzido pela Wheaton Brasil.

    A Wheaton Brasil exporta para mais de 40 países da América Latina, América Central, Europa e Estados Unidos, atendendo os mercados de farmacêuticos e cosméticos. Uma curiosidade sobre a sua atuação no mercado externo é que a companhia é um dos poucos fabricantes de máquinas de vidro. Tem equipamentos instalados na Ásia, Estados Unidos, África e América do Sul.

    Frasco de vidro para perfume Dunhill

    Foto: Wheaton

    Frasco antigo de vidro para perfume

    Foto: Acervo de embalagens da FuturePack

    A exportação era mais focada em farmacêutico, e agora a empresa está colhendo os frutos do crescimento em cosméticos.

    Amor ao vidro passado de geração a geração. Vivo disso desde que nasci. No começo, a empresa não era nossa, era o que o meu pai fazia. Ele adquiriu a empresa em 1990 e construiu a Wheaton Brasil. Estamos indo para 70 anos. Já fizemos a transição para a terceira geração, conta Peter Gottschalk Júnior.

    A paixão pelo vidro está no sangue. Tenho orgulho da nossa história. Orgulho de uma empresa que começou com 50 funcionários e hoje é uma das 700 maiores do Brasil, afirma Peter Gottschalk Júnior.

    1981: VIDROPORTO

    As jazidas de areia na região de Porto Ferreira, interior de São Paulo, favoreceram a instalação de uma indústria de embalagens de vidro. A Vidroporto foi fundada em 1977 por um pequeno grupo de empresários da cidade, mas só começou a produzir em 1981. O primeiro forno operava com capacidade de 14 toneladas de vidro por dia. Hoje, a capacidade de produção é de quase 1000 toneladas diariamente.

    As primeiras garrafas de vidro produzidas pela Vidroporto atenderam a indústria de cachaça da região, como Caninha 51, Velho Barreiro e Missiato.

    A transformação da Vidroporto começou com a chegada de Edson Rossi (que atualmente ocupa a presidência) na companhia desde 2004. À época, a indústria produzia 60 toneladas de vidro âmbar por dia e tinha 1% de market share. No ano seguinte, ingressou no mercado de cerveja ainda de modo tímido, com uma pequena produção de garrafa retornável para atender esse segmento. Devido um problema de qualidade nessa produção, ela foi descontinuada.

    O retorno de maneira sustentável aconteceu em 2008, depois de investimentos principalmente em equipamentos de inspeção de vidro. O grande salto no mercado de cerveja, segundo Rossi, aconteceu somente em 2014, quando a Vidroporto investiu na construção de um forno que aumentou uma vez e meia a sua capacidade da produção e em tecnologia para produzir garrafas retornáveis e oneway.

    Passamos a atender grandes cervejarias como Ambev, Heineken, Petrópolis e as microcervejarias artesanais. Atualmente, o segmento de cerveja responde por 75% do nosso negócio, afirma.

    Em 2018, a Vidroporto deu um passo importante na expansão dos seus negócios com a aquisição da IVN – Indústria Vidreira do Nordeste, localizada na cidade de Estância, no Sergipe. A compra da fábrica representou muito para a empresa, que aumentou a sua capacidade de produção em quase 30% e passou a atender o mercado nordestino de forma competitiva. Do ponto de vista estratégico, conta Rossi, a aquisição permitiu oferecer os seus produtos praticamente em todo o Brasil. Trouxe novos clientes da região e fortaleceu parcerias com empresas.

    Construir uma história de crescimento é difícil, e conseguir manter é uma tarefa árdua que depende de muito trabalho, esforço e suor. Rossi coloca no plural o orgulho de liderar a Vidroporto e seus 800 funcionários. Somos agraciados por trabalhar numa empresa que se desenvolveu e contribuiu para o crescimento do mercado brasileiro de embalagem de vidro. Que trouxe benefícios para as cidades onde as plantas estão instaladas, para os funcionários, para toda a sociedade. Esse crescimento foi socializado.

    O maior legado do jeito Vidroporto de gerir é ter criado uma relação de fidelidade com todos os seus parceiros. Rossi explica que é uma relação de ajuda mútua, de encontrar soluções conjuntamente, de não impor nada, mas de ouvir e tentar buscar algo que seja consciencioso. Esse é o grande sustentáculo da empresa, afirma Rossi.

    Separamos algumas embalagens do nosso acervo que contam um pouco das embalagens de vidro no Brasil.

    Dakar da Stock: lançamento que antecedeu as bebidas ice no início dos anos 90

    Foto: Acervo de embalagens da FuturePack

    Para celebrar a chegada de 2002, ano da Copa do Mundo de Futebol, a Brahma usou uma garrafa de espumante com rótulo termoencolhível e rolha para estourar. O Brasil conquistou o pentacampeonato, derrotando a Alemanha na final

    Foto: Acervo de embalagens da FuturePack

    Garrafa da Skol veste o primeiro rótulo holográfico do Brasil para celebrar o carnaval de 1994

    Foto: Acervo de embalagens da FuturePack

    A tradicional garrafa da famosa Velho Barreiro, uma das cachaças mais consumidas no Brasil, já está presente em mais de 40 países

    Foto: Acervo de embalagens da FuturePack

    Uma das primeiras versões da embalagem de ICE da 51 no início dos anos 2000

    Foto: Acervo de embalagens da FuturePack

    Um dos primeiros frascos de vidro âmbar com tampa de madeira para o hidratante do O Boticário

    Foto: Acervo de embalagens da FuturePack

    1.2 MERCADO GLOBAL DE EMBALAGENS DE VIDRO

    Margaret Hayasaki

    MERCADO GLOBAL DE

    EMBALAGENS DE VIDRO

    Em meio à crise da pandemia do COVID-19, o mercado global de embalagens de vidro, estimado em US$ 50,6 bilhões no ano de 2020, está projetado para atingir o valor de US$ 62,8 bilhões em 2027, crescendo a um CAGR (taxa composta de crescimento anual) de 3,1%, segundo estudo da Research and Markets. O segmento de bebidas alcoólicas é o principal usuário de embalagens de vidro. Esse mercado deve chegar ao valor de US$ 27,2 bilhões em 2027, crescendo a um CAGR de 3,6%. Já o setor de cerveja foi avaliado para um CAGR de 3,2%.

    Fonte: Research and Markets

    Tecnologias inovadoras para decoração, modelagem e adição de acabamentos artísticos estão tornando as embalagens de vidro mais populares entre os usuários finais. Além disso, fatores como a crescente demanda por produtos ecologicamente corretos e a expansão do mercado de alimentos e bebidas estão estimulando um horizonte promissor para o mercado.

    A reciclabilidade do vidro torna-o o tipo de embalagem mais desejado do ponto de vista ambiental. A redução de peso tem sido a inovação mais significativa nos últimos tempos, oferecendo a mesma resistência e maior estabilidade, reduzindo o volume de matéria-prima utilizada e CO2 emitido.

    CRESCIMENTO REGIONAL

    O mercado de embalagens de vidro nos Estados Unidos foi estimado em US$ 13,7 bilhões no ano de 2020. A China, a segunda maior economia do mundo, tem previsão de atingir um valor de US$ 12,9 bilhões até 2027, crescendo a um CAGR de 5,7%. Entre outros importantes mercados geográficos estão o Japão e o Canadá, cada um com previsão de crescer 0,8% e 2,3%, respectivamente. Na Europa, a estimativa é de que a Alemanha cresça a um CAGR de 1,5%.

    Já o mercado de embalagens de vidro na América Latina foi estimado em US$ 5.215,1 milhões em 2020. A expectativa é que alcance US$ 6.731,97 milhões em 2026, testemunhando um crescimento anual composto (CAGR) de 4,4%. Novos métodos de produção e a reciclagem tornam possível fabricar mais recipientes de vidro leves e de paredes finas. O desenvolvimento do processo Narrow Neck Press e Blow permitiu uma redução significativa no peso das garrafas de vidro na América Latina.

    ALIMENTOS E BEBIDAS

    No mercado mundial de embalagens de vidro para alimentos e bebidas, Estados Unidos, Canadá, Japão, China e Europa irão impulsionar um CAGR estimado em 2,4% para esses segmentos de consumo. Esses mercados regionais, responsáveis por US$ 7,2 bilhões no ano de 2020, devem totalizar US$ 8,5 bilhões em 2027.

    A China permanecerá entre os países de crescimento mais rápido neste cluster de mercados regionais. Liderado por países como Austrália, Índia e Coréia do Sul, o mercado da região da Ásia-Pacífico deve chegar a US$ 8,7 bilhões até o ano de 2027, enquanto a América Latina se expandirá a um CAGR de 3,5%.

    A garrafa de

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