(In)felicidade para corajosos
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Sobre este e-book
Um dos mais populares e polêmicos pensadores da atualidade, o filósofo Luiz Felipe Pondé não é, exatamente, um otimista. Pelo contrário: sabe como poucos apontar as mazelas da sociedade e as contradições do comportamento humano. Escrever um livro sobre felicidade poderia, portanto, parecer uma incongruência. Poderia, mas não é. Apesar do debate sobre felicidade existir há quase dois mil anos, o filósofo busca inspiração em algumas dezenas de pensadores para versar sobre a lógica da felicidade e da infelicidade.
Nada que se assemelhe a um manual de autoajuda. Pondé não oferece uma receita. Ele estimula o leitor a fazer exercícios filosóficos. Discute, questiona mas também oferece a sua opinião Argumenta, por exemplo, que ser bom não garante nada e que a ambição desmedida é um motor poderoso para a infelicidade. E afirma ser difícil pensar em parâmetros da felicidade no século XXI: o século da mentira que, segundo o filósofo, está sendo definido pelo marketing e pela psiquiatria. Talvez o leitor não termine (in)Felicidade para corajosos exatamente feliz – mas terá alimentado a cabeça e o espírito pensando a respeito.
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(In)felicidade para corajosos - Luiz Felipe Pondé
NOTA 1
Começando pelo luto da felicidade, seja lá o que isso for
A obsessão pela felicidade sempre me pareceu entediante. Coisa de gentinha. Brega. O mercado de autoajuda prova isso: quem escreve e quem consome mente um para o outro. Quem escreve é um picareta, quem lê é um retardado. Mas há algo de verdadeiro, apesar de não honesto, nesse nicho de mercado. A infelicidade é a senhora da vida, por isso tal demanda desesperada impera. E o desespero é, afinal de contas, entre todas as tentações do pecado, a maior. Se o que acabei de dizer vale para uma grande parte da teologia ocidental, isso significa que o desespero é um grande pecado capital.
Felicidade é um estado que pertence ao âmbito de muitas virtudes e hábitos, quando não do milagre e da graça, e jamais de fórmulas prontas.
Mas o que significa começar por fazer o luto da felicidade? Antes de tudo, quer dizer caminhar no sentido oposto ao discurso do mundo contemporâneo, tomado pela tirania da felicidade e do sucesso. Significa que, ainda que pareça um contrassenso, desistir da busca enlouquecida pela felicidade, e saber que ela é algo que normalmente acontece quando você está ocupado fazendo outra coisa, pode ajudar a conseguir um pouco de paz, coisa que todo mundo procura, e pouquíssimos encontrarão um dia. A ordem das coisas do mundo de hoje desconhece essa condição: desistir da felicidade é uma forma de chegar mais perto dela, assim como saber-se mau é estar mais perto de Deus, e não o contrário.
Minha crítica ao mercado de autoajuda, às fórmulas motivacionais, enfim, ao culto do sucesso, tem credenciais de peso. Este livro é uma narrativa dessas credenciais. Minha intenção não é oferecer uma obra sobre a infelicidade, de modo algum. Mas, sim, deixar claro que o que quer que seja esta coisa chamada felicidade
, ela é um estado que pertence ao âmbito de muitas virtudes e hábitos, quando não do milagre e da graça, e jamais de fórmulas prontas. Coragem, humildade, misericórdia, perdão, reconhecimento do desamparo são da família da felicidade, muito mais do que ideias comuns hoje em dia, como assertividade, metas, métricas e foco. O marketing é uma das ciências dedicadas ao desespero.
Percorremos alguns territórios em que essa dramática da felicidade e da infelicidade se apresentam. Se só os pecadores verão a Deus, se só os neuróticos verão a Deus e se só os cegos verão a Deus, então podemos arriscar que só os que desistem da busca desenfreada pela felicidade verão a Deus. E para aqueles pobres de espírito que acham que esse percurso é alguma forma de ode ao fracasso, só posso dizer: Eu vos perdoo por não saberem o que falam.
NOTA 2
A estética, a dramática e a lógica da felicidade e da infelicidade – um método
O teólogo suíço Hans Urs von Balthasar dizia que a manifestação da glória de Deus no mundo segue uma trajetória. Uma primeira, estética, ou seja, o impacto que Sua presença causa em nossos órgãos dos sentidos, muitas vezes desenhando no horizonte das sensações e percepções uma experiência descrita por Freud como sentimento oceânico, o pertencimento a uma ordem de sofrimento, mas também de doçura e beleza. Uma segunda, dramática, em que a ação movida por essa beleza se faz realidade material no mundo (material aqui quer dizer social, histórico, político e existencial). E por último, a lógica, um mundo em que pensamos, refletimos e produzimos conceitos sobre essa presença.
Apesar de que nos interessa aqui tanto a estética quanto a lógica da felicidade e do seu oposto, nosso principal foco neste breve ensaio é a dramática. As sensações que nos acometem em ambos desses estados do afeto (dimensão estética) e a trama de conceitos que podemos construir quando refletimos sobre eles (dimensão lógica) são essenciais, e algumas das notas que apontaremos na sequência são fenômenos desses dois campos. Entretanto, a dramática é que mais nos interessa aqui porque felicidade e infelicidade são ações, e falar do drama delas é refletir sobre a realidade concreta de ambas no mundo. Somos os personagens dessa