Alguém me viu aqui
De Fátima Moura e Mariana
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Alguém me viu aqui - Fátima Moura
Copyright © 2020 – Fátima Moura
1ª edição eletrônica: julho de 2020
Capa: Bruno Tonel
Projeto eletrônico: MarcoMelo.com.br
Revisão: Eduardo Tognon
ISBN 978-65-991364-4-3
Alguém me viu aqui | Fátima Moura, pelo espírito Mariana
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Contato e pedidos:
(22) 2738-0184
Apresentação
Grande tem sido o envolvimento e a preocupação do mundo espiritual em trabalhar questões pertinentes ao mundo dos jovens. Quando na Terra, nessa faixa da vida, somos convocados a fazer intensas reflexões sobre as verdadeiras razões de estarmos aqui e, com muita frequência, sucumbimos às imposições que nos são colocadas moralmente e socialmente, por ainda não nos sentirmos aptos a lidar com elas, passando, às vezes, por difíceis processos de adaptação e de transição enquanto espíritos encarnados.
Aqui, nesse plano, depois de deixar o corpo físico, continuamos a estudar e a aprender sempre que assim desejarmos, e grande é a nossa alegria quando somos chamados a contribuir de alguma forma com essas questões, que precisam ser trabalhadas no mundo físico, em nosso caso, através da Literatura, com palavras que ficarão gravadas em muitas consciências, levando não só aos jovens, mas a todas as pessoas que irão ler esse texto, esclarecimentos oportunos sobre os porquês de nossa vida na matéria e sobre as sábias intervenções do mundo espiritual.
O jovem é um universo de possibilidades, e esses questionamentos que tanto lhe encantam a alma podem muito bem ser respondidos através dos fundamentos imutáveis da vida eterna. A vida é incessante, contagia, encanta! Não existe morte, não existe finitude, a vida será sempre além, e é um intenso aprendizado de muitas possibilidades, sendo essas possibilidades o que nos moverá rumo ao infinito, sempre!
É a grandiosidade desse fato que me leva a trazer à tona essa história, para falar de pessoas reais, de aprendizado, de cura, de autoconhecimento. É meu desejo que o amor único e infinito de Deus nos acalente a todos, em nossas novas e possíveis descobertas!
Com amor, a todos os leitores, deixo aqui a minha singela contribuição.
Mariana G.
Dezembro de 2017
Capítulo 1
Pouco a pouco, como se fosse um manto iluminado e belo, pedaços de um intenso céu azul invadiram os espaços que restavam daquela casa antiga e já em avançado estado de decomposição. O espaço azul que cobria a velha arquitetura do lindo casarão que ali estivera erguido um dia deixava entrever também uma magnífica lua cheia que se insinuava majestosa naquela noite quente de verão.
Maria Eduarda caminhou desolada por entre os escombros da casa abandonada e a sensação de estar ali sozinha fez com que desejasse com todas as forças de seu coração estar novamente em sua casa, na segurança de seu quarto, decorado com todo esmero para uma menina de quinze anos de idade.
Depois de caminhar por algum tempo, ação que lhe parecia interminável, sentou-se em um pequeno sofá desgastado, cheirando a mofo. Deixando que a emoção falasse mais alto, chorou como nunca havia feito antes. Com vagar, tentou parar de chorar, fechar os olhos, sentir-se melhor, mas não conseguiu relaxar. Sentia-se prisioneira de seus próprios sonhos, de seus pensamentos. Em breve, ou melhor, assim que amanhecesse, o grupo de jovens voltaria e ela continuaria com aquela horrível sensação de que nada poderia ser feito, de que ninguém poderia ajudá-la.
Olhou através da porta de vidro, uma das poucas peças daquela construção antiga que ainda se encontrava totalmente de pé, e se sentiu sozinha como nunca houvera se sentido antes. Um silêncio profundo a envolveu, visto que a rua já estava deserta àquela hora. Agora era ela – que sempre tivera medo de casas mal-assombradas – a prisioneira daquele espaço que sempre lhe causara medo e arrepios quando, ao sair da escola, vinha até ali com Mariana e Antônio, seus melhores amigos nos tempos de escola.
A sensação de pavor só aumentava; era como se ela quisesse respirar e lhe faltasse o ar. Sua cabeça doía. Os pensamentos fervilhavam em sua mente. Queria entender pelo menos alguma coisa do que havia acontecido com ela. Há quanto tempo estaria ali, afastada de sua família, de seus pais, de seus avós, que tanto amava? E Tobias, seu lindo cachorrinho que sempre lhe fazia festas e lambia seu rosto para lhe demonstrar afeto e carinho, onde estaria? Onde estariam todos aqueles que lhe eram caros e a quem ela tanto amava?
Ouvira dizer que estava morta, mas como seria possível, se nunca se sentira tão viva como naquele momento? Como poderia ser verdade? Não se lembrava de praticamente nada, só do choque, do medo, da escuridão…
Naquele momento, o que conseguia lembrar era o horror com que Joana, a filha de Rosa, a empregada, havia gritado e se desesperado ao avistar sua presença, quando, em uma noite anterior àquela (pelo menos era isso que achava, já que não tinha sequer noção de tempo), tentou voltar para casa.
– Socorro! – gritou a menininha de apenas cinco anos de idade, que teve o poder de ver seu rosto quando ela tentou lhe falar.
A mãe, acorrendo ao chamado, tomou a menina em seus braços, consolando-a.
– Eu vi a Maria Eduarda, ela estava aqui, agora! – soluçou ainda a criança, tomada por extremo pavor.
– Sossegue, filhinha, sossegue. Volte a dormir, mamãe está aqui! – E, com lágrimas nos olhos, acrescentou: – A Duda não está mais aqui, a Duda foi morar no céu!
Logo depois, quando a menina adormeceu, Rosa, extremamente nervosa, havia comentado o ocorrido com as outras pessoas da casa.
– Como pode a Joaninha ter visto a Duda, se a Duda está morta? – questionou, desabando num choro convulsivo.
Ao lembrar desse fato, uma imensa tristeza invadiu
seu coração. Morta? Como assim estava morta? O que havia acontecido? Ela tinha tantos planos! Viajar para a Disney, fazer um intercâmbio em alguma cidade da Itália, casar-se com Jairo e ter filhos lindos!
De repente, sem que ela assim o quisesse, um pequeno flash se insinuou em sua mente e ela pôde se observar linda, num vestido de baile azul-turquesa, valsando alegremente com seu pai, que, elegantemente vestido, a conduzia por um salão enfeitado de balões rosa e azuis.
Lembrou-se também do olhar apaixonado de Jairo, que estava lindo vestindo um terno cinza com gravata vermelha, e de como ele, baixando os olhos quando ela o fitou, ficou ruborizado. Quanta alegria e emoção havia sentido naquela hora, apesar de ainda não conseguir entender se tudo aquilo havia sido um sonho magnífico ou fragmentos de uma dura realidade…
Tentou rezar as preces que sua mãe havia lhe ensinado quando era apenas uma criança e se aconchegava em seus braços na escuridão da noite, mas o medo que sentia naquele momento se agigantava, era maior do que tudo, e ela só conseguia balbuciar palavras sem nexo. Onde estaria sua família agora? Por que não conseguia estar com eles, estar perto deles?
Resolveu caminhar mais um pouco, até que, de repente, sua atenção foi despertada por um objeto ovalado e brilhante que estava semienterrado no chão de terra batida. Observando melhor, Duda encontrou um bonito medalhão que brilhava no escuro. A joia trazia um rosto em perfil, esculpido em relevo, e a letra M gravada em dourado. Estava presa a um cordão também dourado e parecia ser uma joia cara, tal o brilho que emanava. A jovem ficou intrigada com o achado. O que será que aquele objeto estava fazendo ali? Curiosa, abaixou-se e tentou pegá-lo, mas, por incrível que pareça, não conseguiu. Lembrou-se do filme Ghost, que havia assistido quando criança, onde o