Robinson Crusoé
De Daniel Defoe
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Daniel Defoe
Daniel Defoe (c. 1660–1731) was an English merchant, author, and political pamphleteer best known for the classic adventure novel Robinson Crusoe.
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Robinson Crusoé - Daniel Defoe
EDIÇÕES BESTBOLSO
Robinson Crusoé
Considerado um precursor do romance realista inglês e do jornalismo moderno, o escritor Daniel Defoe (1659-1731) entrou para a história da literatura universal com a criação do personagem Robinson Crusoé. Antes disso, porém, viveu como jornalista e redator de panfletos, atividades que o envolveram em intrigas políticas e fizeram com que fosse preso várias vezes. Foi a partir da publicação de Robinson Crusoé, quase aos 60 anos de idade, que Daniel Defoe passou a viver exclusivamente da literatura.
Tradução de
DOMINGOS DEMASI
Prefácio de
HELOISA SEIXAS
2ª edição
Rio de Janeiro – 2013
Sumário
Prefácio | Os primórdios do romance
Prefácio do autor
A vida e as estranhas e surpreendentes aventuras de Robinson Crusoé, marinheiro de York?
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D36r
Defoe, Daniel, 1660-1731
Robinson Crusoé [recurso eletrônico] / Daniel Defoe ; tradução Domingos Demasi; Heloisa Seixas. - 1. ed. - Rio de Janeiro : BestBolso, 2016.
recurso digital
Tradução de: Robinson Crusoe
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-85-7799-543-1 (recurso eletrônico)
1. Romance inglês. 2. Livros eletrônicos. I. Demasi, Domingos. II. Seixas, Heloisa. III. Título.
16-37882
CDD: 823
CDU: 821.111-3
Robinson Crusoé, de autoria de Daniel Defoe.
Título número 091 das Edições BestBolso.
Segunda edição impressa em agosto de 2013.
Texto revisado conforme Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Título original inglês:
ROBINSON CRUSOE
Copyright da tradução © 2004, 2008 by Domingos Demasi Filho.
Copyright do prefácio © 2004, 2008 by Heloisa Santos de Seixas.
Edição originalmente publicada na coleção Clássicos de Aventura (Rio de Janeiro, Editora Record, 2004) organizada por Heloisa Santos de Seixas.
www.edicoesbestbolso.com.br
Design de capa: Carolina Vaz com foto de Konrad Wothe intitulada Palm beach, coconut palm, Dominican Republic, Caribbean
(Latinstock Brasil).
Todos os direitos desta edição reservados a Edições BestBolso um selo da Editora Best Seller Ltda.
Rua Argentina 171 – 20921-380 – Rio de Janeiro, RJ – Tel.: 2585-2000
Produzido no Brasil
ISBN 978-85-7799-543-1
Prefácio
Os primórdios do romance
Quem inventou o romance como o conhecemos hoje? E quando? Já ouvi estas perguntas muitas vezes e já ouvi diferentes respostas. Muitos afirmam que o romance só foi inventado para valer com as histórias góticas escritas a partir do século XVII, como O castelo de Otranto, do inglês Horace Walpole, publicado em 1764. Outros entendem que já tinha sido inventado muito antes, em 1605, quando começou a ser publicado o Dom Quixote, de Cervantes. Mas há quem garanta que o surgimento do romance – ou pelo menos do romance inglês, o que não é pouco – tem data exata: 25 de abril de 1719. Nesse dia foi posto à venda um livro de título comprido (The life and strange surprizing adventures of Robinson Crusoe), que acabaria ficando conhecido no mundo inteiro simplesmente pelo nome de seu personagem (e que no Brasil ganhou acento): Robinson Crusoé.
Tudo isso pode ser discutido. Mas de uma coisa podemos estar certos: ao escrever Robinson Crusoé, Daniel Defoe conseguiu a proeza de criar um personagem eterno (mais famoso até do que ele próprio) e entrar para a história da literatura universal. É irônico que isso tenha acontecido com um homem tão pouco letrado, e isso nunca lhe foi perdoado por alguns intelectuais – um deles, Jonathan Swift, autor de Viagens de Gulliver, que o desprezava.
Nascido na Inglaterra em 1659 ou 1660 (nunca ficou estabelecido), Defoe era filho de um açougueiro, e o inglês que falava e escrevia era rude, popular, sem um pingo de erudição. Tendo trabalhado boa parte da vida como jornalista e redator de panfletos, não ligava muito para pontuação ou grafia. Escrever para ele era, sobretudo, um meio de pagar as contas: produziu mais de 200 tratados, panfletos e livretos sobre todos os assuntos imagináveis. Mas tinha a centelha do gênio, o que o tornaria um precursor também como jornalista, sendo o primeiro a ter artigos opinativos assinados e a fazer entrevistas de caráter pessoal, além de praticamente inventar o colunismo social.
Defoe já era um homem de quase 60 anos quando escreveu Robinson Crusoé e o fez – como tudo mais que escreveu – para ganhar dinheiro. Por isso mesmo, como destaca Guy Pocock em sua introdução para a edição da Everyman’s Library, o fato de ter criado um personagem tão eterno quanto Dom Quixote pode ser considerado um milagre literário
. Segundo Pocock, uma das explicações é que Defoe tinha uma incrível capacidade de observação, comparável à de Charles Dickens, assim como o dom de capturar o leitor, prender sua atenção, fazendo-o acreditar que aquilo que contava era verdade. Era um mestre em inventar fatos de maneira convincente. Conseguia ser tão realista em suas narrativas que inúmeros críticos se referem até hoje a seu livro Diário do ano da peste como um relato jornalístico sobre a peste de Londres (incluindo Otto Maria Carpeaux em sua História da literatura ocidental), embora Defoe tivesse apenas 5 anos na época em que a epidemia aconteceu.
Já a aventura de Robinson Crusoé é mesmo verdadeira – pelo menos em parte. Naquela época, circulava na Inglaterra a história de um marinheiro escocês chamado Selcraig (ou Selkirk) que, em setembro de 1704, depois de uma briga com o capitão de seu navio, foi deixado sozinho na ilha de Juan Fernandez, no Caribe, onde ficou até ser resgatado por outro navio, em fevereiro de 1709 – quase cinco anos depois. Pelo menos três pessoas escreveram a história desse marinheiro, que acabaria inspirando Defoe. E não é à toa que o Brasil é citado nas aventuras de Robinson Crusoé (ele chega a se estabelecer no Nordeste brasileiro, onde tem plantações de cana-de-açúcar). Na história real, o tal Selcraig também passou por aqui antes de cumprir sua penitência na ilha deserta. Assim como faria Crusoé na fantasia, Selcraig usou pele de cabra para fazer roupas quando as dele se gastaram, utilizando um prego no lugar de agulha. Construiu um abrigo rudimentar para lhe servir de casa, fazendo marcas nos troncos das árvores para registrar a passagem dos dias. E, assim como Crusoé, Selcraig também vivia cercado de gatos (que o ajudavam a manter os ratos a distância). Mas essa inspiração em fatos verdadeiros não diminui o mérito de Defoe. O que ele fez foi exatamente o que fazem os grandes escritores de todos os tempos: pegar a vida real e, com a ajuda de sua mágica interior, transformá-la em obra de arte.
Robinson Crusoé tem sido lido nos últimos séculos nas mais diversas versões, muitas delas resumidas, dirigidas a um público infantil ou juvenil. Esta edição, que traz na íntegra a primeira parte das aventuras do marinheiro (a segunda, Novas aventuras de Robinson Crusoé, é unanimemente considerada de qualidade inferior), foi traduzida com base na edição da Everyman’s Library, que a publicou pela primeira vez em 1906. Esta edição não divide a história em capítulos, havendo apenas uma espécie de subtítulo quando o autor decide reproduzir o próprio diário, retomando a narrativa corrida algumas páginas depois. É curioso notar que às vezes Defoe parece esquecer que está narrando em forma de diário e usa os verbos no passado, como se escrevesse não no dia do acontecimento, mas anos depois. A própria decisão de, de repente, reproduzir um suposto diário, voltando a narrar acontecimentos que já haviam sido descritos antes, é um anticlímax e quebra um pouco o ritmo da história. São pequenos erros de narrativa cometidos por Defoe, mas, como o resultado final compensa largamente, devemos perdoá-lo. Afinal, ao escrever Robinson Crusoé ele estava ajudando a dar forma definitiva ao romance como gênero literário.
E produzindo um livro que muitos gostariam de levar para uma ilha deserta.
Heloisa Seixas
Prefácio do autor
Se alguma vez as aventuras de um homem comum pelo mundo mereceram vir a público, e ser consideradas aceitáveis quando publicadas, o editor deste relato acredita ser este o caso.
Os prodígios da vida desse homem ultrapassam tudo o que (crê o editor) existe; a vida de um homem raramente seria capaz de maior diversidade.
A história é contada com modéstia, com seriedade e com um propósito religioso ao qual homens sensatos sempre se dedicam, isto é, para a instrução de outros por meio de seu exemplo e para justificar e honrar a sabedoria da Providência Divina, com toda a gama de peculiaridades, como quer que estas aconteçam.
O editor acredita que esta é uma história verdadeira; não há nela qualquer aspecto de ficção: e quem imaginar – porque todas essas coisas são discutíveis – que servirá tanto para a distração quanto para a instrução do leitor, que assim seja; e, como tal, acredita o editor estar, sem mais louvores ao mundo, prestando um grande serviço com esta publicação.
A vida e as estranhas e surpreendentes aventuras de Robinson Crusoé, marinheiro de York
Nasci no ano de 1632, na cidade de York, de boa família, mas não originária dali, pois o meu pai era um estrangeiro, de Bremen, que se fixou primeiramente em Hull. Ele tinha um bom estabelecimento comercial, e, depois de abandonar o seu negócio, passou a morar em York, onde se casou com a minha mãe, cujos parentes se chamavam Robinson, uma família muito boa da região, e por esse motivo fui chamado de Robinson Kreutznaer; mas, por causa da habitual corruptela de palavras na Inglaterra, nós agora somos chamados, não, nós nos chamamos e assinamos o nosso nome como Crusoé, e assim os meus amigos sempre me chamaram.
Tive dois irmãos mais velhos, um dos quais foi tenente-coronel de um regimento inglês de infantaria em Flandres, outrora comandado pelo famoso coronel Lockhart, e foi morto na batalha contra os espanhóis, perto de Dunquerque. O que sucedeu com o meu segundo irmão eu nunca soube, do mesmo modo que o meu pai ou a minha mãe nunca souberam o que sucedeu comigo.
Por ser o terceiro filho da família, e sem ter sido criado para qualquer ofício, muito cedo minha cabeça começou a encher-se de divagações. Meu pai, que era muito idoso, transmitira-me instrução de qualidade, à medida que uma educação no lar e uma escola pública do interior permitiam, e encaminhou-me para o estudo do Direito; mas nada me satisfaria, a não ser ir para o mar, e a minha inclinação para isso impulsionou-me fortemente a realizar o desejo, contra as ordens do meu pai e contra todas as súplicas e persuasões de minha mãe e de outros amigos, fazendo parecer que havia algo de fatal nessa minha natural propensão, a qual conduziria diretamente a uma vida de desgraça, que iria me acometer.
Meu pai, um homem circunspecto e sensato, deu-me sérios e excelentes conselhos a respeito do que previa ser o meu desígnio. Certa manhã, chamou-me a seus aposentos, onde estava confinado por causa da gota, e discutiu cuidadosamente esse assunto comigo. Perguntou-me que motivos, além da simples inclinação à vadiagem, eu tinha para deixar a casa paterna e a terra natal, onde poderia ser bem-sucedido e ter a possibilidade de fazer fortuna, por meio da dedicação e do empenho, levando uma vida tranquila e prazerosa. Disse-me que, por um lado, eram homens de destino terrível, ou, por outro, de sorte elevada, superior, que embarcavam em aventuras, ascendendo por audácia e tornando-se famosos em empreendimentos de natureza fora dos padrões; que todas essas coisas estavam muito acima, ou muito abaixo, de mim; que a minha condição era intermediária, ou o que se poderia chamar de situação superior de uma vida inferior, a qual havia muito ele descobrira, por experiência própria, era a melhor condição do mundo, a mais de acordo com a felicidade humana, pois não nos expunha às misérias e privações, ao trabalho e ao sofrimento da classe obreira da humanidade, e não nos constrangia com a altivez, o luxo, a ambição e a inveja da classe superior. Disse-me que eu deveria julgar a felicidade dessa condição por um único motivo, a saber, que essa condição de vida era a que todas as outras pessoas invejavam; que reis, frequentemente, lamentavam as infelizes consequências de terem nascido para os grandes atos e desejavam situar-se no meio dos dois extremos, entre o medíocre e o notável; que o sábio comprovou ser aquele o exato padrão da verdadeira felicidade ao rezar para que não houvesse nem pobres nem ricos.
Fez-me ver que, se observasse bem, eu sempre veria que as calamidades da vida eram com frequência repartidas entre as classes alta e baixa da humanidade; mas que os de condição média sofriam os menores desastres e não ficavam expostos a tantas vicissitudes quanto os das partes mais alta e mais baixa; não, não eram sujeitos a tantas perturbações e inquietações, de corpo ou espírito, como aqueles que, por vida corrupta, luxuosa e extravagante, por um lado, ou por dura labuta, carência de necessidades e meios ou dieta insuficiente, por outro, atraíam perturbações para si mesmos, por causa das consequências naturais de seu modo de vida; que a condição intermediária da vida era planejada para todos os tipos de virtudes e todos os tipos de deleites; que a paz e a abundância eram as criações de uma fortuna intermediária; que temperança, moderação, tranquilidade, saúde, convivência social, todas as agradáveis distrações e todos os prazeres desejáveis eram bênçãos à disposição da condição intermediária da vida; que, desse modo, os homens passavam silenciosa e suavemente pelo mundo, e, comodamente, o deixavam, sem os constrangimentos da labuta das mãos ou da mente, sem se vender à escravidão do pão de cada dia, ou se atormentar com situações atônitas, que roubam a paz da alma e o descanso do corpo, sem se enfurecer com a paixão da inveja, ou com o arder secreto da ânsia da ambição por coisas notáveis, mas, em uma confortável circunstância, deslizar suavemente pelo mundo, e provar com sensatez a doçura do viver, sem amargor, sentindo que é feliz e aprendendo pela experiência cotidiana a conhecer o que é mais sensato.
Depois disso, ele pressionou-me seriamente, e do modo mais afetuoso, a não me comportar como um menino, a não me precipitar nas desgraças das quais a natureza e as condições de vida em que nasci pareciam ter-me poupado; que não havia necessidade de eu ganhar o meu pão; que ele me proveria bem e se empenharia para que eu me estabelecesse satisfatoriamente na condição de vida à qual acabara de me recomendar; e que, se eu não me sentia muito à vontade e feliz no mundo, devia ser meu simples destino ou falha que o impedia, e que ele não mais poderia ser responsabilizado por isso, tendo, assim, cumprido o seu dever de me alertar contra medidas que, ele sabia, iriam me prejudicar: em suma, que faria coisas muito boas para mim se eu ficasse em casa e me estabelecesse de acordo com suas instruções, do mesmo modo que não contribuiria para o meu infortúnio incentivando-me a ir embora; e, para encerrar, disse-me que eu tinha o meu irmão mais velho como exemplo, a quem ele costumava dar os mesmos sinceros conselhos, porém não o conseguiu dissuadir de se alistar no exército, para que não fosse para a guerra dos Países Baixos, onde foi morto. Embora tenha dito que não deixaria de rezar por mim, mesmo assim ousou dizer-me que, se eu desse esse passo insensato, Deus não me abençoaria, e, mais adiante, eu teria tempo para refletir sobre como havia feito descaso de seu conselho, quando talvez já não houvesse mais nada que pudesse ajudar na minha recuperação.
Retive na lembrança essa última parte de seu discurso, que foi verdadeiramente profética, apesar de supor que meu pai não soubesse disso na ocasião; retive, também, as lágrimas que escorreram copiosas pelo seu rosto, especialmente quando falou no meu irmão que foi morto; e quando disse que eu teria tempo para me arrepender e ninguém para me ajudar, ficou tão comovido que interrompeu o discurso e confessou-me que o seu coração estava oprimido e que não conseguiria me dizer mais nada.
Senti-me sinceramente afetado pelo discurso; aliás, quem não se sentiria?, e resolvi não mais pensar em me lançar ao mar, mas permanecer em casa, de acordo com o desejo do meu pai. Mas, ai de mim, em poucos dias mudei de ideia; e, em suma, para evitar outras insistências por parte do meu pai, poucas semanas depois, tomei a decisão de fugir dele. Contudo, não agi precipitadamente, ao primeiro calor da minha resolução, mas procurei a minha mãe, numa ocasião em que achei que ela se encontrava mais bem-disposta do que o habitual, e contei-lhe que os meus pensamentos pendiam tanto para ver o mundo que nunca me estabeleceria em qualquer ofício com disposição suficiente para levá-lo adiante, e era melhor que meu pai me desse o consentimento do que me forçar a ir embora sem isso; que eu tinha 18 anos de idade, portanto era tarde demais para ser aprendiz de um ofício ou funcionário de um advogado; que eu estava certo de que, se o fizesse, não terminaria meu aprendizado e certamente fugiria do meu patrão antes de ser cumprido esse tempo, e iria para o mar; e se ela falasse com o meu pai para me deixar ir em apenas uma viagem para além-mar, e se eu voltasse para casa e não tivesse gostado, não iria mais, e prometeria um empenho dobrado para recuperar o tempo que havia perdido.
Isso deixou minha mãe bastante transtornada. Disse-me ela que sabia que não adiantaria falar com o meu pai sobre tal assunto; que ele sabia muito bem que era o meu intento fazer com que ele desse seu consentimento para algo que seria prejudicial para mim, e que ela estava admirada por eu imaginar uma coisa daquelas, depois da conversa que o meu pai tivera comigo, e com as expressões carinhosas e bondosas que, tinha certeza, ele usara comigo; e que, em suma, se eu estava disposto a me arruinar, não havia solução para mim; mas, se dependesse deles, eu nunca teria esse consentimento: da parte dela, não moveria uma palha para a minha destruição; e eu nunca pude dizer que minha mãe estava propensa a me apoiar enquanto o meu pai, não.
Apesar de a minha mãe ter-se recusado a tentar convencer meu pai, ouvi, posteriormente, que ela reproduziu toda a conversa para ele, e meu pai, depois de mostrar grande preocupação, disse-lhe, com um suspiro:
– Esse rapaz poderia ser feliz, se ficasse em casa, mas, se for para além-mar, será o desgraçado mais infeliz que já nasceu. Não posso consentir isso.
Foi somente quase um ano depois que fugi, embora, nesse meio-tempo, eu permanecesse surdo a todas as propostas de me estabelecer em algum trabalho. Frequentemente discutia com os meus pais, pois eles continuavam totalmente determinados contra o que, sabiam, a minha propensão forçava-me a fazer. Mas, certo dia, estava em Hull, aonde fui por acaso e sem qualquer propósito de fuga naquela ocasião; como disse, eu me encontrava lá, e um dos meus colegas, que ia por mar a Londres no navio do pai, sugeriu que eu fosse com eles, utilizando a notória sedução de marinheiro, isto é, que nada me custaria a passagem, e não consultei nem pai nem mãe, nem mesmo mandei avisá-los; deixei que soubessem por acaso, sem pedir a bênção de Deus, ou do meu pai, sem levar em conta as circunstâncias ou consequências, e, em péssima hora, sabe Deus, no primeiro de setembro de 1651 subi a bordo de um navio com destino a Londres; jamais os infortúnios de qualquer jovem aventureiro, creio eu, começaram mais cedo ou continuaram por tanto tempo quanto os meus. Mal o navio havia saído de Humber, o vento começou a soprar e as ondas a se levantarem do modo mais medonho; e eu, que nunca estivera antes no mar, senti um indescritível enjoo no corpo e terror no espírito. Comecei, então, a refletir seriamente sobre o que havia feito, e quão justamente fui alcançado pelo julgamento dos Céus, por ter deixado cruelmente a casa do meu pai e abandonado o meu dever; todos os bons conselhos dos meus pais, as lágrimas do meu pai e as súplicas de minha mãe surgiram-me claros na mente; e a consciência, que ainda não havia atingido o cume da insensibilidade em que se encontrava até então, censurou-me por causa do meu desprezo aos conselhos e da transgressão do meu dever para com Deus e o meu pai.
Enquanto isso a tempestade aumentava. O mar, no qual eu nunca estivera antes, subiu muito, em nada parecido com o que eu já vira até então; não, em nada parecido com o que eu veria dias depois: mas foi o suficiente para me afetar, pois não passava de um jovem marinheiro e não sabia nada daquele assunto. Achava que cada onda ia nos engolir, e que cada vez que o navio baixava, como eu imaginava, no cavado ou na depressão do mar, não voltaríamos mais a subir; e nessa agonia mental tomei muitas decisões e fiz o juramento de que, se aprouvesse a Deus poupar a minha vida naquela única viagem e eu voltasse a pôr os pés em terra, iria direto para a casa do meu pai e nunca mais voltaria a entrar num navio enquanto vivesse; que seguiria o seu conselho e jamais me envolveria numa desgraça como aquela. Percebi então claramente a excelência de suas observações sobre a condição mediana na vida, o modo tão tranquilo e tão confortável com o qual ele vivera todos os seus dias, sem nunca ter sido exposto a tempestades no mar ou a contratempos em terra; e decidi que iria, como um filho pródigo verdadeiramente arrependido, voltar para o meu pai.
Esses pensamentos sábios e sensatos continuaram durante toda a tempestade, e até mesmo por algum tempo depois; mas, no dia seguinte, com o vento abrandado e o mar mais calmo, comecei a me acostumar um pouco com aquilo. Contudo, continuava muito abalado por causa daquele dia e também ainda um pouco enjoado; mas, à tardinha, o tempo ficou claro, a ventania passou e se seguiu uma noite encantadora; o sol se pôs, perfeitamente luminoso, e assim nasceu na manhã seguinte; e com pouco ou nenhum vento e o mar calmo, o sol brilhando acima dele, o espetáculo, pareceu-me, foi o mais maravilhoso que eu já tinha visto.
Eu dormira bem à noite e já não estava enjoado, mas muito animado, observando maravilhado o mar, tão agitado e terrível no dia anterior e capaz de ficar tão calmo e agradável pouco tempo depois. Então, temendo que eu continuasse com as minhas boas intenções, o meu colega, que, aliás, tinha me convencido a viajar, aproximou-se de mim.
– E então, Bob – perguntou, dando-me um tapinha no ombro –, como se sente depois daquilo? Garanto que ontem à noite ficou apavorado, quando soprou aquela porção de vento, não?
– Chama aquilo de uma porção de vento? – retruquei. – Foi uma terrível tempestade.
– Tempestade? Mas que bobagem – rebateu ele. – Chama aquilo de tempestade? Ora, aquilo não foi nada; tendo um bom navio e espaço de manobra, não ligamos para uma rajada como aquela; mas você não passa de um marinheiro de primeira viagem, Bob; venha, vamos fazer uma tigela de ponche para nós e esquecer tudo isso; já viu que tempo maravilhoso está fazendo?
Para resumir essa triste parte da minha história, seguimos o velho costume dos marinheiros; o ponche foi feito, me embriagaram com ele, e, na perversão daquela única noite, afoguei todo o arrependimento, todas as reflexões sobre a minha conduta passada e todas as decisões para o meu futuro. Em suma, do mesmo modo que a maciez voltou à superfície do mar, que se acalmou com o declínio daquela tempestade, também cessou a agitação dos meus pensamentos. Meus temores e a apreensão de ser engolido pelo mar foram esquecidos, meus antigos desejos voltaram e esqueci completamente as juras e as promessas feitas durante a minha agonia. Na verdade, tive apenas alguns poucos intervalos de reflexão. De fato, algumas vezes os pensamentos sérios esforçaram-se por voltar, mas eu os afastei, curei-me deles como se fossem uma indisposição, entregando-me à bebida e à camaradagem. Logo consegui controlar a volta daqueles acessos, pois era assim que os chamava, e, em cinco ou seis dias, consegui uma completa vitória sobre a consciência, como faria qualquer jovem que não mais quisesse ser perturbado por aquilo. Mas, ainda assim, eu passaria por outra provação; a Providência Divina, como geralmente faz nesses casos, resolveu deixar-me totalmente sem desculpas. Por eu não ter encarado aquilo como uma salvação, a vez seguinte seria de tal modo que o pior e mais insensível desgraçado entre nós admitiria o perigo e clamaria por misericórdia.
Em nosso sexto dia no mar alcançamos o ancoradouro de Yarmouth; com o vento contrário e o tempo calmo, tínhamos percorrido muito pouco desde a tempestade. Ali, fomos obrigados a permanecer fundeados, pois o vento continuou contrário, isto é, um sudoeste, por sete ou oito dias. Durante esse tempo, muitos navios provenientes de Newcastle alcançaram o mesmo ancoradouro, já que se tratava de um porto onde os barcos costumavam esperar por um vento para subir o rio.
Não devíamos ter esperado ali tanto tempo, e sim subido o rio com a maré; mas o vento soprava moderado, e só depois de termos ficado quatro ou cinco dias ancorados é que começou a soprar forte. Como o ancoradouro era tão bom quanto um porto, a taxa de arrimo era boa e o nosso encordoamento muito forte, nossa tripulação estava despreocupada e passou o tempo descansando e se divertindo à maneira do mar; mas na manhã do oitavo dia o vento aumentou e toda a tripulação teve de trabalhar para ferrar os mastaréus da gávea e deixar tudo recolhido e protegido das intempéries, a fim de que o navio pudesse flutuar com a maior tranquilidade possível. Ao meio-dia o mar ficou realmente encapelado e o nosso barco começou a mergulhar o castelo de proa, embarcando várias ondas. Uma ou duas vezes ficamos imaginando se a nossa âncora tinha sido aferrada; depois disso, o comandante ordenou que fosse largada a âncora de emergência; e então fomos com duas âncoras pela proa e os cabos todos esticados até a ponta.
Por essa ocasião, já estávamos sendo castigados por uma terrível tempestade, e passei a ver terror e espanto até mesmo nos rostos dos próprios marujos. O comandante, embora atento ao esforço de preservar o navio, entrando e saindo de sua cabina, ao passar por mim disse baixinho para si mesmo: Senhor, tende piedade de nós ou estaremos todos perdidos, estaremos todos arruinados
e assim por diante. Durante essa primeira agitação, fiquei estupefato, deitado imóvel no meu cubículo, que ficava na casa do leme, e não consigo nem descrever o meu estado de espírito. Quase retomei o arrependimento inicial, que tão visivelmente eu menosprezara e ao qual me tornara insensível. Acreditava ter superado o amargor da morte, e que, daquela vez, como da primeira, nada aconteceria. Mas quando o próprio comandante passou por mim, como disse há pouco, e ouvi-o dizer que estávamos todos perdidos, fiquei terrivelmente apavorado. Coloquei-me de pé e olhei para fora; nunca vira uma cena tão horrível: o mar elevava-se à altura de montanhas e quebrava sobre nós a cada três ou quatro minutos; quando consegui olhar em volta, não pude enxergar nada além de aflição ao nosso redor. Descobrimos que os dois navios que navegavam próximos a nós, por estarem muito carregados, tiveram os seus mastros quebrados; e os nossos marujos gritaram que o navio que ia cerca de uma milha à nossa frente tinha ido a pique. Outros dois navios, arrancados de suas âncoras, saíram do ancoradouro para o mar aberto, à deriva, e sem um só mastro de pé. Os barcos mais leves saíam-se melhor, pois não eram tão castigados pelo mar; mas dois ou três deles desgarraram-se, passaram junto a nós e afastaram-se, com apenas a vela de espicha e de vento em popa.
Perto do anoitecer, o imediato e o contramestre imploraram ao comandante de nosso navio para que os deixasse cortar o mastro de popa, o que ele relutava muito em fazer: mas, como o contramestre alegou que, se não o fizesse, o navio iria a pique, ele concordou; depois de cortarem o mastro de popa, o mastro principal ficou tão frouxo e sacudia tanto o navio que também foram obrigados a cortá-lo, deixando o convés desimpedido.
Qualquer um é capaz de imaginar em que condições eu me encontrava, em meio a tudo aquilo, já que não passava de um marinheiro de primeira viagem que nem de longe havia presenciado tal horror. Mas, se sou capaz de expressar agora o que me passou pela cabeça na ocasião, percebo que fiquei num estado mental de terror dez vezes maior do que diante da própria morte, por causa das minhas convicções anteriores e por ter-me afastado delas em troca das outras que maldosamente havia adotado; e estas, acrescidas ao terror da tempestade, me colocaram em tal estado que não encontro palavras para descrevê-lo. O pior, porém, ainda estava por vir; a tempestade prosseguia com tamanha fúria que os próprios marujos reconheceram nunca ter presenciado uma pior. Tínhamos um bom navio, mas ele estava tão carregado e chafurdava tanto no mar que, vez por outra, os marinheiros diziam aos gritos que ele ia a pique. De certo modo, levei vantagem por não saber o que era ir a pique
, o que só fiquei sabendo depois de perguntar. Contudo, a tempestade era tão violenta que vi uma cena incomum: o comandante, o contramestre e alguns outros mais sensatos do que os demais dedicando-se a preces e à espera de que, a qualquer momento, o navio fosse para o fundo.
Durante a noite e em meio a todas as nossas outras agonias, um dos homens que desceram para fazer uma averiguação avisou que estávamos com um vazamento; outro disse que havia mais de um metro de água no porão. Em seguida, todos foram convocados para a bomba. O simples fato de ouvir essa palavra fez com que eu sentisse meu coração quase parar dentro de mim e caí do beliche, na beira do qual estava sentado. Mas os homens me levantaram e disseram que, como até então eu fora incapaz de prestar qualquer ajuda, teria de bombear junto com os outros. Então me recuperei, fui para a bomba e bombeei com toda a força. Enquanto eu trabalhava, o comandante, ao ver alguns pequenos barcos carvoeiros que se aproximavam de nós (por terem sido incapazes de se livrar da tempestade, sendo obrigados a largar as amarras e se fazer ao mar), ordenou que um canhão fosse disparado como sinal de perigo. Eu, que não sabia o que isso significava, fiquei muito assustado, pensando que o navio se rompera ou que tinha acontecido algo terrível. Em resumo, o susto foi tão grande que caí desmaiado. Como se tratava de uma situação em que todo mundo estava preocupado com a própria vida, ninguém ligou para mim nem para o que tinha acontecido comigo; alguém avançou para a bomba, empurrou-me para o lado com o pé e deixou-me deitado ali, imaginando que eu estava morto; e se passou muito tempo até que eu voltasse a mim.
Continuamos nossa atividade, mas a água aumentava no porão, levando a crer que o navio ia a pique. Embora a tempestade abrandasse um pouco, mesmo assim parecia impossível que o navio permaneceria flutuando até conseguirmos alcançar um porto. O comandante continuou disparando canhões para pedir ajuda, e um navio menor, que enfrentava o temporal bem diante de nós, arriscou enviar um bote para nos ajudar. Foi só por muita sorte que o bote conseguiu se aproximar, mas era impossível embarcarmos. O bote não conseguia permanecer perto do costado do navio; finalmente, com os homens remando forte e arriscando suas vidas para nos salvar, nossa tripulação jogou por cima da popa um cabo com uma boia amarrada nele, deixando descair uma grande extensão; eles então, depois de muito esforço e com sorte, conseguiram agarrar o cabo. Puxamos o bote para perto de nossa popa e fomos todos para bordo do bote. Não era intenção deles nem nossa, depois que embarcamos, pensar em alcançar o navio deles. Todos concordamos em deixar o bote à deriva e apenas guiá-lo em direção à praia o máximo que pudéssemos. Nosso comandante prometeu que, se o bote se arrebentasse na praia, compensaria o comandante deles com um novo; assim, em parte remando e em parte à deriva, o bote seguiu para o norte, pendendo na direção da praia até o cabo Winterton.
Não estávamos mais do que 15 minutos fora do nosso navio quando o vimos afundar – e só então entendi o que queria dizer ir a pique. Devo confessar que mal consegui erguer a vista quando os marujos me disseram que ele estava naufragando; desde o momento em que simplesmente me colocaram no bote (em vez de me mandarem pular para ele), meu coração parecia paralisado