King

KING

(CAVALEIROS SINISTROS #2)

de

ARIA COLE

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King Williams já viu o outro lado do inferno, a sua solidão torturada a esconder a dor por detrás do seu maxilar marmóreo. Uma fortaleza de espírito teimoso permitiu-lhe chegar até aqui, mas uma noite com Piper numa festa do clube é tudo o que basta para dissolver as muralhas que construiu. Agora não a consegue tirar da cabeça. A sua necessidade obsessiva enfurece-se antes de a puxar para profundezas tais que ambas as suas vidas ficam em risco. A única coisa que importa será talvez a única coisa que ele não consegue proteger.

Quando Piper Parish vê King, membro de alto nível do MC dos Cavaleiros Sinistros, quase nu já tarde numa noite, não é a primeira vez que ele lhe chamou a atenção. É, no entanto, a primeira vez que ela pôs os olhos nos abdominais empedernidos e nas linhas esculpidas no seu corpo de rufia. Como um relâmpago na escuridão, Piper vê-se atirada para uma viagem num remoinho com o pensativo motoqueiro... uma viagem que ele nunca a deixará esquecer.

UM

Piper

Eu amo-o, Piper. Eu sei que o disse antes, mas desta vez tenho a certeza. A sério, respirou Anna ao meu ouvido, dando um apertão no meu cotovelo.

Ryker está louco por ti. Consigo vê-lo. Só a maneira como o urso velho e rabugento está a olhar para nós agora... Ryker bufou, dando um longo trago da sua garrafa de cerveja. Apesar da tua brilhante disposição, estou feliz por estares de volta. Lancei um olhar ao homem do momento, ainda a pairar a alguns centímetros da sua miúda, a uma distância suficiente para conseguir ouvir, parecendo pronto para a roubar de mim a qualquer minuto.

Provavelmente estava.

Engoli um suspiro, os meus olhos dirigindo-se, não pela primeira vez, na direcção de King, observando carrancudo desde o outro lado da sala, com uma garrafa de cerveja a condizer na sua mão. Ultimamente tinha desejado que King olhasse para mim da mesma maneira que Ryker estava agora a olhar para Anna.

Anna merecia felicidade, e eu sabia sem sombra de dúvida que Ryker era o homem que a fazia feliz. Mas isso não queria dizer que eu não estivesse um bocadinho invejosa do amor que ela encontrara. Eu tinha passado muito mais tempo no rancho nos últimos anos desde que Ryker tinha ido para a prisão, não que Anna precisasse de uma baby-sitter, mas a ausência de Ryker era-lhe difícil.

Nalgumas noites eu limitava-me a abraçá-la na sua cama e deixá-la chorar no meu ombro.

Não havia mais nada que eu pudesse fazer.

Anna não só estava a recuperar de um ataque às mãos de alguém em quem ela confiara. Mas então Ryker, que a tinha salvado de um destino bem pior, tinha sido roubado da sua vida também. Anna nunca foi a mesma depois de Ryker ter partido.

E agora que Ryker estava de volta e o rosto de Anna apresentava um sorriso radiante, deixava-me com apenas uma pessoa na cabeça.

Alguém que eu tinha visto a pairar nas sombras já há anos, no limite do meu alcance, encorpado e pensativo e mais esperto do que qualquer outra pessoa que eu tivesse conhecido.

Eu tinha crescido como uma irmã mais nova dos Cavaleiros Sinistros mas, desde o início, tinha uma queda incontrolável pelo mais calado do grupo, King Williams. Sempre ponderado, atencioso, com um sentido de humor irónico e uma barba completa que me deixava com borboletas no estômago.

Mando-te mensagem mais tarde, okay? Anna sorriu, as mãos de Ryker já a puxarem-na para longe de mim.

Divirtam-se! Acenei-lhes um adeus, sem conseguir impedir que o seu sorriso contagiante me cobrisse também o rosto. Não havia nada que eu gostasse mais do que ver a minha melhor amiga feliz, mesmo que o tipo que a fazia sentir-se assim fosse um filho da puta enorme e assustador.

Cada um com a sua, presumi.

Assim que os meus olhos pousaram na aparelhagem de som montada num canto, King apareceu no meu campo de visão, de cabeça dobrada e com os seus olhos nos meus carregados de rímel.

Ele era tão devastador que quase fiquei sem respiração.

Ele aproximou-se, os seus olhos nunca deixando os meus, e de repente estava no meu espaço e absorvendo todo o oxigénio dos meus pulmões.

O-olá, balbuciei.

Piper. Ele acenou, parando junto ao meu ombro, mil coisas por dizer nos seus olhos.

Mordi o meu lábio inferior, sem conseguir formar uma única palavra.

King e eu tínhamos tido centenas de conversas sobre centenas de coisas diferentes ao longo dos anos, mas agora, de repente, estava a sufocar na minha língua.

Como está a Anna? Perguntou King finalmente, desviando o olhar.

Óptima, agora que Ryker está aqui.

King anuiu, a sua boca enviesada num sorriso astuto.

O ar pesava entre nós, uma energia tão densa e sufocante que quase me varria só