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Evangelho e instituição
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E-book272 páginas3 horas

Evangelho e instituição

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Sobre este e-book

Grande parte da Igreja e mesmo da humanidade não crente deseja e espera que Papa Francisco promova mudanças profundas. Devemos ajudá-lo nessa tarefa. Para isso é necessário aprofundar uma posição mais profética e crítica em relação ao mundo e às estruturas da Igreja como, em seu tempo, Jesus fez em relação à instituição religiosa. Este livro quer contribuir para isso, com uma reflexão sobre a tensão que existe entre "Evangelho e Instituição". Tem um caráter de meditação bíblica e teológica. Liga fé e espiritualidade, história e desafios da ação da Igreja no mundo. Em diálogo com a teologia do padre José Comblin, seu mestre, o monge Marcelo Barros o escreveu com muito amor à Igreja e para fortalecer a fé de irmãos e irmãs, e contribuir com a edificação do corpo de Cristo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de jan. de 2015
ISBN9788534940634
Evangelho e instituição

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    Evangelho e instituição - Marcelo Barros

    CapaRosto

    Índice

    Capa

    Rosto

    Introdução

    Capítulo I - O assunto deste livro

    1. O que entender por Evangelho

    2. O segredo da instituição

    Capítulo II -Igreja, que dizes de ti mesma?

    1. A necessidade atual dessa reflexão

    2. Um rápido olhar sobre as Igrejas (a partir da realidade latino-americana, seu passado e presente)

    3. A consolidação da cristandade

    4. A tentativa atual de impor uma nova cristandade

    5. O que esse modelo de Igreja põe em risco

    6. A tentação de se criar uma cristandade neopentecostal

    7. O olhar teológico por trás das estruturas

    Capítulo III -Bíblia e Instituição religiosa

    1. A instituição religiosa na Torá

    2. O templo e a instituição religiosa de Israel

    3. A profecia e o serviço à transformação do mundo

    4. O surgimento do Judaísmo

    5. As comunidades paulinas e a instituição religiosa

    6. Jesus e as instituições religiosas

    Capítulo IV -O Evangelho e o poder religioso

    1. A questão do poder nas comunidades paulinas

    2. Os Evangelhos sinóticos e o poder nas comunidades

    3. As tentações do poder

    4. Tu és Pedro e sobre essa pedra...

    5. Tudo o que ligares na terra...

    6. O poder nas comunidades joaninas

    8. O que concluir desse capítulo

    Capítulo V -A imagem de Deus e a questão do poder

    1. Deus todo-poderoso

    2. Deus sem poder

    3. Cristo ressuscitado, ícone do não poder

    4. A discussão sobre o teísmo e imagens não teístas de Deus

    Síntese do capítulo

    Capítulo VI -Por uma Igreja testemunha do projeto divino

    1. Uma Igreja inserida no aqui e agora

    2. Na realidade atual, ser Igreja com os pobres e dos pobres

    3. Uma Igreja servidora do reinado divino

    4. A Igreja em estado permanente de renovação

    5. A assembleia do povo de Deus

    6. Um novo modo de ser Igreja

    7. Igreja, comunidade inclusiva

    8. Igreja, espaço de comunhão universal

    Capítulo VII -Viver a espiritualidade em meio aos conflitos

    1. Como encarar espiritualmente o conflito

    2. A conflitividade do mundo

    3. Igrejas cheias de conflito

    4. Situar-se interiormente perante os conflitos

    4.1 Conflito e a construção da paz

    4.2 Conflitos na Igreja

    4.3 Profecia e heresia...

    4.4 Conflitos de cultura

    5. Como viver a espiritualidade nos conflitos

    5.1 O compromisso de nos converter permanentemente

    5.2 O método da oração

    5.3 Assumir o conflito na fé

    5.4 Manter o espírito de diálogo, busca e interrogação

    5.5 Não descer da cruz

    5.6 Aprender a lidar com a agressividade

    5.7 Uma palavra de conclusão

    Pósfacio I - É preciso sonhar

    O Evangelho vem de Jesus Cristo. A religião não vem de Jesus Cristo

    A religião: distinção entre o sagrado e o profano

    Tarefa da teologia: no Evangelho e na religião

    Primeira tarefa: o que diz o Evangelho?

    O que fazer com a religião?

    Pósfacio II - Os problemas de governo da igreja

    1. A eleição do papa

    2. A descentralização

    Coleção Comunidade e Missão

    Sobre o autor

    Ficha catalográfica

    Notas de rodapé

    Quem me conhece sabe que não gosto de polemizar e naturalmente sofro muito ao descobrir alguém aborrecido comigo. Desde jovem, por viver em comunidade, aprendi a distinguir o debate no campo das ideias e a divisão no campo pessoal.

    No nível da fé, procuro sempre alimentar a comunhão com irmãos e irmãs de fé. Pela fé, trabalho para transformar o mundo e para que venha o reino de justiça e paz sobre todo o universo. Mas não posso consagrar-me a essa mudança social, sem, ao mesmo tempo, cuidar da minha conversão pessoal e da purificação da nossa Igreja, para que ela se apresente ao Senhor e à humanidade pura e sem mancha, como queria Paulo, e possa ser o que pediram os bispos latino-americanos em Medellín: uma Igreja pobre, missionária e pascal, comprometida com a libertação de toda a humanidade e do ser humano por inteiro (Med. 5, 15).

    Desde a conferência de Medellin (1968) para os nossos dias, muitas coisas aconteceram no mundo e nas Igrejas cristãs. Diante das dificuldades de inserir-se na realidade atual e de dar uma palavra profética para o mundo de hoje, muitas vezes, ministros e pastores se refugiam em posturas de poder e reforçam a instituição.

    Ao testemunhar diversos fatos desse tipo, há anos medito e pesquiso a questão do poder na Igreja. Sobre isso, muitas vezes, conversei com um de meus maiores mestres de vida, o padre José Comblin, que, nos seus últimos anos de vida, várias vezes, falou publicamente e escreveu sobre esse tema. Recolho aqui nestas páginas alguns de seus ensinamentos. Dedico, então, essa meditação bíblica e espiritual sobre Evangelho e Instituição ao meu professor e mestre de toda a vida, o querido e saudoso padre José Comblin, em gratidão por tudo o que, em tantos anos de sua vida dedicada à América Latina, dele pudemos aprender.

    Como sobre todos os assuntos, sempre se pode ver ao menos dois ângulos, de modo algum quero apresentar essas reflexões como o único olhar possível sobre o assunto. Com esse escrito, quero apenas provocar o diálogo com irmãos, irmãs de caminhada eclesial sobre um tema que toca a todos nós: a profecia evangélica e suas consequências para nossas Igrejas. Tenho consciência de que se trata de uma reflexão incompleta e me proponho a manter o coração e a mente abertos a qualquer crítica de conteúdo e complementação que alguém queira fazer a essas páginas: Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas (Ap 2,7).

    Palavra de Santo Agostinho (bispo do século IV): (na introdução do seu livro sobre a Trindade)

    Quanto a mim, não terei repugnância de, na dúvida, procurar e, no erro, me instruir. Se quem me lê comunga com a minha certeza, percorra o caminho comigo. Se partilha as minhas dúvidas, procure comigo. Se se reconhece no erro, retorne ao que digo; se me surpreende no erro, afaste-se de mim. Assim, avançaremos juntos no caminho da caridade para Aquele do qual está escrito: Procurai sem cessar a sua face (...). Ninguém conseguiu se fazer compreender por todos e sobre todas as coisas. Se o que escrevo não satisfaz a alguém e ele compreende mais facilmente outros autores, versados nesses temas, deixe então o meu livro e dedique seu tempo àqueles que ele compreende. Mas não pense que teria sido melhor eu me calar, já que fui incapaz de me exprimir com facilidade e clareza. Todos os escritos de todos os autores não caem nas mãos de todos os leitores. Pode acontecer que leitores capazes de compreender as minhas obras não tenham acesso a esses livros, considerados melhores do que os meus. Então, é útil que muitos autores publiquem, com estilos diferentes, obras variadas. A fé é igual, os temas idênticos, e permite a um número maior de leitores ficarem a par da questão; uns, de uma maneira; outros, de outra. Se alguém não me compreende, no lugar de me oprimir com recriminações e injúrias para me reduzir ao silêncio, que ele faça um maior esforço para compreender. Se ele quiser com caridade e sinceridade me corrigir, no caso em que eu ainda viva neste mundo, isso será um resultado considerável que tirarei do meu pequeno trabalho. Se eu não puder mais tirar proveito da correção, aqueles que puderem o façam com minha plena aprovação. (...) Espero da misericórdia de Deus que me faça perseverar em todas as verdades que são certas, e se tenho algum sentimento contrário ao que é verdade, me faça perceber isso seja por alguma inspiração íntima, seja pelo testemunho de meus irmãos. Esse é o compromisso que faço com Ele que é bastante poderoso para manter o que me deu e ainda me dar o que prometeu.{1}

    I

    O ASSUNTO DESTE LIVRO

    Pouco tempo antes de partir, o padre José Comblin, que, desde meu primeiro ano de Teologia até o final da sua vida, foi sempre meu mestre e amigo, teve um discurso que havia proferido no Chile, divulgado nos meios de comunicação. Sua conferência era sobre a situação atual da Igreja Católica na América Latina e no mundo. Por causa de suas afirmações livres e proféticas, sua palavra suscitou discussões e polêmicas nos meios eclesiásticos. Sobre Comblin, um bispo católico do Brasil publicou um artigo intitulado: Ocaso de um profeta. Reagi, então, com um artigo no qual expressava que, ao contrário do que aquele bispo afirmava, os profetas bíblicos sempre foram críticos e até pessimistas com relação à situação da comunidade de Israel. E Comblin exercia o seu profetismo exatamente por ser livre e muito crítico. Eu me solidarizava com meu mestre e deixava claro que concordava com tudo o que ele dizia na sua conferência. Comblin me escreveu agradecendo. Nessa mensagem, me contava que queria escrever umas reflexões mais profundas sobre a relação entre Evangelho e Instituição. Três dias depois, repentinamente, nos deixou. Certamente, sua partida imprevista deixou esse projeto inacabado. Posteriormente, quase dois anos depois, Mônica Muggler, que foi, para Comblin, sua filha espiritual e secretária, publicou uma série de escritos sobre esse e outros temas afins e deu ao livro o título que Comblin havia deixado: O Espírito Santo e a tradição de Jesus.{1} Desse livro aproveitei muitos elementos.

    Nos anos de 1990, escrevi um livro sobre Igreja e poder e acabei por não publicá-lo. Um dia, mostrei-o ao padre Comblin. Ele gostou do conjunto e me fez várias observações que anotei. Agora, em sua memória, decidi retomar essa meditação e publicá-la como uma provocação ao diálogo com quem quiser aprofundar essa relação entre Evangelho e instituição.

    Sobre esse assunto, há vários livros e estudos. Basta lembrar um dos mais famosos livros de Leonardo Boff: Igreja, Carisma e Poder.{2} Já no século XIX, o padre Antonio Rosmini escreveu: As cinco chagas da Santa Igreja, livro no qual ele tocava em problemas sérios que ferem a Igreja.{3} Provocou com esse escrito muita controvérsia e mal-estar. No Brasil, tivemos vários outros estudos. Só para citar um, A volta à grande disciplina, do padre João Batista Libânio, no qual o autor comenta o retrocesso institucional da Igreja, a partir do pontificado de João Paulo II. Em uma linha mais meditativa e bíblica, já mais recentemente, o próprio padre Comblin escreveu para a editora Paulus um livro sobre A vocação para a liberdade e outro sobre A profecia na Igreja. Ambos contêm reflexões sobre isso. Recentemente, Hans Küng escreveu: A Igreja tem salvação? (Paulus, 2012).

    A partir de março de 2013, o Papa Francisco começou o seu ministério, apresentando-se como bispo de Roma. Ele mantém um estilo pessoal simples e comunicativo, e dá declarações que prometem mudanças na estrutura da Igreja. Desde então, muitos católicos e não católicos se perguntam sobre o significado disso, se é possível alguma mudança profunda e até que ponto irá esse movimento de renovação que o Papa Francisco parece desejar.

    Estamos ainda no início desse processo e não podemos ainda dizer muita coisa sobre ele nem usar palavras do papa para algo que ele pode não aprovar. Entretanto, é verdade que seus gestos simples e algumas palavras proféticas sobre a necessidade da Igreja abrir-se ao mundo, inserir-se no mundo dos pobres e dialogar, estimulam em muitos o aprofundamento de uma teologia e uma espiritualidade que deem respaldo e apoio a esse processo de renovação evangélica. Por outro lado, esse fato de o papa revelar-se como líder carismático de imensa força social pode simplesmente reforçar uma instituição que em si mesma não favorece as mudanças e transformações sociais e humanas que seriam de acordo com o projeto divino de justiça e paz para todos. Se um papa bom torna simpática e palatável uma estrutura que em si seria rejeitada, essa bondade e simpatia acabam servindo para algo que não é bom.

    Uma grande parte da Igreja e mesmo da humanidade não crente deseja e espera que o Papa Francisco possa promover e coordenar mudanças profundas na Igreja. Em uma de suas entrevistas no Brasil, ele citou o ditado medieval: A Igreja deve sempre se reformar. Devemos ajudá-lo nessa tarefa. É possível não apenas se empolgar com as afirmações simpáticas e gentis do papa, mas formarmos nós mesmos uma posição mais crítica e profunda em relação ao mundo e às próprias estruturas da Igreja, como Jesus fez em seu tempo? É isso que desejo com as reflexões deste livro.

    Pensei essa meditação sobre Evangelho e Instituição como um diálogo com o pensamento do padre José Comblin sobre esse assunto e dei a essas páginas o caráter de meditação bíblica e teológica que liga fé e espiritualidade, Bíblia e vida concreta, história e desafios da ação da Igreja e de sua renovação no mundo. Proponho-me a uma reflexão no estilo da teologia latino-americana. Escrevo estas linhas como monge – conforme a tradição mais antiga, os primeiros monges deixavam suas comunidades paroquiais e iam ao deserto para contestar o mundo, mas também a Igreja que, a partir do século IV, deixava de ser perseguida e se acomodava às estruturas do império. Os monges antigos queriam continuar e atualizar a mística dos mártires, testemunhas radicais do Reino de Deus para o mundo, mas também ajudar a Igreja inteira a retomar essa mística. Deus sabe que é isso que me motiva. Por esse amor a meus irmãos e irmãs da Igreja que considero minha mãe, escrevo esta reflexão que é crítica, mas construtiva da fé na edificação do corpo de Cristo, edificação esta que é vocação de toda a Igreja.

    Como o próprio título deixa claro, escrevi sobre a relação entre Evangelho e Instituição. Não quero opor as duas coisas. Caso pensasse assim, teria colocado como título: Evangelho ou Instituição. Desde os 18 anos, pertenço à ordem beneditina, uma das mais tradicionais da instituição da Igreja e não tenho nenhuma intenção de deixá-la, embora faça questão de ser crítico e de ajudar a instituição a se abrir e se renovar. Nestas páginas, vocês encontrarão, sim, tanto nos textos do padre Comblin quanto na minha reflexão, uma oposição entre a radicalidade do Evangelho de Jesus e a tentação de absolutizar a instituição ou considerá-la completa e perfeita.

    De propósito, o livro é para provocar a reflexão e o diálogo. Escrevi uma introdução breve para explicar os termos, tanto o que se entende por Evangelho como o sentido no qual uso a palavra instituição. O primeiro capítulo é uma tentativa de olhar a realidade da Igreja tanto hoje como em sua história. Nenhum olhar é neutro. Nessa primeira parte que chamamos de ver, já faço algumas observações e antecipo algumas conclusões que parecem misturar as três etapas, ver, julgar e agir. Entretanto, seja como for, em termos teológicos, a segunda parte da reflexão é a mais consistente. É formada de dois capítulos de meditação bíblica sobre como a questão do poder foi tratada pelos profetas bíblicos e no Novo Testamento, e que conclusões isso pode ter para a nossa imagem de Deus. Finalmente, no que seria a terceira parte, proponho alguns elementos para quem quer viver uma espiritualidade eclesial, mesmo em tempos de inverno institucional. A seguir, cito dois textos do padre Comblin sobre como ele vê o governo na Igreja. Tenho consciência de que este livro é ainda uma reflexão incompleta. Dirijo-me a leigos militantes e agentes de pastoral de base para confirmá-los na fé e em sua opção comunitária, assim como em uma espiritualidade militante e ecumênica. Sei que as relações entre paroquianos mais ligados à caminhada da Igreja inserida ou simplesmente mais abertos de mentalidade e os seus párocos nem sempre são fáceis. Do mesmo modo, alguns bispos têm conflitos com militantes de pastorais sociais e cristãos engajados nos movimentos populares. Quero ajudar o diálogo a partir da opção mais profunda da fé e das opções do Evangelho.

    Pelo fato de ser crítico, de modo algum me sinto desvinculado de uma profunda comunhão com a hierarquia de minha Igreja. Tenho profunda afeição e apreço pelo bispo, pastor da minha Igreja local, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, com quem procuro manter-me em profunda comunhão. Do mesmo modo, estimo e dialogo com muitos outros bispos e pastores da Igreja Católica no Brasil e em outros países. Quando escrevi o conjunto do livro que vocês lerão nestas páginas, Roma ainda não havia recebido como bispo o atual Papa Francisco. Como a maioria dos católicos no mundo, tenho agradecido a Deus a escolha desse latino-americano simples e comunicativo para ser bispo de Roma, e espero que ele restitua ao papado essa função principal e essencial de ser o bispo efetivo e verdadeiro de Roma, e como bispo de Roma, possa ser realmente pastor da unidade entre as Igrejas particulares de todo o mundo e mesmo das Igrejas que não se colocam em comunhão com a sé romana. Assim, poderemos superar essa atual situação de neocristandade que não ajuda a Igreja a cumprir sua missão no mundo atual e escutar com mais acuidade e obediência o que o Espírito diz hoje às Igrejas e ao mundo. Essa reflexão tem como propósito fortalecer os irmãos e irmãs no seu caminho de intimidade com Deus, ou seja, na espiritualidade evangélica, ecumênica e inserida na luta pacífica para transformar esse mundo.

    1. O que entender por Evangelho

    O significado do termo é aparentemente óbvio. As Igrejas falam em quatro Evangelhos (sem falar nos apócrifos). Para os cristãos, esses Evangelhos são os textos mais usados e conhecidos da Bíblia. Uma boa parte das Igrejas da Reforma se chamam evangélicas. Nas últimas décadas, um dos verbos mais usados nas Igrejas tem sido evangelizar. Em 2007, a 5ª Conferência Geral dos bispos latino-americanos em Aparecida do Norte, SP, propôs uma nova campanha continental de evangelização. O que parecia estar por trás disso era a constatação de que, de acordo com o último censo (2000), o número dos católicos no Brasil tem diminuído. Mesmo os que continuam como membros da Igreja não têm sempre revelado um verdadeiro dinamismo da fé e do ardor apostólico. Ninguém disse explicitamente que, em Aparecida, se tinha compreendido evangelização como anúncio novo de Jesus Cristo, mas anúncio realizado para e na Igreja Católica. O documento de Aparecida faz apelo a criar uma nova civilização de amor, mas, em seus textos, fala mais da missão como o esforço de transmitir a fé católica a quem deixou de ser católico ou nunca o foi. Geralmente, esses elementos parecem

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