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Transtornos Emocionais: bases neuroquímicas e farmacoterápicas
Transtornos Emocionais: bases neuroquímicas e farmacoterápicas
Transtornos Emocionais: bases neuroquímicas e farmacoterápicas
E-book278 páginas3 horas

Transtornos Emocionais: bases neuroquímicas e farmacoterápicas

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Sobre este e-book

O presente trabalho, de revisão e de síntese, oferece aos estudantes e aos profissionais de saúde não psiquiatras, uma visão didática básica dos transtornos emocionais, sua neuroquímica e sua terapêutica.
Como a ampliação das categorias profissionais que compõem o campo de saúde: Medicina, Farmácia, Odontologia, Psicologia, Enfermagem, Fisioterapia, Educação Física, Nutrição, Fonoaudiologia, Serviço Social, tornou-se recomendável que esses profissionais, procedentes de fundamentos distintos de conhecimento, identificassem as alterações emocionais, que podem se originar tanto de desordens clínicas sistêmicas como de transtornos neuropsiquiátricos, como uma concepção complementar das suas próprias especialidades.
Este texto enfatiza a necessidade de um atendimento multiprofissional integral, não preconceituoso e humanizado ao paciente, razão dos descuidados da equipe da saúde.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de fev. de 2019
ISBN9788591340507
Transtornos Emocionais: bases neuroquímicas e farmacoterápicas

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    Transtornos Emocionais - Elimar Jacob Salzer Rodrigues

    Elimar Jacob Salzer Rodrigues

    Transtornos Emocionais:

    bases neuroquímicas e farmacoterápicas

    Juiz de Fora

    1ª edição - Eletrônica 2019

    Para Alice, Antenor, Maria e Elias. 

    À minha casa, a Universidade Federal de Juiz de Fora. 

    Parafraseando Clarisse Lispector:                 

    Que ninguém se

    iluda, só se consegue a

    simplificação através

    de muito trabalho.

    Trecho adaptado do livro A Hora de Estrela, Rocco, 1998.

    Sumário

    Apresentação

    Lista de Siglas

    Capítulo 1

    Fundamentos de Farmacologia Geral

    Capítulo 2

    A Emoção e o Transtorno: visão neuroquímica

    Capítulo 3

    Transtornos de Ansiedade: classificação e farmacoterapia

    Capítulo 4

    Transtornos do Sono: fisiopatologia e hipnoindutores

    Capítulo 5

    Transtornos Mentais Associados à Epilepsia Anticonvulsivantes

    Capítulo 6

    Transtornos do Humor: bases diagnósticas, neuroquímicas e farmacoterápicas

    Capítulo 7

    Transtornos Psicóticos: neuroquímica e antipsicóticos

    Capítulo 8

    Dependência Química

    Capítulo 9

    Emergência no Transtorno Comportamental Agudo

    Capítulo 10

    Medicamentos e Doenças Sistêmicas Associados a Sintomas Emocionais

    Bibliografia

    Índice Remissivo Simplificado

    Apêndice

    Alterações do DSM-IV para a versão DSM-5

    Apresentação

    Este trabalho foi concebido com objetivo didático. Não é acabado e nem tem essa pretensão. Ouso apenas considerá-lo uma abordagem inicial do tema para alguns e um estímulo para os interessados ao aprofundamento posterior.

    O incentivo para esta produção nasceu de convites recebidos para a condução de cursos de extensão com o tema Psicofarmacologia. Além dos graduandos da Universidade Federal de Juiz de Fora, esses cursos acolhem alunos e profissionais de diversas áreas de saúde, com alicerces heterogêneos de conhecimento. Por isso, fazendo uso da minha experiência profissional, procurei reunir conceitos classicamente aceitos, na esperança de facilitar o diálogo dos alunos e dos profissionais de saúde não psiquiatras com os seus próprios pacientes e com outros profissionais, já que a área de saúde é, cada vez mais, um espaço de interlocução entre os diferentes campos do saber.

    Tentei sintetizar os fundamentos da Psicofarmacologia acrescentando as necessárias noções de Farmacologia Geral, da Fisiologia e da Fisiopatologia Neuroquímica das Emoções e a classificação dos seus Transtornos, tendo em mente o tempo e o ritmo de nossas vidas, remetendo sempre o leitor a referências bibliográficas mais completas.

    Estudos contemporâneos teóricos e práticos na área de saúde têm destacado a inter-relação entre alterações emocionais e desordens sistêmicas. Portanto, é de particular importância que os profissionais de saúde estejam familiarizados com as manifestações emocionais que podem resultar de problemas clínicos sistêmicos ou do abuso de substâncias, já que estas condições podem simular transtornos emocionais ditos funcionais, ou o inverso: transtornos neuropsiquiátricos dificultando, e até inviabilizando, o controle das doenças sistêmicas. Esse reconhecimento é de crucial importância, já que uma pode estar na base da outra ou ser mesmo a sua causa.

    Trabalhamos com as palavras. Ouvimos as palavras que nos diz o nosso paciente: seus significados e seus simbolismos. Esforçamo-nos por servir a ele com atenção, compreensão e empenho. Nossos cuidados deverão ser os mais acurados, amplos e abertos a toda e qualquer possibilidade terapêutica que lhe possa restaurar o bem-estar.

    Como estamos no caminho, caminharemos juntos.

    Elimar Jacob Salzer Rodrigues

    Lista de Siglas

    ACh                Acetilcolina

    ACTH             Hormônio adrenocorticotrófico

    AD               Antidepressivo

    Adr                Adrenalina

    ADTs                Antidepressivos tricíclicos

    AIDS             Síndrome da imunodeficiência adquirida

    AMPc          Monofosfato de adenosina cíclico

    AOD              Álcool e outras drogas

    APA                American Psychiatric Association

    AVC                Acidente vascular cerebral

    BDNF            Fator neurotrófico derivado do cérebro

    BZD              Benzodiazepínico

    CANMAT        Canadian Network for Mood and Anxiety Treatment

    CID-10          Classificação Internacional de Doenças – versão 10

    CG                Crise generalizada (epilepsia)

    CO2                Gás carbônico

    CP                Crise parcial

    CPC                Crise parcial complexa

    CPS                Crise parcial simples

    CPSG            Crise parcial secundariamente generalizada

    CR                Centro respiratório

    CRF                Fator liberador de corticotrofina

    DA ou D        Dopamina

    D1 a D4        Receptores de dopamina 

    DE-50      Dose-efeito 50%

    DL-50            Dose-letal 50%

    DHEA          Dehidroepiandrosterona

    DII                Doença inflamatória intestinal

    DMT             Dimetiltriptamina

    DOB              Dimetiloxibromoanfetamina

    DOM            2,5-dimetoxi-4-metilanfetamina

    DPOC          Doença pulmonar obstrutiva crônica

    DRGE          Doença do refluxo gastroesofágico

    DSM-IV        Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – versão IV 

    ECG                Eletrocardiograma

    ECT                Eletroconvulsoterapia

    EEG                Eletroencefalograma

    ELT                Epilepsia do lobo temporal

    EV                Endovenosa

    FDA              Food and Drug Administration (U.S.)

    GABA            Ácido gama-aminobutírico 

    GABA A/B      Receptores A/B do GABA 

    GC                Glicocorticoide

    GH                Hormônio do crescimento

    H                Histamina

    HAS                Hipertensão arterial sistêmica

    HHSR            Sistema hipotálamo-hipófise-suprarrenal

    IAM                Infarto agudo do miocárdio

    IL-1                Interleucina 1

    IM                Intramuscular

    IMAO            Inibidor da monoamioxidase

    IT                Índice terapêutico

    IRNS            Inibidor da recaptação de noradrenalina e de serotonina

    ISRS               Inibidor seletivo da recaptação de serotonina

    LE                Limiar epileptogênico

    LEC                Líquido extracelular

    LIC                Líquido intracelular

    LES              Lúpus eritomatoso sistêmico 

    LSD-25          Dietilamida do ácido lisérgico 

    LTP           Potencial de longa duração

    MA                Metanfetamina

    MAO A/B        Monoaminoxidase A/B 

    MDA                Metilenodioxianfetamina

    MDMA          Metilenodioximetanfetamina 

    NK                Natural killers (células)

    NOR                Noradrenalina

    NT                Neurotransmissor

    O2                Oxigênio

    OMS               Organização Mundial de Saúde

    PA                Pressão arterial

    PCP                Fenilciclidina

    pH                Potencial hidrogeniônico

    REM                Movimento rápido dos olhos (sono)

    SAHOS          Síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono 

    SII                Síndrome do intestino irritável

    SGOT            Transaminase glutâmico-oxaloacética sérica

    SGOP            Transaminase glutâmico-pirúvica sérica

    SNA                Sistema nervoso autônomo

    SNC                Sistema nervoso central

    SNS                Sistema nervoso simpático

    SOE                Sem outra especificação

    SR                Suprarrenal

    STEP-BD      Systematic Treatment Enhancement Program for Bipolar Disorder

    SUS                Sistema Único de Saúde

    T ½                Meia-vida (fármaco)

    TAG                Transtorno de ansiedade generalizada

    TCE                Traumatismo cranioencefálico 

    TDPM           Transtorno disfórico pré-menstrual

    TEPT             Transtorno de estresse pós-traumático 

    THB                Transtorno do humor bipolar

    TNF                Fator de necrose tumoral

    TOC                Transtorno obsessivo-compulsivo

    TP                Transtorno de pânico

    TGE                Trato gastroentérico

    UFJF              Universidade Federal de Juiz de Fora

    UTI                Unidade de tratamento intensivo

    VO                Via oral

    5-HT              5-hidroxitriptamina

    5-HT1A         Receptor da 5-HT

    5-HT 2            Receptor da 5-HT

    5-HT 3            Receptor da 5-HT

    Capítulo 1

    Fundamentos de Farmacologia Geral


    A psicofarmacologia moderna é, em grande parte, a história da neurotransmissão química.

    Para compreender o impacto das doenças sobre o sistema nervoso central e para interpretar as consequências comportamentais dos psicofármacos e das drogas psicoativas, os princípios da neurotransmissão química não podem ser subestimados.

    Serão abordados de forma simplificada os fundamentos de: Farmacocinética, Interações medicamentosas e Fatores que alteram os efeitos dos fármacos.

    O presente capítulo formará a base de entendimento para os textos que se seguirão.


    Farmacologia Geral

    A introdução de um Fármaco no organismo visa à obtenção de Efeitos controlados. Para isso ele tem que inicialmente exercer uma Ação. Do ponto de vista farmacológico, esses dois termos são assim definidos: Ação do fármaco é a sua ligação aos seus receptores específicos, modificando-os. Efeitos do fármaco resultam desta ação. Ambos, ação e efeitos, podem ser alterados por diversas influências. Entre elas a Farmacocinética, as Interações medicamentosas e os demais Fatores que alteram os efeitos dos fármacos (Brunton et al., 2010), que veremos a seguir.

    Farmacocinética

    É a movimentação do fármaco dentro do organismo. Realiza-se em uma cadeia de eventos sincronizados com as seguintes etapas básicas:

    1. Absorção; 2. Distribuição; 3. Armazenamento; 4. Biotransformação;

    5. Eliminação.

    1. Absorção

    Significa a passagem da substância do local da aplicação para a corrente sanguínea. A substância administrada pode ter dois tipos de atuação:

    Tópica, no local da aplicação - Pele, mucosas, conjuntiva, orofaringe: dispensa a absorção.

    Sistêmica, em órgãos ou tecidos distantes. Caindo na corrente circulatória, a substância será distribuída por todo o organismo.

    A absorção sofre interferência da Via de administração, da Característica química da substância, e da Formulação farmacêutica (Cordás e Moreno, 2008).

    • Vias de administração

    Endovenosa (EV): Dispensa a absorção, já que o fármaco é aplicado diretamente na corrente circulatória. É uma via especial, reservada para situações em que a necessidade do início de ação do fármaco é urgente, ou quando outras vias estão impedidas. Apresenta maior risco de efeitos adversos: cardiorrespiratórios, tóxicos, contaminação, lesão do endotélio vascular e sobredose relativa.

    Intramuscular (IM): Pode ser utilizada em casos de urgência relativa. É usada para a administração de: volumes moderados de soluções; veículos oleosos, contraindicados pela via endovenosa pelo risco de embolia lipídica; soluções irritantes para as vias subcutânea e EV. Apresenta possibilidade de efeitos adversos como: abcessos, quando o fármaco se cristaliza no local; contaminação e a possibilidade de algumas substâncias, como o diazepam, apresentarem absorção lenta e errática.

    Via oral (VO): É a mais segura e a mais amplamente utilizada. A absorção não é tão rápida, mas processa-se em toda a extensão do trato gastroentérico (TGE).

    • Característica química da substância

    Para a absorção mais rápida e confiável de uma substância não irritante que se absorva no estômago ou nas primeiras porções do intestino, é recomendável sua administração em jejum ou com pouco alimento. O oposto ocorre para substâncias irritantes da mucosa gástrica ou duodenal, ou quando seja mais conveniente uma absorção mais lenta. Nesse caso, recomenda-se ingeri-las após refeições.

    • Formulação farmacêutica

    Exerce grande influência na velocidade de absorção pela VO, sendo das soluções para as cápsulas e drágeas, respectivamente, as de maior e menor velocidade de absorção.

    Outras vias de administração: subcutânea, intradérmica, transdérmica (adesivo) sublingual, endorretal, endovaginal, broncopulmonar (inalação, aspiração nasal). Os princípios acima se aplicam a todas as vias.


    Biodisponibilidade: É a fração da substância administrada que teve acesso à corrente circulatória. É essa fração que poderá atingir o órgão de resposta. A biodisponibilidade pode ser baixa se o fármaco foi inativado na parede do TGE ou no fígado antes de atingir a circulação sistêmica [metabolismo de primeira passagem] ou se a absorção for incompleta por fatores físico-químicos do fármaco e/ou do meio orgânico.


    2. Distribuição

    Através da corrente circulatória o fármaco administrado será distribuído para os diversos tecidos: os órgãos ou tecidos-alvo, os locais de armazenamento, de biotransformação e de eliminação. Em geral, essa distribuição se dá simultaneamente em todos esses pontos.

    A velocidade de distribuição depende da maior ou menor perfusão sanguínea dos órgãos e, em grande parte, do compartimento corpóreo que ela tem que penetrar para exercer sua ação. Para isso importam as características de hidro ou lipossolubilidade do fármaco e, portanto, de sua maior ou menor capacidade de atravessar barreiras celulares.

    A água corpórea corresponde a 60% do peso corporal e está dividida em dois compartimentos funcionais principais: o líquido intracelular (LIC) - 40% e o líquido extracelular (LEC) - 20% - (intersticial -15% + intravascular5%).

    As substâncias atravessam membranas celulares por difusão  aquosa

    ou por difusão lipídica.

    Difusão aquosa é a passagem das moléculas do fármaco através dos poros das membranas, dependendo ainda do seu peso molecular (PM);

    Difusão lipídica é a passagem da substância administrada pela camada lipídica da membrana celular. Não depende do PM. É o processo predominante. Os fármacos que exercem ação nas membranas e, portanto, só precisam estar no LEC, têm início de ação mais rápido do que aqueles que devem penetrar na célula para atuar.

    O percentual de ligação do fármaco às proteínas plasmáticas, especialmente à albumina, é um importante fator que modifica a distribuição, a velocidade e a duração da ação. As proteínas são moléculas volumosas e quando a substância se liga a elas, forma-se um complexo químico inativo, por ser grande demais para sair do vaso.

    • Essa ligação não é estável, nem pode ser. Existe sempre uma fração do fármaco livre [ativa] e uma fração ligada [inativa].

    • Estas frações permanecem em equilíbrio, dependendo do meio e das propriedades do produto químico. À medida que a fração livre vai passando para os sítios de ação, para os locais de biotransformação ou de excreção, outras moléculas vão se desligando das proteínas plasmáticas para manter o equilíbrio entre estas duas fases.

    • Quando se emprega simultaneamente mais de um fármaco, um pode deslocar subitamente maior quantidade do outro fármaco de suas ligações plasmáticas, tornando-o ativo em maior quantidade do que a esperada, provocando um efeito explosivo, geralmente tóxico, potencialmente letal.

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    3. Armazenamento

    É realizado em diversos locais do organismo que têm a propriedade de reter o fármaco e liberá-lo à medida que se reduz a sua concentração plasmática.

    Principais sítios orgânicos de armazenamento:

    • Proteínas plasmáticas - A ligação dos fármacos com as proteínas plasmáticas pode representar uma forma de armazenamento.

    • Tecido adiposo - Com cerca de 20% do peso corpóreo nos homens e 25% nas mulheres, é outro importante local de armazenamento. Uma molécula com alto coeficiente de partição óleo/água tende a acumular-se no tecido adiposo, especialmente se esse é mais abundante, não exercendo seu efeito ou fazendo-o em tempo diferente do planejado, em razão da sua redistribuição, que irá ocorrendo posteriormente.

    4. Biotransformação ou metabolismo

    Constitui um conjunto de alterações químicas a que o fármaco está sujeito no organismo. Visa especialmente a torná-lo bioquimicamente inativo e compatível para a eliminação:

    Modifica fármacos lipossolúveis em formas mais polares - hidrossolúveis, que são incapazes de atravessar de volta a camada lipídica das células dos órgãos de excreção, sendo, portanto, mais passíveis de eliminação.

    • Muitos fármacos têm alto coeficiente de partição óleo/água, ou seja, são muito lipossolúveis, o que facilita a sua reabsorção a partir dos órgãos de eliminação para o sangue. Esse processo aumenta o tempo de ação da substância no organismo, favorecendo o seu acúmulo em concentrações não determinadas, podendo chegar à sobredose.

    • A biotransformação pode transformar fármacos ativos em metabólitos inativos, menos ativos, ou mais ativos do que o composto original.

    • O fígado é o principal órgão de biotransformação, pelas enzimas que possui, embora esse estágio possa se passar em qualquer outro órgão. Por exemplo: a enzima mitocondrial MAO (Mono-Amina-Oxidase), responsável pela biotransformação oxidativa dos neurotransmissores (NT): dopamina (DA), noradrenalina (NOR), 5-hidroxitriptamina ou serotonina (5-HT), tiramina (TA), está presente no fígado, cérebro, rins, coração e plaquetas.

    • As propriedades enzimáticas são geneticamente determinadas.

    Um processo importante na intensidade  e  na  duração  da  ação  das substâncias é que elas podem alterar a função das suas enzimas metabolizadoras, produzindo: indução ou inibição enzimática.

    Indução enzimática - Aumenta a atividade ou a síntese das enzimas metabolizadoras.

    A indução enzimática acelera a biotransformação de muitos fármacos, reduzindo sua concentração plasmática, diminuindo, portanto, a intensidade e a duração de suas ações.

    Como muitas enzimas são inespecíficas, o emprego de um fármaco indutor enzimático pode produzir a aceleração do metabolismo de outros fármacos administrados concomitantemente.

    Inibição enzimática - É o fenômeno oposto. Resulta no acúmulo do fármaco que deveria ser inativado pela enzima cuja ação ficou inibida. Pode ocasionar intoxicações perigosas, às vezes letais.

    5. Eliminação

    É uma das principais formas de que o organismo dispõe para fazer cessar os efeitos dos fármacos administrados. As principais vias de eliminação são: salivar, renal, biliar e fecal. Muitos fármacos podem ser excretados no leite materno. Procura-se evitar sua prescrição para a lactante ou fazê-lo de forma muito cuidadosa.

    Todas as etapas acima relacionadas envolvem a passagem da substância por barreiras representadas por membranas celulares que têm características seletivas próprias.

    Interações Medicamentosas

    É a influência recíproca que uma substância pode exercer sobre outra de uso simultâneo produzindo, muitas vezes, efeitos inesperados, temíveis. Por isso, a monoterapia farmacológica é sempre a mais segura. No entanto, sintomas múltiplos por vezes não respondem a uma só medicação (Stahl, 2010).

    Em todo paciente, uma atenção especial deverá ser prestada à interação, positiva ou negativa, dos fármacos administrados simultaneamente, pois eles podem simular sintomas de doenças emocionais ou não,

    além de representarem risco para o paciente quando não devidamente percebidos. Neste item serão destacados: 1. Principais mecanismos de interação entre fármacos; 2. Fenômenos adaptativos dos receptores; 3. Neurotransmissores; 4. Receptores; 5. Locais de ação das substâncias psicoativas na sinapse nervosa.

    1. Principais mecanismos de interação entre fármacos

    • Interação de ação - Quando os fármacos atuam nos mesmos receptores.

    • Interação de efeito - Quando os fármacos atuam em receptores diferentes, mas seus efeitos são relacionados: complementares ou

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