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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Fim

Este blogue encerrou às 24h00 de 31 de Dezembro de 2009, fim do mandato do provedor. Poderá, se o desejar, contactar o ex-provedor para [email protected].

Praga de Catual em balanço

Um dos combates que o provedor procurou desenvolver ao longo dos seus dois anos de mandato foi contra a falta de concordância de certos tempos verbais que se seguem à partícula "que", quando esta é sujeito da oração e se refere a um plural retomado da oração anterior. Acontece que no português escrito e falado de hoje existe grande probabilidade de sair asneira: o predicado ser enunciado no singular. Baptizou o provedor este frequente erro como "praga de Catual", a partir de dois versos de Os Lusíadas onde Camões respeita a concordância: "Era este Catual um dos que estavam/ Corruptos pela Maumetana gente" (canto VIII, estrofe 81, negrito do provedor).

O provedor considera o seu esforço nesta matéria em grande parte frustrado, a avaliar por alguns exemplos mais recentes recolhidos da leitura ocasional do PÚBLICO:

“é uma das fotos que mais me impressionou” (P2, 26 de Dezembro, pág. 9);

“lançou um ‘míssil’ daqueles que faz grandes estragos” (P2, 23 Dez., pág. 2);

“um dos deputados que ficou proibido de toda a actividade política“ (13 Dez., pág. 21);

“um dos governos anteriores que assumiu esse compromisso” (8 Dez., pág. 40);

“um dos cancros que mais mata em Portugal” (7 Dez., pág. 8);

“uma das frases que fez história no PSD” (7 Dez., pág. 10);

“Lisboa é uma das cidades que aderiu ao No Berlusconi Day” (5 Dez., pág. 19);

“Genebra é também uma das poucas cidades que tem um minarete” (1 Dez., pág. 18);

“um dos raros intelectuais que assume não apreciar por aí além a obra de Pessoa"; “Beirão foi justamente um dos jurados que deu à Mensagem o prémio” (P2, 1 Dez., pág. 6 - os dois exemplos no mesmo artigo, "Mensagem clonada", onde porém se escreve correctamente: “Um dos que criticaram esta opção de Pessoa foi Casais Monteiro”);

“Uma das peculiariedades que mais contribui para essa perplexidade” (P2, 23 Nov., pág. 10);

“Outro dos momentos que vai ficar para a história da televisão” (P2, 21 Nov., pág. 15);

“Somos uma das sociedades europeias que mais rápida e profundamente se alterou nos últimos anos” (11 Nov., pág. 5);

“Uma nas novidades que mais a impressionou, nestes primeiros dias de parlamento” (16 Out., pág. 8).

Na verdade trata-se de um combate difícil, dada a forma como o vício está entranhado no jornalismo português. Ainda na passada terça-feira, 29 de Dezembro, o provedor ouviu o apresentador das notícias das 13h00 na RTP1 referir-se a “um dos primeiros pontos a ser inundado".

Entretanto, a propósito do tema, o provedor recebeu do leitor João Brandão a seguinte observação:

"Sobre o problema do Catual, em que tem geralmente razão, remeto-o para a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra. Aí, em 'Concordância Verbal', pág 494. e seguintes da minha 5ª edição, vem uma concordância com a posição que tem defendido. Porém, no ponto 3 (pág. 498), admite-se que quando o pronome relativo 'que' vem antecedido de 'um dos ... (+ substantivo), o verbo de que ele é sujeito vai para a 3ª pessoa do plural ou, mais raramente, para a 3ª pessoa do singular'. Apresenta dois exemplos dessa excepção, um deles de Camilo Castelo Branco ['um dos primeiros homens doutos que escrevia em português', adiantando-se ainda outras ocorrências do género, como em Aquilino Ribeiro: 'O bispo de Silves foi um dos que caiu no erro funesto']. Em observação nota: 'O verbo no singular destaca o sujeito do grupo em relação ao qual vem mencionado...'"

O provedor também conhecia esta admissão registada por Celso Cunha e Lindley Cintra (e podia até acrescentar outros exemplos, como Eça de Queirós em Os Maias, capítulo X: "E Carlos, furando, pôde enfim avistar no meio do montão um dos sujeitos que correra no prémio dos Produtos"). Mas considera tratar-se de uma condescendente indulgência de filólogos esmagados perante o peso de celebridades literárias, e não concorda que se admita a razoabilidade de uma excepção que vai contra toda a lógica sintáctica da língua. Rejeita com efeito a ideia de que, porque um escritor consagrado comete um erro idiomático (e tantos existem), esse erro deva ser promovido aos cânones linguísticos. Não é de aceitar, aliás, que, no caso vertente, as duas fórmulas possam estar correctas de acordo com o arbítrio de quem escreve. Porquê "mais raramente" na terceira pessoa do singular, como dizem Cunha e Cintra, que não apresentam para isso qualquer justificação racional (o que é bizarro, temos de concluir)? E como saberá quem escreve em que altura se aplica o "mais raramente"? Deve existir uma regra, e basta decompor analiticamente as frases e verificar quem é o sujeito para se concluir que o tempo verbal terá forçosamente de ser conjugado no plural. Tão simples como isso. É verdade que há vícios de linguagem que tendem a enraizar-se e perpetuar-se, e este é um deles. Também é um facto que certas corruptelas acabam erigidas em regras linguísticas (impostas pelos falantes). Mas não parece ao provedor que possa ser esta a situação. Para que o português não seja uma língua de trapos, deve obedecer a um normativo coerente, defendido pelos seus cultores. É o caso.

Cuidado com a língua

Agradeceria que fosse chamada a atenção dos vossos jornalistas para o seguinte:

Títulos de uma notícia na edição de 26 Junho, no nosso jornal PÚBLICO: "Preço dos combustíveis - Dossier perde-se na Autoridade da Concorrência". Não é grave, mas nada justifica usar-se ainda o vocábulo "dossier" quando já está aportuguesado para "dossiê". Por exemplo, nesta mesma edição, é utilizado (e muito apropriadamente) o vocábulo "robô", que veio substituir "robot". Porquê esta dualidade de critério? Apenas me ocorre que as notícias tenham sido escritas por jornalistas diferentes, um que está atento às alterações linguísticas que foram introduzidas (há bastante tempo, não têm nada a ver com o novo acordo ortográfico) e outro nem por isso.

Geraldes Lino

"Um vendedor dorme perto das suas couves enquanto aguarda pela chegada de compradores num mercado em Taiyuan, na província chinesa de Shanxi... " [PÚBLICO, Novembro de 2008, dia indeterminado]. Não se aguarda "por" - espera-se "por" mas aguarda-se alguma coisa, sem preposição. Embora o erro seja cada vez mais corrente, continua a ser erro, e já bastam as televisões para o difundir...

Ana Luísa Faria

Na edição electrónica de 26 de Maio, está inclusa uma notícia com o seguinte título: "Quinze mil polícias ficam a aguardar pelo descongelamento dos escalões".

A autoria do artigo é de José Bento Amaro, que, eventualmente, não será o autor do título. De facto, é comum redactores, directores e outros responsáveis sublinharem esse aspecto quando há protestos a incidir sobre títulos. Não me parece que isso diminua em nada a gravidade dos erros: o leitor encara o jornal como um produto completo e raramente cura de saber se o erro é deste ou daquela; para ele, é do jornal.

O erro, neste caso, é evidentemente o "aguardar por". De facto, não se aguarda por uma coisa, um acontecimento ou uma pessoa, aguarda-se uma coisa, um acontecimento ou uma pessoa. É um erro muito comum, causado, julgo eu, pela semelhança com o verbo esperar que, esse sim, pede um "por" em alguns casos.

Igualmente habituais, nos jornais em geral e no PÚBLICO em particular, são casos semelhante como "alastrar-se" (por vezes a asneira é aumentada com um "por", como em "alastrar-se pelo País!..."), fórmula corrompida por "espalhar" ou, ainda, "aproximar-se a", letalmente "envenenado" pelo sinónimo "chegar".

São modas (como o inenarrável "o Chipre", que tem ganho o favor de escribas e locutores que, em breve, estarão a referir-se à Angola e ao Portugal, ou o igualmente apatetado "Costa de Caparica" (sei que neste caso ainda se discute...).

Mas, também, que esperar de jornais que publicam, sem corar de vergonha, artigos onde se escreve "numa base de geleia de rosas onde acentam umas doces laranjas", como faz Ana Machado noutra peça da mesma edição do PÚBLICO, intitulada "Hélio Loureiro diz que quem matou D. João VI foi... o cozinheiro".

Sei que os avanços tecnológicos remeteram o revisor, como instituição, para os armazéns de velharias. Mas não haverá forma de ajudar jornalistas para quem a escola não foi muito bem sucedida a não cometerem erros que são grosseiros (apesar de muitas vezes se achar que são "pequenos")?

Augusto Dias

Onde, quem?

Uma das regras básicas do jornalismo consiste em que cada texto deve responder a quatro questões essenciais: o quê? quem? quando? onde? Mas por vezes isso fica esquecido, abrindo-se uma enorma lacuna. Exemplos:

Numa selecção de fotos do ano de 2009, publicada no P2 de 26 de Dezembro, na pág. 9 surge uma “imagem de corpo morto e metido num carrinho de supermercado”. Na detalhada fotolegenda, faltou o "onde".

Notícia na pág. 15 de 5 de Maio: “O Supremo Tribunal dos EUA aceitou um recurso apresentado pelo Governo e ordenou que seja apreciado se a televisão CBS não terá de pagar uma multa de 550 mil dólares por ter permitido que se visse o mamilo da cantora numa emissão em directo em 2004”. Que cantora? Faltou o "quem".

Incongruências

Uma contradição na mesma notícia (PUBLICO.PT, 27 de Maio de 2009):

Título:
"Miguel Portas diz que imposto europeu avançado por [Paulo] Rangel é comentário atrapalhado"
Texto:
“O cabeça-de-lista do BE às europeias, Miguel Portas, recusou terça-feira à noite qualquer novo imposto europeu sobre os cidadãos, considerando que a proposta do candidato do PS [Vital Moreira] foi um 'comentário atrapalhado'.”
PUBLICO.PT, 27/05

Uma contradição na mesma edição, anotada por um leitor:

Na edição do PÚBLICO do dia 25 de Janeiro, domingo, vem na revista "Pública" uma noticia que contraria uma outra noticia publicada no jornal. Esta situação é inaceitável e aconteceu no jornal do mesmo dia que a revista! Jornal, página 30, Desporto, artigo com o título “Bundesliga tirou à Premiership o estatuto de Liga mais rentável”; na linha 17 da segunda coluna a noticia diz: “Uma da perguntas é como é que a Bundesliga roubou à Premiership o estatuto de campeonato mais rentável”. Revista, página 28, Futebol; nas linhas 13 da segunda coluna e 14 da terceira o texto diz: “Há outros sinais de crise no melhor e mais rentável futebol do mundo”, referindo-se ao campeonato inglês (Premiership) e não ao alemão (Bundesliga). A minha questão é como é que no jornal dizem uma coisa e na revista dizem outra. Afinal qual é a liga mais rentável do Mundo?

Eugénio Castro Caldas

NOTA DO PROVEDOR: Será que entre o fecho da edição da "Pública" e a do jornal, que é uns quatro dias mais tarde, mudou o ranking mundial de rendibilidade dos campeonatos de futebol?

Uma opinião contra uma opinião

Na edição impressa de 7 de Maio de 2009 do PÚBLICO, na pág. 37, Helena Matos compara, assemelhando-os, a proibição de voos de e para o México [devido à gripe A], decretada pelo Governo de Havana, com o embargo económico decretado pelo Governo dos Estados Unidos da América contra o mesmo Governo. Ora, as diferenças entre as duas medidas são tantas e de tal ordem que me dispenso de as enunciar. Em resumo: a jornalista poderia invocar muitos argumentos para atacar o governo cubano (como aliás mais à frente no mesmo artigo faz), mas não este.

Escrever artigos não se limita a escrever frases bonitas. Sem rigor não chegaremos se não a desacreditar a imprensa e confundir os cidadãos. O dito não implica que não considere o PÚBLICO como um jornal que tenta acertar, e os jornalistas em causa como interessantes.

António Manuel Paula Saraiva

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A nacionalidade de um satélite

Em virtude da notícia publicada online no PÚBLICO de 29 de Julho de 2009 intitulada “Empresa portuguesa entre os proprietários de um satélite de observação da Terra”, venho denunciar a publicidade gratuita, para não falar em falsidades, que a notícia contém, começando pelo tí­tulo e em frases como: “Pela primeira vez, uma empresa portuguesa, incluída no grupo aeroespacial espanhol Deimos, vai lançar o seu próprio satélite de observação da Terra.”

A Deimos Engenharia não é uma empresa portuguesa, é sim uma subsidiária de uma empresa espanhola. Sendo que a casa mãe, Deimos Espanha, é que é dona do satélite.

É uma pena que jornais como o PÚBLICO, tido como de referência, publiquem uma notícia destas sem pelo menos investigar o que a fonte, Deimos Eng., afirma, aceitando tudo como verdade absoluta.

Isto não é jornalismo, é comunicado à imprensa por parte da Deimos.

Cristina Azevedo

Resposta da autora da notícia

A empresa Deimos Engenharia é de facto uma empresa portuguesa e não uma subsidiária espanhola. Foi fundada em Portugal em 2002, contribui para o tecido empresarial português e, além disto, tem realmente capital português entre os seus accionistas.

É considerada uma empresa participada e não uma subsidiária: embora tenha uma maioria de capital estrangeiro, do grupo aeroespacial espanhol Deimos, tem também a participação de capital português. Segundo o director da Deimos Engenharia, Nuno Ávila Martins, o capital português atinge os dois dígitos.

Em organizações internacionais, como a Agência Espacial Europeia (ESA), a Deimos Engenharia é identificada como uma empresa portuguesa.

Por fim, também não digo que a empresa portuguesa é a proprietária do satélite. Digo que se encontra entre – e sublinho a palavra “entre” – os seus proprietários, por ter precisamente uma participação de capital espanhol. E, para que não restassem dúvidas, procurei logo na primeira frase da notícia deixar claro que a Deimos Engenharia faz parte do grupo espanhol Deimos.

Portanto, a notícia não contém “falsidades”, nem é “publicidade gratuita”, como sou acusada de ter feito.

Teresa Firmino

Os constantes erros de concordância

“A diferença entre as sondagens e o resultado do referendo na Suíça provam que ‘há uma discussão oficial sobre o islão e uma discussão subterrânea’” (26 Dez. 2009, pág. 25);

“o número de assinantes de televisão paga (...) atingiram um novo máximo superior a dois milhões e meio de assinantes” (passe a redundância da palavra assinantes) (P2, 6Dez., pág. 18);

“A atmosfera que imprimiu ao seu programa redefiniram os talk-shows americanos” (P2, 21 Nov., pág. 15);

“a cobertura dos temas do PSD estão muito aquém do esperado” (11 Nov., pág. 13);

“As filmagens, a iniciar em Setembro desse ano, não estava dependente da contratação de alojamento hoteleiro para o pessoal técnico e artístico” (10 Nov., pág. 10);

“O discurso solto e simpático denunciam-lhe a juventude” (10 Nov., pág. 35);

“a música – todas as artes – transformam-se em esqueletos esvaziados e inúteis” (P2, 28 Out., pág. 3);

“As exumações requeridas por outros, que a família García Lorca não quer prejudicar, alterou os dados do problema” (P2, 25/10, pág. 10);

“...e o preço das casas caem inesperadamente” (subtítulo, 20 Out., pág. 21).

Cuidado: "avalanche"!

Tal como Bernardo Soares (heterónimo de Fernando Pessoa, que escreveu "A minha pátria é a língua portuguesa"), defensor intransigente do idioma luso, ouso questionar qual o motivo de a jornalista Isabel Gorjão Santos ter utilizado, na página 14 do PÚBLICO de 06.08.08 nada menos de 7 (sete!) vezes o galicismo/anglicismo "avalanche" em vez do português "avalancha".

João Chambers

RESPOSTA DO PROVEDOR: O Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de João Pedro Machado (Amigos do Livro, 1981), aceita as duas grafias, embora admitindo que a palavra original ("avalanche") é francesa.

RÉPLICA DO LEITOR:

Não tendo concordado com as explicações dadas em relação ao galicismo "avalanche", abusivamente utilizado nas páginas do PÚBLICO, consulto o HOUAISS, Edição de 2002, do Círculo de Leitores, e verifico, então, o seguinte:
- "avalanche" (escrito em itálico)- substantivo feminino (confira Francisco Solano Constâncio - "Novo diccionario critico e etymologico da lingua portugueza (sic), Paris 1836") ver AVALANCHA.
- avalancha - substantivo feminino (confira Cândido de Figueiredo "Novo Diccionário da Língua Portuguesa (sic), Lisboa 1939, 5.ª edição") - (entre outras hipóteses) Geologia - queda rápida e violenta de grandes massas de neve ou gelo pela encosta de
montanhas altas. Forma histórica 1836 avalanche, 1899 avalancha.

Como defensor intransigente da língua portuguesa ouso, então, questionar porquê, num jornal que se pretende de referência, a utilização insistente e repetitiva de um estrangeirismo quando, para a mesma palavra, existe um termo bem português? É que no artigo a que aludi o termo foi utilizado nada menos de sete vezes!

A bem da língua portuguesa.

João Chambers

Que é uma "porção de fruta"?

Escrevo porque gostaria que um jornal como o PÚBLICO continue a ser uma referência em termos de qualidade da informação mas também de cuidado na linguagem e na escrita. Ora, no que concerne às traduções a partir da língua inglesa, dois artigos consecutivos da revista "Pública" de 24.08.2008 merecem alguns reparos. No artigo "A Venezuela volta à ribalta da beleza", para além de algumas gralhas ("Sozsa" em vez de "Sousa") e falta de pontuação ("andarem, falarem dançarem"), parece-me que em português se diz "exprimirem" em vez de "expressarem". No penúltimo parágrafo a palavra "even", nem sequer foi traduzida.

Já no artigo "A longevidade em números", opta-se por se escrever "pacientes", quando em linguagem médica corrente se diz "doentes". A palavra "ibuprofen" mostra falta de esforço em investigar que existe uma tradução portuguesa, "ibuprofeno", que aliás é um medicamento bem conhecido dos portugueses. Para além disso, faz-se no artigo referência a "porções de fruta". Ora este conceito foi desenvolvido nos Estados Unidos e a maioria dos portugueses não sabe que "fruit or vegetable serving" corresponde a meia chávena de fruta ou legumes ou a uma chávena de verduras como o espinafre ou a alface, segundo definição do Departamento de Agricultura dos EUA. Este esclarecimento teria sido útil no artigo. De um modo geral, parece-me que este último artigo careceu de revisão por alguém com conhecimentos na área da saúde. É que traduzir é também ter em atenção a população a que o texto se destina.

Isabel Santos Cruz (médica)

As duas fórmulas são aceitáveis

Sou uma criança de dez anos que ficou um tanto confusa pelo facto de, na edição de 10-09-08, no artigo do P2 que falava sobre uma princesa japonesa que não seria imperatriz, o PÚBLICO ter optado por "imperadora" em vez de "imperatriz".

Renato Pedro da Costa Marques

O autêntico dióxido de carbono

Mais uma vez o PÚBLICO, um dos poucos jornais portugueses com conteúdos científicos, insiste em escrever erradamen-
te a fórmula química do composto dióxido de carbono. Escrever CO2 sem que o algarismo 2 seja posto em índice (“subscript”) em relação às duas letras que o antecedem é erro grave. Ao abrigo das convenções científicas, este algarismo é um índice que indica a existência de dois átomos de oxigénio e é assim que se escreve, e não de outra forma qualquer. Como o PÚBLICO escreve, titula e até põe na primeira página, pode mais justamente ser lido como duas moléculas de monóxido de carbono (embora escrito de forma não canónica, pois um algarismo escrito à mesma altura das fórmulas químicas indica o número de moléculas e não o número de átomos de cada elemento que a constituem).

Percebo [que tecnicamente seja difícil escrevê-lo], mas imagino também que noutros jornais terão o mesmo problema. Tem de se ter atenção redobrada. No El País vejo sempre o dióxido de carbono bem notado. Cabe aos editores chamar a atenção dos gráficos de cada vez que se tem de escrever índices ou expoentes. Não vejo como é que isso possa não fazer parte das suas competências.

Embora o PÚBLICO não seja particularmente preocupado com a revisão do português - isso é notório -, imagino que ninguém no jornal ficará satisfeito por ver publicado um erro ortográfico. Para quê insistir em cometer um erro científico por falta de atenção à necessidade de seguir a finalização das páginas durante mais um bocado. Mais grave quando muitas vezes vem em chamada de primeira página ou em título.

Nuno Magalhães

Um leitor atento

Li no passado fim-de-semana, e lamento não poder situar melhor o que li porque me "subtraíram" o exemplar do PÚBLICO que eu gostaria de citar, que "o" vacatio legis demasiado curto (ao contrário do que acontecia no passado ) é obstáculo à correcta aplicação das leis de recente elaboração ou alteração.

Não desejando entrar na polémica jurídica (para a qual não me sinto preparado), gostaria de me fixar no uso do masculino "o" para reger a expressão latina "vacatio legis". Curto e directo, acho que devia ser "a" e não "o", porque "vacatio" é um substantivo feminino. E não me venham com as desculpas à Rodrigues Lapa (inveterado poético desculpador...) de que o artigo masculino não rege a "vacatio" que lá está mas sim um qualquer conceito expresso num masculino que teremos de adivinhar...

É uma pena que o Houaiss não acompanhe o registo da expressão latina "vacatio legis" (vol. XVI, p. 8059) das iniciais s.f. que dedica a todos os substantivos femininos. Uma simples incursão no clássico dicionário de latim do Torrinha (grande mestre...) tiraria todas as dúvidas. E bons tempos eram esses, quando os candidatos a juristas aprendiam uns rudimentozitos de latim no 6º e no 7º anos do liceu. Ao menos, quando chegavam a Coimbra, já não ficavam de cara à banda perante o "cum grano salis" com que os mestres os mimoseavam...

José Maria M. P. Rocha (24 de Março de 2009)

Gostaria de referir o excelente artigo de Desidério Murcho, intitulado "Pensar outra vez", dedicado ao "nacionalismo" de Fernando Pessoa, expresso na afirmação tão citada "Minha Pátria é a lingua portuguesa". E gostaria de assinalar a seguinte construção usada pelo jornalista: "...com o mesmo horror ao português mal escrito que um patriota à invasão..." (PÚBLICO, 24 de Março de 2009, P2, p. 3).

Como se fica com a impressão de aquele "que" estar um pouco "desapoiado", eu gostaria de perguntar ao senhor jornalista se concorda que teria sido melhor português escrever "de" em vez de "que", assim: "o mesmo horror... de um patriota... ". Assim se dispensava a redundância de uma construção "correcta" que seria "com o mesmo horror... com que um patriota reagiria à invasão do...". Horrível, claro, mas correctíssimo...

É verdade que o português, às vezes, é muito difícil. E então, quando o queremos tornar mais simples...

José Maria M. P. Rocha (25 de Março)

Ando há "um ror de tempo" para escrever sobre este assunto, e hoje deparou-se-me a oportunidade que reputei de ideal, embora pudesse haver melhor, claro... Afinal, qual será melhor português? "...nos últimos três anos" (PÚBLICO, 30 de Março de 2009, p. 32, col. 4) ou "...nos dois primeiros lugares" (id., id., p. 23, col. 1). Há sociedades europeias que exigem que os seus alunos aprendam a diferença entre "os dois primeiros" e "os primeiros dois", ou "os últimos três" e "os três últimos".

José Maria M. P. Rocha (30 de Março)

1. Terça-feira, 31 de Março, PÚBLICO, P2, p. 2, col. 4 - Por que motivo é que o "i" de "judaizaram" recebeu acento agudo? aquele "i" não é a sílaba tónica...

2. Quarta-feira, 1 de Abril, PÚBLICO, p. 1, col. 4 - O Eurojust está "sedeado" em Haia (há quem prefira "na Haia")? Não seria melhor "sediado"? Vd. "Houaiss", tomo XVI, p. 7241 "sedear" (limpar com escova de seda...) e p. 7243 "sediado" (com sede, (em algum lugar)).

3. Quinta-feira, 2 de Abril, PÚBLICO, p. 4, col. 1 - "Um iPod, sua Majestade" - que está ali aquele "sua" a fazer? É para traduzir o mais que provável "Your Majesty!" ( com "!") que o presidente Obama terá usado ao falar com a rainha Isabel II? Em português devia estar "Majestade!", com "!" e sem "sua", que é grossa asneira.

José Maria M. P. Rocha (2 de Abril)

1. Verifiquei, com agrado, que a minha observação sobre a diferença entre "os dois primeiros" e "os primeiros dois" estava, aparentemente, a produzir efeito, não fosse o deslize do redactor Escobar de Lima (PÚBLICO, 30 de Março, p. 23, col. 1): "...uma equipa conseguiu colocar dois pilotos nos dois primeiros lugares." Milagres acontecem...

2. Gostaria de insistir no anómalo "o mesmo do que", com que a redactora Ana Dias Cordeiro (PÚBLICO, 4 de Abril, P2, p. 11, col. 1), talvez por andar lá nas maravilhosas lonjuras das Comores, nos mimoseou. Citando: "Agora, os habitantes querem ter os mesmos benefícios do que qualquer outro cidadão francês,..." Então eles não querem ter "os mesmos benefícios que (tem) qualquer outro ..."

3. Se ainda estiverem com disposição para me aturarem, gostaria de perguntar por que motivo o PÚBLICO aderiu à nova fórmula de indicar os resultados no futebol. Então, quando uma equipa ganha em casa é por 1-0 e quando ganha fora é por 0-1? Repito que esta anómala forma de indicar os resultados "ganhadores" (ganhar por 0-1...) não é exclusiva do PÚBLICO, mas gostaria de saber se em A Bola de há 40 anos se falava assim de qualquer clube. Quando se ganhava era sempre por 1-0 e nunca por 0-1. Por 0-1 perde-se, ou não será assim? (Atenção, este resultado de 0-1/1-0 é irrelevante. Pode ser 1-2/2-1 ou qualquer outro diferente de empate.)

4. A terminar: ainda acerca do "Majestade/Sua Majestade", etc., gostaria de chamar a atenção dos senhores redactores do PÚBLICO para o programa "Diga lá, Excelência" (e nunca, que nunca foi, "Sua Excelência"), umas vezes com a vírgula no sítio certo, outras vezes nem por isso... E, claro, (e que pena...) sem o "!" que deve acompanhar os vocativos. Os redactores do PÚBLICO deviam ler o PÚBLICO... e escrever "Diga lá, Excelência!"

José Maria M. P. Rocha (8 de Abril)

Não, não lhe venho falar do recente qui pro quo de as más notas em exames de matemática terem sido atribuídas à influência negativa dos jornais, televisões, professores, etc.

Queria só perguntar o que é que está a fazer a palavra "mil" na expressão "...até ao valor de 44.800 mil euros...", na notícia referente à legalização do Oceanário do Porto (PÚBLICO, 16 de Julho, p. 28 , Local).

Assim, os estudantes aprendem asneira...

José Maria M. P. Rocha (16 de Julho)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Alá é grande e Maomé é o seu profeta?

Sou, desde início, leitora assídua do PÚBLICO, e já por diversas vezes hesitei em escrever algum feedback em resposta a situações que me levantam perplexidade, mas desta feita, talvez pelo acumular de alguma tensão relacionada com situações limítrofes à que motiva este contacto, fá-lo-ei.

Referem-se estas palavras a uma notícia assinada pela jornalista Maria João Guimarães [24 de Dezembro, pág. 12]. Nela, intitulada "Relatos de confrontos entre polícia e manifestantes em duas cidades iranianas", surge a expressão, e cito-a, "profeta Maomé". A pergunta que faço, desdobrada em algumas interrogações derivadas, é extremamente simples: "profeta"? Como? Para quem?

Por outras palavras: posso estar enganada, mas apelidar alguém de "profeta" é: a) reconhecer a validade da sua pretensão em se afirmar como tal; b) reconhecer a autenticidade da sua mensagem, neste caso de origem divina, pois é-se, neste caso, profeta de uma divindade; c) reconhecer tal tratamento como adequado tal como o fazem os seus seguidores; d) etc.

Não me parece que tal, por mais que o possa parecer, seja uma realidade com implicações anódinas e inócuas. Não se vê a escrever-se "o Deus Jesus", tal como foi indirectamente reivindicado por Jesus, nem como é directamente afirmado pelo cristianismo histórico. Claro que, à primeira vista, esta última denominação parece implicar uma "afirmação de fé", mas a verdade é que, e sem desejar estar a condicionar a resposta que gostaria de poder acreditar que receberei às questões que mais acima coloco, chamar a Maomé "profeta" também o é.

Maria Manuela d’Orey Sant’ana

Escrevi "o profeta Maomé" no contexto da explicação de uma celebração religiosa xiita, portanto a sua descrição – personagens e acontecimentos – foram todos feitos do ponto de vista da narrativa do islão.

Se a leitora quiser, pode reparar que é como faz toda a imprensa internacional de referência, desde o israelita Jerusalem Post até ao americano New York Times, passando pela BBC, três exemplos entre muitos mais.

Alguns links, para verificar:
http://www.jpost.com/servlet/Satellite?cid=1261364519891&pagename=JPost%2FJPArticle%2FShowFull
http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/8432114.stm
http://thelede.blogs.nytimes.com/2009/12/27/iranian-militia-halts-speech-by-former-president-in-tehran-mosque/

Maria João Guimarães

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Tradutore, traditore

A propósito da velha questão da tradução de textos, designadamente daqueles que são originários da área da anglofonia, muitas vezes, não chegando, no âmbito em questão, a haver exactamente erro, verificam-se, ainda assim, circunstâncias em que, mais uma profunda e grave imprecisão do que, volto a dizer, propriamente um erro deturpam significativamente o conteúdo da mensagem original. Quem tem por profissão lidar com a língua inglesa (para ensiná-la, desde logo, como é o meu caso) conhece perfeitamente uma 'família' de termos designados em jargão genericamente por "false friends", que são palavras ou mesmo expressões que, FORMALMENTE muito semelhantes a outras portuguesas, delas se afastam todavia muito pelos respectivos significados. Palavras e expressões como "eventually" (que significa, na verdade, "mais tarde" ou "posteriormente", "ulteriormente"), "presently" ("a dada altura", "futuramente" ou mesmo "depois") e por aí fora. Ora, acontece que, além dos que referi, um termo há "amigo" de dar igualmente lugar a maiores ou menores confusões - circunstância essa perfeitamente ilustrada, aliás, por um artigo do PÚBLICO (suplemento "Economia" de 24 de Abril de 2009) onde a tradução de "outrage" por "ultrage" cria, a dado passo, um equívoco perfeitamente reconhecível no texto de Steven Pearlstein "Deponhamos as armas". No texto em causa, se escreve, com efeito, a dado passo o seguinte: "Existe o perigo de este ULTRAJE chegar ao ponto de enfraquecer o esforço para conter a crise financeira". Antes, falou-se das medidas de recapitalização intensiva de uma série de instituições financeiras privadas (especificamente de duas) postas à beira da implosão ou da falência técnica totais em resultado de (na melhor e mais generosa das hipóteses...) sérios erros das respectivas gestões, assim como da mais do que discutível política remedial a que a medida anda, como refere o texto, associada e que envolve, como é evidente, uma drenagem mais ou menos consistente e substantiva de fundos públicos, usados para dar cobertura às disfunções geradas por aquela má gestão. Assim sendo, seria, também muito fácil ser-se levado a supor que o "ultraje" em causa residiria aí, no recurso a tão debatível recurso económico-financeiro/político (até porque, no texto, um pouco atrás se identifica este tipo preciso de prática política exactamente com um ultraje: "o verdadeiro ultraje", diz expressamente o texto, jogando com dois significados da palavra inglesa). Sucede, todavia, que no caso da expressão atrás citada e no ponto preciso referido, o termo "ultraje" é usado na acepção (também possível) de "indignação", "reacção escandalizada" ou "ofendida", "indignada" e refere-se, portanto, não à tal política de recapitalização persistente e substantiva dos privados com fundos públicos, como poderia supor-se, mas à reacção escandalizada de partes significativas da sociedade norte-americana e mundial relativamente a ela. Seria, de resto, essa a tradução a fazer na circunstância, ou seja: "existe o perigo de tal indignação chegar ao ponto de poder pôr em causa, enfraquecendo-o, o esforço para conter a crise financeira". Seria, repito, assim que eu traduziria, evitando a ambiguidade e (chamemos-lhe assim:) a declarada "fuga" deste ponto do texto para o previsível equívoco ou (literalmente...) completo quiproquó.

[Por outro lado], na edição do PÚBLICO de 10 de Março de 2009 há um cartoon (cuja legenda faz, de resto, nesse caso, parte do desenho) em que se diz textualmente: "And I thought YOU were lending to US". Ora, este é um caso paradigmático de uso ideal d(e uma d)as chamadas expressões "de realce", ou seja, no caso: "E eu que julgava que ERAM VOCÊS QUE nos estavam a emprestar a nós!...", em lugar do neutro e insípido "E eu pensei que nos emprestavam [quem?] a nós...!" (sic).

Carlos Machado Acabado

Ainda, e sempre, o rigor

A propósito da notícia com o título de primeira página "O-
bama no-
meia juíza latina [So-
nia Soto-
mayor] pa-
ra o Supre-
mo" (27 de Maio), es-
creveu o leitor Mesquita Alves:

"Mais uma vez o PÚBLICO errou. Mais uma vez, o que é grave, errou na primeira página. Em primeiro lugar, o Presidente Obama não nomeia. Propõe a nomeação ao Senado. Em segundo lugar, a 'nomeada', não é latina, mas latino-americana. Lembro que a senhora nasceu nos Estados Unidos".

O problema dos comentários

Mais uma vez lhe escrevo, a relatar o reiterado abuso com que o sistema informático ou quem dele se aproveita leva a impedir os meus comentários às notícias do PÚBLICO on-line. Tentei, sem sucesso, por cerca de dez vezes, publicar o comentário que abaixo transcrevo. Após leitura do artigo do Ípsilon on-line "Caderno de Memórias Coloniais - Isabela Figueiredo: 'O colonialismo era o meu pai'" (24 de Dezembro), não consegui que o meu comentário fosse publicado. Tentei o envio cerca das 21:45h de 28/12/2009 até às 22:30h. Constatei que outros comentários ao artigo foram publicados, mas o meu (ou as sucessivas cópias do mesmo), nunca chegou a ser publicado. Suponho que o meu IP, mail ou identificação pessoal estejam a ser filtrados pelo sistema. Este procedimento é possível mas desonesto para os leitores, caso esteja a acontecer. Agradeço, portanto, que averigue ou mande averiguar tais irregularidades, as quais só podem ser feitas por intervenção humana.

A minha identificação nos comentários é sempre a mesma:
Von Paulus, Socratik TugaLand.

O texto que pretendia colocar como comentário era o seguinte:

"Vim de Angola com idade semelhante à da escritora entrevistada. E não tenho o mesmo conceito desta. Sempre convivi com colegas de côr, na escola primária, sem complexos de parte a parte. Os meus pais sempre tiveram colegas de cor, na sua profissão, sem constrangimentos por isso. Estávamos a viver numa casa alugada, em que o senhorio era de cor; como habitávamos em casa geminada com o senhorio, brincávamos com os seus netos, também de cor. E, tal como o senhorio, tínhamos também empregados de cor. A lavadeira, de cor, trazia por vezes a sua filha e brincávamos com ela. Quando tivemos de sair de Angola houve despedidas comovidas de parte a parte. Havia racismo nas ex-colónias? Provavelmente havia, tal como há hoje entre as classes mais abastadas e o povo mais humilde e iletrado desses países. Os exploradores do povo, esses mudaram... mas continua a haver exploradores e racistas hoje, nas ex-colónias. Ambos da mesma cor. Acredito que este livro provavelmente vá ter sucesso comercial, pois é enquadrado num discurso politicamente correcto. Mas espero que não enverede por generalizações, o que, neste caso, seria extremamente desonesto!"

Não me parece que o texto tenha qualquer comentário ofensivo; constatei que outros comentários podem, esses sim, ter algum teor ofensivo ou menos próprio.

Von Paulus

NOTA DO PROVEDOR: Ao longo do seu mandato, o provedor recebeu inúmeras reclamações semelhantes a esta. As explicações que sempre lhe foram dadas pelos responsáveis do PUBLICO.PT foram no sentido de que, se os comentários não apareciam, é porque alguém havia accionado o comando "denunciar este comentário", pelo que estariam a aguardar pela respectiva aprovação do parte da redacção. Não será o sistema ideal, porque pode desta maneira boicotar-se (temporariamente, pelo menos) comentários inócuos e por outro lado permitir-se a publicação de comentários ofensivos. Mas parece que ainda não se descobriu melhor sistema, que o provedor deseja que seja rapidamente alcançado.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Teorias da conspiração

Fiquei atónito ao ver duas páginas (6 e 7) do P2 de 20 de Abril de 2008 (“Ahmadinejad não é o único a achar o 11 de Setembro ‘suspeito’”) dedicado a uma teoria da conspiração e a um filme (Loose Change) que advoga que o 11 de Setembro foi "organizado pela direita americana". Não se vislumbra no artigo, assinado por João Pedro Pereira, qualquer sinal de cepticismo sobre o filme e ninguém foi entrevistado para demonstrar o ridículo dessa teoria. Pelo contrário, foram ouvidos como "peritos" portugueses um arquitecto e um realizador que obviamente apoiam essa "teoria" infundada. Qualquer estudo mais profundo sobre os eventos do dia 11 de Setembro desmonta rapidamente esse filme, que apresenta versões sucessivas com correcções.

Que se seguirá? Outro artigo advogando que o Homem nunca foi à Lua e que foi tudo filmado em barracões secretos do exército americano? Ou que em Roswell estão guardados restos mortais de extraterrestres? Ou que Elvis está vivo?

Já tudo é possível no PÚBLICO, pelos vistos.

José Paulo Andrade

sábado, 26 de dezembro de 2009

A favor da necrologia

Como “não há bela sem senão”, estou a indicar uma falta que sinto no PÚBLICO. A continuar assim – com desgosto – acabo por mudar de jornal. O assunto é a chamada necrologia, ou seja, a necessidade que alguns leitores têm de comunicar e outros de conhecer as ocorrências que lhes dizem respeito.

Claro que vivo muito bem sem me lembrar das ocorrências, o pior é que hoje os leitores estão a contar com a divulgação dos jornais - já não se avisam parentes nem amigos do falecimento e funeral, de porta em porta. As famílias confiam na comunicação pelo jornal. Mas não pelo PÚBLICO!

Quando, tarde e más horas, sabemos, por outros meios, que “faltámos”, sentimos revolta e perguntamos: "Por que compro eu este jornal?" A primeira impressão que se tem é de revolta, e apercebemo-nos então da necessidade de mudar de jornal.

A par disso, e por não se sentir por aí essa necessidade, sente-se que alguém se rege por outros parâmetros, à revelia dos interesses do jornal. Parâmetros quanto a mim errados, pois vários semanários que recebo permitem-me ver como aproveitam os réditos dos anúncios em si, ao mesmo tempo que dão provas de se interessar por melhor informar os seus assinantes, que por isso ficam gratos. Nos semanários foi visível essa mudança de proceder, que além do mais lhes carreia anúncios. Entre os diários não é necessário esperar muitos dias sem que deparemos com três páginas de anúncios.

O segredo do comércio é SERVIR! A imprensa não pode fugir disso. Esta minha carta é uma reclamação ao vosso modo de “servir”. Este termo SERVIR no Dicionário da Porto Editora, 7ª edição, pág. 1646, tem muitos significados: por ex. "ter préstimo", ou seja, “ser útil”. Ignorar aquilo que os leitores reconhecem como importante afecta o “préstimo” do jornal, e as lacunas por falta de "préstimo" não são favoráveis ao futuro de nada.

Se me permitissem, sugeria que publicassem uma lista sintética, mas completa, com informes quanto a horários e locais, semelhante à lista da Bolsa, dos funerais que vos fossem comunicados pelas agências, serviço gratuito, durante um tempo reduzido, onde os leitores pudessem, de relance, aperceber-se daquilo que lhes interessava.
Estou convencido de que os movimentos das “Acções na Bolsa” teriam menos visitas que teria a informação sobre necrologia.

M. C. Santos Leite

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

A eterna saga dos números

Escreveu-se na pág. 39 do PÚBLICO de 4 de Novembro (secção de Desporto) que “foi há 30 anos, em Abril de 1989”, que se deu uma vitória por 5-0 do Milan sobre o Real Madrid. Das duas uma: ou foi há 20 anos ou foi em 1979.


Um título na pág. 21 de 20 de Março diz: “Revelada actual imagem de Charles Manson”. O texto afirma, correctamente, que Manson (líder de uma seita assassina) está "preso desde 1971" e que "vinte e oito anos de prisão deixaram-no (quase) irreconhecível”. Outra conta errada.





A entrada de um notícia na pág. 16 de 23 de Fevereiro fala na “aprovação do orçamento estadual, que inclui uma subida de impostos no valor de 12.500 dólares”, enquanto o texto menciona “uma subida de impostos no valor de 12.500 milhões de dólares”. Pequena diferença.

A atente-se a esta mensagem do leitor Vasco Rodrigues: "Verifiquei na pág. 13 do suplemento 'Fugas' de 15/08/2009 [artigo 'C. Equinox - Elegância nos mares, esplendor na relva'], que a velocidade de cruzeiro indicada está claramente errada. No lugar de '24 mm/h', deveria estar '24 Km/h'!" Claro, um paquete de luxo a uma velocidade de caracol?