Foto: Acervo Pessoal | Instagram @ParagrafoCult |
Páginas: 528 | Autora: Min Jin Lee | Editora: Intrínseca | Ano: 2020 | Gênero: Romance, Ficção | Classificação Indicativa: +14 | Tradução: Marina Vargas
Algumas leituras mesmo que levem poucos dias para se concluírem, acabam nos marcando por muito tempo e mexendo com a gente, não é? Foi assim que me senti quando finalizei Pachinko da autora Min Jin Lee. Sendo essa a minha primeira leitura que levou 5★ em 2024, nada mais justo do que trazer alguns motivos para ler esse calhamaço maravilhoso, não?
Espero que gostem tanto quanto eu.♥
A narrativa de Pachinko passeia por vários personagens, sempre relacionados de alguma forma, direta ou indiretamente, à mesma família porém com um foco maior em Sunja. Cada um deles têm a sua própria história e personalidades bem desenvolvidas, sendo extremamente realistas com relação aos comportamentos e decisões, principalmente se levarmos em conta a ambientação da história.
Por Sunja ser o mais próximo de uma protagonista que temos, acompanhamos muito da sua jornada desde a sua fase como criança, adolescente, mãe e por fim, avó. Suas decisões e atitudes são críveis e em alguns momentos até mesmo dolorosas, é difícil não se conectar. A personagem passa por diversos momentos difíceis durante a sua jornada, assim como as pessoas que ama mas se mantém firme e determinada a sobreviver e a manter a sua família inteira em meio ao caos da guerra e suas consequências.
Até mesmo personagens ignóbeis como Koh Hansu se fazem interessantes de acompanhar, com seu passado misterioso, aparência impecável e sua maneira de sempre manter-se perto, ajudando indiretamente mas não com a melhor das intenções ou personagens frutos de suas realidades, como o irmão de Isak (marido de Sunja), Yoseb, que colocava em seus ombros todo o peso de ser o provedor do sustento da família por ser o mais velho e ter seu orgulho mas que vai desmoronando aos poucos com o peso de tamanha responsabilidade.
NARRATIVA
Com uma trama iniciada em meados de 1900 com uma Coreia invadida por japoneses, onde a grande maioria da população trava suas próprias batalhas para sobreviver em meio à hostilidade e pobreza, Pachinko traz uma uma forma tranquila de narrar o caos para o leitor. Se iniciando em Gohyang na Coreia no ano de 1910 até se findar em uma Tóquio de 1989, a trama nos leva através de anos de muitas batalhas e percalços do destino.
Pachinko não é um livro repleto de firulas narrativas, com diálogos rebuscados e prolixos. É simples e sem grandes altos e baixos, nem mesmo traz diversos plot-twists agitados mas ainda assim, se faz um livro que prende seu leitor, o deixando cativado sem pender para barrigas na história ou momentos tediosos mesmo em cenas paradas.
Ler sobre a determinação não apenas de Sunja mas também de todas as mulheres que fazem parte de sua vida é enriquecedor. Assim como sua mãe Yungjin e sua cunhada Kyunghee, ela faz o possível para sobreviver e prover algo para os que ama, sendo um retrato de uma mãe que batalha pela sua família, algo que aprendeu com a sua própria mãe que manteve a pequena pensão da família de seu pai após a sua morte por tuberculose.
|
CONTEXTO HISTÓRICO
A realidade cruel da Coreia em meio a guerra, a pobreza, a luta pela própria sobrevivência e de seus descendentes, a dor de dar o seu melhor e não ser o bastante, o preconceito religioso, a xenofobia e a desvalorização do ser humano, Min Jin Lee trouxe isso para suas páginas de uma forma tão crua e real, que mexeu comigo diversas vezes, principalmente por ser algo que perdura até os dias de hoje: guerras, pobreza, preconceito...
Durante a leitura, é fácil se colocar no lugar dos personagens mesmo quando tomam decisões ruins porque entendemos perfeitamente o que os motiva a seguir tal caminho e tomar decisões precipitadas movidas pelo desespero e pra mim, isso foi a melhor coisa do livro já que é difícil odiá-los, simplesmente entendemos e queremos que fiquem bem.
Eu simplesmente me apaixonei demais pela leitura, muito mais do que imaginei que iria quando a iniciei e apesar de ser sobre um tema pesado, conseguiu me conquistar totalmente.
Gostam de livros com contexto histórico? Já leram livros de algum autor asiático?
2 Comentários
Oi, Larissa! Como vai? Particularmente gosto bastante de livros com contexto histórico, embora não tenha lido este tipo de livro ultimamente. Este aí parece ótimo, né? Que bom que curtiu a leitura. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Fiquei com uma enorme vontade de ler só de ler este artigo. Parece ser um grande livro! Grata pela opinião. Abraços
ResponderExcluir