Um artigo de Giardelli chegou as minhas mãos através de meu marido, quando comprou uma revista em que ele escreve um artigo chamado: Sua pegada digital. Fiquei maravilhada com sua forma de tratar de temas tão distintos...Então, como boa curiosa que sou...fui em busca de mais...Simplesmente Fantástico! Compartilho abaixo um de seus artigos que achei ser pertinente nesse momento. Vamos a leitura?
Chorei ao ler esse trecho no final! É essa forma simples e ao mesmo tempo inteligente, que me cativou ao ler Giardelli..."gente, e este foi o meu avô Jerônimo, pastor e
contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar,
foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a
elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver”.
Gil Giardelli fala de temas morais em tempos digitais e frisa “A internet sob ataque”. Confira!
Como
escreveu Manuel Bandeira “Assim eu quereria meu último poema terno
dizendo as coisas mais simples e menos intencionais”. Simples assim,
surgiu o renascimento da inovação digital. A revolução foi silenciosa,
as forças seculares acreditavam que a web era apenas uma brincadeira de
jovens petulantes!
Os céticos duvidam que entramos na ”Era da
criatividade e generosidade e global”. A consciência coletiva aparece. O
pensador Daniel Pink afirma em seu livro “Drive: The Surprising Truth
About What Motivates Us” que até o século XX os trabalhadores só se
sentiam estimulados pelos ganhos financeiros. E no século XXI as pessoas
fazem coisas para se sentirem inseridos no mundo, para ganhar sua
satisfação, alimentados por recompensas externas, pela intrínseca
motivação, a alegria de fazer algo em benefício do outro.
Lembra
do mantra digital “Você é o que você compartilha?” Estudos recentes da
Universidade Kings College London, provou que a internet não
revolucionou apenas nossa forma de viver e se relacionar. Revolucionou
nosso cérebro – quando você está na web e tem o sentimento de fazer a
coisa certa, fazer coisas interessantes, engajar-se a uma causa ou
contribuir para o mundo. Afeta seu cérebro e uma parte do seu nercotex e
você fica feliz como praticar esporte ou fazer amor. Percebeu porque
estes danados ficam tanto tempo conectados e compartilhando?
Clay
Shirky, em seu livro Cognitivo Excedente - afirma que as pessoas estão
trocando seu tempo livre, onde assistiam TV estatelado no sofá por
conectar-se às redes sociais! Clay questiona porque as pessoas gastam
seu tempo editando a Wikipedia - todos os artigos, edições e discussões
sobre os artigos e edições representam cerca de 100 milhões de horas de
trabalho humano. O que as motiva?
Havia muito tempo livre no mundo
industrializado versus falta de tempo em um mundo conectado. Alguém que
nasceu em 1960 já assistiu algo como 50 mil horas de televisão, e já
passou mais de cinco anos e meio de vida na frente da telinha.
Existe
na humanidade um excedente cognitivo = A sociedade conectada desligando
a TV e produzindo conteúdo significa um trilhão de horas por ano de
desenvolvimento do software da sabedoria das multidões. Um novo recurso!
Hoje no mundo 0 Tempo = bem social coletivo. Trocar a TV por postar em
blogs, wikis e Twitter. Ensinando o outro, aprendendo com o outro. Sai a
televisão, uma atividade solitária e entra as conexões sociais –
contribuir, compartilhar etc. Shirky disse: “Quando alguém compra uma
televisão, o número de consumidores sobe para um, mas o número de
produtores permanece o mesmo.”
Quando alguém compra um computador ou
telefone celular, o número de consumidores e produtores aumenta um. Isso
permite ao cidadão, ao invés de deixar seu tempo livre escoar em frente
da televisão, produzir vídeos divertidos, engajar-se em webcidadania,
enfim vale tudo!
Pink disse que ao contrário do que pensávamos que
nossas motivações estava em dois pilares, o das necessidades biológicas
(beber, comer, se aquecer e satisfazer desejos biológicos) e o segundo
pilar de responder a recompensas e punições, temos um terceiro pilar. A
ciência provou que a motivação intríseca pode ser ainda mais poderosa:
“Isso é o que está por trás das pessoas que organizam sites de carona,
usam telefones celulares para informar sobre as catástrofes naturais ou
agitação política. Eles são motivados por algo que não seja dinheiro.”
Até
o século passado, o mundo foi orientado ao hiperconsumo e a
passividade. No século XXI reinventamos a co-criação e o compartilhar.
Algo que ficou latente nos últimos séculos industrializados.
Somente
com este novo comportamento da humanidade, poderia nascer comunidades de
software livre, de vizinhos online, de protetores de animais, de
produtores de documentários. Pense na criação do Twitter, um amigo vira
para o outro e diz:
- “Vamos fazer um microblogging gratuito de até 140 caracteres?”
O amigo responde:
- “Otimo, vamos começar agora”.
E
nem pensaram em um plano de negócios ou modelo de pagamento Percebeu um
mundo novo? Percebeu o choque dos séculos? Porém, empresas e governos,
perceberam os diácomos da tempestade digital e estão dispostos a fazer a
nossa amada internet funcionar de uma maneira diferente. Para no final
promover interesses políticos e comerciais falidos! Muitos poderes que
não cabem em uma era do conhecimento coletivo!
A Revista The
Economist estampou em sua capa “Os novos muros da web – Suas normas
abertas, que derreteu as fronteiras existentes entre academia, empresas e
redes de consumo está em perigo de perder sua universalidade.” Essa tal
de “neutralidade da rede”, que nasceu com a internet e deu-lhe o
caráter aberto e democrático que teve até agora.
Por ironias
da deusa das casualidades, o primeiro grande ataque foi de Paris – o
berço da Revolução Francesa, que ensinou a civilização ocidental os
conceitos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. O enfadonho Presidente
Sarkozy levantou as barricadas em seu Quartier Latin, prendendo jovens
que abaixavam música na internet, por meio da lei “Création et
internet”, ou Lei Sarkozy, em resumo (censura sem a participação do
Judiciário, o que representa uma clara violação ao direito à privacidade
e à presunção de inocência)
Veja aqui.
A
The Economist desvendou “A Grande muralha digital Chinesa, o firewall
estatal que já impõe um controlo rigoroso dos links de internet com o
resto do mundo, monitorando o tráfego e fazendo muitos sites ou serviços
indisponíveis. Há também, países que não toleram a democracia das
ideias como Irã, Cuba, Arábia Saudita e Vietnã, embarcaram em seus muros
de Berlim da era digital.”
O ativista digital e músico Damian Kulash
escreveu para o The Washington post: “Passei uma década trabalhando com
a indústria fonográfica, um setor em que as grandes excluem todo o
resto. Criatividade e inovação ficam muito atrás do dinheiro em
importância e todos perdem, até as grandes. Elas se isolaram da mudança
por tanto tempo que cavaram seu túmulo. O sucesso é mais frequentemente
comprado que conquistado.
A internet é o mercado mais puro
para ideias que o mundo jamais viu, e o poder espantoso desse campo de
jogo nivelado revolucionou tudo. Na internet, quando envio meus uns e
zeros para algum lugar, eles não deveriam ter de esperar na fila atrás
dos uns e zeros de pessoas ou corporações abonadas. Esse é o modo como a
internet foi planejada, e é fundamental para um conceito chamado
“neutralidade da rede”, que garante que os provedores de serviços de
internet não podem escolher favoritos.”
Há alguns anos Lawrence
Lessig e Robert McChesney, especialistas das universidades de Stanford e
Illinois, disseram que se o fim da neutralidade acontecer, “a internet
começará a ficar parecida com a televisão a cabo, onde meia dúzia de
grandes empresas controlarão o acesso ao conteúdo e sua distribuição,
decidindo o que você vai ver e quanto vai pagar por isso.”
Da série a
série, poder absoluto corrompe de Maquiavel – Vinton Cerf, pioneiro em
tecnologias da informação, considerado por muitos “o pai da internet”
que foi o grande orador da manutenção da neutralidade da rede, declarou a
todos os ventos em alto e bom som: “As gigantes de telecom querem nos
impor um modelo do século 19 no mundo do século 21″, comparando a
internet pedagiada às práticas monopolistas que marcaram há 150 anos a
construção das redes de telégrafos – a primeira malha global de
comunicação rápida que o mundo conheceu.
Com sadismo a deusa das
casualidades,fez o Google esquecer seu mantra “Não seja malvado” e
Vinton Cerf seu vice-presidente, provavelmente pediu para esquecerem o
que ele escreveu – A gigante de busca embasbacou o mundo com sua sórdida
manobra para criar pistas exclusivas na internet com a Verizon e
colocar em xeque o modelo atual de neutralidade na rede. Justamente “O
Google que começou numa garagem e se tornou um líder industrial por ter
grandes ideias e não montanhas de dinheiro”. Mas, agora que a internet
já existe a tempo suficiente para ter desenvolvido seus próprios
gigantes, precisamos garantir que eles não arruínem o que é grande na
tecnologia que os produziu.” Profetizou Kulash.
Aprovar o acordo
Google-Verizon, ou atitudes de países que não admiram a democracia
“Seria como ter uma legislação sobre direitos civis que tratasse da
ocupação de assentos em ônibus, mas excetuasse escolas, locais de
trabalho e cabines de votação.” Como disse a voz inteligente de Damian
Kulash. Emocionante o parágrafo final da The Economist “Este jornal
sempre defendeu o livre comércio, mercados abertos e a concorrência
vigorosa no mundo físico. Os mesmos princípios devem ser aplicados na
internet também.”
Você pode se engajar e ajudar a eleger a
Internet como Nobel da Paz em 2010, se engajar no projeto
savetheinternet.com. Somos ou não somos, tech-anarquistas graças a Deus?
Nestes anos, em vez de atirarmos pedras como na revolução estudantil de
1968, vamos usar nossos mouses e deletar velhas formas de um mundo que
naufragou. Precisamos de homens magnanimous em tempos de revoluções.
Precisamos de homens que enxergaram o futuro. Precisamos de sonhadores,
utópicos, semeadores do bem. Precisamos de pessoas que acreditam que a
evolução da terra se dará pela consciência coletiva. Precisamos de
pessoas que criem redes sociais de justiça, leis morais, arquitetura,
tecnologia e educação.
Precisamos de contadores de histórias como
os avós de José Saramago. - “Gente que tinha pena de ir-se da vida só
porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerônimo, pastor e
contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar,
foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a
elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver”.
Contamos com
você, camarada! Boa viagem.E não esqueça da bussola digital. Não use
velhos mapas, para descobrir novas terras! A e-revolução não é toda
história, mas é uma grande história onde não podemos usar velhos mapas
para descobrir novas terras!
Gil Giardelli (Ceo da Gaia Creative, onde implementa ações de
redes sociais e web colaborativa para empresas como BMW, Hospital
Einstein, Mini Cooper, Grupo Cruzeiro do Sul entre outras. Professor de
MBA e Pós graduação da ESPM – São Paulo e Brasília)