Chocante a sério

Anda tudo muito chocado porque vai aparecer na televisão holandesa um 'reality show' em que os participantes seleccionados concorrem por um rim para transplante. Em Portugal, a nacionalidade vai passar a ser concedida sem qualquer selecção, e vejo muito pouca gente chocada com isso.

O estado do mundo

Aeroporto de Nice, segunda-feira, 28 de Maio. Novos-ricos russos vindos do Grande Prémio do Mónaco empilham perfumes, tabaco, bebidas e chocolates caríssimos no balcão da 'Free Shop', e pagam com cartões Visa de platina. Portugueses pindéricos vindos do Grande Prémio do Mónaco gastam os últimos euros nos produtos mais baratos da 'Free Shop', e chamam "patos-bravos" aos russos enquanto os miram, roídos de inveja.

Metro a Sul do Tejo

Dedicado ao ministro Mário Lino.

Universidade amordaçada

Na passada semana, o historiador francês Robert Faurisson foi impedido de falar na Universidade de Teramo, em Itália, onde se deslocou a convite do seu colega Claudio Moffa. O reitor da universidade encerrou-a pura e simplesmente, após o professor Moffa se ter recusado a retirar o convite a Faurisson. Belas universidades tem esta Europa das "liberdades", onde não há palestras, debates, liberdade de expressão ou portas abertas para os "holocausticamente incorrectos".

Visto de fora

Fora de portas, Portugal continua a ter expressao quase nula nos jornais e noticiàrios televisivos. Quase duas semanas no Festival de Cannes e pouco mais do que um 'flash' na TV sobre a pequena Madeline e uma "breve" num jornal sobre Durao Barroso. Como é bom passar doze dias sem ouvir falar do génio de Cristiano Ronaldo, dos estados de alma dos matarruanos da bola, das boas obras e dos formidàveis projectos do governo, dos planos salvadores dos nao sei quantos candidatos à Camara de Lisboa e das ameaças da "extrema-direita". Acima de tudo sem ouvir Socrates falar nos telejornais todos! Segunda-feira volto à mesma. Deixem-me saborear o pouco tempo que resta.

Ainda mais, Sr. Lino?

Não lhe basta a água que tem metido, e a água que inunda a Ota, senhor ministro?
O sr. ministro quer mesmo ver um Aeroporto a flutuar? ...
Talvez pudesse ser mesmo um 'porto' - os negócios, pelo menos, já «navegam». Por isso «tem q'ser!!!»
Não é que a «coisa» começa a parecer-se mais com um «Aeroporco»?...

«Surprise!»

Esta é uma imagem, eventualmente provocadora, que circula
por aí. É assim que os americanos fazem 'peitaço'....

O regresso dos pobres

A velhota das escadas do Metro da Rotunda ali continua e agora acompanhada por uma mulher sem olhos. De onde saem? Quem as leva para casa? Quem as explora? No metro, voltaram os pedintes com ou sem instrumentos musicais, cegos ou a ver bem. Julguei que, tal como prometeu solenemente, a democracia fosse cuidar deles, mas afinal enganei-me. Cada vez aparecem mais.

Dois pedidos

Em nome da nossa sanidade mental, por favor, achem depressa a pequena Madeline, e acabem com a temporada de futebol!

A anedota

Estou sem fala há vários dias e a culpa é de Marques Mendes. Aquele candidato do PSD a Lisboa é mesmo a sério, ou é a mais recente dádiva do partido para o anedotário nacional? O homem nem sequer tem gosto para escolher gravatas, quanto mais para presidir aos destinos da capital. Enquanto lisboeta nado e criado, já não sei se ria ou se chore. Ou as duas coisas alternadamente.

Direcção: Cannes (2)

É aqui mesmo (embora as imagens sejam do ano passado).

Direcção: Cannes

Estou de partida para o Festival de Cannes, onde ficarei até dia 28 em trabalho, pelo que a minha participação neste blogue se irá ressentir. Procurarei postar nos intervalos dos (muitos) filmes e da (abundante) escrita. Entretanto, precisamente enquanto escrevia estas linhas, tivemos a visita número 60 mil. Nada mau!

Escola multicultural

Segundo noticiam os media britânicos, uma das novas medidas do aparelho escolar tutelado pelo governo do em breve reformado Tony Blair, e que será accionada dentro de poucos meses, consiste em ir às escolas onde existam apenas alunos brancos, ou uma maioria destes, pegar neles e obrigá-los - assim mesmo - a visitar escolas onde haja maior diversidade étnica. O principal objectivo é "melhorar a relação entre as raças", para além de outra piedades de índole "multicultural" e "comunitária". Se o nosso governo tem a mesma brilhante ideia, será necessário mudar o velho provérbio para: "De pequenino é que se torce o multiculturalismo". E forçado pelo Estado.

Smoking/No Smoking

Nos Estados Unidos, a MPAA, entidade encarregue de classificar os filmes, vai começar a tratar o fumo no cinema da mesma maneira que trata o sexo, a violência e a linguagem obscena. Os filmes deverão passar a ter avisos, dependendo da quantidade de fumo mostrada, da sua frequência, do contexto histórico das cigarradas ou charutadas e da atitude dos fumadores que neles aparecem: "Este filme contém fumo glamourizado" será um exemplo de aviso aos incautos espectadores. Mas os grupos americanos anti-tabaco mais radicais acham que esta medida ainda peca por defeito. Por isso, propõem que os filmes em que surgem pessoas a fumar só possam ser vistos por menores de 17 anos quando acompanhados por um adulto. Apenas por causa desta sequência com Humphrey Bogart e Lauren Bacall, e nicotina por toda a parte, 'À Beira do Abismo', de Howard Hawks, levaria, retroactivamente, um 'X'. De filme pornográfico.

'Little Britain'

Tony Blair vai-se embora a 27 de Junho. Infelizmente, já vai tarde.

Parada do riso

Ouvido há bocado na SIC Notícias: «Manuel Monteiro pode avançar para uma candidatura à Câmara Municipal de Lisboa». Como se lia antigamente nos anúncios das estreias dos filmes cómicos: RIR! RIR!

País apagado

A electricidade vai passar a ser racionada no Zimbabwe. O governo de Robert Mugabe decretou que haverá luz apenas quatro horas por dia. Junte-se a isto o assassínio e perseguição dos fazendeiros brancos, a restrição das liberdades civis, a repressão política, a intimidação da imprensa independente, a maior inflação do mundo (2.200 por cento em Março), a economia em colapso e as faltas crónicas de combustíveis e de bens alimentares, e temos mais um "apagão" do socialismo africano.

Câmara aberta

Helena Roseta entregou o cartão do PS para concorrer à Câmara Municipal de Lisboa como "independente". Mas "independente" de quê? Ou será que também entregou as convicções políticas junto com o cartão?

A Múmia

O Capuchinho Vermelho leva à sua avozinha bolachas e um boião de manteiga. Anubis, deus-chacal, guardião dos túmulos, embalsamador e guia dos mortos, faz o papel do lobo. Na floresta, bem perto do lago das Duas Navalhas, Capuchinho Vermelho colhe folhas de papiro e flores de lótus. Procura também apanhar à mão os falcões d’ouro. A casa da avozinha tem a forma de uma pirâmide. Quando Anubis convida Capuchinho a deitar-se a seu lado, esta começa logo por tirar o capuz; depois, lentamente, desenrola as faixas que lhe envolvem o corpo – um corpo de múmia, magro e encarquilhado.

Morreu o Enéas

Um estilo único, um discurso desassombrado, uma frase de encerramento inesquecível -"Meu nome é Enéas!"-, o "jeito maluco", uma figura singular da política brasileira, com as suas longas barbas bíblicas. Enéas Ferreira Carneiro, médico, professor de cardiologia, autor, fundador e presidente do Prona (hoje Partido da República), candidato crónico à Presidência do Brasil (na segunda vez, em 1994, ficou em terceiro lugar, à frente de nomes como Leonel Brizola; e em 2002 foi eleito deputado federal por S. Paulo com mais de um milhão e meio de votos, a maior votação na história do país), político anti-sistema e patriota incendiado que queria a "bomba atómica nacional", morreu no domingo, no Rio de Janeiro, de leucemia. Tinha 68 anos. O nome dele era Enéas. E fazia questão que se soubesse.

Sarkozy Presidente

Os franceses celebram efusivamente nas ruas a eleição de Nicolas Sarkozy como Presidente da República.

Um orgulho manifesto

Este autocolante alastra agora por todo o Brasil depois de ter sido visto com muita frequência nos automóveis que circulam por Brasília.

Aqui ainda não temos Senadores - só Deputados. Mas a adaptação do dístico é muito simples.

Por mais «incompatibilidades» que estejam previstas na Lei , é fácil desconfiar de que em Portugal se torna hoje cada vez mais difícil evitar o mesmo tipo de orgulho e uma grande vontade de o manifestar da mesma forma...

Smoking/No Smoking

Contra os excessos da legislação governamental, o fanatismo da repressão anti-fumo, a perseguição estatal e as multas absurdas, sigamos o exemplo de Emmanuelle Béart.

O mistério da Rua António Enes (continua)

Porque será que quase um ano depois da retirada israelita do Líbano, a Rua António Enes, em Lisboa, onde se situa a Embaixada de Israel, continua parcialmente fechada ao trânsito, prejudicando a circulação dos moradores da artéria, e de todo o bairro? Será que foi aberta uma excepção muito especial e aquele pequeno pedaço de rua passou a ser também território israelita, uma extensão alcatroada do perímetro da embaixada? E já agora, quanto custará ao tão esmifrado munícipe-contribuinte aquele policiamento reforçado, com agentes de pistola-metralhadora e tudo, 24 horas sobre 24? E se o governo de Ehud Olmert cair, precisamente em consequência de um devastador relatório independente sobre a dita invasão do Líbano, será que volta tudo ao normal, ou a rua continuará cortada e a polícia lá pegada de estaca? Continua, e não se resolve, o mistério da Rua António Enes.

Dia de quem?

Uma pessoa levanta-se bem-disposta e decidida a saborear o feriado da maneira mais agradável possível, liga a televisão para ouvir as notícias e apanha com um daqueles programas "ligeiros" matinais, cheios de catatuas, sopeiras, ninfomaníacas, carcaças, cantores pimba, povão e invertidos, ouve a apresentadora, muito séria, dizer que hoje o «resistente antifascista» Hermínio da Palma Inácio vai ser "homenageado" na sua terra natal, pergunta-se mas hoje é Dia do Trabalhador ou Dia do Ladrão de Bancos?, e fica tão deprimida que corre os estores outra vez, volta para a cama, deita os lençóis por cima da cabeça e só se levanta na quarta-feira.