Thesis Chapters by Paula Frassinete
Este trabalho identifica a noção de compreensão postulada, mas não explicitada pelo pensamento de... more Este trabalho identifica a noção de compreensão postulada, mas não explicitada pelo pensamento de Hannah Arendt, como uma modalidade do pensar que se atualiza na capacidade de o homem se relacionar com o mundo.
Introdução Como se viu no capítulo anterior, Ricoeur se propõe desimplicar os aspectos temporais ... more Introdução Como se viu no capítulo anterior, Ricoeur se propõe desimplicar os aspectos temporais do ato da configuração da intriga e, desse modo, mostrar o papel mediador desse tempo construído entre a prefiguração dos aspectos temporais do campo prático e a refiguração da experiência temporal do leitor. O ato de configuração da intriga ou mimesis II combina, em proporções variáveis, a dupla dimensão do tempo narrativo: a episódica, que tende à sucessão linear irreversível, e a configuradora, que modifica essa cronologia, porque os fatos ou episódios são " tomados em conjunto " , o que torna possível a compreensão de sua seqüência a partir do fim. Essa dupla dimensionalidade do tempo narrativo o impede de ser nivelado tanto ao tempo físico como ao tempo fenomenológico. Este contraponto aporético encaminha Ricoeur para a noção de identidade narrativa, que não é fruto da dimensão meramente especulativa, na medida em que é, como confessa este filósofo, apreendida intuitivamente. Em várias oportunidades, antes da formulação desse conceito, Ricoeur reconhece que a narrativa de ficção contribui para a solução de paradoxos aos quais o pensamento especulativo não consegue fazer face. Por exemplo, em vários momentos de Tempo e narrativa I, ele se refere ao fato de a atividade mimética, em mimesis II, configurar, poeticamente, o tempo que aparece prefigurado na pré-compreensão ou mimesis I, e de esta atividade configurante endereçá-lo ou encaminhá-lo para o mundo do leitor – mimesis III –, onde, refigurado, advém à linguagem, adquirindo, assim, a condição de ser narrado ao se entranhar na experiência humana. No entanto, Ricoeur postula que, embora o tempo narrativo coloque em suspensão as duas dimensões temporais suprarreferidas, sua apreensão dá um passo em direção à eliminação desses parênteses. É o que declara quando afirma que " o tempo narrado é como uma ponte lançada sobre a brecha que a especulação não cessa de abrir entre o tempo fenomenológico e o tempo cosmológico ". (RICOEUR, 1997, p. 420)
Introdução O núcleo deste capítulo é a exposição da exegese da Poética realizada por Ricoeur, de ... more Introdução O núcleo deste capítulo é a exposição da exegese da Poética realizada por Ricoeur, de cujos resultados se " apropria " ao preço de uma " manobra estratégica " , como ele próprio nomeia, com vistas à formulação de uma teoria sobre a narrativa de ficção. Tal formulação exige o exame da reconstituição e sua fundamentação, pois estas são as condições necessárias ao alargamento do muthos trágico de modo que ele possa alçar-se à condição que Ricoeur pleiteia: uma inteligência narrativa que suporte e abranja as metamorfoses do enredo ou da intriga ou os diferentes gêneros literários ou variações imaginativas cuja primeira formulação é apresentada na Poética. Uma das condições necessárias a essa teoria narrativa com maior envergadura e abrangência é suportar a reinscrição da mimesis, muthos e katharsis, os conceitos mais importantes da composição poética, e cuja exegese se faz uma condição antecipatória necessária. Examinar-se-á em seguida as transformações que cada um deles sofre com sua reinscrição no interior dessa nova teoria, tanto no que diz respeito ao seu sentido como aoe ao seu modo de operação, Serão também abordadas as possíveis repercussões que essa reinscrição provocará em todos os momentos do ciclo hermenêutico, em especial no da refiguração narrativa, que se desdobra tanto como uma teoria da recepção como enseja uma hermenêutica do si, que tem na figura da identidade narrativa sua mais importante aquisição.dEssa estratégia e outros recursos importantes de que Ricoeur lança mão, como os oriundos da intuição cujo papel imprescindível para solução poética das aporias este filósofo enfatiza – como é o caso da noção de identidade narrativa –, evidenciam a consistência de seu trabalho hermenêutico, cuja ancoragem teórica foi apresentada no capítulo anterior.
Introdução Este capítulo tem como objetivo apresentar os principais elementos da contribuição que... more Introdução Este capítulo tem como objetivo apresentar os principais elementos da contribuição que Ricoeur oferece para a teoria da interpretação e, também, a trajetória de sua formulação, criando-se, assim, a oportunidade para esclarecer as principais idéias, conceitos e posições que constituem sua filosofia hermenêutica e orientam sua obra. Por exemplo, ao se apresentar o trabalho exegético da Poética, o que ocorrerá no próximo capítulo, o que se traz à luz é sua concepção sobre interpretação. O mesmo acontece com a hermenêutica do si que será apresentada no último capítulo: trata-se da condensação dos temas com os quais se preocupou e para os quais se voltou, como hermenêutica do sujeito, temporalidade, narratividade e a dimensão ética da ação.Com estes objetivos, serão apresentadas, inicialmente e de forma sucinta, uma após outra, as tendências filosóficas e concepções nas quais a hermenêutica ricoeuriana deita suas raízes. O caminho que se passará a percorrer tem como fio condutor inicial a declaração de Ricoeur no primeiro capítulo de Do Texto à Ação, na qual reconhece sua vinculação com a tradição hermenêutica constituída por Schleiermacher, Dilthey, Heidegger e Gadamer e à filosofia reflexiva de Nabert, Fichte, Kant e Descartes. Eis um trecho dessa declaração: " Gostaria de caracterizar a tradição filosófica de que me reclamo com três traços: vem na linha de uma teoria reflexiva; habita o movimento da fenomenologia husserliana; e pretende ser uma variante hermenêutica desta fenomenologia ". (RICOEUR, 2000, p.59). Esta declaração contém a informação de que a tradição filosófica à qual Ricoeur se filia em sua origem mais remota é aquela que pratica a compreensão que se efetiva numa abertura da consciência em relação ao outro, ao interpelá-lo sobre seu sentido: portanto, a origem mais remota da hermenêutica ricoeuriana é a fenomenologia husserliana. Como se vê na declaração acima referida, Ricoeur também atesta que sua hermenêutica, para atualizar esse pressuposto último da fenomenologia, ou seja, para apreender o sentido daquilo que se apresenta à consciência, tem de recepcionar o cerne das teorias de Dilthey e Gadamer, que busca a
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