Papers by Larissa da Mata
Boletim de Pesquisa-NELIC, 2008
outra travessia
Neste ensaio, o crítico iugoslavo Darko Suvin propõe, a partir do filósofo marxista Ernst Bloch, ... more Neste ensaio, o crítico iugoslavo Darko Suvin propõe, a partir do filósofo marxista Ernst Bloch, o novum como categoria determinante para se compreender a ficçãocientífica face a outros gêneros narrativos: o de Fantasia, o mítico, o conto de fadas e a ficção naturalista. O novum consistiria em um princípio que instaura uma mudança no universo do relato, analogamente à norma empírica do autor. Além disso, é um evento essencialmente histórico, na medida em que não será reconhecido como novidadeem qualquer época (o que também vale para a narrativa de ficção científica, que não é sempre considerada como tal). Aliada, portanto, à analogia, essa categoria substitui noções anteriores de Suvin como a extrapolação, a qual afirma agora ser insustentável, por essa se pautar em uma noção de futuro como tempo limitado. Por sua vez, o novummodifica a própria conexão entre as relações espaciais e temporais e se estabelece de acordo com a sua relevância. Demonstrando afinidade com a teoria marxista...
Revista Landa, v. 1, n. 2 (2013
The Brazilian modernist canon is usually associated to the writers who took part in the Week of M... more The Brazilian modernist canon is usually associated to the writers who took part in the Week of Modern Art in 1922, whose works are analyzed considering structure as the main feature. This paper aims to analyze Agua viva (1973), written by Clarice Lispector, a dissident modernist poet, by means of Taoism, philosophy that proposes the Tao, a heterogeneous unity, reminding a cyclical culture producer of strain. In Taoism, as in Chinese calligraphy, the shape is undone, giving back strength to the shapeless matter; features that enable a change in the Western way of dealing with art; emphasizing strength, instead of shape. This "Eastern heritage" may be found in the Brazilian artist Maria Martins (1894-1973), who wrote Asia Maior: o planeta China (1958) and as in the Mexican writer Octavio Paz (1914-1998), author of Conjunciones y disyunciones (1969); works which will be essential to consider the East's presence in Agua viva. The increasing interest in the East influences...
Este texto aborda a dança na série “Os gatos de Roma / Notas para a reconstrução de um mundo perd... more Este texto aborda a dança na série “Os gatos de Roma / Notas para a reconstrução de um mundo perdido” (1957/1958) de Flávio de Carvalho (1899-1973) à luz da filosofia nietzschiana e das considerações de Roger Caillois (1913-1978) sobre o mimetismo em O mito e o homem (1938). Em Caillois e em Carvalho, o mimetismo propõe uma alternativa à mimese ao produzir uma instância comum entre a arte e a ciência e ao aproximar elementos tão distantes quanto o corpo e o ambiente. Na transformação mimética e na dança, o sujeito se oferece no trânsito entre si e o outro, o seu organismo e o meio. Esta reflexão também sugere uma leitura do “Ensaio sobre o ritual da serpente” (1923) de Aby Warburg (1866-1929) a partir da hipótese de que os três intelectuais compartilharam uma visão do primitivo como dança, como um instante prestes a emergir na forma de pathos e de enfermidade.This paper discusses the role of dance on “Cats from Rome / Notes for the Reconstruction of a Lost World” (1957/1958), by Flá...
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Pro... more Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Florianópolis, 2013.V. 1: Este trabalho sugere uma alternativa aos procedimentos vanguardistas que concebem o ?primitivo? como um passado remoto, como a gênese de um desenvolvimento progressivo da História. No modernismo brasileiro, a questão se apresenta, via de regra, como uma tentativa de buscar no "primitivo?"um grau zero e fundar as bases do nacionalismo cultural. Por sua vez, o artista brasileiro Flávio de Carvalho (1899-1973)sugere uma interpretação diversa da origem (e, por conseguinte, do"primitivo"). Para ele, a origem não necessita ser buscada a priori, masse inscreve no instante presente, em uma metamorfose incessante. A sua perspectiva, afim do pensamento nietzscheano sobre a genealogia, o aproxima das reflexões de intelectuais intempestivos no momento em que viveram, como Roger Caillois (1913-1978), Carl Einstein (18...
Gragoatá, 2016
Reviewed book: CARVALHO, Flávio Rezende de. Os ossos do mundo. Organização: Flávia Carneiro Leão ... more Reviewed book: CARVALHO, Flávio Rezende de. Os ossos do mundo. Organização: Flávia Carneiro Leão e Rui Moreira Leite. Ed. rev. e ampl. Campinas: Unicamp, 2014.
Anuário de Literatura, 2007
The Brazilian modernist canon is usually associated to the writers who took part in the Week of M... more The Brazilian modernist canon is usually associated to the writers who took part in the Week of Modern Art in 1922, whose works are analyzed considering structure as the main feature. This paper aims to analyze Água viva (1973), written by Clarice Lispector, a dissident modernist poet, by means of Taoism, philosophy that proposes the Tao, a heterogeneous unity, reminding a cyclical culture producer of strain. In Taoism, as in Chinese calligraphy, the shape is undone, giving back strength to the shapeless matter; features that enable a change in the Western way of dealing with art; emphasizing strength, instead of shape. This "Eastern heritage" may be found in the Brazilian artist Maria Martins (1894-1973), who wrote Ásia Maior: o planeta China (1958) and as in the Mexican writer Octavio Paz (1914-1998), author of Conjunciones y disyunciones (1969); works which will be essential to consider the East's presence in Água viva. The increasing interest in the East influences...
Reviewed book: CARVALHO, Flavio Rezende de. Os ossos do mundo. Organizacao: Flavia Carneiro Leao ... more Reviewed book: CARVALHO, Flavio Rezende de. Os ossos do mundo. Organizacao: Flavia Carneiro Leao e Rui Moreira Leite. Ed. rev. e ampl. Campinas: Unicamp, 2014.
O mito de Prometeu na literatura de Hesíodo (em Teogonia e em O trabalho e os dias) e de Ésquilo ... more O mito de Prometeu na literatura de Hesíodo (em Teogonia e em O trabalho e os dias) e de Ésquilo (em Prometeu acorrentado) encena manifestações diversas da origem da cultura, ora como a instauração do progresso pelo roubo do fogo, ora como a aproximação entre o titã e os homens graças ao ato criminoso e à punição tirânica de Zeus. Focaremos duas versões do mito na literatura brasileira, a de Glauber Rocha em Riverão Sussuarana (1978) e a de Murilo Mendes no poema “Novíssimo Prometeu”, de O visionário (1941), a partir da noção nietzschiana da genealogia — compreendida como o conflito entre potências opostas e a irrupção de um começo imprevisível na história. Ao lado dos surrealistas dissidentes do Colégio de Sociologia, Mendes e Rocha conceberam Prometeu, respectivamente, como uma origem bipolar, descentralizadora do cânone da literatura, e como um revolucionário em conflito com o poder dos Estados ditatoriais.
Flavio de Carvalho, no relato de viagens Os ossos do mundo (1936), bem como na serie de ficcao-te... more Flavio de Carvalho, no relato de viagens Os ossos do mundo (1936), bem como na serie de ficcao-teorica “Os gatos de Roma/Notas para a reconstrucao de um mundo perdido” ( Diario de S. Paulo , 1957-1958) dialoga com inumeras disciplinas (a estetica, a psicanalise, a antropologia, a literatura). Portanto, o seu pensamento se insere em um espaco hibrido constituido pela afinidade entre os mecanismos, e nao pelos limites de um genero. Dada a sua proximidade com a antropologia social inglesa e com a obra de Jacob Burckhardt, esses textos se remetem ao metodo do historiador da arte Aby Warburg de organizar a sua biblioteca e as colaboracoes deixadas por Edgar Wind no Journal of the Warburg and Courtauld Institutes (1937; 1938-1939). Esses intelectuais recorrem a relacao entre a antropologia e a estetica para formularem uma nocao gestual de imagem e de tempo como sobrevivencia.
Via Atlântica, 2020
Este trabalho consiste em uma resenha do romance O cão e os caluandas, do escritor angolano Pepet... more Este trabalho consiste em uma resenha do romance O cão e os caluandas, do escritor angolano Pepetela, que ganhou edição brasileira em 2019 pela editora Kapulana. O texto procura ler o romance à luz de sua proximidade com o testemunho e do seu hibridismo linguístico.
Remate de Males, 2021
Este texto visa a apresentar o livro do filósofo senegalês Souleymane Bachir Diagne Bergson pós-c... more Este texto visa a apresentar o livro do filósofo senegalês Souleymane Bachir Diagne Bergson pós-colonial (2018), no qual investiga como a duração, o vitalismo e a intuição do autor de Matéria e memória levaram dois intelectuais distintos, Léopold Sédar Senghor e Muhammad Iqbal, a rever a identidade como uma categoria fixa e o Islã como uma religião estagnada, respectivamente. Estadista e poeta, o senegalês Senghor propôs uma perspectiva da negritude como questão em aberto, formulada pela práxis, e da arte africana como força telúrica e dionisíaca. Por sua vez, o indiano Iqbal combinou o conhecimento do Corão com a filosofia ocidental para sugerir uma cosmologia em processo contínuo de transformação e a partilha da atividade criadora entre o homem e a divindade.
ARS (São Paulo)
Em 1943, Mário de Andrade publica na Revista da Academia Paulista de Letras o ensaio “Primitivos”... more Em 1943, Mário de Andrade publica na Revista da Academia Paulista de Letras o ensaio “Primitivos”, em que conceitua o termo baseado no filósofo e etnólogo francês Georges-Henri Luquet (1876-1965). Luquet teve a mesma obra (L’art primitif, 1930) resenhada por Georges Bataille na revista Documents (1930). Este texto reporta-se aos ensaios de Andrade e de Bataille buscando os traços da leitura do etnólogo nesses autores. Desse modo, lançaremos luz sobre duas abordagens distintas da noção de primitivo na modernidade: uma que se volta às culturas nativas ou não ocidentais como princípio de identidade e como afinidade estética (a partir de critérios como beleza, semelhança e gênese), e outra que concebe o retorno como uma heterogeneidade transgressiva (anti-humanista, informe).
Letras, 2016
Este texto sugere uma leitura de Macunaíma (1928), de Mário de Andrade, por meio das consideraçõe... more Este texto sugere uma leitura de Macunaíma (1928), de Mário de Andrade, por meio das considerações sobre o culto do herói por Flávio de Carvalho (1899-1973) na série “Os gatos de Roma / Notas para a reconstrução de um mundo perdido” (1957/1958). Para Carvalho, o herói não consistiria em um ideal, mas em um duplo, oposto ao modelo de intelectual para Andrade. Assim como o Roger Caillois de Os jogos e os homens (1958), Carvalho refuta a identificação entre o herói e o “ideal do Eu” freudiano, transformandono em uma máscara que desloca a simetria do ser.
Revista Crítica Cultural, 2010
O texto que se segue apresenta alguns conceitos utilizados pelo crítico norteamericano Hal Foster... more O texto que se segue apresenta alguns conceitos utilizados pelo crítico norteamericano Hal Foster, cuja produção recebeu apenas esparsas traduções para a língua portuguesa até o momento em revistas acadêmicas brasileiras e um livro completo. Hal Foster é atualmente professor do departamento de Arte e Antropologia na Universidade de Princeton e co-editor do periódico OCTOBER. Segue-se a esta apresentação a tradução de "Blinded insights", um dos capítulos do seu Prosthetic Gods (MIT Press, 2004), sobre a relação estética dos artistas Jean Dubuffet, Paul Klee e Max Ernst com a coleção de Prinzhorn de obras de artistas com problemais mentais.
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 2015
Este texto aborda a dança na série “Os gatos de Roma / Notas para a reconstrução de um mundo perd... more Este texto aborda a dança na série “Os gatos de Roma / Notas para a reconstrução de um mundo perdido” (1957/1958) de Flávio de Carvalho (1899-1973) à luz da filosofia nietzschiana e das considerações de Roger Caillois (1913-1978) sobre o mimetismo em O mito e o homem (1938). Em Caillois e em Carvalho, o mimetismo propõe uma alternativa à mimese ao produzir uma instância comum entre a arte e a ciência e ao aproximar elementos tão distantes quanto o corpo e o ambiente. Na transformação mimética e na dança, o sujeito se oferece no trânsito entre si e o outro, o seu organismo e o meio. Esta reflexão também sugere uma leitura do “Ensaio sobre o ritual da serpente” (1923) de Aby Warburg (1866-1929) a partir da hipótese de que os três intelectuais compartilharam uma visão do primitivo como dança, como um instante prestes a emergir na forma de pathos e de enfermidade.
Boletim de Pesquisa NELIC, 2014
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