Resumo: proponho que a crítica da razão instrumental constitui o eixo central da chamada teoria c... more Resumo: proponho que a crítica da razão instrumental constitui o eixo central da chamada teoria crítica da sociedade. Além disso, defendo que também nós, brasileiros, produzimos uma consciência crítica dos efeitos da razão instrumental. Escolho quatro grandes figuras dessa razão instrumental na periferia do capitalismo: o colonialismo, a medicina social, a revolução industrial e a necropolítica. Com isso, pretendo posicionar a crítica da razão instrumental no centro do diagnóstico do presente como uma maneira de resgatar a radicalidade e atualidade da teoria crítica. Palavras-chave: teoria crítica; razão instrumental; colonialismo; necropolítica. Comparada às grandes, nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, não outra, que nos exprime. Se não for amada, não revelará sua mensagem; e se não a amarmos, ninguém o fará por nós. Se não lermos as obras que a compõem, ninguém as tomará do esquecimento, descaso ou incompreensão. Ninguém, além de nós, poderá dar vida a essas tentativas muitas vezes débeis, outras vezes fortes, sempre tocantes, em que os homens do passado, no fundo de uma terra inculta, em meio a uma aclimatação penosa da cultura europeia, procuravam estilizar para nós, seus descendentes, os sentimentos que experimentavam, as observações que faziam,-dos quais se formaram os nossos (CANDIDO, 2014, p. 12)
Fênix - Revista de História e Estudos Culturais, Dec 15, 2014
Quando se fala em Teoria Crítica da Sociedade, lembra-se inevitavelmente da Escola de Frankfurt. ... more Quando se fala em Teoria Crítica da Sociedade, lembra-se inevitavelmente da Escola de Frankfurt. Assim, certa característica geográfica emerge como central na elaboração teórica de nomes como Adorno, Horkheimer e Marcuse. Historicamente, entretanto, como bem demonstraram Jay 1 e Wiggershaus, 2 estes autores escreveram suas mais renomadas obras fora da Alemanha e no início da década de 30 já estavam no exílio. As sedes institucionais do Institut für Sozialforschung (Instituto de Pesquisas Sociais), inclusive, passaram por Genebra, Holanda e Nova York, com atividades em Londres e Paris, onde foi lançada, em 1933, um número da Zeitschrift für Sozialforschung (Revista de Pesquisa Social). Atualmente, Dubiel, situado no que se compreende como segunda geração (ao lado de Habermas e Honneth), afirma que não
Este artigo tem como objetivo fornecer uma compreensão da crise atual problematizando como os suj... more Este artigo tem como objetivo fornecer uma compreensão da crise atual problematizando como os sujeitos se ligam a esta forma social em colapso por meio de uma adesão psíquica, cuja consequência são ações destrutivas em relação a grupos sociais específicos, tomados como responsáveis por esta crise atual. Além disso, o artigo busca problematizar o modo pelo qual, neste gesto, o que sai de cena é a possibilidade de uma crítica radical do capitalismo.
Quando se fala em Teoria Crítica da Sociedade, lembra-se inevitavelmente da Escola de Frankfurt. ... more Quando se fala em Teoria Crítica da Sociedade, lembra-se inevitavelmente da Escola de Frankfurt. Assim, certa característica geográfica emerge como central na elaboração teórica de nomes como Adorno, Horkheimer e Marcuse. Historicamente, entretanto, como bem demonstraram Jay 1 e Wiggershaus, 2 estes autores escreveram suas mais renomadas obras fora da Alemanha e no início da década de 30 já estavam no exílio. As sedes institucionais do Institut für Sozialforschung (Instituto de Pesquisas Sociais), inclusive, passaram por Genebra, Holanda e Nova York, com atividades em Londres e Paris, onde foi lançada, em 1933, um número da Zeitschrift für Sozialforschung (Revista de Pesquisa Social). Atualmente, Dubiel, situado no que se compreende como segunda geração (ao lado de Habermas e Honneth), afirma que não
O objetivo deste artigo e fazer uma leitura historico-conceitual daquilo que se pode denominar de... more O objetivo deste artigo e fazer uma leitura historico-conceitual daquilo que se pode denominar de tradicao critica brasileira a partir da nocao de diferentes modelos de analise social utilizados por esta tradicao. Seriam eles: o modelo da formacao cujos expoentes sao Caio Prado Jr. e Antonio Candido e o modelo da deformacao cujos expoentes sao Roberto Schwarz e Francisco de Oliveira. Atraves da exposicao e discussao destes modelos pretendo, tambem, fazer uma breve historia da tradicao critica brasileira no seculo XX como uma modalidade de teoria critica periferica.
O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumental – elaborada por Adorno e... more O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumental – elaborada por Adorno e Horkheimer nos anos 40 do século XX – ainda nos permite compreender a sociedade capitalista contemporânea. No entanto, para que essa noção produza efeitos de análise acerca da atualidade, é preciso compreender as modificações históricas que atravessam a segunda metade do século XX e o início do século XXI. Proponho, então, a noção de “razão instrumental neoliberal”, demarcando as metamorfoses da racionalidade instrumental a partir da crise capitalista dos anos 1970, periodizando dois momentos: o de sua ascensão e o de seu colapso. Após apresentar a noção a partir de Adorno e Horkheimer e depois atualizá-la por meio de Brenner, Lasch e Sennett, problematizo o que significa, em termos sociais e psíquicos, viver em tempos de declínio da racionalidade instrumental, ou, em outras palavras, numa quadra histórica na qual o horizonte da sociedade capitalista deixou de ser o da produção de subje...
Este trabalho tem como objetivos, por um lado, investigar as relacoes entre Foucault e a Escola d... more Este trabalho tem como objetivos, por um lado, investigar as relacoes entre Foucault e a Escola de Frankfurt e, por outro, discutir o legado desta corrente de pensamento atraves da reflexao acerca de sua vitalidade para o tempo presente. Num primeiro momento, analisamos os elementos centrais da critica realizada por Axel Honneth, em Critica do Poder, ao pensamento de Michel Foucault, articulando-a com sua analise da obra do chamado circulo interno da Escola de Frankfurt, principalmente, Adorno e Horkheimer. Desta maneira, entendemos que Honneth opera uma aproximacao do pensamento foucaultiano a linhagem critica frankfurtiana com enfase em deficiencias comuns que apontam para uma filiacao entre os autores e, ao mesmo tempo, para sua insuficiencia na analise da sociedade contemporânea. No segundo momento, partimos criticamente do ponto de vista defendido por Axel Honneth segundo o qual Foucault e Habermas podem ser compreendidos como desenvolvimentos rivais das ideias e questoes propo...
Resumo: Este artigo sugere a noção de "consciências literárias da crise", isto é, formas de consc... more Resumo: Este artigo sugere a noção de "consciências literárias da crise", isto é, formas de consciências opositoras em tempos de crises do capitalismo que se expressam por meio de obras literárias, marcadas por uma profunda negatividade em relação ao presente. Estas formas de consciência são engajadas na dupla tarefa de descrever os efeitos de barbárie provocados pelas crises e também de narrar as mudanças ocorridas na sociedade e nos modos de vida dos indivíduos. Além disso, seriam carregadas de energia utópica, de tal maneira que a negação do mundo vigente abre espaço para a possibilidade de outro mundo. Com esta noção, pretendo reafirmar, no quadro histórico atual marcado pela crise estrutural, a especificidade, potencialidade e relevância da literatura para a produção de uma crítica radical do presente. Retomo as obras de Franz Kafka, Aldous Huxley e Samuel Beckett, alinhando-as com períodos históricos distintos: A Era da Catástrofe, a Era de Ouro e o Desmoronamento, respectivamente. Palavras-chave: Teoria Crítica. Literatura. Crise. Barbárie. Utopia. E nos olhos dos homens reflete-se o fracasso. E nos olhos dos esfomeados cresce a ira. Na alma do povo, as vinhas da ira diluem-se e espraiam-se com ímpeto, crescem com ímpeto para a vindima. (STEINBECK, 1979, p. 173).
O objetivo deste artigo é apresentar e contextualizar uma ferramenta de análise de autoria do fil... more O objetivo deste artigo é apresentar e contextualizar uma ferramenta de análise de autoria do filósofo e cientista social camaronês Achille Mbembe como atualização da crítica social foucaultiana para fenômenos da periferia do capitalismo, em específico aqueles que aludem a uma passagem da biopolíticaa produção da vida e da subjetividade adequadas à forma social capitalistapara a necropolítica, isto é, uma política centrada na produção da morte em larga escala, característica de um mundo em crise sistêmica.
RESUMO: O objetivo deste artigo é analisar os elementos centrais da crítica realizada por Axel Ho... more RESUMO: O objetivo deste artigo é analisar os elementos centrais da crítica realizada por Axel Honneth ao pensamento de Michel Foucault, em Crítica do Poder, articulando-a com sua análise da obra do chamado "círculo interno" da Escola de Frankfurt, principalmente Adorno e Horkheimer. Dessa maneira, entende-se que Honneth opera uma aproximação do pensamento foucaultiano à tradição crítica frankfurtiana, com ênfase em deficiências comuns que apontam para uma filiação entre os autores e, ao mesmo tempo, para sua insuficiência na análise da sociedade contemporânea. Tal leitura, contudo, em que pese sua inovação em pôr lado a lado Foucault e Habermas enquanto desenvolvimentos rivais da Teoria Crítica, é limitada tanto cronologicamente, por não levar em consideração a reorientação realizada por Foucault, a partir de 1978, quanto por identificar problematicamente as noções de poder e dominação. Essa limitação não inviabiliza, entretanto, manter o gesto de convergência entre o pensamento foucaultiano e a Escola de Frankfurt, pensando-o através de uma via positiva, que não se restrinja às limitações das suas ferramentas críticas, mas que, ao contrário, ao focalizar a radicalidade de tal crítica, torne possível destacar a sua atualidade.
Este artigo procura refletir acerca do ponto a partir do qual Habermas afirma a inatualidade da c... more Este artigo procura refletir acerca do ponto a partir do qual Habermas afirma a inatualidade da crítica social da primeira geração frankfurtiana, em específico Adorno, a saber, a ideia de que a crítica radical da racionalidade articulada com a análise social conduziria inevitavelmente a uma aporia analítica, a qual só poderia ser superada pela mudança de paradigma no interior da teoria crítica. Focalizando como Adorno busca manter a situação aporética da crítica social, busco redimensionar a aporia tirando-a do registro de obstáculo inultrapassável em direção à condição de possibilidade do exercício crítico.
Este artigo busca pôr à prova os argumentos freudianos a respeito de Marx através do encontro dir... more Este artigo busca pôr à prova os argumentos freudianos a respeito de Marx através do encontro direto dos argumentos daquele com a obra deste. A partir de então, levanta-se a hipótese de que Freud sempre lida com a sombra marxiana, isto é, com o resultado da projeção das interpretações que terceiros possuem de Marx, em particular o marxismo soviético e as interpretações de Adler e Reich. Neste sentido, a atualidade do encontro entre Marx e Freud para o século XXI tem como pressuposto o ato da crítica radical em dois tempos: tanto no que se refere à deslegitimação do marxismo soviético como representante de Marx, quanto na recusa da apropriação politicamente problemática que Freud faz de Marx.
Este artigo visa explorar a compreensão ético-estética do fenômeno perverso realizada por Marcuse... more Este artigo visa explorar a compreensão ético-estética do fenômeno perverso realizada por Marcuse em Eros e Civilização. No registro ético, destacamos o caráter necessariamente moral da categoria de perversão e seu vínculo com a normatização da experiência sexual, com a disciplinarização e controle dos corpos, no quadro da leitura foucaultiana do biopoder, situando Marcuse como crítico de tais processos em sua ligação com o modo de produção capitalista. No segundo registro, da estética, expomos como Marcuse, através da reconfiguração da relação entre Eros e Logos e da afirmação de um ethos estético, propõe que a perversão sexual implica a contestação da ordem vigente e a produção de novos modos de relações consigo e com os outros, em contraste com a regulação instrumental do erotismo. Por fim, indicamos como o campo de possibilidades aberto por Marcuse no domínio da transgressão aponta para a necessidade de retomar criticamente a categoria de perversão.
Este artigo parte do ponto de vista defendido por Axel Honneth, no qual Foucault e Habermas são c... more Este artigo parte do ponto de vista defendido por Axel Honneth, no qual Foucault e Habermas são compreendidos como desenvolvimentos rivais do campo problemático aberto pela Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer em particular. Propomos que é a conduta diante do Iluminismo que afasta Habermas e Honneth de Foucault e também de Adorno e Horkheimer. Tecemos, assim, uma costura entre Foucault e a primeira geração da Escola de Frankfurt, que se apoia inicialmente na crítica de Honneth tanto a um quanto a outro, para em seguida ultrapassá-la, mostrando, ao mesmo tempo, os pontos em comum – centrados na crítica radical da razão – e os motivos para considerá-los responsáveis por empreitadas filosóficas distintas.
O objetivo deste artigo é analisar os elementos centrais da crítica realizada por Axel Honneth ao... more O objetivo deste artigo é analisar os elementos centrais da crítica realizada por Axel Honneth ao pensamento de Michel Foucault, em Crítica do Poder, articulando-a com sua análise da obra do chamado "círculo interno" da Escola de Frankfurt, principalmente Adorno e Horkheimer. Dessa maneira, entende-se que Honneth opera uma aproximação do pensamento foucaultiano à tradição crítica frankfurtiana, com ênfase em deficiências comuns que apontam para uma filiação entre os autores e, ao mesmo tempo, para sua insuficiência na análise da sociedade contemporânea. Tal leitura, contudo, em que pese sua inovação em pôr lado a lado Foucault e Habermas enquanto desenvolvimentos rivais da Teoria Crítica, é limitada tanto cronologicamente, por não levar em consideração a reorientação realizada por Foucault, a partir de 1978, quanto por identificar problematicamente as noções de poder e dominação. Essa limitação não inviabiliza, entretanto, manter o gesto de convergência entre o pensamento ...
Resumo: Este artigo procura propor que o gênero literário conhecido como distopia se configura, a... more Resumo: Este artigo procura propor que o gênero literário conhecido como distopia se configura, a partir do prisma da teoria crítica da sociedade, como ferramenta de análise radical da modernidade. Para tanto, é feita uma breve caracterização do que seria tal gênero literário a partir das noções de horizonte utópico e função distópica. A partir daí se elegem três obras distópicas para pôr a prova tal argumentação: 1984, de Orwell; Fahrenheit 451, de Bradbury; e Admirável Mundo Novo, de Huxley. Destacando algumas características destes livros, é possível lançar luz acerca de traços marcantes do nosso contemporâneo, tais quais: as formas de controle da subjetividade, a configuração hipertecnológica da atual sociedade e a dinâmica de submissão da cultura à civilização. Afirma-se, deste modo, a literatura como dispositivo a partir do qual se torna possível realizar uma crítica das forças que constituem o presente. Estas distopias são, pois, formas de resistência face aos efeitos de barbárie cada vez mais presentes no tecido social.
Resumo: proponho que a crítica da razão instrumental constitui o eixo central da chamada teoria c... more Resumo: proponho que a crítica da razão instrumental constitui o eixo central da chamada teoria crítica da sociedade. Além disso, defendo que também nós, brasileiros, produzimos uma consciência crítica dos efeitos da razão instrumental. Escolho quatro grandes figuras dessa razão instrumental na periferia do capitalismo: o colonialismo, a medicina social, a revolução industrial e a necropolítica. Com isso, pretendo posicionar a crítica da razão instrumental no centro do diagnóstico do presente como uma maneira de resgatar a radicalidade e atualidade da teoria crítica. Palavras-chave: teoria crítica; razão instrumental; colonialismo; necropolítica. Comparada às grandes, nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, não outra, que nos exprime. Se não for amada, não revelará sua mensagem; e se não a amarmos, ninguém o fará por nós. Se não lermos as obras que a compõem, ninguém as tomará do esquecimento, descaso ou incompreensão. Ninguém, além de nós, poderá dar vida a essas tentativas muitas vezes débeis, outras vezes fortes, sempre tocantes, em que os homens do passado, no fundo de uma terra inculta, em meio a uma aclimatação penosa da cultura europeia, procuravam estilizar para nós, seus descendentes, os sentimentos que experimentavam, as observações que faziam,-dos quais se formaram os nossos (CANDIDO, 2014, p. 12)
O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumentalelaborada por Adorno e Ho... more O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumentalelaborada por Adorno e Horkheimer nos anos 40 do século XXainda nos permite compreender a sociedade capitalista contemporânea. No entanto, para que essa noção produza efeitos de análise acerca da atualidade, é preciso compreender as modificações históricas que atravessam a segunda metade do século XX e o início do século XXI. Proponho, então, a noção de "razão instrumental neoliberal", demarcando as metamorfoses da racionalidade instrumental a partir da crise capitalista dos anos 1970, periodizando dois momentos: o de sua ascensão e o de seu colapso. Após apresentar a noção a partir de Adorno e Horkheimer e depois atualizá-la por meio de Brenner, Lasch e Sennett, problematizo o que significa, em termos sociais e psíquicos, viver em tempos de declínio da racionalidade instrumental, ou, em outras palavras, numa quadra histórica na qual o horizonte da sociedade capitalista deixou de ser o da produção de subjetividade para ser a destruição do psiquismo.
O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumentalelaborada por Adorno e Ho... more O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumentalelaborada por Adorno e Horkheimer nos anos 40 do século XXainda nos permite compreender a sociedade capitalista contemporânea. No entanto, para que essa noção produza efeitos de análise acerca da atualidade, é preciso compreender as modificações históricas que atravessam a segunda metade do século XX e o início do século XXI. Proponho, então, a noção de "razão instrumental neoliberal", demarcando as metamorfoses da racionalidade instrumental a partir da crise capitalista dos anos 1970, periodizando dois momentos: o de sua ascensão e o de seu colapso. Após apresentar a noção a partir de Adorno e Horkheimer e depois atualizá-la por meio de Brenner, Lasch e Sennett, problematizo o que significa, em termos sociais e psíquicos, viver em tempos de declínio da racionalidade instrumental, ou, em outras palavras, numa quadra histórica na qual o horizonte da sociedade capitalista deixou de ser o da produção de subjetividade para ser a destruição do psiquismo.
Resumo: proponho que a crítica da razão instrumental constitui o eixo central da chamada teoria c... more Resumo: proponho que a crítica da razão instrumental constitui o eixo central da chamada teoria crítica da sociedade. Além disso, defendo que também nós, brasileiros, produzimos uma consciência crítica dos efeitos da razão instrumental. Escolho quatro grandes figuras dessa razão instrumental na periferia do capitalismo: o colonialismo, a medicina social, a revolução industrial e a necropolítica. Com isso, pretendo posicionar a crítica da razão instrumental no centro do diagnóstico do presente como uma maneira de resgatar a radicalidade e atualidade da teoria crítica. Palavras-chave: teoria crítica; razão instrumental; colonialismo; necropolítica. Comparada às grandes, nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, não outra, que nos exprime. Se não for amada, não revelará sua mensagem; e se não a amarmos, ninguém o fará por nós. Se não lermos as obras que a compõem, ninguém as tomará do esquecimento, descaso ou incompreensão. Ninguém, além de nós, poderá dar vida a essas tentativas muitas vezes débeis, outras vezes fortes, sempre tocantes, em que os homens do passado, no fundo de uma terra inculta, em meio a uma aclimatação penosa da cultura europeia, procuravam estilizar para nós, seus descendentes, os sentimentos que experimentavam, as observações que faziam,-dos quais se formaram os nossos (CANDIDO, 2014, p. 12)
Fênix - Revista de História e Estudos Culturais, Dec 15, 2014
Quando se fala em Teoria Crítica da Sociedade, lembra-se inevitavelmente da Escola de Frankfurt. ... more Quando se fala em Teoria Crítica da Sociedade, lembra-se inevitavelmente da Escola de Frankfurt. Assim, certa característica geográfica emerge como central na elaboração teórica de nomes como Adorno, Horkheimer e Marcuse. Historicamente, entretanto, como bem demonstraram Jay 1 e Wiggershaus, 2 estes autores escreveram suas mais renomadas obras fora da Alemanha e no início da década de 30 já estavam no exílio. As sedes institucionais do Institut für Sozialforschung (Instituto de Pesquisas Sociais), inclusive, passaram por Genebra, Holanda e Nova York, com atividades em Londres e Paris, onde foi lançada, em 1933, um número da Zeitschrift für Sozialforschung (Revista de Pesquisa Social). Atualmente, Dubiel, situado no que se compreende como segunda geração (ao lado de Habermas e Honneth), afirma que não
Este artigo tem como objetivo fornecer uma compreensão da crise atual problematizando como os suj... more Este artigo tem como objetivo fornecer uma compreensão da crise atual problematizando como os sujeitos se ligam a esta forma social em colapso por meio de uma adesão psíquica, cuja consequência são ações destrutivas em relação a grupos sociais específicos, tomados como responsáveis por esta crise atual. Além disso, o artigo busca problematizar o modo pelo qual, neste gesto, o que sai de cena é a possibilidade de uma crítica radical do capitalismo.
Quando se fala em Teoria Crítica da Sociedade, lembra-se inevitavelmente da Escola de Frankfurt. ... more Quando se fala em Teoria Crítica da Sociedade, lembra-se inevitavelmente da Escola de Frankfurt. Assim, certa característica geográfica emerge como central na elaboração teórica de nomes como Adorno, Horkheimer e Marcuse. Historicamente, entretanto, como bem demonstraram Jay 1 e Wiggershaus, 2 estes autores escreveram suas mais renomadas obras fora da Alemanha e no início da década de 30 já estavam no exílio. As sedes institucionais do Institut für Sozialforschung (Instituto de Pesquisas Sociais), inclusive, passaram por Genebra, Holanda e Nova York, com atividades em Londres e Paris, onde foi lançada, em 1933, um número da Zeitschrift für Sozialforschung (Revista de Pesquisa Social). Atualmente, Dubiel, situado no que se compreende como segunda geração (ao lado de Habermas e Honneth), afirma que não
O objetivo deste artigo e fazer uma leitura historico-conceitual daquilo que se pode denominar de... more O objetivo deste artigo e fazer uma leitura historico-conceitual daquilo que se pode denominar de tradicao critica brasileira a partir da nocao de diferentes modelos de analise social utilizados por esta tradicao. Seriam eles: o modelo da formacao cujos expoentes sao Caio Prado Jr. e Antonio Candido e o modelo da deformacao cujos expoentes sao Roberto Schwarz e Francisco de Oliveira. Atraves da exposicao e discussao destes modelos pretendo, tambem, fazer uma breve historia da tradicao critica brasileira no seculo XX como uma modalidade de teoria critica periferica.
O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumental – elaborada por Adorno e... more O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumental – elaborada por Adorno e Horkheimer nos anos 40 do século XX – ainda nos permite compreender a sociedade capitalista contemporânea. No entanto, para que essa noção produza efeitos de análise acerca da atualidade, é preciso compreender as modificações históricas que atravessam a segunda metade do século XX e o início do século XXI. Proponho, então, a noção de “razão instrumental neoliberal”, demarcando as metamorfoses da racionalidade instrumental a partir da crise capitalista dos anos 1970, periodizando dois momentos: o de sua ascensão e o de seu colapso. Após apresentar a noção a partir de Adorno e Horkheimer e depois atualizá-la por meio de Brenner, Lasch e Sennett, problematizo o que significa, em termos sociais e psíquicos, viver em tempos de declínio da racionalidade instrumental, ou, em outras palavras, numa quadra histórica na qual o horizonte da sociedade capitalista deixou de ser o da produção de subje...
Este trabalho tem como objetivos, por um lado, investigar as relacoes entre Foucault e a Escola d... more Este trabalho tem como objetivos, por um lado, investigar as relacoes entre Foucault e a Escola de Frankfurt e, por outro, discutir o legado desta corrente de pensamento atraves da reflexao acerca de sua vitalidade para o tempo presente. Num primeiro momento, analisamos os elementos centrais da critica realizada por Axel Honneth, em Critica do Poder, ao pensamento de Michel Foucault, articulando-a com sua analise da obra do chamado circulo interno da Escola de Frankfurt, principalmente, Adorno e Horkheimer. Desta maneira, entendemos que Honneth opera uma aproximacao do pensamento foucaultiano a linhagem critica frankfurtiana com enfase em deficiencias comuns que apontam para uma filiacao entre os autores e, ao mesmo tempo, para sua insuficiencia na analise da sociedade contemporânea. No segundo momento, partimos criticamente do ponto de vista defendido por Axel Honneth segundo o qual Foucault e Habermas podem ser compreendidos como desenvolvimentos rivais das ideias e questoes propo...
Resumo: Este artigo sugere a noção de "consciências literárias da crise", isto é, formas de consc... more Resumo: Este artigo sugere a noção de "consciências literárias da crise", isto é, formas de consciências opositoras em tempos de crises do capitalismo que se expressam por meio de obras literárias, marcadas por uma profunda negatividade em relação ao presente. Estas formas de consciência são engajadas na dupla tarefa de descrever os efeitos de barbárie provocados pelas crises e também de narrar as mudanças ocorridas na sociedade e nos modos de vida dos indivíduos. Além disso, seriam carregadas de energia utópica, de tal maneira que a negação do mundo vigente abre espaço para a possibilidade de outro mundo. Com esta noção, pretendo reafirmar, no quadro histórico atual marcado pela crise estrutural, a especificidade, potencialidade e relevância da literatura para a produção de uma crítica radical do presente. Retomo as obras de Franz Kafka, Aldous Huxley e Samuel Beckett, alinhando-as com períodos históricos distintos: A Era da Catástrofe, a Era de Ouro e o Desmoronamento, respectivamente. Palavras-chave: Teoria Crítica. Literatura. Crise. Barbárie. Utopia. E nos olhos dos homens reflete-se o fracasso. E nos olhos dos esfomeados cresce a ira. Na alma do povo, as vinhas da ira diluem-se e espraiam-se com ímpeto, crescem com ímpeto para a vindima. (STEINBECK, 1979, p. 173).
O objetivo deste artigo é apresentar e contextualizar uma ferramenta de análise de autoria do fil... more O objetivo deste artigo é apresentar e contextualizar uma ferramenta de análise de autoria do filósofo e cientista social camaronês Achille Mbembe como atualização da crítica social foucaultiana para fenômenos da periferia do capitalismo, em específico aqueles que aludem a uma passagem da biopolíticaa produção da vida e da subjetividade adequadas à forma social capitalistapara a necropolítica, isto é, uma política centrada na produção da morte em larga escala, característica de um mundo em crise sistêmica.
RESUMO: O objetivo deste artigo é analisar os elementos centrais da crítica realizada por Axel Ho... more RESUMO: O objetivo deste artigo é analisar os elementos centrais da crítica realizada por Axel Honneth ao pensamento de Michel Foucault, em Crítica do Poder, articulando-a com sua análise da obra do chamado "círculo interno" da Escola de Frankfurt, principalmente Adorno e Horkheimer. Dessa maneira, entende-se que Honneth opera uma aproximação do pensamento foucaultiano à tradição crítica frankfurtiana, com ênfase em deficiências comuns que apontam para uma filiação entre os autores e, ao mesmo tempo, para sua insuficiência na análise da sociedade contemporânea. Tal leitura, contudo, em que pese sua inovação em pôr lado a lado Foucault e Habermas enquanto desenvolvimentos rivais da Teoria Crítica, é limitada tanto cronologicamente, por não levar em consideração a reorientação realizada por Foucault, a partir de 1978, quanto por identificar problematicamente as noções de poder e dominação. Essa limitação não inviabiliza, entretanto, manter o gesto de convergência entre o pensamento foucaultiano e a Escola de Frankfurt, pensando-o através de uma via positiva, que não se restrinja às limitações das suas ferramentas críticas, mas que, ao contrário, ao focalizar a radicalidade de tal crítica, torne possível destacar a sua atualidade.
Este artigo procura refletir acerca do ponto a partir do qual Habermas afirma a inatualidade da c... more Este artigo procura refletir acerca do ponto a partir do qual Habermas afirma a inatualidade da crítica social da primeira geração frankfurtiana, em específico Adorno, a saber, a ideia de que a crítica radical da racionalidade articulada com a análise social conduziria inevitavelmente a uma aporia analítica, a qual só poderia ser superada pela mudança de paradigma no interior da teoria crítica. Focalizando como Adorno busca manter a situação aporética da crítica social, busco redimensionar a aporia tirando-a do registro de obstáculo inultrapassável em direção à condição de possibilidade do exercício crítico.
Este artigo busca pôr à prova os argumentos freudianos a respeito de Marx através do encontro dir... more Este artigo busca pôr à prova os argumentos freudianos a respeito de Marx através do encontro direto dos argumentos daquele com a obra deste. A partir de então, levanta-se a hipótese de que Freud sempre lida com a sombra marxiana, isto é, com o resultado da projeção das interpretações que terceiros possuem de Marx, em particular o marxismo soviético e as interpretações de Adler e Reich. Neste sentido, a atualidade do encontro entre Marx e Freud para o século XXI tem como pressuposto o ato da crítica radical em dois tempos: tanto no que se refere à deslegitimação do marxismo soviético como representante de Marx, quanto na recusa da apropriação politicamente problemática que Freud faz de Marx.
Este artigo visa explorar a compreensão ético-estética do fenômeno perverso realizada por Marcuse... more Este artigo visa explorar a compreensão ético-estética do fenômeno perverso realizada por Marcuse em Eros e Civilização. No registro ético, destacamos o caráter necessariamente moral da categoria de perversão e seu vínculo com a normatização da experiência sexual, com a disciplinarização e controle dos corpos, no quadro da leitura foucaultiana do biopoder, situando Marcuse como crítico de tais processos em sua ligação com o modo de produção capitalista. No segundo registro, da estética, expomos como Marcuse, através da reconfiguração da relação entre Eros e Logos e da afirmação de um ethos estético, propõe que a perversão sexual implica a contestação da ordem vigente e a produção de novos modos de relações consigo e com os outros, em contraste com a regulação instrumental do erotismo. Por fim, indicamos como o campo de possibilidades aberto por Marcuse no domínio da transgressão aponta para a necessidade de retomar criticamente a categoria de perversão.
Este artigo parte do ponto de vista defendido por Axel Honneth, no qual Foucault e Habermas são c... more Este artigo parte do ponto de vista defendido por Axel Honneth, no qual Foucault e Habermas são compreendidos como desenvolvimentos rivais do campo problemático aberto pela Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer em particular. Propomos que é a conduta diante do Iluminismo que afasta Habermas e Honneth de Foucault e também de Adorno e Horkheimer. Tecemos, assim, uma costura entre Foucault e a primeira geração da Escola de Frankfurt, que se apoia inicialmente na crítica de Honneth tanto a um quanto a outro, para em seguida ultrapassá-la, mostrando, ao mesmo tempo, os pontos em comum – centrados na crítica radical da razão – e os motivos para considerá-los responsáveis por empreitadas filosóficas distintas.
O objetivo deste artigo é analisar os elementos centrais da crítica realizada por Axel Honneth ao... more O objetivo deste artigo é analisar os elementos centrais da crítica realizada por Axel Honneth ao pensamento de Michel Foucault, em Crítica do Poder, articulando-a com sua análise da obra do chamado "círculo interno" da Escola de Frankfurt, principalmente Adorno e Horkheimer. Dessa maneira, entende-se que Honneth opera uma aproximação do pensamento foucaultiano à tradição crítica frankfurtiana, com ênfase em deficiências comuns que apontam para uma filiação entre os autores e, ao mesmo tempo, para sua insuficiência na análise da sociedade contemporânea. Tal leitura, contudo, em que pese sua inovação em pôr lado a lado Foucault e Habermas enquanto desenvolvimentos rivais da Teoria Crítica, é limitada tanto cronologicamente, por não levar em consideração a reorientação realizada por Foucault, a partir de 1978, quanto por identificar problematicamente as noções de poder e dominação. Essa limitação não inviabiliza, entretanto, manter o gesto de convergência entre o pensamento ...
Resumo: Este artigo procura propor que o gênero literário conhecido como distopia se configura, a... more Resumo: Este artigo procura propor que o gênero literário conhecido como distopia se configura, a partir do prisma da teoria crítica da sociedade, como ferramenta de análise radical da modernidade. Para tanto, é feita uma breve caracterização do que seria tal gênero literário a partir das noções de horizonte utópico e função distópica. A partir daí se elegem três obras distópicas para pôr a prova tal argumentação: 1984, de Orwell; Fahrenheit 451, de Bradbury; e Admirável Mundo Novo, de Huxley. Destacando algumas características destes livros, é possível lançar luz acerca de traços marcantes do nosso contemporâneo, tais quais: as formas de controle da subjetividade, a configuração hipertecnológica da atual sociedade e a dinâmica de submissão da cultura à civilização. Afirma-se, deste modo, a literatura como dispositivo a partir do qual se torna possível realizar uma crítica das forças que constituem o presente. Estas distopias são, pois, formas de resistência face aos efeitos de barbárie cada vez mais presentes no tecido social.
Resumo: proponho que a crítica da razão instrumental constitui o eixo central da chamada teoria c... more Resumo: proponho que a crítica da razão instrumental constitui o eixo central da chamada teoria crítica da sociedade. Além disso, defendo que também nós, brasileiros, produzimos uma consciência crítica dos efeitos da razão instrumental. Escolho quatro grandes figuras dessa razão instrumental na periferia do capitalismo: o colonialismo, a medicina social, a revolução industrial e a necropolítica. Com isso, pretendo posicionar a crítica da razão instrumental no centro do diagnóstico do presente como uma maneira de resgatar a radicalidade e atualidade da teoria crítica. Palavras-chave: teoria crítica; razão instrumental; colonialismo; necropolítica. Comparada às grandes, nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, não outra, que nos exprime. Se não for amada, não revelará sua mensagem; e se não a amarmos, ninguém o fará por nós. Se não lermos as obras que a compõem, ninguém as tomará do esquecimento, descaso ou incompreensão. Ninguém, além de nós, poderá dar vida a essas tentativas muitas vezes débeis, outras vezes fortes, sempre tocantes, em que os homens do passado, no fundo de uma terra inculta, em meio a uma aclimatação penosa da cultura europeia, procuravam estilizar para nós, seus descendentes, os sentimentos que experimentavam, as observações que faziam,-dos quais se formaram os nossos (CANDIDO, 2014, p. 12)
O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumentalelaborada por Adorno e Ho... more O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumentalelaborada por Adorno e Horkheimer nos anos 40 do século XXainda nos permite compreender a sociedade capitalista contemporânea. No entanto, para que essa noção produza efeitos de análise acerca da atualidade, é preciso compreender as modificações históricas que atravessam a segunda metade do século XX e o início do século XXI. Proponho, então, a noção de "razão instrumental neoliberal", demarcando as metamorfoses da racionalidade instrumental a partir da crise capitalista dos anos 1970, periodizando dois momentos: o de sua ascensão e o de seu colapso. Após apresentar a noção a partir de Adorno e Horkheimer e depois atualizá-la por meio de Brenner, Lasch e Sennett, problematizo o que significa, em termos sociais e psíquicos, viver em tempos de declínio da racionalidade instrumental, ou, em outras palavras, numa quadra histórica na qual o horizonte da sociedade capitalista deixou de ser o da produção de subjetividade para ser a destruição do psiquismo.
O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumentalelaborada por Adorno e Ho... more O ponto de partida desse ensaio é o de que a noção de razão instrumentalelaborada por Adorno e Horkheimer nos anos 40 do século XXainda nos permite compreender a sociedade capitalista contemporânea. No entanto, para que essa noção produza efeitos de análise acerca da atualidade, é preciso compreender as modificações históricas que atravessam a segunda metade do século XX e o início do século XXI. Proponho, então, a noção de "razão instrumental neoliberal", demarcando as metamorfoses da racionalidade instrumental a partir da crise capitalista dos anos 1970, periodizando dois momentos: o de sua ascensão e o de seu colapso. Após apresentar a noção a partir de Adorno e Horkheimer e depois atualizá-la por meio de Brenner, Lasch e Sennett, problematizo o que significa, em termos sociais e psíquicos, viver em tempos de declínio da racionalidade instrumental, ou, em outras palavras, numa quadra histórica na qual o horizonte da sociedade capitalista deixou de ser o da produção de subjetividade para ser a destruição do psiquismo.
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