Cibele Barbosa
E-mail: [email protected] [email protected] Pesquisadora Associada III da Fundação Joaquim Nabuco/Ministério da Educação. Doutora em História Moderna e Contemporânea pela Universidade Paris IV-Sorbonne. Foi Coordenadora de Documentação e Pesquisas Históricas entre 2012 e 2014. Atualmente desenvolve trabalhos em História do Pensamento Social Brasileiro, História e relações raciais, História do Atlântico e História Visual da África e da Diáspora.
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Books by Cibele Barbosa
para a construção de um olhar crítico sobre os documentos.
Cotidianos afrodescendentes: um percurso visual pelo acervo da Fundação Joaquim Nabuco, apesar de ser dirigido a variados públicos, é especialmente dedicado aos professores. Em linhas gerais, o livro oferece sugestões de possíveis usos de fontes primárias em sala de aula para o estudo da história e cultura afro-brasileiras.
Trecho: " representação imagética da República brasileira, estampada em gravuras em jornais era materializada na forma de um corpo de mulher: branca com traços europeus à la Marianne. O Brasil das alegorias republicanas dos seus primeiros anos, era a corporificação de um Brasil descolado da sua população, um Brasil cujo horizonte era o do branqueamento.
Esse Brasil que se projetava nas Exposições Universais de Paris, expunha a imagem de um lócus promissor do progresso, garantido, dentre outras coisas, pela resolução da questão “racial”. A teoria da mestiçagem como promotora do branqueamento era a garantia que franqueava o Brasil a ocupar um lugar no concerto internacional das nações sobre as quais imperava a prerrogativa da eugenia.
Para além do glamour dos objetos importados franceses que chegavam no portos criando e alimentando habitus de consumo das elites, também chegaram fotografias, cartões-postais, gravuras estampadas em livros e revistas que passaram a compor uma imagética racial, um estética da alteridade que também ditou modelos de percepção acerca dos corpos de mulheres e homens negros."
Esta coletânea foi pensada com o intuito de propiciar discussões sobre relações raciais, dentre elas, as que se relacionam com o campo da educação, recorrendo para tanto, alguns resultados de estudos de base empírica, assim como de exercícios de reflexão sobre questões estruturantes no bojo dessa temática, todos, porém, tendo a singularidade de partir dos contextos específicos dos estados da região nordeste brasileiro. Tais reflexões podem, ainda, vir a contribuir para a efetivação de políticas educacionais e sociais para a afirmação de sujeitos históricos pouco ou nada valorizados nas narrativas tradicionais, como é o caso dos negros.
Papers by Cibele Barbosa
de 300 cartões-postais oriundos de diversas partes do mundo, do Cairo a Tóquio.
Ilustrados com fotografias de “tipos” e “paisagens”, esses postais são registros de uma
época imersa em um regime de visualidade marcado pela reprodutibilidade técnica
da imagem e pelo colonialismo europeu na África e na Ásia. Com base em estudos
contemporâneos da Cultura Visual e em leituras pós-coloniais, a pesquisa sobre esse
farto material iconográfico abre novas janelas analíticas para pensar de que modo o
culto ao exótico e a episteme racializada da época informaram percepções e
produziram olhares transnacionais sobre o “Outro”.
Fruto de pesquisas iniciadas em um encontro de pesquisadores na Universidade Gaston Berger, em Saint-Louis do Senegal, em 2017, o presente artigo analisa retratos e autorretratos de estúdio produzidos pelo artista-fotógrafo senegalês Omar Victor Diop, a
partir de três séries fotográficas: Studio of Vanities (2012),
Diaspora (2014) e Liberty (2016). O intuito consiste em destacar
os diálogos e releituras estéticas travados com a tradição da
fotografia de estúdio da África ocidental, em especial os retratos
produzidos pelo fotógrafo malinense Seydou Keïta em meados do
século XX. Da mesma forma, buscou-se observar de que modo as
imagens produzidas por Diop reescrevem histórias e personagens
da África e da Diáspora, articulando-as com a agenda
contemporânea do combate à colonialidade epistêmica e ao
racismo ao passo que expandem o acesso a narrativas visuais
protagonizadas por africanos no cenário internacional.
___________________________________
ABSTRACT
This article analyzes studio portraits and self-portraits produced
by the Senegalese artist-photographer Omar Victor Diop. It draws
on three photography series: Studio of Vanities (2012), Diaspora
(2014) and Liberty (2016). The aim is to highlight Diop’s aesthetic reinterpretations of, and dialogues with, the tradition of West
African studio photography, especially the portraits produced by
the Malian photographer Seydou Keïta in mid-20th century.
Likewise, the article seeks to track how the images produced by
Diop rewrite stories and characters from Africa and the Diaspora,
by connecting them with the contemporary agenda of the struggles against racism and epistemic coloniality, while also expanding access to visual narratives protagonized by Africans on the
international stage.
e circulação de fotografias de populações negras nos anos iniciais da expansão colonialista europeia, entre o final do século
XIX e início do século XX. Com base em cartes de visite e especialmente cartões-postais com imagens de africanos, afro-caribenhos e afro-brasileiros, o texto propõe uma abordagem transnacional acerca dos modos como os cânones visuais e produções
de sentido oriundos da cultura visual/racial do colonialismo
europeu foram reproduzidos nas fotografias comerciais do período
de 300 cartões-postais oriundos de diversas partes do mundo, do Cairo a Tóquio.
Ilustrados com fotografias de “tipos” e “paisagens”, esses postais são registros de uma
época imersa em um regime de visualidade marcado pela reprodutibilidade técnica
da imagem e pelo colonialismo europeu na África e na Ásia. Com base em estudos
contemporâneos da Cultura Visual e em leituras pós-coloniais, a pesquisa sobre esse
farto material iconográfico abre novas janelas analíticas para pensar de que modo o
culto ao exótico e a episteme racializada da época informaram percepções e
produziram olhares transnacionais sobre o “Outro”.
Este projeto internacional é coordenado por uma equipe franco-brasileira de pesquisadores da área de humanidades, ciências sociais, arte e literatura. Por meio de um conjunto de ensaios dedicados às relações culturais entre a Europa, a África e as Américas, o projeto desenvolve uma história conectada do espaço atlântico a partir do século XVIII. África-Europa-América do Sul-América do Norte.
para a construção de um olhar crítico sobre os documentos.
Cotidianos afrodescendentes: um percurso visual pelo acervo da Fundação Joaquim Nabuco, apesar de ser dirigido a variados públicos, é especialmente dedicado aos professores. Em linhas gerais, o livro oferece sugestões de possíveis usos de fontes primárias em sala de aula para o estudo da história e cultura afro-brasileiras.
Trecho: " representação imagética da República brasileira, estampada em gravuras em jornais era materializada na forma de um corpo de mulher: branca com traços europeus à la Marianne. O Brasil das alegorias republicanas dos seus primeiros anos, era a corporificação de um Brasil descolado da sua população, um Brasil cujo horizonte era o do branqueamento.
Esse Brasil que se projetava nas Exposições Universais de Paris, expunha a imagem de um lócus promissor do progresso, garantido, dentre outras coisas, pela resolução da questão “racial”. A teoria da mestiçagem como promotora do branqueamento era a garantia que franqueava o Brasil a ocupar um lugar no concerto internacional das nações sobre as quais imperava a prerrogativa da eugenia.
Para além do glamour dos objetos importados franceses que chegavam no portos criando e alimentando habitus de consumo das elites, também chegaram fotografias, cartões-postais, gravuras estampadas em livros e revistas que passaram a compor uma imagética racial, um estética da alteridade que também ditou modelos de percepção acerca dos corpos de mulheres e homens negros."
Esta coletânea foi pensada com o intuito de propiciar discussões sobre relações raciais, dentre elas, as que se relacionam com o campo da educação, recorrendo para tanto, alguns resultados de estudos de base empírica, assim como de exercícios de reflexão sobre questões estruturantes no bojo dessa temática, todos, porém, tendo a singularidade de partir dos contextos específicos dos estados da região nordeste brasileiro. Tais reflexões podem, ainda, vir a contribuir para a efetivação de políticas educacionais e sociais para a afirmação de sujeitos históricos pouco ou nada valorizados nas narrativas tradicionais, como é o caso dos negros.
de 300 cartões-postais oriundos de diversas partes do mundo, do Cairo a Tóquio.
Ilustrados com fotografias de “tipos” e “paisagens”, esses postais são registros de uma
época imersa em um regime de visualidade marcado pela reprodutibilidade técnica
da imagem e pelo colonialismo europeu na África e na Ásia. Com base em estudos
contemporâneos da Cultura Visual e em leituras pós-coloniais, a pesquisa sobre esse
farto material iconográfico abre novas janelas analíticas para pensar de que modo o
culto ao exótico e a episteme racializada da época informaram percepções e
produziram olhares transnacionais sobre o “Outro”.
Fruto de pesquisas iniciadas em um encontro de pesquisadores na Universidade Gaston Berger, em Saint-Louis do Senegal, em 2017, o presente artigo analisa retratos e autorretratos de estúdio produzidos pelo artista-fotógrafo senegalês Omar Victor Diop, a
partir de três séries fotográficas: Studio of Vanities (2012),
Diaspora (2014) e Liberty (2016). O intuito consiste em destacar
os diálogos e releituras estéticas travados com a tradição da
fotografia de estúdio da África ocidental, em especial os retratos
produzidos pelo fotógrafo malinense Seydou Keïta em meados do
século XX. Da mesma forma, buscou-se observar de que modo as
imagens produzidas por Diop reescrevem histórias e personagens
da África e da Diáspora, articulando-as com a agenda
contemporânea do combate à colonialidade epistêmica e ao
racismo ao passo que expandem o acesso a narrativas visuais
protagonizadas por africanos no cenário internacional.
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ABSTRACT
This article analyzes studio portraits and self-portraits produced
by the Senegalese artist-photographer Omar Victor Diop. It draws
on three photography series: Studio of Vanities (2012), Diaspora
(2014) and Liberty (2016). The aim is to highlight Diop’s aesthetic reinterpretations of, and dialogues with, the tradition of West
African studio photography, especially the portraits produced by
the Malian photographer Seydou Keïta in mid-20th century.
Likewise, the article seeks to track how the images produced by
Diop rewrite stories and characters from Africa and the Diaspora,
by connecting them with the contemporary agenda of the struggles against racism and epistemic coloniality, while also expanding access to visual narratives protagonized by Africans on the
international stage.
e circulação de fotografias de populações negras nos anos iniciais da expansão colonialista europeia, entre o final do século
XIX e início do século XX. Com base em cartes de visite e especialmente cartões-postais com imagens de africanos, afro-caribenhos e afro-brasileiros, o texto propõe uma abordagem transnacional acerca dos modos como os cânones visuais e produções
de sentido oriundos da cultura visual/racial do colonialismo
europeu foram reproduzidos nas fotografias comerciais do período
de 300 cartões-postais oriundos de diversas partes do mundo, do Cairo a Tóquio.
Ilustrados com fotografias de “tipos” e “paisagens”, esses postais são registros de uma
época imersa em um regime de visualidade marcado pela reprodutibilidade técnica
da imagem e pelo colonialismo europeu na África e na Ásia. Com base em estudos
contemporâneos da Cultura Visual e em leituras pós-coloniais, a pesquisa sobre esse
farto material iconográfico abre novas janelas analíticas para pensar de que modo o
culto ao exótico e a episteme racializada da época informaram percepções e
produziram olhares transnacionais sobre o “Outro”.
Este projeto internacional é coordenado por uma equipe franco-brasileira de pesquisadores da área de humanidades, ciências sociais, arte e literatura. Por meio de um conjunto de ensaios dedicados às relações culturais entre a Europa, a África e as Américas, o projeto desenvolve uma história conectada do espaço atlântico a partir do século XVIII. África-Europa-América do Sul-América do Norte.
Nesse breve artigo conto a história de grupo de afro-americanos de Chicago que foi proibido de imigrar para o Brasil. Fato que levou W.E.B Dubois a questionar a imagem de "paraíso racial" vendida pela diplomacia brasileira. Também ressalto a tentativa de um projeto de lei que visava proibir todos os imigrantes negros, projeto que recebeu parecer positivo do Instituto dos Advogados do Brasil.
O artigo é fruto de parte das pesquisas desenvolvidas na tese da autora: Le Brésil entre le mythe et l´idéal : la réception de l´œuvre de Gilberto Freyre en France dans l´après-guerre.
The present article aims to reflect on some aspects regarding the reception to sociologist Gilberto Freyre's work in Post-Second World War France, when the work ‘The Masters and the Slaves’ was translated and figured in some eminent French intelectual reviews. The aim was to observe how a work about Brazil, written in the beggining of the 30's, published and reinterpreted twenty years after, interacted with political discussions about race and colonialism between the end of the Second World War and the Algerian War.
The article is the result of part of the research developed in the author's PhD thesis: Le Brésil entre le mythe et l´idéal : la réception de l´œuvre de Gilberto Freyre en France dans l´après-guerre.