Alfabetizar e Letrar - Possibilidades e Desafios

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PROJETO DE EXTENSÃO: ALFABETIZAR E LETRAR - POSSIBILIDADES E

DESAFIOS

Área Temática: Educação

Coordenadora da ação: Deusmaura Vieira Leão1


Autoras: Deusmaura Vieira Leão2, Renata de Freitas Teixeira Andrez3

RESUMO: Neste trabalho compartilham-se alguns dados obtidos durante a


realização do projeto de extensão “Alfabetizar e Letrar: Possibilidades e
Desafios” que tem como objetivo desenvolver uma maior aprendizagem na
alfabetização e no letramento de maneira significativa e lúdica. A proposta
constitui-se numa intervenção interdisciplinar, entre as áreas de Pedagogia,
Educação Física e de Fonoaudiologia, oferecendo subsídios teórico-
metodológicos para os acadêmicos atuarem na prática, articulando os
conhecimentos adquiridos no decorrer do curso com o fazer pedagógico,
enfocando a aquisição da leitura e escrita. O projeto propõe metodologia voltada
para sanar e/ou minimizar as dificuldades iniciais na alfabetização, apresentando
um estudo sobre a dicotomia na aprendizagem da leitura e escrita, por meio da
organização dos assuntos: planejamento de atividades significativas que
envolvem a leitura e escrita; espaço e tempo pedagógico; práticas avaliativas do
processo em ensino-aprendizagem; ludicidade: jogos didáticos, cooperativos,
lúdicos e vivenciais; oralidade e escrita; produção textual; fatos fonéticos e
fonológicos; variação linguística. A análise dos dados coletados por meio de
observação, participação, regência e relatórios reflexivos dos momentos
vivenciados com as crianças participantes da proposta e reunião com a
coordenação da instituição, os acadêmicos refletiram sobre as diferentes
práticas de alfabetização e de letramento. O projeto de extensão tem o intuito de
contribuir para a superação das dificuldades de leitura e escrita, interpretação e
produção de texto detectadas nas crianças assistidas pela Instituição
Beneficente e, também, corroborar para o sucesso e qualidade do processo de
aprendizagem destes alunos.
Palavras- Chave: Alfabetização. Letramento. Leitura. Escrita.

INTRODUÇÃO
A leitura e escrita, numa sociedade letrada, são ferramentas mentais
que possibilitam o desenvolvimento da criança em todas as outras áreas do
conhecimento. Desde muito pequenas as crianças estão imersas no mundo da
escrita e é inconcebível a ideia de alfabetizá-las da mesma forma que se ensina

1Coordenadora do Projeto: Mestre em Educação pela Universidade Federal de Goiás, Professora


da Faculdade de Pedagogia da Universidade de Rio Verde – UniRV, [email protected]
2Mestre em Educação pela Universidade Federal de Goiás, Professora da Faculdade de Pedagogia
da Universidade de Rio Verde – UniRV, [email protected]
3Acadêmica do 7° Período de Pedagogia da Universidade de Rio Verde – UniRV
uma língua estrangeira; de forma descontextualizada, sem levar em
consideração o meio sócio- histórico- cultural no qual estão inseridas, tornando
o processo de alfabetização num ato mecânico e repetitivo. Isso justifica o alto
índice de educando que estão cursando o Ensino Fundamental e não
conseguem obter sucesso no processo de alfabetização. Tal processo conduz a
criança, meramente, a codificação e decodificação do código linguístico, sem
desenvolver as estruturas cognitivas indispensáveis para identificar as funções
sociais da leitura e escrita. Percebem-se muitas práticas iniciais de
aprendizagem baseadas apenas na junção de sílabas, na memorização de sons,
na incansável prática de fazer cópias, tornando a criança um indivíduo receptor
e passivo que não participa de forma ativa e construtiva da aprendizagem.
Essa perspectiva presente no processo de aquisição da leitura e
escrita deve ser superada, por isso sugere-se, como embasamento teórico desta
proposta a psicogênese da língua escrita proposta por Emília Ferreiro e nos
fundamentos conceituais de Piaget - construtivismo, os quais contribuíram para
a mudança no contexto da alfabetização.
Dessa forma, o construtivismo passa a ser visto como uma teoria
fundamental da aprendizagem em que as crianças têm papel ativo no seu
aprendizado, ou seja, elas constroem seu próprio conhecimento a partir da sua
interação com a leitura e escrita, da valorização de seus conhecimentos prévios
e da importância que exerce na obtenção de seu aprendizado.
O projeto de extensão Alfabetizar e Letrar: Possibilidades e Desafios
surgiu do contato estabelecido entre a coordenação do Posto de Assistência
Espírita Primavera, vinculado à Associação Beneficente André Luís com a
direção do curso de Pedagogia para realização de parceria entre a instituição e
universidade para a implementação de uma proposta de intervenção nas
práticas de leitura e escrita com crianças que não obtiveram sucesso na
alfabetização, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, participantes do Projeto
Crianças de Luz, com idades entre 08 a 14 anos e que estão regularmente
matriculadas nas redes de ensino municipal e estadual. Foram realizadas várias
reuniões nas quais, a coordenadora apresentou e discutiu sobre os desafios
enfrentados pelos professores voluntários que atuam na Associação quanto à
tarefa de alfabetizar os alunos que estão em defasagem de idade série.
Conforme o diagnóstico e acompanhamento que docentes e
acadêmicos realizaram com as crianças e adolescentes, demonstravam a
necessidade de diversificar e intensificar as atividades didáticas de modo a
trabalhar os diferentes níveis de aprendizagem e oferecer atendimento
individualizado aos alunos com dificuldades mais acentuadas na leitura e escrita.
A partir do resultado do diagnóstico e visando intervir positivamente nessa
realidade ficou estabelecido que os acadêmicos ministrariam aulas três vezes
por semana na Associação e um dia da semana os acadêmicos do curso de
Educação Física trabalhariam atividades específicas para auxiliar os alunos no
desenvolvimento de suas potencialidades e defasagens psicomotoras na
Academia Escola da UniRV.
Por isso, são planejados e executados procedimentos didáticos
diversificados com os educandos, os quais valorizam os conhecimentos prévios
dos mesmos, suas experiências e o contexto em que estão inseridos. Nesta
perspectiva, a alfabetização dar-se-á por meio de uma profunda imersão das
crianças nas práticas sociais de leitura e escrita, descartando-se qualquer tipo
de atividade didática que não estiver vinculada a essas práticas.

DESENVOLVIMENTO

É comum deparar com crianças que não dominam o código da língua,


ou seja, não alfabetizadas ao final dos anos iniciais do ensino fundamental nas
escolas públicas do país; é uma triste realidade e retrata uma incógnita para
muitos educadores e especialistas na área da educação. As dificuldades de
leitura e escrita encontradas por esses educandos se deve ao fato de não terem
construído hipóteses significativas para que cheguem a dominar a leitura e
escrita de forma convencional.
Portanto, o projeto de extensão a que se propõe busca contribuir, de
forma significativa, no processo de ensino e aprendizagem de alunos que
apresentam dificuldades e/ou não dominam a leitura e escrita, participantes do
Projeto Crianças de Luz; que é um projeto sem fins lucrativos fundado em
fevereiro de 2012, no município de Rio Verde – Goiás, tem sede no Posto de
Assistência Espírita Primavera, localizado na Rua Padre Mariano, Qd 31, Lt 16,
Bairro Primavera, vinculado à Associação Beneficente André Luís e atende
crianças e adolescentes com idades entre 08 a 14 anos. A condição básica para
que as crianças integrem ao projeto é que estejam regularmente matriculadas
na rede de ensino e comprovem sua frequência na escola.
Um dos objetivos do Projeto Crianças de Luz é “Desenvolver
atividades voltadas ao reforço escolar, trazendo as disciplinas escolares às
atividades lúdicas”, como forma de auxiliar aquelas crianças e adolescentes que
necessitam melhorar o rendimento escolar, mas nem sempre isso acontece, uma
vez que a instituição conta apenas com o trabalho voluntário para realização
dessas atividades e, muitas vezes, não é realizado por pessoas com formação
na área educacional, não têm uma frequência contínua, nem sistematização de
um trabalho pedagógico, fatores que impedem de alcançarem resultados
satisfatórios.
Diante do exposto, entende-se que a superação de dificuldades de
aprendizagem é requisito para emancipação social e promoção da cidadania de
crianças e jovens, pois é por meio do conhecimento que se interpreta o mundo
e vivencia experiências que proporcionam e solidificam os conhecimentos
significativos no processo de aprendizagem. Por isso, faz-se necessário a
elaboração desta proposta extensionista que visa desenvolver uma maior
aprendizagem na alfabetização e no letramento de maneira significativa e lúdica
dessa clientela; além de constituir-se numa grande oportunidade para os
acadêmicos das diferentes licenciaturas em desenvolver suas habilidades
docente em uma população com características desafiadoras.
As crianças e adolescentes que serão atendidas se encontram em
contexto de vulnerabilidade social, moram em um bairro localizado na periferia
da cidade onde se concentra grande parte da população de baixa renda, tem
diversos tipos de problemas sociais e econômicos, assim como a criminalidade.
Desta forma, muitas crianças que moram neste bairro e que participarão do
projeto se encontram em situações de risco e são expostas a todo tipo de
violência e criminalidade, o que reflete, também, nas dificuldades de
aprendizagem apresentadas por elas.
Como forma de reverter e/ou minimizar os problemas de
aprendizagem dessas crianças são pesquisadas e planejadas ações de
acompanhamento pedagógico por meio de atividades específicas, diversificadas
e significativas que contemplem a leitura e escrita, numa abordagem
construtivista, aos educandos.
O projeto de extensão é desenvolvido por uma equipe de docentes,
acadêmicos dos cursos de Pedagogia e Educação Física da Universidade de
Rio Verde – UniRV em parceria com a fonoaudióloga Fernanda Castelfranchi
Barros e a Associação Beneficente André Luís e atende, aproximadamente, 37
crianças que se encontram com déficit com relação à leitura, escrita,
interpretação e produção de textos, conforme levantamento realizado pela
coordenadora do projeto.
A meta essencial da ação deste projeto é trabalhar com a língua,
complementando com as questões lúdicas e metodológicas do ensino. Assim, a
oralidade, a escrita, a produção textual, as realidades fonéticas e as fonológicas,
a variação linguística, além da organização pedagógica de planejamento, de
espaço, de tempo e de práticas avaliativas e de jogos didáticos, lúdicos,
cooperativos e vivenciais são planejadas e executadas pelos acadêmicos sob a
orientação dos professores envolvidos, os quais utilizarão materiais pedagógicos
confeccionados pelos acadêmicos e os disponíveis na Faculdade de Pedagogia.
Propõe-se operacionalizar uma prática pedagógica que reflita
coletivamente sobre a proposta pedagógica desenvolvidas no contexto de sala
de aula, sobre o planejamento das atividades educativas, sobre as estratégias e
recursos de ensino-aprendizagem e de avaliação com um enfoque ao ensino-
aprendizagem e avaliação visando garantir que os alunos aprendam a ler e
escrever de acordo com perspectiva construtivista, na qual o sujeito tem um
papel ativo no processo de aprendizagem. Neste contexto enfatiza-se que
alfabetização e o letramento são práticas indissociáveis, resultantes das
relações humanas, sendo fundamentais, que perpassam todo o período escolar,
presentes em toda a vida do indivíduo e que deve permear o conceito de escrita
na proposta de todas as atividades que são desenvolvidas neste projeto.
Até o presente momento não foi diagnosticado nenhuma criança e/ou
adolescente com problema de fala para serem atendidos pela fonoaudióloga.

ANÁLISE E DISCUSSÃO
Pretende-se levantar dados qualitativos e quantitativos em relação
aos aspectos relevantes sobre os fatores que interferem e prejudicam na
alfabetização, bem como os procedimentos didáticos favoráveis para alfabetizar
e letrar as crianças, fornecendo elementos de análise para subsidiar futuras
intervenções. A descrição das atividades e o levantamento de dados obtidos
permitirão publicações em revistas específicas, divulgação e publicações em
eventos de extensão.
Por meio da escrita de relatórios reflexivos dos momentos vivenciados
pelos acadêmicos possibilitam compartilhamento dos resultados das atividades
aplicadas na sala de aula: acompanhamento dos alunos com maior dificuldade
na execução das atividades; atendimento individualizado no processo de
aquisição da leitura e da escrita e o replanejamento das próximas atividades.
Nesta dimensão, analisa-se o modelo prático – reflexivo do
desenvolvimento da formação profissional, buscando referência na concepção
reflexiva através do desenvolvimento de procedimentos, tais como, pesquisas,
narrativas autobiográficas, análise de casos, regência de sala, investigação –
ação e organização do ensino pela metodologia de projetos de trabalho. Será
feita análise dos resultados, focalizando a experiência como uma alternativa de
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho visa à construção e reconstrução de saberes
pedagógicos por meio do desenvolvimento de atividades que permitam a
articulação teoria/prática e a extensão universitária. O desafio desta proposta, a
atuação na comunidade, é de suma importância para os acadêmicos buscarem
alternativas criativas no desenvolvimento de práticas profissionais, constituindo
em uma grande oportunidade para os acadêmicos das diferentes licenciaturas
desenvolverem suas habilidades docentes em uma população com
características desafiadoras; acredita-se, também, na contribuição significativa
para a superação das dificuldades de aprendizagem apresentadas por crianças
que não conseguiram apreender as habilidades necessárias para o domínio da
leitura, escrita.
O grupo de trabalho visa, em seus resultados finais, oportunizar aos
acadêmicos um olhar mais atento e cauteloso nas questões pertinentes à
alfabetização e ao letramento, dentro de uma dimensão diferenciada:
alfabetização e letramento de forma continuada do Ensino Fundamental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FERREIRO, E; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Trad. Diana


Myriam Lichtenstein, Liana Di Marco e Márcio Corso. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 1999.

FERREIRO, Emília. Alfabetização em Processo. São Paulo: Cortez, 1996.

FERREIRO, Emília. Com Todas as Letras. São Paulo: Cortez, 1999. vol. 2.

LEÃO, Deusmaura Vieira. Aquisição da Língua Escrita: efeitos de


singnificantes. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2011.

SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento. São Paulo: Contexto, 2008

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