Inti: Revista de literatura hispnica

Volume 1 | Number 43 Article 22

1996

El desorden materno. Sobre El Dock de Matilde

Snchez
Nora Dominguez

Citas recomendadas
Dominguez, Nora (Primavera-Otoo 1996) "El desorden materno. Sobre El Dock de Matilde
Snchez," Inti: Revista de literatura hispnica: No. 43, Article 22.
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 EL DESORDEN MATERNO
SOBRE EL DOCK DE MATILDE SANCHEZ

Nora Domnguez
Universidad de Buenos Aires

Parte d e la vida y d e la historia argentina de estos ltimos aos la han

escrito las m a d r e s . L a s M a d r e s de Plaza d e M a y o trastornaron el m o d o
argentino d e pensarla; en este sentido, n o p u e d e n estar ausentes c u a n d o u n a
escritura se e m p e a e n convocarlas. L a n o v e l a de Matilde Snchez, E l Dock, 1
es hija d e las M a d r e s de Plaza de M a y o y esto lo a f i r m o e n varios sentidos: 1.
p o r q u e toda representacin actual de m a d r e e n la Argentina n o p u e d e pensarse
sino es en relacin c o n la reformulacin del imaginario m a t e r n o q u e ellas traen;
2. p o r q u e los dos p e r s o n a j e s f e m e n i n o s d e la novela, la narradora y su a m i g a
Poli, dos m a d r e s de u n m i s m o hijo, son p o r edad, p o r generacin, hijas d e las
M a d r e s d e P l a z a d e M a y o , las hijas n o desaparecidas pero, de algn m o d o ,
asociadas a su construccin social y poltica; 3. p o r q u e Matilde S n c h e z f u e
quien p r o l o g y redact la autobiografa de H e b e de Bonafini. 2
La infancia de Hebe transcurri en un lugar de la provincia de Bs.As.
llamado El Dique, un lugar cercano a una destilera de petrleo y a un
destacamento militar. El Dique y el Dock son dos nombres para una misma
frmula descriptiva, una idntica geografa ms o menos alejada de la ciudad.
Sobre el lugar real se recorta una infancia dichosa y una vida feliz pautada por
el trabajo, el casamiento y la llegada de los hijos. A esa casa la alcanza lo ms
violento y desgarrador, el secuestro y desaparicin de esos hijos. Hebe de
Bonafini sale primero a buscarlos y en la bsqueda inventa miles de estrategias
para desnudar una situacin de horror. Se define a s misma por la accin, se
impone siempre transformar la congoja en inteligencia y ataque.
El Dock, por su parte, no reconstruye el horror sino la infancia para
encontrar all algn relato que pueda explicar la incorporacin de Poli al grupo
que ataca el Dock. Sobre esta imagen de madre ya reformulada se recorta el par
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de m a d r e s d e la novela. El texto interroga u n a prdida, d i f e r e n t e d e la de la

m a d r e . Poli es la q u e d e j a a su hijo; le p r e o c u p a b a la direccin d e su destino,
n o su construccin. L a reconstruccin d e la infancia, los trabajos, los deseos,
la m a t e r n i d a d d e Poli sern el material sobre el q u e la narradora ir c o n s t r u y e n d o
su propio relato de madre. L a narradora n o sale al m u n d o a redefinirse c o m o
m a d r e sino q u e p e r m a n e c e en los lmites m s sensibles d e lo privado p a r a actuar
sobre el c u e r p o y las palabras d e ese hijo d e otra q u e le han puesto en el c a m i n o .
L a s coyunturas polticas sobre las q u e actuaron las M a d r e s d e la Plaza y sobre
las q u e se recorta la trama d e la n o v e l a han variado, la narradora i m p r i m e otra
f o r m a d e accin y otra f o r m a de la poltica, la q u e se i m p o n e el g e s t o de e n c o n t r a r
u n a l e n g u a q u e narre la experiencia de h a c e r s e madre. Para ello se d e m o r a en
la reflexin, adherida en los pliegues m s ntimos q u e las M a d r e s d e Plaza de
M a y o tuvieron q u e trasponer.
E l f e m i n i s m o , por su lado, abri el horizonte cultural d e significados
acerca d e la maternidad, d e s m o n t las estructuras tradicionales patriarcales
sobre las q u e se sostiene, hizo visibles las f o r m a s de la opresin, d e c o n s t r u y
la b a s e biologista que sustentaba a esas categoras y las operaciones esencialistas
q u e l a s fijaban y les i m p e d a n el cambio.
L a s M a d r e s d e la Plaza y el f e m i n i s m o establecen u n d e s o r d e n p o r q u e
r e f o r m u l a n las identidades f e m e n i n a s . El desorden m a t e r n o slo p u e d e
constituirse sobre u n orden previo, a u n q u e ajeno, no p o r ello m e n o s poderoso.
El m o d e l o d e familia n u c l e a r es el sistema que El Dock de M a t i l d e S n c h e z
viene a desordenar. P a r a ello recorta d e u n hecho poltico e histrico, c o m o f u e
el ataque al R e g i m i e n t o de La T a b l a d a , u n a consecuencia privada, pero,
a d e m s , corre el lente t e m p o r a l d e significados. E s decir, retoma u n d e b a t e y
plantea su continuidad, es u n texto q u e n o slo n o olvida sino q u e reenva a u n
c o n g l o m e r a d o d e sentidos que d e b e n an desplegarse.
T a n t o el f e m i n i s m o c o m o las M a d r e s de Plaza d e M a y o sacaron a la figura
de la m a d r e del lugar del ser para colocarlas e n el lugar del hacerse. E l D o c k
c o n f i g u r a a u n a m a d r e , m u e s t r a su p r o c e s o d e c o n s t r u c c i n y d e
autorrepresentacin ya que es la v o z q u e narra la q u e lo e m p r e n d e . El texto
narra este hacerse, narra a la maternidad c o m o u n aprendizaje. La maternidad
es u n lugar al q u e se llega p o r u n trabajo, resulta una p r o d u c c i n , u n a actividad
entre dos personas, m a d r e e hijo. Para ello es necesario u n lento acercamiento
de los c u e r p o s y u n intercambio d e relatos y versiones. Se tratar d e u n a
experiencia c o m p a r t i d a y construida c o n el otro, u n hijo; c o m p a r t i d a pero
n u n c a dicha de la m i s m a m a n e r a p o r q u e implica siempre dos posiciones
diferentes. L o q u e m e interesa leer en El Dock es sobre todo la figura d e la
m a d r e . U n a m a d r e q u e necesita d e s a n d a r las m a r c a s del estereotipo para
disolver su fijeza y p o d e r construir en l u n territorio propio.
M a t i l d e Snchez, tanto e n La ingratitud c o m o en esta novela, n o se
detiene e n los g r a n d e s relatos familiares, sino e n los recovecos y sinuosidades
p o r las q u e atraviesan las historias entre dos: m a d r e e hijo para El Dock, padre-
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h i j a para La ingratitud. L a s dos n o v e l a s p a r e c e n p o n e r en f u n c i o n a m i e n t o u n a

regla para p o d e r narrar: slo a p a r t n d o m e del lugar propio p u e d o indagar la
historia f a m i l i a r p a r a i m a g i n a r sobre sus restos una n u e v a f o r m a del y o q u e
p u e d a escribirse d e u n m o d o distinto.
H a y e n la literatura argentina u n lugar para las m a d r e s , pero pocas se han
escrito c o m o m a d r e s . P o r eso El Dock trae algo n u e v o , escribir d e s d e u n lugar
descartado p o r u n sistema literario (sobre todo p o r q u e el sistema literario lo q u e
h a escrito f u e r o n las mltiples versiones del estereotipo). D e s d e D o a Paula,
e j e m p l o d e m o r a l y sacrificio, hasta las m a d r e s casamenteras y b r u j a s de Arlt,
p a s a n d o p o r las i m g e n e s de la miseria de B o e d o o el tango, hasta la M a g a o
las m a d r e s - p u t a s d e los libros de Luis G u s m n o la puta y m a d r e d e algn relato
d e A b e l a r d o Castillo. O las versiones d e las narradoras, g e n e r a l m e n t e en textos
escritos p o r m u j e r e s : las m a d r e s distinguidas y distantes de las clases altas q u e
visten s o m b r e r o s o m o n t a n a caballo, o las m a d r e s incrustadas en el espacio
religioso del hogar, haciendo del h o g a r y d e la religin el r e f u g i o d o n d e
encerrar el cuerpo de las nias. L a m a d r e siniestra de " L a m a n o en la t r a m p a "
o la m a d r e vctima d e sus hijos e n La cada de Beatriz G u i d o , las m a d r e s
hiperbolizadas y todopoderosas de alguna novela d e Anglica Gorodischer. S e
trat e n general siempre del gesto ficticio de darles un lugar en la representacin
sin darles la palabra, o al drsela se las fij en u n lugar devaluado.
L a s narradoras q u e r e t o m a n estas figuras de m a d r e , en general, eligen
para ellas lugares apartados del sistema d e reproduccin social; las q u e se
autorrepresentan escribiendo n u n c a a p a r e c e n c o m o m a d r e s . Ser p o r esta
ausencia q u e h a c e u n o s aos, en 1989, Hilda Rais, reuni a u n g r u p o d e
f e m i n i s t a s y escritoras, para escribir u n a serie d e cuentos alrededor d e este t e m a
q u e se llam Salirse de madre.3 E n Los amores de Laurita d e A n a M a r a S h u a
la escena final repone algo q u e siempre se les extirp a las m a d r e s , el placer d e
la sexualidad durante la maternidad. M a d r e , entonces, es el l u g a r d e u n a
fijacin que d e b e ser desplazada para p o d e r acceder al grado de multiplicidad
c o n el que p u e d e ser leda y experimentada. Mariela, la m a d r e transexual, y sus
h i j o s q u e el m e s p a s a d o sorprendan en los diarios y la televisin, casi tanto
c o m o los h e c h o s del D o c k La T a b l a d a , nos llevan a p e n s a r e n esta
variabilidad d e la experiencia. T a m b i n las mltiples m a d r e s e h i j a s d e la o b r a
d e teatro Casa Matriz, e n este m o m e n t o en cartel en Bs. As.
Si bien todos estos textos escritos p o r m u j e r e s rescatan del silencio la
f i g u r a d e la m a d r e , es El Dock el q u e encuentra u n sitio de e n u n c i a c i n para ella,
c o n s t r u y e la i m a g e n d e u n a m u j e r q u e se convierte en m a d r e durante el relato,
la n o v e l a es el v e r d a d e r o sitio d e la construccin. U n sitio q u e d e b e ser rodeado
d e acciones, d e escenas, d e relatos para p o d e r darle v o z a u n a escritura,
consistencia a un yo que f r e n t e a u n a situacin n u e v a n o sabe c m o decirse.
H a y q u e r o d e a r el l u g a r v a c o q u e d e j a u n a m a d r e , deslizarse p o r l m a n s a m e n t e ,
d e j a r s e invadir por sus respuestas para q u e t o d o s los rodeos resulten u n a
o c u p a c i n feliz.
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Si del "acontecimiento original" queda una masa de informacin c o n f u s a

b a j o la f o r m a de contradicciones en este m o m e n t o la narradora se est
refiriendo con estas palabras a lo que queda de los hechos del D o c k en los
d i a r i o s , sin embargo, las mismas palabras podran v aler para explicar lo que
le pasa a los personajes. El acontecimiento original es el nacimiento de Leo.
El origen d e L e o est en el cuerpo de Poli, se borra lo que de biolgico ha tenido
el origen y se le transforma en relato. La narradora se lo transmite al nio, habr
que atravesar su confusin y contradiccin (incluso, lo q u e de infierno, muerte
y felicidad tena el ser madre para Poli), habr que relatar y conjeturar para que
finalmente la imagen de Poli salga de foco, c o m o tambin dice el m i s m o prrafo.
T a n t o el nio c o m o la narradora estn en los bordes del sistema familiar.
La narradora porque haba decidido quedar fuera de l; el nio, Leo, porque ha
perdido toda referencia familiar, es " u n caso indito", est ms all de la ley.
Para poder salir del territorio donde impera la ley hay que alejarse del pas y hay
que c o n f o r m a r una familia pardica. Al concluir la primera parte de la novela
queda conformada: "Poli, Kim y Leo: nuestro pequeo e improvisado m u n d o
de diminutivos. Nuestra pardica familia de v e r a n e o . "
El original de esta familia est en el texto, en la representacin de la
escena de la familia del portero del edificio donde viva Poli. Poli, Kim y Leo
son la copia parodiada, incluso una familia sin papeles. El texto finalmente
anular la parodia familiar y construir sobre el sentido de familia u n tercer
m o d e l o establecido nicamente por la m a d r e y el hijo. Modelo que recupera
d e la familia original lo que para esta madre tena de dichoso: la escena de la
comida. Pero esta nica relacin necesita para fortalecerse separar a la figura
del padre. El padre es todava necesario en la etapa en que hay que parodiar un
esquema. Cuando la parodia se destruye tambin se disuelve el modelo, se
instala otra alternativa que no requiere de su presencia. T o d o alrededor del
padre es ausente o confuso, finalmente eliminado.
El texto atraviesa, incluso ficticiamente en la representacin, las distintas
fases de la relacin madre-hijo. Al comienzo la narradora se somete a una
operacin, luego pasa por las etapas del desconocimiento (curiosidad, temor,
indiferencia, culpa, bronca) que le suscita el nio de quien ni siquiera sabe la
edad (tiene diez o doce aos). El reconocimiento d e que quiere "parte de ese
deseo para ella" coincide con las palabras de su compaero, que le recuerda que
se parece a las m u j e r e s cuando acaban d e tener u n beb. Finalmente viaja a
Montevideo, se separa del nio y del padre y p o r la separacin reconoce que ya
n o quiere u n m u n d o sin nios. Las ltimas pginas de la novela narran esta
aceptacin: "los viajes haban terminado y comenzaba la etapa d e residir".
Residir c o m o madre, residir con nios, residir con Leo.
P o r ltimo, el intercambio de relatos entre la todava n o madre y el hijo
instaura u n a zona de construccin e inscripcin de diferencia. Al comienzo,
cuando la conversacin no prospera, ella siente que tiene que inducir al nio
hasta el centro de un relato. L o s primeros relatos c o m o esta historia
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p r o v i e n e n del diario. Ella h a b l a sobre u n galen f a n t a s m a , " E l P r e c i a d o " , el

n i o sobre la falla d e u n telescopio espacial q u e enva i m g e n e s errneas sobre
el universo. L o s objetos d e inters, los m o d o s del relato, las f o r m a s d e
interpretacin difieren; sin e m b a r g o , entre a m b o s y a c e u n a pregunta p o r el m s
all, el m s all del cuerpo de Poli. E s el " a g u j e r o n e g r o " d e la historia al que
en la s e g u n d a parte d e la novela habr q u e agregarle otros materiales para
hacerlo atractivo, para lograr u n a r g u m e n t o bien construido, u n a coartada
potica q u e al nio "le sirviera c o m o m u l e t a mientras creciera". El sacrificio,
la pelcula d e T a r k o w s k i , t r a n s f o r m a d a e n f b u l a m o r a l , es el material c o n el
q u e inician la serie de c o n j e t u r a s acerca de la decisin d e Poli. L a narradora
encontrar finalmente su respuesta en u n libro que lea su a m i g a , Los tres
mosqueteros veinte aos despus. El realismo, m o d o en el que la n o v e l a p i d e
ser leda, es slo u n a perspectiva desde d o n d e se narra pero que, a su vez, es
v u l n e r a d a p o r la d u r e z a o la debilidad de los recuerdos, p o r la fuerza de la
e m o c i n , p o r la actividad q u e requiere toda construccin. T o d o lo q u e el texto
coloca c o m o real es sometido a la distorsin, a la falla o a la conjetura, es
atravesado p o r algn texto. T a m b i n la m a d r e . N o hay m a d r e verdadera, real
o evidente, sino u n a q u e se desplaza de u n relato a otro, tratando de encont
el propio, fijando y d e s h a c i e n d o el punto d e la fijacin.
L a aventura d e hacerse m a d r e h a c e d e la experiencia u n lugar de
interpretacin. E n El Dock n o hay identidad c o m p l e t a m e n t e asegurada ni
adquirida. L a historia necesita h a c e r m o r i r a una m a d r e y d e j a r h u r f a n o a u n
h i j o para m a r c a r u n descentramiento y u n a contingencia para los sujetos q u e
o c u p a n esas posiciones. Ni m a d r e ni hijo e n lugares definitivos, sino la
experiencia compartida de una contingencia amorosa.

NOTAS
1 Snchez, Matilde. El Dock. Edit. Planeta. Bs. As. 1993.
2 Bonafini, Hebe de. Historias de vida. Hebe de Bonafini. Redaccin y prlogo,
Matilde Snchez. Edit. Fraterna/del Nuevo Extremo. Bs. As. 1985.
3 AA. Salirse de madre. Croquiol Ediciones. Bs. As. 1989.