segunda-feira, 30 de abril de 2018
domingo, 29 de abril de 2018
RESSURREIÇÃO
É uma Pátria quebrando cadeias,
É um silêncio que volta a cantar,
É um regresso de heróis às ameias,
Da cidade que volta a lutar.
É um silêncio que volta a cantar,
É um regresso de heróis às ameias,
Da cidade que volta a lutar.
É um deserto que vemos florir,
É uma fonte jorrando de novo,
É uma aurora que volta a sorrir
Nos olhos cansados do Povo.
É uma fonte jorrando de novo,
É uma aurora que volta a sorrir
Nos olhos cansados do Povo.
E já ardem bandeiras vermelhas,
Nos campos há gritos de guerra,
Nas trevas da noite há centelhas,
Das rosas em festa da terra.
Nos campos há gritos de guerra,
Nas trevas da noite há centelhas,
Das rosas em festa da terra.
Canta o vento nos trigos doirados,
Dançam ondas à luz das fogueiras,
E nas sombras guerreiros alados
Erguem espadas entre as oliveiras.
Dançam ondas à luz das fogueiras,
E nas sombras guerreiros alados
Erguem espadas entre as oliveiras.
É uma Pátria de novo sagrada,
Acordada da morte esquecida,
Vitória da nova alvorada:
Lusitânia em giesta florida.
DIOGO PACHECO DE AMORIM
(1949 — )
Acordada da morte esquecida,
Vitória da nova alvorada:
Lusitânia em giesta florida.
DIOGO PACHECO DE AMORIM
(1949 — )
IDENTIDADE
O que diz Pátria mas não diz Glória,
com um silêncio de cobardia,
e ardendo em chamas chamou vitória
ao medo e à morte daquele dia;
A esse eu quero negar-lhe a mão,
negar-lhe o sangue da minha voz
que foi ferida pela traição
e teve o nome de todos nós.
E o que diz Pátria, sem ter vergonha
e faz a guerra pela Verdade,
que ama o Futuro, constrói e sonha
Pão e Poesia para a Cidade;
A esse eu quero chamar irmão,
sentir-lhe o ombro junto do meu,
ir a caminho de um coração
que foi de todos e se perdeu.
ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA
(1923 — 2010 )
com um silêncio de cobardia,
e ardendo em chamas chamou vitória
ao medo e à morte daquele dia;
A esse eu quero negar-lhe a mão,
negar-lhe o sangue da minha voz
que foi ferida pela traição
e teve o nome de todos nós.
E o que diz Pátria, sem ter vergonha
e faz a guerra pela Verdade,
que ama o Futuro, constrói e sonha
Pão e Poesia para a Cidade;
A esse eu quero chamar irmão,
sentir-lhe o ombro junto do meu,
ir a caminho de um coração
que foi de todos e se perdeu.
ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA
(1923 — 2010 )
sábado, 28 de abril de 2018
SALAZAR NASCEU HÁ 129 ANOS
António de Oliveira Salazar
(28.04.1889 — 27.07.1970)
(28.04.1889 — 27.07.1970)
Acredito que a melhor forma de conhecermos uma pessoa é lê-la. E sei também que uma efeméride serve muitas vezes de pretexto para nos lançarmos numa dessas aventuras iniciáticas de descoberta do outro. Limito-me portanto a deixar aqui uma só sugestão bibliográfica:
Discursos (6 Volumes) e Entrevistas (1 Volume), de Oliveira Salazar, edição Coimbra Editora, Coimbra, 1935 — 1967.
Discursos (6 Volumes) e Entrevistas (1 Volume), de Oliveira Salazar, edição Coimbra Editora, Coimbra, 1935 — 1967.
sexta-feira, 27 de abril de 2018
QUEM QUISER ENRIQUECER DEPRESSA E MAL...
... Só tem de inventar uma revelação bombástica sobre Salazar, arranjar alguém que saiba as mínimas regras gramaticais para alinhavar a mirabolante e ignorante narrativa, mandar desenhar uma capa fluorescente com a palavra Salazar escrita a letras garrafais, e depois enviar a coisa para os escaparates. Terá sucesso comercial garantido.
Se conseguir fazer um delirante filme sensacionalista em tom softcore sobre Salazar, de preferência uma super-produção subsidiada à custa dos impostos dos portugueses; então, nesse caso, obterá grossa maquia que lhe permitirá viver como um nababo para sempre.
Se conseguir fazer um delirante filme sensacionalista em tom softcore sobre Salazar, de preferência uma super-produção subsidiada à custa dos impostos dos portugueses; então, nesse caso, obterá grossa maquia que lhe permitirá viver como um nababo para sempre.
LIVRO DO DIA
Fernão de Magalhães, de Stefan Zweig, tradução de Maria Henriques Oswald F. I. L., edição da Livraria Civilização — Editora , Porto, 1943 (5.ª edição).
quinta-feira, 26 de abril de 2018
AMBIGUIDADE LUSA VERSUS CLAREZA NIPÓNICA
À boa maneira portuguesa, a palavra cortesã é ambígua, na medida em que tem dois ou mais significados, coisa que, como é sabido, torna o nosso idioma particularmente rico na sua diversidade; e, neste caso, pode designar mulheres diametralmente opostas no seu enquadramento social, embora haja algumas que tendam para a síntese. A este propósito, delicioso é notar que só nós, os portugueses, conseguimos, através de subtilezas do tom da voz, dar significados completamente diferentes à mesma palavra.
Já no Japão, a palavra gueixa corresponde a uma personagem feminina, igualmente especial e com certas afinidades com algumas das nossas variadas interpretações de cortesãs; mas, em que as suas funções, embora múltiplas e complexas, estão bem definidas.
Já no Japão, a palavra gueixa corresponde a uma personagem feminina, igualmente especial e com certas afinidades com algumas das nossas variadas interpretações de cortesãs; mas, em que as suas funções, embora múltiplas e complexas, estão bem definidas.
quarta-feira, 25 de abril de 2018
DIA DE SÃO MARCOS EVANGELISTA
Dom Miguel é aclamado Rei de Portugal pelo Senado da Câmara de Lisboa em 1828.
terça-feira, 24 de abril de 2018
A PROPÓSITO DE VOYEURISMO
Alfred Hitchcock (1899 — 1980) nasce em Londres. Sendo, pois, à partida, um homem directamente herdeiro do espírito vitoriano do século XIX, revela, no entanto, um extraordinário sentido de utilização dos modernos meios de marketing e publicidade (antecipando-os), para divulgar as suas obras. Cedo irá transformar em marca icónica o seu nome, tornando-o reconhecível e apetecível para toda a comunidade mundial de cinéfilos, e, mesmo, para os grandes e despersonalizados públicos generalistas. Revela-se, ainda, e dentro desta estratégia de comunicação global, um especialista nas relações públicas; especialmente com a imprensa, com o objectivo de se promover profissionalmente.
Dito isto, há que afirmar, de imediato, que toda esta comunicação eficaz era apenas a ponta-de-lança de uma obra complexa e profunda. Vamos a ela, que é o fulcro da questão!
Hitchcock, oriundo de uma família de classe média-baixa, é instruído pelos jesuítas. Se refiro este facto é porque os seus filmes virão a reflectir uma série de conhecimentos que terá assimilado nos seus estudos feitos numa escola católica destes, bem conhecidos pela vasta cultura que forneciam; terá, também, através dos referidos jesuítas, tomado contacto com G. K. Chesterton (1874 — 1936), que lerá entusiasmado na juventude. Outras influências literárias que o marcaram, mais tarde, como erudito auto-didacta que era, foram Edgar Allan Poe (1809 — 1849) e Oscar Wilde (1854 — 1900).
Por outro lado, devorava jornais e lia revistas de criminologia e de cinema. Curioso é constatar o casamento entre estas fontes de inspiração para o seu despertar como autor de filmes. Os seus temas serão, principalmente, os seguintes: falsos culpados, assassínios, trocas de identidade, medo, voyeurismo, paixões frias mas arrebatadoras.
Porém, antes de chegar à realização de fitas, começa por desenhar intertítulos para filmes mudos, escrever argumentos e trabalhar como assistente de realização. Esta conjugação, de conhecimento prático da técnica cinematográfica com a cultura que ia adquirindo pela leitura, possibilita uma mestria na criação das suas narrativas fílmicas, apimentadas com o tão apregoado suspense.
Na sétima arte, Hitch (gostava de ser assim tratado) bebeu de várias fontes: Fritz Lang (1890 — 1976) e F. W. Murnau (1888 — 1931) — esses dois mestres do mudo alemão — foram determinantes para a estruturação da sua linguagem estética. Esteve na UFA — os grandes estúdios de Berlim — e conheceu-os pessoalmente. Lá trabalhou e lá filmou. Esta marca será visível, claramente, nos seus filmes mudos; e, mais subtilmente, nos sonoros.
O seu género eleito será o melodrama policial, pontuado de fantástico e de mistério. Esbate, pois, assim, as fronteiras de vários géneros convencionais, criando uma abordagem própria, com elementos retirados de todos eles.
No que toca à realização, o seu estilo é essencialmente visual, dando-nos a sensação de que aquelas histórias só fazem sentido em cinema; ou seja, por escrito não teriam o mesmo impacto. Sabia de tal forma o que queria que a montagem das suas películas seguia ao milímetro o que ele próprio tinha definido na planificação (última fase do argumento, em que este fica pronto a ser filmado). A esta atitude chama-se trabalhar com «guião de ferro». Hitch dizia que o acto de rodar era uma maçada, pois já sabia exactamente como seria o filme ao tê-lo definido na planificação. Esta ideia traduz uma inabalável confiança do cineasta em si próprio, enquanto director de actores, e uma invulgar capacidade de visualização.
Hitchcock assentava a sua estética numa cumplicidade com o espectador. Dava-lhe alguns conhecimentos secretos sobre a acção, mantendo-o ansioso pelo desfecho da narrativa. Esta tensão psicológica pode até levar o espectador a querer comunicar com a personagem ameaçada na tela, para a avisar do perigo... Eis a força manipuladora do suspense.
Não havendo, no entanto, técnica que resista à falta de ideias, é preciso deixar bem explícito que o cinema de Hitch assenta em temas fortes, já atrás referidos. Recapitulando, e desenvolvendo: culpa — com o inocente falso culpado como fio-condutor da narrativa, entrando aqui, por vezes, a troca de identidades; medo — pontuado pelo susto, e nas margens do terror; desejo — com simbologia e alegorias sexuais; ansiedade — mantida pelo suspense; voyeurismo — peeping-tom, em bom inglês, espreitando e violando a esfera privada e íntima; autoridade — que assegura a investigação criminal, mas também pode ser desafiada (detestava polícias vulgares, de «ronda»); morte — sob a forma de assassínio, o crime mais grave, e que os espectadores, morbidamente, gostam de ver no recatado conforto da sala escura. Todos eles temas de identificação e projecção psicológica do espectador. Eis o cinema, na sua mais poderosa forma alquímica, servido pela mão do mestre Hitchcock.
Importante é vencer o medo, esperar para ver o desfecho, e perceber que a chave dos seus filmes é o triunfo final da luz sobre as trevas. Toda a sua obra é uma variação sobre este principal grande tema.
E, se não menciono um único filme do realizador, a justificação é simples: devem ser vistos todos, cronologicamente — dos mudos aos sonoros, dos ingleses aos americanos, dos filmados a preto-e-branco aos rodados a cores —, com o objectivo de se conseguir captar, na sua plenitude, agora em 2018 mais do que nunca, toda a sua temática de fundo, e todo o seu estilo visual e sonoro profundo; enfim, todas as suas indeléveis marcas autorais.
Dito isto, há que afirmar, de imediato, que toda esta comunicação eficaz era apenas a ponta-de-lança de uma obra complexa e profunda. Vamos a ela, que é o fulcro da questão!
Hitchcock, oriundo de uma família de classe média-baixa, é instruído pelos jesuítas. Se refiro este facto é porque os seus filmes virão a reflectir uma série de conhecimentos que terá assimilado nos seus estudos feitos numa escola católica destes, bem conhecidos pela vasta cultura que forneciam; terá, também, através dos referidos jesuítas, tomado contacto com G. K. Chesterton (1874 — 1936), que lerá entusiasmado na juventude. Outras influências literárias que o marcaram, mais tarde, como erudito auto-didacta que era, foram Edgar Allan Poe (1809 — 1849) e Oscar Wilde (1854 — 1900).
Por outro lado, devorava jornais e lia revistas de criminologia e de cinema. Curioso é constatar o casamento entre estas fontes de inspiração para o seu despertar como autor de filmes. Os seus temas serão, principalmente, os seguintes: falsos culpados, assassínios, trocas de identidade, medo, voyeurismo, paixões frias mas arrebatadoras.
Porém, antes de chegar à realização de fitas, começa por desenhar intertítulos para filmes mudos, escrever argumentos e trabalhar como assistente de realização. Esta conjugação, de conhecimento prático da técnica cinematográfica com a cultura que ia adquirindo pela leitura, possibilita uma mestria na criação das suas narrativas fílmicas, apimentadas com o tão apregoado suspense.
Na sétima arte, Hitch (gostava de ser assim tratado) bebeu de várias fontes: Fritz Lang (1890 — 1976) e F. W. Murnau (1888 — 1931) — esses dois mestres do mudo alemão — foram determinantes para a estruturação da sua linguagem estética. Esteve na UFA — os grandes estúdios de Berlim — e conheceu-os pessoalmente. Lá trabalhou e lá filmou. Esta marca será visível, claramente, nos seus filmes mudos; e, mais subtilmente, nos sonoros.
O seu género eleito será o melodrama policial, pontuado de fantástico e de mistério. Esbate, pois, assim, as fronteiras de vários géneros convencionais, criando uma abordagem própria, com elementos retirados de todos eles.
No que toca à realização, o seu estilo é essencialmente visual, dando-nos a sensação de que aquelas histórias só fazem sentido em cinema; ou seja, por escrito não teriam o mesmo impacto. Sabia de tal forma o que queria que a montagem das suas películas seguia ao milímetro o que ele próprio tinha definido na planificação (última fase do argumento, em que este fica pronto a ser filmado). A esta atitude chama-se trabalhar com «guião de ferro». Hitch dizia que o acto de rodar era uma maçada, pois já sabia exactamente como seria o filme ao tê-lo definido na planificação. Esta ideia traduz uma inabalável confiança do cineasta em si próprio, enquanto director de actores, e uma invulgar capacidade de visualização.
Hitchcock assentava a sua estética numa cumplicidade com o espectador. Dava-lhe alguns conhecimentos secretos sobre a acção, mantendo-o ansioso pelo desfecho da narrativa. Esta tensão psicológica pode até levar o espectador a querer comunicar com a personagem ameaçada na tela, para a avisar do perigo... Eis a força manipuladora do suspense.
Não havendo, no entanto, técnica que resista à falta de ideias, é preciso deixar bem explícito que o cinema de Hitch assenta em temas fortes, já atrás referidos. Recapitulando, e desenvolvendo: culpa — com o inocente falso culpado como fio-condutor da narrativa, entrando aqui, por vezes, a troca de identidades; medo — pontuado pelo susto, e nas margens do terror; desejo — com simbologia e alegorias sexuais; ansiedade — mantida pelo suspense; voyeurismo — peeping-tom, em bom inglês, espreitando e violando a esfera privada e íntima; autoridade — que assegura a investigação criminal, mas também pode ser desafiada (detestava polícias vulgares, de «ronda»); morte — sob a forma de assassínio, o crime mais grave, e que os espectadores, morbidamente, gostam de ver no recatado conforto da sala escura. Todos eles temas de identificação e projecção psicológica do espectador. Eis o cinema, na sua mais poderosa forma alquímica, servido pela mão do mestre Hitchcock.
Importante é vencer o medo, esperar para ver o desfecho, e perceber que a chave dos seus filmes é o triunfo final da luz sobre as trevas. Toda a sua obra é uma variação sobre este principal grande tema.
E, se não menciono um único filme do realizador, a justificação é simples: devem ser vistos todos, cronologicamente — dos mudos aos sonoros, dos ingleses aos americanos, dos filmados a preto-e-branco aos rodados a cores —, com o objectivo de se conseguir captar, na sua plenitude, agora em 2018 mais do que nunca, toda a sua temática de fundo, e todo o seu estilo visual e sonoro profundo; enfim, todas as suas indeléveis marcas autorais.
AS AVENTURAS SEM DESVENTURAS DE JOHNNY FIRE (2)
A elegante rapariga vestida de preto que lia livros sentada no terraço privado em pose blasé sob a doce luz de Inverno, ao primeiro ar quente da Primavera surgiu em todo o seu escultural esplendor de surfista apanhando banhos de Sol em monoquíni. E o Silver Blogger lembrou-se de quando era Johnny Fire.
segunda-feira, 23 de abril de 2018
SÍTIO ALTAMENTE RECOMENDÁVEL
Leonor Raposo Martins de Carvalho, que colaborou durante dois anos no blogue Eternas Saudades do Futuro com a sua crónica semanal «Carteira de Senhora», encontra-se agora num novo espaço: Estudos Portugueses.
sábado, 21 de abril de 2018
QUATRO MILHÕES DE VISITAS
O blogue Eternas Saudades do Futuro, usufruindo certamente de muitos ex-leitores dos históricos mestres da blogosfera nacional — os quais, entretanto, arrumaram as botas —, acabou agorinha mesmo de atingir o espantoso número de 4.000.000 de visitas. Confirma-se assim que vale a pena permanecer de pé entre as ruínas, como reza a consagrada frase. Veremos se também se verificará a máxima de que resistir é vencer.
REAL VERSUS VIRTUAL
Vale mais um amigo real do que mil amigos duma rede social.
Post Scriptum: É impressionante constatar o que ganhei em tempo e melhorei em qualidade de vida desde que saí daquele esgoto a céu aberto começado por F.
sexta-feira, 20 de abril de 2018
DAS INFLUÊNCIAS LITERÁRIAS
Como seriam Eça sem Ramalho, Pessoa sem Sá-Carneiro e Agustina sem Camilo?
SAUDADES DE MIM
Perdi-me dentro de mim
porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
é com saudades de mim.
MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO
(1890 — 1916)
porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
é com saudades de mim.
MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO
(1890 — 1916)
[Nota: Excerto inicial do poema Dispersão — 7.º de 12, da sua Obra de Poesia, de 1913, com o mesmo título.]
SAUDADES DE MIM
Isto não é poesia, bem sei...
Mas prosa também não é...
E então?
É o que existe em mim,
entre a poesia e a prosa,
a realidade e o sonho...
A ponte suspensa
que liga o meu corpo
à minha alma...
E que só eu passo...
ANTÓNIO FERRO
(1895 — 1956)
Mas prosa também não é...
E então?
É o que existe em mim,
entre a poesia e a prosa,
a realidade e o sonho...
A ponte suspensa
que liga o meu corpo
à minha alma...
E que só eu passo...
ANTÓNIO FERRO
(1895 — 1956)
quinta-feira, 19 de abril de 2018
DAS ETIQUETAS QUE NÃO EXISTEM NESTE BLOGUE
Muito por causa da minha querida estética minimalista, optei, desde o início desta solitária aventura blogosférica, por não ter aqui etiquetas; ou seja, as mensagens não são classificadas nem agrupadas por assuntos. Contudo, apeteceu-me fazer o exercício de aplicar virtualmente essa funcionalidade às últimas 25 (as que estão à vista, incluindo esta, na página inicial) publicações do blogue. Assim sendo, de cima para baixo, que é como quem diz, da última para a primeira, rezaria assim:
Blogosfera.
Sociedade.
Genealogia.
Música.
Música.
Política.
Blogosfera.
Beleza.
Cultura.
Livros.
Cinema.
Política.
Sociedade.
Genealogia.
Arte.
Religião.
Religião.
Blogosfera.
Aforismos.
Livros.
Livros.
Livros.
Cultura.
Biografias.
Biografias.
Blogosfera.
Sociedade.
Genealogia.
Música.
Música.
Política.
Blogosfera.
Beleza.
Cultura.
Livros.
Cinema.
Política.
Sociedade.
Genealogia.
Arte.
Religião.
Religião.
Blogosfera.
Aforismos.
Livros.
Livros.
Livros.
Cultura.
Biografias.
Biografias.
AMIGOS DE DENTRO E AMIGOS DE FORA
Toda a gente sabe, nem que seja apenas por antigas histórias de família ou pela literatura, o que são criadas de dentro e criadas de fora. Cheguei à conclusão que também há amigos de dentro e amigos de fora. Os primeiros, convidam-nos para casamentos, baptizados, festas e jantares em suas casas. Com os segundos, vamos jantar fora.
quarta-feira, 18 de abril de 2018
terça-feira, 17 de abril de 2018
quinta-feira, 12 de abril de 2018
DO ESTADO ACTUAL DA CAUSA MONÁRQUICA E DO MOVIMENTO MONÁRQUICO
A causa monárquica está morta. O movimento monárquico está parado. A primeira ressuscitará quando surgir um rei que confronte o regime. O segundo pôr-se-á em marcha quando houver um chefe que lidere uma alternativa ao sistema. Pode e deve ser a mesma pessoa.
DO MISTERIOSO «TOP TEN» DO BLOGUE ETERNAS SAUDADES DO FUTURO
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quarta-feira, 11 de abril de 2018
terça-feira, 10 de abril de 2018
DA LIVRARIA À BIBLIOTECA
Houve um tempo em que se chamava livraria ao conjunto de livros que se tinha em casa. Depois, o comércio apropriou-se dessa palavra e desatou a aplicá-la às lojas da especialidade. Assim, desde aí, todos os que gostamos de ler e ter espécies literárias passámos a possuir bibliotecas, ditas particulares. Ainda não percebi se ficámos a ganhar ou a perder com esta nova nobre designação.
DA DECADÊNCIA DA EUROPA
La Dolce Vita (Itália/França, 1960), de Federico Fellini.
Fellini retratou metaforicamente neste filme a decadência da civilização europeia. Contudo, ninguém quis olhar e ver a fita em profundidade. Ainda agora, os relatos da película apontam apenas para um boémio e belo dolce fare niente de uma decadente alta sociedade romana. Mas, o que vemos e ouvimos é muito mais do que isso.
Atentemos na última sequência de La Dolce Vita:
Após uma triste orgia, e ainda mal refeitos do tédio, um grupo de bons vivants encaminha-se para a praia, ao nascer do Sol. Lá, espera-os um monstro marinho (felliniano símbolo premonitório do Apocalipse?), dado à costa e recolhido por pescadores. A estranha criatura mira-os — morta ou viva, nunca saberemos — com um perturbante olhar fixo. Mas a coisa não fica por aqui...
O grupo de pândegos, derreado por uma ressaca brutal, decide retirar-se.
No entanto, Marcello Mastroianni (colega do foto-jornalista Paparazzo, que assim dá origem à designação profissional) fica para trás, atraído por uma angelical pré-adolescente, que o chama por gestos e palavras, surgida do nada, sem estar ligada à referida pandilha. Ao longe, ele tenta entendê-la, percebê-la, compreendê-la... Mas, crueldade suprema, não consegue sequer ouvir as palavras que saem da sua boca. O som do mar está ali, como que criando uma barreira natural à comunicação. Hesitando ainda em se aproximar, logo é repescado por uma vamp ainda semi-embriagada que o leva por um braço, enquanto a rapariguinha fica a encarar-nos de frente — agora a nós, espectadores.
Nunca experimentei com tanta força e frieza o vazio e o silêncio numa sequência de fotogramas, porque senti que Fellini se dirigia a mim, a todos nós.
Os europeus renegaram as suas raízes espirituais, indo ao ponto de não se deixarem bafejar pela pureza.
É só isto. E está lá tudo. O horror do nada. A vida vazia e sem sentido.
Atentemos na última sequência de La Dolce Vita:
Após uma triste orgia, e ainda mal refeitos do tédio, um grupo de bons vivants encaminha-se para a praia, ao nascer do Sol. Lá, espera-os um monstro marinho (felliniano símbolo premonitório do Apocalipse?), dado à costa e recolhido por pescadores. A estranha criatura mira-os — morta ou viva, nunca saberemos — com um perturbante olhar fixo. Mas a coisa não fica por aqui...
O grupo de pândegos, derreado por uma ressaca brutal, decide retirar-se.
No entanto, Marcello Mastroianni (colega do foto-jornalista Paparazzo, que assim dá origem à designação profissional) fica para trás, atraído por uma angelical pré-adolescente, que o chama por gestos e palavras, surgida do nada, sem estar ligada à referida pandilha. Ao longe, ele tenta entendê-la, percebê-la, compreendê-la... Mas, crueldade suprema, não consegue sequer ouvir as palavras que saem da sua boca. O som do mar está ali, como que criando uma barreira natural à comunicação. Hesitando ainda em se aproximar, logo é repescado por uma vamp ainda semi-embriagada que o leva por um braço, enquanto a rapariguinha fica a encarar-nos de frente — agora a nós, espectadores.
Nunca experimentei com tanta força e frieza o vazio e o silêncio numa sequência de fotogramas, porque senti que Fellini se dirigia a mim, a todos nós.
Os europeus renegaram as suas raízes espirituais, indo ao ponto de não se deixarem bafejar pela pureza.
É só isto. E está lá tudo. O horror do nada. A vida vazia e sem sentido.
segunda-feira, 9 de abril de 2018
DO MASOQUISMO REPUBLICANO
Não bastando o facto da I República, apenas para sua própria sobrevivência e auto-propaganda, ter enviado para a frente da Grande Guerra milhares de portugueses que aí encontraram a morte; agora, a III República celebra esta data do 9 de Abril de 1918 em La Lys, que corresponde à maior e mais inconsequente derrota da nossa grandiosa e gloriosa História Militar, como se de uma vitória se tratasse.
domingo, 8 de abril de 2018
AMIGOS VINTAGE
Dou por mim numa fase da vida em que me dou essencialmente com pessoas que conheço há exactamente 40 anos, pois foi aí que todos nós entrámos na mesma escola e que constatámos que éramos da mesma escola; ou seja, da mesma colheita e da mesma cêpa. Até hoje, porque estas afinidades não desaparecem; e, com o passar do tempo, até se fortalecem. São os amigos vintage.
sábado, 7 de abril de 2018
terça-feira, 3 de abril de 2018
MEU SITE [ARTE | VÍDEO | FOTOGRAFIA]
http://www.joaomarchante.com
(agora também acessível a partir de todos os dispositivos móveis: telemóveis, smartphones e tablets).
(agora também acessível a partir de todos os dispositivos móveis: telemóveis, smartphones e tablets).