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12 de jun. de 2017

personagens

(…) Sou o brinco conversando com a orelha, o gato que narra sua vida dentro de um apartamento, a menina que observa tudo no primeiro dia de aula, tentando encaixar a franja no rosto do novo professor de química; também sou o adolescente apaixonado pela garota mais popular da escola, e a mulher que chora a morte do pai. Pode ser só uma emoção, a mesma idade, um gesto, uma lembrança ou até um detalhe banal, como a cor dos cabelos. Ainda que nada identifique o autor, sempre há, em cada personagem, algo que o reflete, nem que seja o seu avesso, ou apenas o desejo de ser, viver ou pensar de um modo totalmente diferente do seu".

*trecho do texto que escrevi a convite da crítica e ensaísta Beth Brait, para seu livro "A Personagem"(Editora Contexto), pensando sobre "De Onde Vêm Esses Seres?", ao lado de tantos escritores que admiro. 

9 de mai. de 2017

portal


(…) Como se entrasse em um templo a céu aberto, ela mergulha nas trilhas sombreadas do parque em busca de silêncio, o silêncio possível dentro da cidade, o som dos carros que passam na via expressa chegando abafados pela cortina de árvores. Enquanto lá fora a vida segue em trânsito, Beatriz entra em outro ritmo, num tempo marcado pelo tique-taque das cigarras, a conversa dos pássaros, o rumor do vento, a eletricidade calma dos insetos. E o que, antes, era uma parada eventual no meio de seu percurso, agora é o lugar-santuário onde ela se recolhe, envolvida pelo perfume verde das cabreúvas, figueiras, tipuanas, jatobás e paineiras, os troncos tatuados com tantos nomes, iniciais e símbolos de amores que talvez já não existam (…*)

(*trecho de uma história que estou escrevendo)


20 de fev. de 2015

livro novo, oba!


vai e vem, levando folha, papel e pensamento
vem e vai, imprevisível a cada momento
faz a gente ficar arrepiada, alegre e também triste
faz a gente lembrar que as coisas invisíveis existem

11 de fev. de 2015

o mistério da gaveta

(...) então os olhos da vó Delma resolveram olhar pra dentro, quem sabe o que poderiam encontrar lá na cabeça? No início, arregalaram, cheios de expectativa, esperando tropeçar numa grande surpresa a qualquer momento. Mas depois de explorar todos os cantos daquele espaço oco e redondo sem que nada acontecesse, foram perdendo o brilho. Durante algum tempo continuaram por ali, murchinhos, perambulando sem foco, esquecidos do que tinham ido procurar lá dentro (...)

Dez anos e muitas reimpressões depois, volto ao meu primeiro livro, que será reeditado no segundo semestre com tintas fresquinhas no texto e nas ilustrações.

15 de jan. de 2015

chegou!


Feliz por fazer parte desta coletânea organizada pelo Nelson de Oliveira, ao lado de uma turma estreladíssima de escritores: Adriano Messias, Carla Caruso, Claudio Fragata, Cristina Porto, Flávia Côrtes, João Anzanello Carrascoza, Leo Cunha, Luís Dill, Luiz Bras, Maria José Silveira, Marília Pirillo, Sônia Barros, Tânia Martinelli e Tino Freitas. Com um projeto gráfico caprichado de Raquel Matsushita, que também assina as ilustras, o livro ficou... Como dizer? Supimpa!E aqui, um trechinho do meu conto, "Dani vai dançar".

10 de dez. de 2014

A Vida é Logo Aqui

(…) Dani, não esquece! Toma logo o antialérgico se levar uma picada!
Entro no ônibus abraçando minha mochila feito travesseiro, e me encolho num dos últimos bancos, cara grudada na janela, dando tchau pra minha mãe, de pé, ali na calçada, entre mil mães a única com vontade-de-chorar-disfarçada-de-sorriso. Seu rosto me diz que ela está feliz porque estou indo e aflita porque estou indo. Quando o ônibus começa a se mover, a turma grita e festeja a partida enquanto as mães vão ficando pra trás, e então peço -- é quase uma prece -- pra que todos os temores fiquem lá, com ela, plantados na calçada.

Trecho de "Dani Vai Dançar", na coletânea organizada por Nelson de Oliveira, chegando com o ano novo com o selo do Sesi-SP Editora.

30 de out. de 2014

a franja do professor

Blandina Franco, Gilles Eduar, Maria Amália Camargo, Índigo e eu contamos tudo o que "Aconteceu na Escola", livro novo saindo do forno da editora Globo nos próximos dias. As ilustrações são do Rafa Anton, que desenhou o meu professor com a franja do jeitinho que imaginei.

17 de out. de 2014

que legal!

Acabo de saber que a versão do "Como Começa?, editado na Suécia pela Opal Bokforlaget, entrou em uma lista de bibliotecas públicas. Viva!

9 de out. de 2014

Aconteceu na Escola

Gilles Eduar, Maria Amália Camargo, Blandina Franco, Índigo e eu nunca estudamos juntos, mas tivemos a sorte de partilhar histórias deliciosas em "Aconteceu na Escola", livro novo saindo logo, logo, com ilustrações do Rafa Anton e edição caprichada da Globo Livros.

6 de out. de 2014

Reviravento

Às vezes, ele chega de mansinho, diz bom dia pela fresta da janela e assobia no mesmo tom dos passarinhos. Mas quando acorda nervoso, espalha a notícia por toda parte, deixando a árvore crespa, o cabelo despenteado e o pensamento inquieto. Vento é assim: muda a cada momento, mexe e remexe com tudo, até com a imaginação da gente. Porque ele sopra histórias no ar pra todo mundo escutar e também faz as palavras voarem quando quer fazer poesia.


Taí a 4ª capa do "Reviravento"que sai logo, logo, pela Record!

18 de jun. de 2014

esboços

Meu nome é Preto Pretinho Tom Domenico Xavier Ogato Péricles-da-Silvia.
Não costumo me apresentar assim e nunca fui chamado desse jeito, quer dizer, com tudo junto ao mesmo tempo. Mas já que resolvi escrever um livro sobre as minhas sete vidas vocês precisam saber que tenho – ou melhor: tive -- todos esses nomes. Um de cada vez, claro.
Fora os apelidos. Pipo, por exemplo, virou uma espécie de sobrenome na época em que me chamavam de Ogato. Já o detestável Ronrom praticamente substituía o nome oficial da quinta vida: “XAVIER” só era mencionado (assim mesmo, em voz maiúscula) nas horas mais... Como dizer? Bem... Tensas. Em compensação, também tive o prazer de ser tratado por Dom na maior parte do tempo em que me batizaram de Domenico. Dom é adorável, não acham? Simplesinho e, ao mesmo tempo, tão elegante! Cá entre nós, se tivessem pedido a minha opinião, bem que eu gostaria de ter sido sempre e apenas Dom, não só durante a quarta vida, por sinal, uma das melhores (…)

em construção: um "começo de história" e um "estudo de gato" do Daniel Kondo, 

13 de jun. de 2014

chegou!

A ilustração de Maria Wernicke não só renovou o meu "Longe" como ampliou a narrativa no seu melhor tom. Estou feliz demais com essa parceria e com a edição primorosa da Salamadra.

13 de mai. de 2014

era uma vez um gato (1)

(…) e as coisas continuaram embaçadas durante algum tempo. Confesso que não lembro de quase nada dessa época, dias e noites eram só aquele empurra-empurra, disputando o leite e o melhor lugar no colo quentinho de mamãe. Pouco a pouco, porém, meu espírito independente começou a se manifestar – assim que consegui me erguer sobre minhas quatro patas, comecei a explorar o mundo além da nossa casa-caixa. Fui o primeiro a me atrever pela superfície lisa e geladinha do lugar onde estávamos. É verdade que, no início, dei umas desequilibradas, mas logo peguei a manha da coisa e, cautelosamente, fui vasculhando canto por canto daquele espaço enorme. Avançava um bocadinho mais cada vez que saía de perto de mamãe, experimentando novos movimentos, descobrindo cheiros e sons diferentes, que faziam minhas orelhas empinarem por conta própria e minha cabeça girar ora pra cima, ora pra trás, de um lado, do outro, já atento e curioso, como eu continuaria sendo ao longo das minhas sete vidas.

24 de abr. de 2014

De novo, tão novo

dois sonhos:
ter um livro ilustrado pela maravilhosa Maria Wernicke
e levar um texto antigo para uma casa nova

uma enorme felicidade:
"Longe", de novo, e tão novo nos traços delicados da querida Maria, saindo em maio, pela Salamandra.

12 de dez. de 2013

Olé!

O "Psssssssssssssiu!", ops, "Shhhhhhhhhhhhh!" acaba de sair no México com o selo Conaculta -- Consejo Nacional para la Cultura y las Artes. De-lí-cia.

9 de set. de 2013

Como começou

Bem que eu arrisquei minhas pinceladas nas sessões de aquarela que rolaram tempos atrás na casa da May Shuravel -- pra lembrar dessa história basta clicar aqui
O melhor disso tudo foi ter acompanhado o comecinho de "Quando a Lua Tomou Chá de Sumiço", uma lindeza de livro escrito pela Maria Amália Camargo e ilustrado pela May durante aquelas tardes coloridas. Mas o melhor do melhor foi a dedicatória carinhosa que eu, Carla Caruso e Maria Eugenia ganhamos dessas duas comadres talentosas: "uma lembrança das nossas agradáveis tardes de cháquarela". Adorei! 

2 de set. de 2013

Diário de um gato

(...) Nascer foi um alívio. Depois de dois loooongos meses tentando me acomodar entre três gatas folgadas, eu já tinha perdido o humor, não aguentava ficar nem mais um minuto esmagado daquele jeito! Não havia o que fazer, então tive que aguentar firme e esperar a hora certa. Mesmo com todo aquele desconforto, fui um cavalheiro e cedi a vez pra que as três saíssem do sufoco antes de mim, afinal, a situação era difícil pra todos nós! Bom... Confesso que não fiz isso só por gentileza. Quis ser o último pra ter o gostinho de desfrutar daquele espaço todo só pra mim, pelo menos durante alguns momentos. Foi muito gostoso, pena que durou pouco; não dava pra arriscar demais, então finalmente vim ao mundo, o único macho da ninhada, branquinho como neve, e diferente em tudo o mais das minhas três irmãs chatas e acinzentadas (...).

Como tenho aparecido menos por aqui, segue um trecho de um dos motivos do sumiço.
Ao trabalho!