A pesquisa do IBOPE para presidência da República, divulgada
hoje, 26, traz números que mexem na campanha eleitoral. Dilma lidera as
intenções de voto com 34% do eleitorado diante de 29% de Marina e 19% de Aécio,
mas perderia no segundo turno para a ex-senadora. Desde já, a mensagem é clara:
a principal adversária de Dilma neste momento é Marina, e não Aécio. Motivo
pelo qual o PT terá que retirar o foco numa polarização com o PSDB para tentar,
pelo menos, frear a crescimento da candidata do PSB.
O desafio é grande para Dilma, haja vista que o PT trabalhou
nas últimas eleições campanhas comparativas, rivalizando as gestões de Lula e a
de FHC, narrando um Brasil “novo” contra os “fantasmas do passado”. Neste ano o
novo é Marina, ela que simboliza a nova política, as expectativas de mudanças que
não façam rupturas radicais, até porque nasceu e cresceu politicamente do lado
do PT. Trata-se de uma mudança segura que encanta todos os setores sociais. Difícil
vai ser montar um discurso que seja capaz fazer o povo brasileiro temer Marina.
A candidata vem trabalhando bem sua base de apoio,
profundamente heterogênea. Sinalizou para o mercado, o empresariado e
reconciliou-se com o agronegócio. Ao mesmo tempo, usa uma linguagem direcionada
aos pobres, uma mensagem de esperança com conteúdo transformador, porém seguro,
nada que assuste as partes médias e a grande elite brasileira.
A esperança de Dilma concentra nos recursos superiores que
detém a partir da máquina pública, e também do vantajoso tempo de televisão. As
propagandas eleitorais e os debates também podem ajudar, e o fator Lula não deve
ser desprezado. Fora isso, Dilma terá que apostar em algum escorregão na
campanha da coligação liderada pelo PSB, ou, quem sabe, se retire um trunfo das
mangas. Tudo muito improvável.
A eleição, obviamente, não está ganha, pelo contrário, está indefinida.
A movimentação dos atores sociais vão definir nos próximos dias as
possibilidades que trarão um provável segundo turno. Dilma leva desvantagem por
não ter para onde crescer. Seus adversários parecem acumular votos anti-Dilma,
isto é, dificilmente os eleitores de Aécio, Marina ou Pastor Everaldo irão
migrar para a presidente. A solução seria os nulos e indecisos que, pelo que
consta, estão indo em direção à Marina.
De certo, apenas, a consolidação da competitividade de
Marina, surfando ainda no legado de Campos e na comoção de sua morte, mas com
solidez para conseguir voos próprios, ainda que não deva deixar de lado a
responsabilidade com o projeto renovador organizado em torno de Eduardo.
O que nos resta, neste momento, é esperar e acompanhar atento
a cada passo até Outubro.
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