Odi profanum vulgus et arceo
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30/03/07

Gerador de verdades



No sítio The People's Cube, onde se procede a actividades generalistas em prol dos povos de todo o mundo, existe um mecanismo inovador e muito útil que permite gerar automaticamente todas e quaisquer verdades que se pretendam.

Quando a gente tem dúvidas sobre qualquer assunto, e estando em ânsias por saber o que pensar a respeito, por exemplo, dos professores, então não tem problema nenhum: é ir lá, meter "teacher" na caixinha dos inimigos de classe, dar ao botão e pronto, aí vem a resposta:

"Teacher, you are a clean-shaven tool of the capitalist class because you watch Fox News regularly!"

Tudo clarinho como água. E, evidentemente, o que vale para professores vale para todos os outros inimigos de classe, os "chuis" ("cops, you are a flat-earth believing tool of the capitalist class because you think that America is overtaxed!"), os capitalistas, os trabalhadores (!), as amas de criancinhas ("baby-sitter, you are an immigrant-bashing strict constructionist because you don't root for Cuba!"), as próprias criancinhas, coitadinhas, e até mesmo os cães e os gatos (a sério, fui conferir, os cães e os gatos são inimigos do povo).

Esta maravilhosa engenhoca não falha uma, posso afiançar. Desde a propagação da fé no aquecimento global à invasão do Iraque e aos amanhãs que cantam Allah-U-Akhbar Lá-lá u-lá-lá; a máquina da verdade (Pravda, no original) gera sentenças aleatórias progressistas, sempre certas e exactas, na sequência aliás da tradição infalível do socialismo científico. É bestial, aquela merda, espécie de novo electrodoméstico essencial em cada lar feliz e na cabecinha pensadora de qualquer esquerdista que se preze.

É que não falta nada ali, nadinha mesmo. Até tem uma secção, tanto ou mais útil ainda do que as outras, intitulada "Uma verdade por dia", onde qualquer pessoa menos esclarecida pode tomar sua dose diária de esquerdismo militante, esse maldito vício a que ninguém escapa.

Caralhosmafodam se isto não é serviço público. De facto, como eles próprios dizem, os geniais inventores do esclarecimento electrónico, num dos seus lemas, "cem anos de falhanço total, o que é isso?"

Bem estávamos todos precisados de algo assim, uma maquineta tecnologicamente evoluída, sem nada a ver com a cassete do Cunhal, a grosseria da Odete ou as paneleirices do Louçã. Foda-se, agora é que é: entram dúvidas e perplexidades por um lado, sai um ticketzinho com a resposta pelo outro. Maravilha das maravilhas, reconheçamos reconhecidos.


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15/03/07

Seria um prazer esquecerem-se do teu nome



Claro, sem qualquer rebuço o declaro, não gramo este gajo nem um bocadinho. Não é lá pelo arzinho enfastiado que o tipo arvora, com aquela maneira irritante de exalar o mais profundo desprezo pelo comum dos mortais, em todos os gestos e atitudes; nada disso; quero bem que se foda a pinta de espertinho do bacano, a sua pose de "grand seigneur" das artes, ou da p. que o p. Também não me rala nada que sua excelência fale - quando se digna falar às massas - com a mais superlativa das caganças existentes à face da Terra; é natural, este caramelo é portador de uma síndroma não tão rara quanto isso, mas que na sua pessoa condensa todo o poder de verdadeira patologia, a SPA (síndroma das peneiras agudas).

Foi portanto a esta patologia articulada, e não propriamente ao seu portador e máximo expoente, que foi hoje atribuído mais um premiozito de 20.000 contos por, diz-se no respectivo despacho de pronúncia, caracterizar-se aquela doença pel' "a maestria em lidar com a língua portuguesa, aliada à maestria em descortinar os recessos mais inconfessáveis dos homens, transformando num exemplo de autor lúcido e crítico da realidade literária."

Quer-se dizer: uma maestria, mais outra maestria, soma duas maestrias. Pronto, nesse caso, toma lá vinte milhas e cumprimentos à esposa.

A folha de jornal em que esta coisa espantosa vem embrulhada é um extraordinário exemplo da admiração pacóvia do portuguesito analfabeto por semelhante canastrão, imberbe escrevinhador de anagramas, aldrabão especializado em rabiscos, enfim, esse pobre tonto com o qual me arrisco a gastar todo o meu arsenal de impropérios, em não poupando uns quantos para mais tarde.

E o que me move, afinal, contra tal personagem, hem? Pois é, diz lá, ó Xiramaneco, hã, quem te julgas tu para estar práqui a cagar sentenças contra tão ilustre e premiada cachola?

Ora vamos cá ver. Nada. Não tenho nada contra. Repito: quero bem que o homenzinho se foda, e que seja muito feliz, na companhia dos seus. Mas, foda-se, ó gente incauta de uma cana, então mas não se está mesmo a ver que este gajo é um perigo? Hem? Que me dizeis? Não é? Não tarda nada, lá irá ele de novo para Estocolmo, para a Pensão do costume, até já deve ter uma chapa com o nome na porta do quarto, e pronto, a ver se é desta que pinga o nobelzinho da ordem. Mas não se está mesmo a ver? Agora, com este empurrão institucional no bolso, se calhar ainda lhe dão o diploma e a medalhinha, porra, porra, porra, longe vá o agoiro.

Não é como Português que me envergonharia tal merda, ver este patrício na galeria dos laureados; que se lixe, não é por aí, pois que já bem sabemos que o Nobel da Literatura foi por diversas vezes atribuído a escritores menores, isso é seguro e não aborrece ninguém. O problema reside, aqui para o abaixo não assinado, no facto indesmentível de esta figura em particular não ter nunca escrito fosse o que fosse de jeito, em toda a sua vida, não podendo por isso ser considerado como "escritor", nem maior nem menor. Atribuir-lhe a maior distinção - neste ramo de produção - a nível mundial, seria, a acontecer, um verdadeiro absurdo, uma tragédia de proporções épicas, uma bronca de todo o tamanho. Imagine-se que, um dia mais tarde, daqui a uma ou duas gerações, por exemplo, algum fulano lá do frio nórdico lhe dá para abrir um dos livros do dito cujo. Vai ser um escândalo do caralho! Não custa nada imaginar o tal fulano a entrar espavorido pelos aposentos reais (adentro), lívido, balbuciando num sueco muito pouco habituado a confusões:

_ Alteza, Vossa Majestade perdoará a intromissão... mas... mas... nós, em 2007, entregámos o Prémio Nobel a... como direi... Vossa Alteza sabe... enfim... (como é que hei-de dizer esta merda, bálhamedeus) a um... a alguém que... bom, cá vai: o homem, este Português aqui, este António Não Sei Das Quantas não batia bem da bola. Aí tem Vossa Alteza. Majestade. Sir. Li umas coisas dele, ao princípio nem queria acreditar, peguei num livro, depois noutro, depois outro, folheei não sei quantos, e é isto: não tem ponta por que se lhe pegue, se me permite Vossa Alteza a expressão; aquilo é tudo nhó-nhó-nhó, palavras a esmo, uma pepineira sem qualquer sentido; alguém fez... hum... "coisa" da grossa, lá na academia daqueles tempos, deram-lhe o prémio mas ninguém se deu ao trabalho de ler uma única linha, sei lá bem, nem eu próprio compreendo como pôde uma desgraceira destas acontecer. Uff. Pronto. Já disse. E agora, com sua licença, Majestade, os meus respeitos, venerador, atento e o obrigado, adeusinho.

O Rei da Suécia (ou a Rainha, sabe-se lá quem estará no trono daqui a uns tempos), branco como a cal da parede, vendo seu fiel escudeiro a fugir porta fora, recua de escantilhão e deixa-se cair num largo cadeirão, o queixo descaído, os olhos arregalados de espanto; esmagado pela terrível notícia, Sua Alteza o Rei da Suécia levará ainda algum tempo até conseguir fechar a boca e abri-la outra vez, chamar alguém, acudam, acudam, por favor, mas onde é que vocês estão, ó seus estupores, então não querem lá ver que agora me deixam aqui sozinho com esta porcaria em mãos, quer dizer, fazem a merda e depois aqui o palerma do rei que resolva, cambada de filhos da puta, ai, que não me estou a sentir nada bem.

Ora, portanto, sejamos discretos, deixemos Sua Alteza Real em sossego, deixemo-lo pensar, reflectir na melhor forma de se desenrascar de tão aflitiva embrulhada. Haja respeito pelas ralações alheias.

Cheguemo-nos nós outros aos santinhos de nossa devoção, acorramos em massa às igrejas - de qualquer confissão - e apelemos com fervor à compreensão e ao auxílio divino, nesta hora nefasta, oremos - de rastos, se preciso for - a toda a corte celeste, beatos e milagreiros incluídos, para que tal tragédia não suceda. Ainda vamos a tempo, ó almas de pouca fé! Aquela cena com o rei é só daqui a uns anos, em boa verdade ainda não se passou, mas lá que se arrisca a passar, ah, pois arrisca. Contribuamos assim, com a nossa fé e o nosso empenho colectivo, para que, através da interferência divina, com a preciosa ajuda da inspiração e dos bons pensamentos de Pai, Filho e Espírito Santo, enfim, pronto, que lá os gajos da academia sueca se não ponham com merdas e que caguem positivamente no nosso putativo laureado da literatura 2007 (ou 2008 e seguintes). Salvemos Sua Alteza Real o rei da Suécia de um futuro, inevitável de outra forma, lixadíssimo ataque cardíaco. Poupemo-lo a um fanico dos piores.

Vale a pena o sacrifício. Que seja pelas alminhas de quem já lá mora.




Foto e palavreado: DN

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09/03/07

Referendo automático

Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da propriedade, se realizada, por opção do gatuno, quando a este der ganas, em qualquer estabelecimento ou mesmo na via pública?

Não concorda?

Pois, azarito. Nós cá, os do Governo português, achamos que sim, que o roubo deve ser livre, e portanto que se foda. O referendo está automaticamente aprovado.

Para já, à cautela, a coisa só "cobre" os roubos de produtos tabelados abaixo dos 96 euros, mas é só para já. Há que ter peninha da gatunagem pequenina, coitadinhos, esses pobres diabos que agora até vão perguntar às pessoas, antes de as roubar, quanto vale o relógio, o telemóvel, o colar, a pulseira, os brincos, o casaco; assim, com esta maravilhosa lei, se os bens a gamar ultrapassarem a fasquia, nada feito, o gatuno segue adiante, escolhe outra vítima, outro filho da puta qualquer, desses que andam por aí a exibir pertences quando há quem não tenha posses para lhes chegar - o que não é justo, como se sabe.

Assim, de uma penada, limpam-se as secretarias dos tribunais, esvaziam-se as cadeias e, principalmente, Portugal poderá passar a orgulhar-se de ter as taxas de criminalidade mais baixas do mundo e arredores. Aliás, sem ser preciso grande sorte, o crime acabará por desaparecer no nosso país; roubar um automóvel ainda é crime, pelo menos até ver, mas com esta lei (maravilhosa, já tinha dito?) até já não será bem assim, pois que se pode roubar um carro às peças, um pneu de cada vez, uma porta e depois outra, finalmente o motor, todo desmontado em pecinhas, ó maravilha, nenhuma delas de valor criminal, ora pronto, está o problema resolvido; até uma casa, um palacete se pode roubar, o estádio da Luz, o autódromo do Estoril, à vontadinha, trata-se de o ladrão não se armar em burro, tira primeiro as telhas, depois as caleiras, os caixilhos das janelas, enfim, desmonta aquela merda tijolo por tijolo, ripa por ripa, sapata por sapata - tudo de valor unitário inferior a 96 euros, ora aí está, não roubou coisa nenhuma, por conseguinte.

Caralho, que esta merda é brilhante. Que se fodam lá os referendos e essas tretas todas, nós cá é que sabemos da poda, que venha o primeiro e levante cabelo, foda-se, invejosos do caralho, vocês queriam era ter-se lembrado desta primeiro, seus morcões.

Pois fodei-vos, mas é, a gente despenalizou o aborto até às dez semanas, agora vai o roubo até aos 96 euros, a seguir alguma coisa jeitosa se há-de arranjar, sei lá, por exemplo, o homicídio. Boa! Toca a despenalizar o homicídio. Ora deixa cá ver, José. Ah, já sei. Assim.

Concorda com a despenalização do homicídio, desde que realizado sem oposição por parte da vítima, sendo esta maior de 80 anos e não havendo qualquer interesse em que ande por aí a chatear as pessoas com os seus problemas de reumático, e assim?

Caralho, José, esta ainda está mais bem esgalhada do que a outra. Foda-se. És o maior.

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08/03/07

O caso do cotovelo sobressalente na mão do braço



Tch. Eu cá, toxicodependente de SGFiltro assumido, e membro de uma sociedade hipócrita igualmente, acho que essa merda das "noites perdidas em fumo" há-de ser fodido, não sei, mas calculo. Também na qualidade de agarrado à nicotina, essa "droga institucionalizada" de um caralho que a foda, acho mal, acho pessimamente que haja "pais que se encontram por esses cafés fora"; digo mais, e integralmente de acordo, é lixado que esses pais às vezes calhem ser mães, e algumas delas podres de boas, Nosso Senhor as conserve, uma ou outra um verdadeiro "monumento", realmente, e depois é fodido um gajo ali, atascado em fumo sem se poder chegar ao dito monumento e prestar-lhe as devidas homenagens; ah, não poder a gente, por esses "cafés fora", dar vazão ao espírito exploratório, ali assim, tolhidos pelas putas das conveniências, não ser possível investigar a fundo os monumentos, mergulhar-lhes nas profundezas, analisar cada um dos seus entrefolhos e trazer à luz profana os seus mais insuspeitos mistérios.

Oh, ah, ih, João Dalion, até o nome se lhe rima, foda-se, grande poeta, assim é que é escrever, caralho. A quem lembraria que "a realidade ainda impera", porra, mas que figura admirável, e tal. Vale bem os 90 cêntimos, a porcaria do pasquim, assim com'assim mais vale a gente gastar o cacau em pérolas do que em pregos, que pariu os cigarros, um dia destes a ver se deixo de fumar (o caralho, nem morto, fodei-vos) e se deixo portanto, por via disso, digo mais, derivado a isso, a ver se deixo de andar de "cigarro em riste" e com este meu "outro cotovelo" a servir "de base a um braço hirto".

É que, pois admitamos com frontalidade, sem dúvida me dói esse tal cotovelo, ai, ui, chiça, torce-se de inveja o cabrão do cotovelo, ó João Dalion, vai lá escrever pra Cona Main Street, caramba, que maravilha; um gajo assim merecia era já a Ordem do Infante, pelo menos, mas o esquisito nesta merda toda é que estou com uma grande dor de cotovelo, mas é só neste, nos outros dois não sinto nada, estranhamente.

Parabéns, pois, pela escrita, ó bacano, e que nunca te doam as meninges. Fazem cá muita falta estes teus pensamentos escorreitos, João, pá, mai-los teus avisados conselhos para que se enforque a canalha do cigarrito, a máfia do "tabagismo", é isso mesmo, toca a incinerar esses filhos da puta. Tu vai-te a eles, mano. Avante. Esmaga-os, trucida-os, dá-lhes na puta da touca.

Cumpre os desígnios de Deus nas alturas, e a tua missão evangélica aqui em baixo.

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05/03/07

Cavalgaduras, uma mais-valia lusitana


Filho Da Puta, the Winner of the Great St. Leger, at Doncaster, 1815

Retrato do cavalo: HERRING, John Frederick (1795-1865) aquatinted by Thomas SUTHERLAND (1785-1838)
Citação e digitalização: Donald Heald

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01/03/07

Qeremos fudier e naum paga-mos



Bálhamedeus. Caralhosmafodam. Maz o q porra andaum a faser cua noça joventode, fuada-se? I istu saum istodantes univercitarius! Pqp!


Foto de Nuno Fox publicada no DN de hoje

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26/02/07

Cesse dos ventos a infâmia!

Hino da Mocidade Portuguesa


Lá vamos cantando e rindo
Levados levados sim
Pela voz do som tremendo
Das tubas clamor sem fim

Lá vamos que o sonho é lindo
Torres e torres erguendo
Clarões, clareiras abrindo
Alva de luz imortal
Que roxas névoas despedaçam
Doiram os céus de Portugal

Querer querer e lá vamos
Tronco em flor estende os ramos
À mocidade que passa

Cale-se a voz que turbada
já de si mesmo, se espanta.
Cesse dos ventos, a infâmia
ante a clara madrugada,
em nossas almas nascida.

E por ti, ó Lusitânia,
corpo de Amor, Terra Santa.
Pátria, serás celebrada
e por nós, serás erguida.
Erguida ao alto da Vida.

Lá vamos, cantando e rindo


Fonte: Salazar

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23/02/07

Sitting Duck



Diz-se que S.A.R. o Príncipe Harry de Inglaterra vai para o Iraque, integrado nas forças combatentes britânicas ali estacionadas.

Existem alguns vídeos de propaganda islâmica no YouTube que demonstram como é belo e airoso o quotidiano nos paraísos fundamentalistas.


http://www.youtube.com/watch?v=WfOy_ul5VWw


Um filme de propaganda, sem montagem alguma. "Heróicos" snipers iraquianos abatem soldados americanos ao som de maviosas cançonetas em árabe. É esta a única "batida" que eles conhecem.



http://videos.informationclearinghouse.info/al-jaishul-islami-baghdad-sniper-24mb.wmv


Alguém deve ter enlouquecido, lá pelo palácio de Buckingham.




Foto: http://fotos.sapo.pt/rmoitadedeus/pic/0001d5b5/

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14/02/07

Os (novos) intocáveis

O que sucede quando uma pessoa vai na estrada e alguém lhe dá uma "panada" por trás? No carro, quero dizer. Bom, em princípio, o condutor sai, o outro também, e tratam logo ali de preencher a chamada "declaração amigável": quem, onde, quando, como foi, essas merdas. Depois, cada qual envia ou entrega pessoalmente seu papelito na Companhia de Seguros e ambos ficam à espera de que a coisa se resolva. Nestes casos, que sucedem centenas ou milhares de vezes todos os dias, uns farolins partidos, alguma chaparia amolgada, trata-se de despachar o assunto burocrático, depois se verá; nada de mais e nada mais.

Agora vamos supor que vai na estrada e quem lhe bate por trás, no carro, quero dizer, não é alguém ao acaso, não é qualquer um, mas antes se dá a circunstância, o terrível galo de ser um cigano que se esqueceu de travar, ou que não travou a tempo. Bom, caro amigo, cara amiga, aí está tudo fodido, a sua vida acabou de mudar radicalmente. Isto, se tiver a sorte de a sua vida não ter mesmo acabado de vez.

Em Portugal, o Código da Estrada apenas se aplica aos portugueses, e por maioria de razões quando estes são de raça branca, homens, de meia idade e sem cadastro; caso sejam mulheres, ou não muito jovens, ou de qualquer outra raça que não a branca ou, especialmente, se forem cadastrados, drogados, notórios bandidos ou marginais indiferenciados, bem, aí já não é o Código da Estrada que se aplica mas algo que se poderia designar como "código minoritário", isto é, uma invenção abrilina consistindo no puro e simples privilégio apriorístico em função do facto de a etnia do autor ser minoritária; resumindo algo de muito complexo e intrincado, temos que ser jovem, mulher, preto, cigano, drogado, marginal ou simplesmente bandido facilita enormemente a vida, e não ser nenhuma daquelas coisas a complica de modo absolutamente radical.

Voltemos ao exemplo da simples "panada por trás". Bem sei que é "por detrás" que se diz, mas assim a coisa torna-se bastante mais legível, mesmo para o mais idiota ou empedernido dos esquerdistas. Um gajo leva no carro uma cacetada do caramelo que vem atrás; este, por coincidência e azar, é cigano (por exemplo). O que sucede? Há "participação amigável" à Companhia de Seguros? Não, claro que não há. O cigano, por regra e por definição, por idiossincrasia e por uma questão cultural (lá da cultura cigana, seja isso o que for), não sabe nem ler nem escrever, nunca foi à escola ou, se alguma vez foi, apenas andou lá a assaltar os seus coleguinhas e a infernizar a vida a toda a gente; portanto, o cigano não pode escrever nada na "participação amigável", simplesmente porque o cigano não sabe escrever; pelo mesmo motivo, recordemos, não saber ler nem escrever, o cigano não tem carta de condução, nem bilhete de identidade, nada com valor legal que o identifique. O cigano não precisa dessas porras porque é um eterno "pobrezinho", é um "desfavorecido" institucional, ou seja, alguém que por mais rico que seja terá para sempre toda a protecção legal, uma presunção de inocência inerente à sua condição, e o beneplácito generalizado de qualquer instância legal, social ou mesmo pessoal, já que os cidadãos são sistematicamente condicionados na sua forma de pensar, inocentando a priori qualquer cigano (ou marginal) seja do que for em função da raça e da condição presumida e administrativamente estabelecida.

Depois, há ainda a considerar que um cigano, qualquer cigano, por definição tem sempre razão... ou não fosse ele o detentor das armas, em sentidos figurado e literal; o cigano tem toda a razão, por regra, porque é o cigano quem dispõe de facas e de armas de fogo, e não esqueçamos o exército privado que constitui a sua família, uma turba disposta a tudo e ansiosa por cortar o pescoço a qualquer "sinhori" que se lhe depare, quanto mais não seja por desfastio e para desenjoar do último arraial de pancadaria. Portanto, de um ponto de vista legal e de um ponto de vista pragmático, é de extrema conveniência que o cigano esteja carregadinho de razão; caso contrário, está-se mesmo a ver a carrada de chatices que aí vêm.

Nenhum farolim, nenhuma quantidade de chapa amolgada merece a maçada e os inconvenientes de que semelhante chatice aconteça. O melhor, como toda a gente sabe, é fingir que se não passou nada e, se for o caso, pagar não apenas a própria reparação como também os estragos na viatura do cigano; pode ser até que ainda seja necessário pagar-lhe qualquer coisinha (aiiii), como "indemnização" pelo facto de o termos, de alguma forma, incomodado em sua admirável e honestíssima vidinha.

Do mesmo modo que o Código da Estrada se não aplica aos ciganos - deveria existir uma cláusula de excepção explícita e não apenas implícita - também não lhes é exigido ou exigível, muito menos, que paguem impostos, passem facturas ou que, de modo geral, cumpram qualquer dos requisitos de cidadania mínimos e correntes, como não incomodar o próximo, de forma abrangente, ou terem sequer um mínimo de civilidade, civismo ou um módico de educação. De tudo isso a raça cigana está completamente isenta, e ai (aiiiii) de quem se atrever a tugir ou mugir a respeito. Trata-se de "direitos adquiridos" e, por conseguinte, intocáveis. O cigano é, de resto, o mais intocável dos cidadãos portugueses, já que detém todos os direitos dos que o são, mesmo não o sendo, acrescidos daqueles que são inerentes à sua raça, vá-se lá compreender porquê, e não pesando sobre si nenhuma das obrigações a que e de que os outros cidadãos são sujeitos.

À semelhança daquilo que sucede em qualquer acidente de tráfego, nenhum cigano ao volante é detido por acusar excesso de álcool no sangue; aliás, as brigadas de trânsito estão já habituadas a mandar parar toda a gente, e todo o mundo vai ao balão, mas se é cigano, "siga", pode seguir, cumprimentos, saudinha, e até batem a pala, respeitosamente. À bófia não ocorre jamais a ideia peregrina de se meter em assados com a ciganada; estão escaldados, é natural, juiz algum se atreve a mandar para a cadeia um qualquer exemplar de tão edificante etnia - mesmo sabendo que as cadeias portuguesas estão a abarrotar com essa gente, tudo boa e honesta, como sabemos.

Experimentem não dar prioridade a uma carrinha cheia de ciganos e de alcatifas. Experimentem ultrapassá-los pela direita, se seguem à vossa frente a 20 km/h em plena auto-estrada. Experimentem buzinar-lhes se fazem uma asneira mesmo nos vossos estupefactos narizes. Experimentem um simples gesto de desagrado ou uma qualquer "boquinha" janela fora.

Vereis quantos saem de lá de dentro. Contareis quantos trazem paus e outros artefactos nada amigáveis. Vereis como sois cobardes, vós outros, por mais que vos surpreenda a própria cobardia. Vereis o que é o terror politicamente correcto e como passais a vida a fingir que as coisas "não são bem assim".

Vereis, por fim, quão cobarde é o povo português e como se agacha perante essa vil espécie de gente.

Enfim, rezai para que a próxima "panada" por detrás seja de um branco. Mesmo que esse seja também um bronco. Nada mau, hem? Uf, que alívio...

É só lata.

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11/01/07

Simpatias?

simpatias para parar de suar demasiadamente

????

"Simpatias"?


????

Caralhosmafodam.


Hmmmm? Hem? Como? Mas como "simpatias"?


Não será... terapias?


Aaaaaaaahhhhhhhh...

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12/12/06

Um olho no burro...

Esta é mais uma daquelas coisas que, mesmo sendo verdade - ou principalmente porque são verídicas - ninguém se atreve a sequer falar delas, não vá o diabo tecê-las e um bacano acabar apelidado de "racista", ou "fasssista" ou pior ainda, "xenófobo" e assim. Além do mais, como esta, em concreto, mete a raça cigana, além de "apelidado" e de levar com uns "epítetos", gajo que se atreva de facto a mexer com tal espécie de privilegiados arrisca-se gravemente a ser também esfaqueado e a levar uns pontapés e uns murros; com a ciganada não é de facto prudente a gente meter-se, salvo em tendo licença de uso e porte de arma, bastantes anos de carreira (de tiro) e uma não desprezível pontaria. Mas enfim, mesmo não sendo o caso, que seja pelas alminhas desprevenidas.

O esquema já se vai tornando corriqueiro e ninguém se poderá queixar já de que não sabia. Extremamente simples e eficaz, como é característica peculiar da raça gitana, consiste em ganhar uns milhares de contos num prazo de 24 horas ou, no máximo, alguns dias, apenas aproveitando a legislação que regula a aquisição de bens imóveis. Repetem-se sistematicamente os relatos, sendo o "modus operandi" sempre igual, pelo que se presume tratar-se de uma actividade não apenas lícita como extremamente lucrativa.

A história pode ocorrer em qualquer nova urbanização, preferencialmente quando ainda em fase conclusão mas com algumas fracções (apartamentos ou vivendas) já vendidas. De repente, surge uma potencial compradora que se dispõe a sinalizar a sua nova moradia a contado, ou seja, com dinheiro vivo, à mostra; mais ainda, não apenas sinaliza como dobra ou mesmo triplica a quantia do "sinal", dispõe-se a adiantar 10, 15 ou mesmo 20% do valor do imóvel, em dinheiro; nada de cheques nem de trapalhadas, é só assim, dinheiro à vista. Claro que, para o vendedor, isto é um perfeito milagre, é a verdadeira sorte grande que finalmente lhe bate à porta, de maneira que o melhor é tratar imediatamente - antes que a senhora se arrependa - de aviar depressinha toda a papelada, fechar o negócio, despachar o assunto; ainda para mais, atendendo a que se trata de alguém com excelente aspecto, uma verdadeira senhora, com um bronze de fazer inveja e que, ainda por cima, se desloca numa viatura topo-de-gama, uma "bomba" reluzente, um Mercedes imponente, ora bem, está-se mesmo a ver, é gente de posses, portanto é gente de bem. Qual é a dúvida? Negócio fechado, minha senhora, a casa é sua, desejamos-lhe as maiores felicidades e aqui estão as chavinhas.

Isto é logo pela manhã, assim pela fresca. Por volta do meio-dia, chega à nova urbanização uma estranha caravana: dois ou três automóveis, incluindo o Mercedes, e mais uma carrinha de caixa fechada e ainda um camião de caixa aberta; estranhamente, este não trás assim tanta mobília quanto isso, umas cadeiras, uma mesa, uns quantos alguidares e outros adereços de cozinha; mas vem carregado de gente, o camião, uns quinze ou vinte seres-humanos, velhos, adultos e crianças, heterogéneos no vestir mas com uma tez muito comum: são ciganos, pelos vistos uma família inteira, mais de trinta, no total, porque os automóveis e a carrinha também vieram lotados. Estacionadas as carripanas por ali, mais ou menos onde calha, toda a gente sai e vai transportando as tralhas para a casa nova. Sabe-se lá como, surgem umas quantas galinhas, que ficam de imediato à solta, e mais dois ou três cães, rafeiros até à quinquagésima geração. Um cigano mais robusto alomba com uma metade de porco; dois miúdos arrastam uma enorme saca de batatas; surgem panelões de alumínio, cestas, sacos cheios de tudo e mais alguma coisa.

Rapidamente, não apenas a casa está cheia de gente e de tralha como o estendal alastra até à rua, montam-se umas bancas feitas com tijolos e tábuas, aparece um contentor metálico e rapidamente está o churrasco pronto a funcionar. Para animar o ambiente, colocam-se umas quantas colunas de som no tejadilho da carrinha e vá de forçar a potência dos decibéis até ao limite, sevilhanas e castanholada com fartura, "aaaaaiiiii mi madre que te quieroooooo muchoooooo". Até às tantas, como manda a tradição cigana, ou, muito provavelmente, ao longo de vários dias (e as noites de permeio), como igualmente manda a dita e tão admirada tradição.

Pronto, é isto. Claro que, enquanto os novos proprietários da "habitación" ali estiverem, festejando interminavelmente sabe-se lá bem o quê, ninguém mais irá comprar ali "habitación" alguma. Aliás, os potenciais compradores passam, de então em diante, a nem sequer parar: aproximam-se, abrandam, e assim que se apercebem do barulho e da confusão que para ali vai, e também porque verificam facilmente tratar-se de um arraial cigano, aceleram, pisgam-se dali para fora a toda a pressa.

Ao fim de umas horas, o vendedor da urbanização, que nesse mesmo dia tinha julgado ter sido premiado com a lotaria, já está absolutamente pelos cabelos com tudo aquilo. E mais enfiado fica assim que surge a primeira queixa de um qualquer dos condóminos que tiveram a infeliz ideia de adquirir ali o seu novo lar. Então e agora, o que fazer? Bem, liga-se ao patrão, ou ao empreiteiro, eles que resolvam. Como poderia ele, simples vendedor de casas, adivinhar que afinal o bronzeado da senhora era o seu tom de pele natural? Onde já se viu ciganos a comprar casas em urbanizações de primeira categoria?

Bom, lá chega o patrão, o dono da obra. E chega o empreiteiro. Já agora, chega também um carro da polícia; alguém se queixou entretanto do barulho, a autoridade irá tomar conta da ocorrência, que se arrisca, segundo manda a tal tradição intocável, a prolongar-se indefinidamente. Os condóminos escolhem à pressa entre si um representante, a ver o que se arranja na defesa dos seus interesses.

Iniciam-se de imediato as conversações entre as partes. As quais são, de resto, muito simples: já se sabe que o vendedor sabe que se lhe acabaram as vendas e, portanto, as comissões; ou seja, está automaticamente no desemprego; o dono da urbanização sabe que nunca mais venderá nada enquanto aquela gente ali estiver; entretanto, há custos em curso que é necessário pagar; portanto, sabe perfeitamente que está arruinado; o delegado do condomínio sabe perfeitamente que as casas já compradas acabaram de sofrer, a partir desse mesmo dia, uma desvalorização de 50 ou mesmo 75%; se ele ou algum dos outros quiser vender a sua casa a qualquer idiota que porventura aprecie ciganada, vai ter um prejuízo fabuloso; logo, está ciente de que estão todos absolutamente, completamente, desgraçadamente e portuguesmente fodidos; quanto aos agentes da autoridade, que detestam meter-se em sarilhos, bem, esses sabem perfeitamente que têm de se pôr a milhas o mais depressa possível, e nada mais.

Quanto aos ciganos, não tem nada que enganar: eles sabem de fonte segura, já que são os genuínos inventores de semelhante maquinação, que têm a faca e o queijo na mão, como se costuma dizer. A realidade é esta, e é legal até ao tutano: para saírem dali, têm direito a receber o "sinal" que entregaram, mas... em dobro. Exacto. Em dobro. Se entraram, por hipótese, com 10.000 Euros (dois mil contos), têm a receber 4.000 contos; já que o vendedor ficou muito satisfeito por receber não dois, não cinco, mas dez mil contos de "sinal", ora, portanto, chovam vinte mil para cá, se fáxabôri, sinhôri; em dinheiro, que a gente não gosta de cheques; mas também podemos receber o nosso dinheirinho em notas, o que demos àquele senhor ali, e o resto pode ser num chequezinho, não há problema, nós confiemos, isso e mais dez por cento de juros é suficiente para cobrir a chatice; acha muito? Então vá lá, que eu hoje estou bem disposto: os nossos dez mil em notas, mais dez mil em cheque, mais cinco por cento em trocos (quinhentos contitos, o que é isso pra vosmicê).

Como se vê, os ciganos até são uns tipos porreiros, venha o primeiro dizer que não. Até confiam e tudo. E, no fundo, no fundo, como se vê também, é nestas ocasiões que a gente vê quem é amigo, quem salva as situações e quem arranja as coisas de forma a todo mundo ficar satisfeito: o construtor fica-se a suspirar de profundo alívio, se bem que tenha sido também aliviado de dez mil contos dos antigos; o vendedor suspira também, jurando a si mesmo nunca mais se meter em semelhantes alhadas; o condómino sorri, contente por si e pelos seus representados, de novo e afinal proprietários, tudo como dantes, ainda bem; quanto à bófia, suspira também e por fim, não apenas por de novo ter cumprido o seu dever como de ânsias pela merecida cervejinha, que já vai tardando.

Tudo acaba assim a contento, é o verdadeiro final feliz, a ciganada recolhe os tarecos nas viaturas, fazem-se à estrada com as suas mantas e os seus hábitos, lá irão calcorrear esse mundo à descoberta, sempre em frente é que é o caminho, há mais urbanizações e condomínios para bater. Para trás, deixam apenas alguns ossos de costeleta, uns sacos de plástico, e um dos rafeiros que ficou esquecido.

Ao longe, o sol deita-se merecidamente no horizonte, ele também exausto, farto de trapalhadas e de ilusões.

A urbanização prepara-se finalmente para recolher, de novo em sossego. Pronto, acabou-se. Toda a gente se deita e não se fala mais disso.

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02/12/06

O coração não engana

"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida". (Pv 4.23)



O que é sentir "um baque no coração"? O que significa exactamente a expressão idiomática "caiu-me o coração aos pés"? Porque será que as verbalizações da ideia de "amor" incluem sistematicamente o órgão "coração" e não aquele onde se presume residir a actividade cerebral e, portanto, onde se centrarão também as emoções? Porque se diz "amo-te de todo o coração" e a ninguém ocorre proferir algo como "amo-te com toda a força do meu cérebro"? Como podemos nós ter o coração cheio de amor, (ou, pela inversa, transbordando ódio), se ali apenas circula sangue e não sobra espaço para alojar mais nada?

Quando algum ente querido se despede desta vida, deixando-nos a sós com a saudade, porque sentimos aquele aperto doloroso no peito e não na cabeça? Porque guardamos alguém "no coração", se é na mente que se alojam as memórias? Porque serão as emoções fortes, todas as emoções fortes, avassaladoras, coisas "do coração"?

E se, afinal, todas aquelas expressões idiomáticas que se referem especificamente ao "músculo" cardíaco estiverem rigorosamente certas, não sendo apenas figuras de estilo mas factos absolutamente verídicos? E se, afinal, "conquistar o coração da pessoa amada" for isso mesmo e não uma simples figura de estilo?

Imensas perguntas que poderão ter resposta se estiver correcta a teoria - pelos vistos, científica e medicamente comprovada - que postula a existência de um sistema nervoso autónomo no nosso órgão vital; células neuronais e uma verdadeira estrutura neurológica estão desde há muito identificadas no coração, bem como a forma como este sistema se articula e interage com os outros sistemas nervosos, central e periférico, e ainda com a central de processamento da informação que é o cérebro.

Foi este o tema de um documentário que passou há dias num dos canais por cabo (Odisseia?), algures a meio da madrugada. Foram citados diversos exemplos de pessoas cujos transplantes cardíacos implicaram súbita e radical mudança de personalidade, sempre demonstrando a estranha tendência que os receptores manifestam de desenvolver espontaneamente comportamentos, gostos e mesmo atitudes da pessoa de quem receberam o seu coração substituto; um jovem, sofrendo de fibrose cística, depois do transplante começou a praticar diversos desportos, até paraquedismo e parapente, coisa que a doença nunca lhe tinha permitido fazer e pela qual nunca manifestara o menor interesse; verificou-se depois que o seu dador tinha sido um adepto incondicional de desportos, incluindo os mais radicais. Outros transplantados, bem como os familiares destes e os dos dadores, referiram não apenas uma estranhamente sistemática alteração de personalidade no receptor como a igualmente estranha coincidência entre essa mudança e a forma como agia e pensava antes o dador.

Testes laboratoriais garantem que o coração reage antes do cérebro a qualquer estímulo, e em especial àqueles (visuais, auditivos, olfactivos) que estão relacionados com o sentimento e a emoção; observando fotografias com imagens de extrema violência, o electrocardiograma (ECG) de todos os voluntários demonstrava actividade antecedente em relação à do electroencefalograma (EEG). De facto, como explicar as cicatrizes, em qualquer zona ou tecido cardíaco, detectadas em autópsias de pessoas mortas por acidente, sendo que não tinham nem nunca tiveram qualquer deficiência cardíaca?

Quando alguém sofre uma fatalidade, um acidente mortal, e sendo o seu coração seleccionado para transplante, não é apenas um mecanismo de bombagem de sangue que será introduzido no peito do receptor; incrustado nos tecidos cardíacos, vai também um sistema - completo e muito complexo - com uma memória específica, absolutamente pessoal e única; o coração do dador guardou as experiências e as sensações pelas quais este passou, ao longo da sua vida, e será da interacção do órgão estranho com os sistemas do receptor que resultará uma transformação, mais ou menos intensa, na personalidade ou no temperamento do transplantado; após um certo período de aprendizagem mútua o "novo" coração e o "velho" cérebro chegarão a uma espécie de acordo, em resultado do qual emergirá uma pessoa nova, com características próprias de ambos, dador e receptor.

Isto são, obviamente, considerações de um leigo na matéria. No entanto, esta ideia, a simples admissão de uma réstia de sustentabilidade na teoria, é de tal forma espantosa que mais vale - ao menos - fazer umas perguntas do que simplesmente ficar-se calado e arrumar o assunto no arquivo morto. Seria necessário, para comprovar a teoria, estudar as alterações de comportamento de alguém que sobrevivesse com um coração exclusivamente mecânico, ou electromecânico; diminuiriam, alterar-se-iam ou cessariam completamente algumas ou todas as suas emoções fundamentais? Mudariam ou desapareceriam os seus gostos e as suas aversões? Deixaria de se emocionar com a visão de um recém-nascido ou de se enfurecer com uma injustiça evidente? Se fosse possível transplantar para uma terceira pessoa um coração já antes transplantado, de qual das anteriores herdaria aquela algumas características? Ou receberia "informação emocional" de ambas?

Será verdade que as chamadas reacções "a quente", por impulso irracional, têm afinal uma origem perfeitamente localizada? Será que "perder a cabeça" é mesmo "deixar falar a voz do coração"? Ter "o coração ao pé da boca" é então dizer mesmo e só a verdade? Poder-se-á amar ou odiar com um coração de plástico, electronicamente topo-de-gama, mas ainda assim apenas artificial? Existirá afinal vida para além da morte cerebral, quando o estado vegetativo permite que legalmente se "desligue a máquina"? É o coração que tem razões que a razão não entende, ou somos nós que não entendemos as razões do coração?

Enfim, perguntas e mais perguntas. É aquilo que geralmente acontece quando se encontra a resposta para alguma coisa...




Algumas ligações com interesse
Can a personality be transplanted? Evening Standard (London)
Heart transplant

I wonder if anyone saw this programme on Channel 4 last night. It reported a controversial theory that the heart may play a role in forming emotions, personalities and memories, based on the experiences of some heart transplant patients. This radical possibility clearly challenges the conventional textbook account of the heart as just a pump, and embraces the metaphorical vision of the heart which has featured in literature and the arts for centuries. The first person to report this was a heart transplant recipient in Boston twenty years ago who reported a sudden penchant for beer, green peppers and KFC nuggets, later found to be firm favourites of her young male donor. Strict confidentiality regulations meant that she could not have had access to this information, nor the name of her donor which she correctly gleaned from a dream.
http://medhum.blogspot.com/2006/06/mindshock-transplanting-memories.html

A fascinating synthesis of ancient wisdom, modern medicine, scientific research, and personal experiences that proves that the human heart, not the brain, holds the secrets that link body, mind, and spirit.
You know that the heart loves and feels, but did you know that the heart also thinks, remembers, communicates with other hearts, helps regulate immunity, and contains stored information that continually pulses through your body? In The Heart's Code, Dr. Paul Pearsall explains the theory and science behind energy cardiology, the emerging field that is uncovering one of the most significant medical, social, and spiritual discoveries of our time: The heart is more than just a pump; it conducts the cellular symphony that is the very essence of our being.
Heart's Code, Paul P. Pearsall (Amazon)


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25/11/06

E quê?

----- Original Message -----
Sent: Friday, November 24, 2006 4:11 PM
Subject: conversas de café


Partindo de uma ideia original de Luis Carmelo (blogue miniscente) e tendo eu sugerido ao mesmo as entrevistas a bloggers, resolvi trazer ao Kontrastes - sem nunca esquecer a originalidade de Luis Carmelo - uma edição chamada "conversas de café".Agradeço a cooperação através da resposta às perguntas.

1. Sabendo que a blogosfera é uma janela para a vida cibernética, como vê o fenómeno «blogue»?
2. Quando acede à blogosfera que tipo de blogues procura?
3. O que o levou a criar um blogue?
4. Que balanço faz da sua estadia na blogosfera e da blogosfera actual?
5. Acha que os blogues podem substituir a imprensa online?
6. Em que medida os blogues influenciam ou influenciaram a sua vida e/ou actividade profissional?
7. O que faz um bom blogue?

Por favor indicar nome, idade, profissão e blogue. Será informado(a) da publicação da conversa.
cumprimentos,
JFD
www.kontraste.wordpress.com





E enviam uma coisa destas para mim? E logo eu, membro fundador dos A.A. (Anónimos Assumidos)!? Thank's but no, thank's. E, para mais, eu é que sou o Prusidente do movimento B.O.I. (Blogs Olimpicamente Ignorados). Nope. E afinal ele é logo nome, idade, profissão e blogue? E bem, respectivamente, chamo-me Dodo (Doudo, em Português arcaico), tenho 1.728.437 anos, exerço a actividade de ave pernalta extinta, meio tola, grã(de) bico, e o mê "belogue" é este aqui mesmo, endereço http://001.blogspot.com, não tem nada que enganar.

E era só para dizer que não respondo a um inquérito deste género desde os meus tempos de Liceu. E que naquela altura só respondia porque me interessavam as mamas das gajas que os faziam, e coitadinhas. E que aquilo era tudo perguntas inteligentes, como "o que achas do significado da vida" ou "o que farias se tivesses um filho homossexual" ou ainda "consideras o haxixe prejudicial à saúde", e tal, e tal, e assim. E não eram assim tão parvas, as perguntas. E eu respondia, repito, apenas e só derivado às mamas. E para dizer que duvido que esse tal Carmelo tenha mamas e, mesmo que as tenha, é um gajo, ora foda-se, e o gajo Kontrastante deve ser outro gajo, e ora foda-se outra vez. E que, se porventura não tiraram o meu endereço de e-mail ao acaso, por criteriosa escolha "random", fariam o favor de o deixar muito sossegadinho onde ele estava, e que era na santa paz da ignorância, no paraíso da extinção, nas franjas, enfim, da mais repimpada inutilidade .

E pronto. E tchau.

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17/11/06

Brasilian High-Tech

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16/11/06

Psicopedagogia do ESTROCE




Existem dois tipos de arrumadores de automóveis: os muito fodidos e os completamente fodidos. É possível distinguir um tipo de um tipo de outro tipo do outro tipo pelo facto de nos primeiros ainda se notar alguns vestígios ou reminiscências do último banho ou da última vez em que fizeram a barba; tirando isso, é dificílimo notar alguma outra diferença, se bem que o arrumador muito fodido apresente, se repararmos com muita atenção, um discurso um bocadinho menos caótico do que o seu colega completamente fodido: este pronuncia "estroce", com aférese (queda) do "d" inicial, ao contrário daquele, que articula a palavra correctamente, isto é, "destroce".

Em todócaso, como diz Marques Mendes, arrumador é arrumador ou, para utilizar a designação politicamente correcta mais comum, arrumador é "técnico de parqueamento automóvel", consistindo as suas funções em agitar freneticamente um jornal enrolado enquanto vão dizendo "destroce, destroce, destroce"; teoricamente, ambas as coisas, jornal enrolado e a indicação para "destrocer", destinar-se-iam a facilitar a manobra de estacionamento de qualquer um dos seus "clientes"; porém, como é sabido, não apenas estes sabem perfeitamente - regra geral - como estacionar um automóvel, como ficam, ainda por cima e também por regra, eles próprios fodidíssimos quando têm de gramar com uma daquelas melgas. É que os moços, ressalve-se-lhes a boa vontade, fazem toda a questão de indicar um lugar - mesmo que todo o parque de estacionamento esteja livre, assim pela fresca - e de ajudar por força o desgraçado automobilista a parquear. O qual, já se sabe, não terá sorte nenhuma se por acaso pretender prescindir dos serviços, era o prescindes, quando não arrisca-se a ficar com uma pintura nova na viatura ou, quem sabe, depende da hora, de ser dia ou noite, e de a ressaca estar quase a bater ou ainda nem por isso, a precisar de quatro pneus novos ou com uma porta carecendo de bate-chapa.

Dantes, nos bons tempos do fasssismo, havia uma outra categoria de arrumadores, aqueles senhores e aquelas senhoras que nos levavam ao nosso lugar exacto, num cinema. Mas agora os tempos são outros, à uma porque já praticamente não existem cinemas, em rigor, e às duas porque há cada vez mais automóveis; ora, por consequência, uma coisa levou à outra, assim como há cada vez mais lugares vagos nos minúsculos estúdios que restam, pela inversa há cada vez menos lugares vazios para arrumar a porcaria do carro; e foi isso - essa relação diametralmente oposta - que levou à extinção uma simpática espécie de arrumadores e à criação desta que existe agora, a dos piolhosos arrumadores Estroce.

Quer queiramos, quer não, e ai de quem se atreva a não querer, conforme antes exposto, lá teremos de gramar a fita do costume: "beinha, beinha, beinha, pode bir, agora estroce, estroce, estroce, prontes, tá bom, ó amigo, e uma moedinha, vá lá, são dois euritos, ai acha caro, atão um eurito, e já agora um cigarrito".

Para evitar que o jovem risque a pintura do bólide ou, quem sabe, lhe fure os pneus ou ainda descarregue um pontapé na porta, a gente, "vá lá, tome lá, até logo", esportula a moeda, larga um cigarrinho ou mesmo dois, e vai à vida rezando a todos os santos para que nada suceda ao popó.

De vez em quando, mormente em época de eleições, alguns profissionais do paleio surgem com umas ideias inovadoras, como "regulamentar a actividade", criar o "cartão" de arrumador, talvez fornecer uns bonés com chapa de matrícula, conferir, em suma, alguma dignidade à "profissão", que arrumador também é filho de Deus e, no mínimo, cidadão de pleno direito. Coisas para as quais o dito arrumador se está altamente cagando, aquilo é só um entretém até à dose seguinte, mas esse desinteresse não bule com um único neurónio disponível na vontade política férrea do autarca ou do governante mais afoito a estes assuntos da "solidariedade"; a nenhum ocorre sequer pôr em causa a "necessidade" de tão patentemente marginal "profissão", fingindo todos, à imagem e semelhança do cidadão comum, que o problema não existe, que aquilo é tudo gente de bem, que são jovens e menos jovens "perseguidos" e "marginalizados", aos quais há que dar todo o "apoio" possível.

Pois sim. A chantagem existe, pública, recorrente e sistematicamente, e o facto é que aqueles "perseguidos" perseguem, eles mesmos, insultam, ameaçam e chegam por vezes à agressão física e à destruição de bens; a intimidação, nomeadamente com pessoas de mais idade ou com mulheres, em especial se acompanhadas de crianças, é prática corrente; trata-se de uma forma de terrorismo postural, de situação, tacitamente imposto pelos "estroces" e sistematicamente aceite pelas vítimas de circunstância. Aqueles actuam sempre em total impunidade, é claro, com a conivência dos passantes, que não pretendem meter-se em sarilhos, e com a passividade das autoridades policiais, que de autoridade têm apenas a designação técnica. Presume-se, através de um estranho mecanismo de reflexão colectiva, que sempre é melhor os "estroces" fazerem aquilo, ganhando uns trocos para alimentar o vício, do que andarem por aí a assaltar pessoas.

A questão é que não estamos a falar de "trocos", já que dose alguma de droga nenhuma custa "trocos". O problema é que, apesar do benemérito beneplácito em relação àquela "actividade", não consta que o número de assaltos, a pessoas e a estabelecimentos, tenha diminuído desde que surgiu o Estroce; pelo contrário, como rezam as estatísticas.

Não podem ou, melhor, não devem as pessoas de bem advogar a liquidação pura e simples de tais energúmenos, através de métodos mais ou menos violentos como a forca medieval ou o limpíssimo e higiénico tiro na nuca; isso está realmente fora de cogitação. Seria, porém, minimamente exigível que - ao menos - aqueles que tanto se preocupam com as chamadas doenças da civilização, eles próprios extremamente civilizados, se dignassem alvitrar algumas soluções: o que fazer com o Estroce? Eis algo a pedir reflexão avalizada, já que o diagnóstico da situação está feito per se. O que será que impede as nossas mentes brilhantes, os fazedores de opinião da nossa praça - e esta coisa dos blogs está cheia disso - a nunca se referirem ao Estroce? O que será que lhes tolhe o discernimento, se o caso é tão evidente? Porque será que nunca, mas absolutamente nunca, tocam em tão melindroso tema?

Será medo do politicamente correcto? Terão assim tanto amor às respectivas carrocerias, além do que têm à própria pele?



(Imagem gamada de Há vida em Markl)

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éá &Àç um dois ispriência ah á alô

E tal e tal çççç´´aáéíóú rinhónhó
1234567890''«!"#$%&/()=?»QWERTYUIOP*ÀSDFGHJKLǪZXCVBNM;:
qwertyuiop+ásdfghjklçºzxcvbnm,.-<<>>
E tau e tau. Uindo. Parece que esta merda funcemina, carauo.

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26/10/06

Quem não assinou que atire a primeira pedra


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22/10/06

Patati-patatá no sofá

Será realmente possível escrever absolutamente nada sobre coisa nenhuma?

Será. Existe mesmo um imenso arsenal de ferramentas linguísticas à disposição, do mais comum blá-blá-blá ao referencialíssimo e muito prático patati-patatá, verdadeiro patriarca dos bordões, passando pelos sintéticos mas não menos e tal, e tal, ou e assim por diante, ou ainda o não menos utilizado etc., etc., etc. No entanto, está mais ou menos instituído e é comummente aceite que o mais relevante acessório discursivo, quando não temático, é o patati-patatá, o qual ganha aos concorrentes em todos os aspectos, nomeadamente pela elegância da palavra em si, ademais composta por hifenização, o que demonstra o seu cariz nobre, aristocrático mesmo; demos de barato, neste considerando e por conseguinte, o duplo hífen do blá-blá-blá, que poderá ser mesmo exageradamente estendido e multiplicado (como em blá-blá-blá-blá-blá, por exemplo), o que indicia com nitidez algum pretensiosismo, quiçá seu toque de esquizofrenia ou tique de freneticismo.

Patati-patatá ocupa um lugar ímpar em termos de eficácia comunicacional, servindo os mais variados fins, não apenas na Língua portuguesa, de aquém e de além-mar, mas também na francesa, idem idem aspas aspas; terá sido, aliás, da língua de Voltaire que nos chegou o precioso termo, e dever-se-á aqui fazer notar que se trata de língua em sentido literal, daí a não maiúsculização em posição inicial, ora pois então concretizemos, não vá a gente perder o fio à meada, dizíamos, terá sido do próprio órgão bucal de Voltaire que surgiu o nosso patati-patatá, que utilizava para significar a sua falta de inspiração momentânea. Essa famosa expressão terá sido proferida pela primeira vez por volta do ano de 1741, aquando da primeira edição da obra Mahomet, de bom augúrio como depois se viu; não consta que Voltaire tenha tido o desplante de usar o seu patati-patatá com alguém, e de mais a mais chamando-se aquilo, mas muito do discurso voltairiano se baseia, como, de resto, grande parte da cultura europeia, no seu conjunto, em muito patati e em não menos patatá.

Notemos, a talhe de foice, que a expressão pode ser utilizada tanto na sua forma concatenada como isoladamente, constituindo assim as suas partes já não um só significado representado por dois significantes, mas dois significados complementares, cada qual com sua escrita e seu código próprios. Quando isolados, há que não confundir patati com patatá, e o mesmo vale para o seu inverso; aliás, os termos em oxímero podem representar uma mais-valia assinalável do signo linguístico, enquanto veículo da comunicação. Traduzindo outros sentimentos, que não apenas o referida falta de inspiração momentânea, o vocábulo hifenizado demonstra uma elasticidade surpreendente, em diversos vectores e situações comunicacionais, desde a simples e absoluta falta de assunto ao mais profundo desprezo por aquilo que viria a seguir e que, de repente, já não há pachorra para continuar; como na figura "ela disse que me amava e patati-patatá", subentendendo-se por patati-patatá que se estará em presença de uma tanga tremenda, ou em "ah, e tal, patati-patatá, e porque torna e porque deixa", extraordinária demonstração do linguajar característico de nossa juventude, que fala muito mas raramente diz alguma coisa com um mínimo de coerência.

Não misturando alhos com bugalhos, mas apenas no intuito de ilustrar de outra forma a presente tese, vejamos a aplicação de patati-patatá ao diálogo interpessoal (parece que é assim, pleonasticamente, que hoje em dia a coisa se deve designar). Tomemos ao acaso o caso de dois amigos que estão conversando sobre determinado descaso:

_ E então, o que é que ela disse?
_ Sei lá! Patati-patatá, patatá, patati...
_ Mas perguntas-lhe ou não lhe perguntaste?
_ Perguntei.
_ E ela?
_ Patati.
_ E tu?
_ Patatá.
_ Bolas, é que não dizes mesmo uma p'rá caixa!

Ora cá está. Mesmo falando alguém pelos cotovelos, é perfeitamente possível que essa pessoa não exprima mais do que uma das coisas ou, quando muito e pior ainda, apenas uma delas. Porque, no fundo, no fundo, tudo dito e revisto, mesmo depois de muito espremido, tanto o mais trivial como o mais inflamado dos discursos pode resumir-se a isso mesmo: o mais puro, ingénuo, inócuo, por regra tergiversante e às vezes divertido patati-patatá.

Quem sabe não deveríamos ficar por aqui, evitando assim a enorme carga de prosódia encomiástica e os possíveis incómodos inerentes, nomeadamente para a coluna, que não raro acarretam os assuntos mais discutíveis, polémicos e patati-patatá, assim como este. Pois quem sabe.

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29/09/06

Luvas, sacos azuis, lombo fingido e siga a marinha

Diz-se no DN de hoje que havia na nossa Marinha de Guerra um esquema de corrupção muito engenhoso que, esquematicamente falando, funcionaria assim:

Três empresas (A, B e C) apresentavam as suas propostas de fornecimento de material; uma "comissão de peritos" ("composta por militares que avaliam e dão o parecer à Marinha") escolhia uma das propostas (por exemplo a C), no valor de 20 milhões; depois de a Marinha pagar os 20 milhões à Empresa C, o intermediário respectivo entregava 5 milhões aos "militares corruptos da comissão de peritos", ficava com 5 milhões para si próprio e, por fim, pagava a fornecedores o valor real da empreitada - os restantes 10 milhões.

Santa ingenuità, Dio mio! Ma che cosa?

Mas qual é o patego que se deixa apanhar num esquema assim tão simples(inho)? Ó amigos, então, sejamos sérios; caramba, até no campo das vigarices há que ter um módico de hombridade! Pois então, vejamos, mas isso é golpada que se apresente? Ora, ora, que coisinha tão merdosa. Toda a gente sabe que o esquema verdadeiro, o mais comum, aquele que serve na perfeição os interesses (de quem toma conta) dos poderes central, regional e local, é o velho e sólido "concurso fingido e combinado": determinada entidade, civil ou militar, finge que abre um concurso público; as empresas concorrentes (A, B e C) combinam previamente entre si, em sistema rotativo, exactamente a mesma ou propostas muito semelhantes, sendo que os valores apresentados a concurso obrigam à escolha da proposta C, a mais baixa das três mas, ainda assim, altamente inflacionada em relação ao valor real do fornecimento; depois, é só dividir o remanescente em proporção com a "concorrência", descontada a comissão do intermediário e os "emolumentos" do ou dos representantes da entidade adjudicatária - como recompensa pelo facto de este ou estes fingirem que desconheciam o conluio.

Assim é que a coisa rola. Sobre esferas. Ninguém pode ser acusado de coisa nenhuma, muito menos os "peritos", cuja função consiste exclusivamente em olhar para uns papeis e dizer qual é o valor mais baixo que lá está. As empresas proponentes ficam também desde logo livres de qualquer suspeição, até porque detêm e repartem entre si o monopólio de um determinado nicho de mercado.

Burrices como adjudicar sem concurso público, de acordo com a legislação vigente, é coisa que já ninguém faz. Como todos sabemos, a gente pela-se por cumprir a Lei, em Portugal.

Nem de propósito, e a respeito, assim se compreende a elegante manifestação de brio da nossa deputada ao PE, Ana Gomes. "Corrupção", disse ela. O DN não facilita, infelizmente, o acesso a tão judiciosa sentença.

Citemos. "O PS é um alvo de quem quer corromper e manipular as instâncias do Estado para seu proveito, com vista ao enriquecimento pessoal e ilícito." Fim de citação.

Espantoso apelo. Eis uma frase que, além de lapidar, transpira sinceridade e mesmo alguma ansiedade. É assim a modos como quem diz "corrompam-me, se fazem o favor, vá lá". Naturalíssimo em quem vê toda a gente a enriquecer à sua volta e ela para ali enjeitada, esquecida pelos corruptos e pelos corruptores, espécie de Capuchinho Vermelho perdido na floresta da honestidade, com o lobo mau capitalista sempre à espreita, afiando a dentuça para a comer, coitadinha. Bem farta deve estar, realmente, de ver os seus colegas de bancada a enriquecer que nem umas bestas, e ela ali à espera da oportunidade ideal, uma coisa não muito importante e sem dar nas vistas, vá lá, olhem para mim, eu também sou gente, eu pertenço ao alvo, acertem-me em cheio, por caridade.

Confiemos, contudo, em que mais uma vez o bem triunfe sobre o mal, que o lobo a coma por fim, como tanto deseja, e que reine de novo a ordem natural das coisas.

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06/08/06

Beirute, Líbano, Agosto 2006




"Smoke simply does not contain repeating symmetrical patterns like this, and you can see the repetition in both plumes of smoke. Theres really no question about it."


Reuters employee issues 'Zionist pig' death threat
Worker suspended after telling American blogger: 'I look forward to day when you pigs get your throats cut' Yaakov Lappin



Afinal, parece que existe mesmo fumo sem fogo. Montes de fumo, por sinal, e muitíssimo mal parido. Um verdadeiro "porco sionista" legendaria a foto verdadeira com algo do género "A baixa de Beirute, em plena hora de almoço, vendo-se do lado esquerdo o edifício da maior churrasqueira do país em plena laboração".

(tema via O Insurgente)

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