Odi profanum vulgus et arceo

29/07/06

Ich bin ein Jude







Hatikva ("The Hope")
As long as deep in the heart,
The soul of a Jew yearns,
And forward to the East
To Zion, an eye looks
Our hope will not be lost,
The hope of two thousand years,
To be a free nation in our land,
The land of Zion and Jerusalem.



Fontes: Encarta, www.national-anthems.net (Japan), science.co.il

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26/07/06

As altercações principais

Revisão do Código do Processo Penal
Menos tempo de prisão preventiva proposto na reforma da lei penal
26.07.2006 - 08h28
Paula Torres de Carvalho
PÚBLICO

(...)
Entre as principais alterações, inclui-se a redução dos prazos de prisão preventiva, de acordo com propostas que já tinham sido apresentadas pelos vários partidos com assento parlamentar. O limite máximo de quatro anos e nove meses passa para quatro anos. (...)


Palavras-chave: nove meses, quatro anos, principais alterações, entre.

Não eram os nove meses de prisão preventiva que estavam a mais; eram precisamente os quatro anos. Quatro anos de prisão efectiva, mesmo que sob a designação técnica de "preventiva", é um claro abuso de Estado, uma coisa abominável. Um preso não pode cumprir uma pena, preventivamente efectiva, por algo de que não tem absolutamente culpa alguma: a morosidade processual, resultante da incompetência, do desleixo, do absentismo dos funcionários judiciais, desde o legislador mais proeminente ao mais obscuro escrivão de vara.

Fez muito bem, nesta perspectiva, a autarca de Felgueiras que fugiu para o Brasil assim que soube que iria ser presa "preventivamente". Fez perfeitamente. Qualquer pessoa com algum juízo - e com meios para isso - deve por conseguinte escapar como puder, aguardando no estrangeiro, em liberdade, que o seu processo transite em julgado. Quem não tiver dinheiro para fugir, azar. É Portugal, ninguém leva a mal.

Se esta é uma das "principais alterações" ao Código do Processo Penal, tremenda pepineira que se arrasta há anos, há décadas, estamos conversados. Não se prevêem, como de costume, grandes altercações a respeito das alterações, até porque todos temos um primo, uma tia, um sobrinho, um vizinho, enfim, alguém conhecido na máquina ferrugenta do Estado. Isto não calhando fazermos nós próprios parte da ferrugem.

A reler: O Processo, de Franz Kafka.



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25/07/06

E atão, gostastes?

----- Original Message -----
From: "Anonymous Sender" <[email protected]>
Sent: Tuesday, July 25, 2006 1:58 PM
Subject: comi-a

eu comi-a, em Braga...disse-me que eras meio panilas, pelo blog, deves ser...



Não sei se será só impressão minha, mas acho que conheço este "estilo" de reticências de qualquer lado... quer dizer... bem... panilas... vá lá ver... moi? Sério? Ela disse isso? Jura. Tch. Sabia eu lá bem! Obrigadinho pela informação, ó Anonymouse*!





* - rata anónima

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23/07/06

Grandes vultos da história I(*)

Galeria de personagens ilustres, pensadores, filósofos, artistas e assim, com breves resenhas biográficas






Pato Donald
Nacionalizado como "Pato Donale", notabilizou-se pelo discurso extremamente frenético e pela dicção curiosa que serviu de inspiração a diversos políticos portugueses, como Cavaco Silva ou Marques Mendes. Verdadeiro ícone da arte da ventriloquia, ficará para sempre na nossa memória colectiva e imaginário idem, como soe dizer-se, pela maneira originalíssima como repetidamente dizia sim (xim) e como se ria (cué-cué-cué).



Peninha
Talvez o mais injustiçado e por vezes mesmo esquecido dos nossos heróis. Pouco se sabe do Peninha, de onde veio, o que é feito dele, o que fazemos aqui, mas todos nos lembramos da sua extrema sensibilidade e fino trato, a sua proverbial falta de higiene e a sua famosa constipação renitente (brrr! atchou!). Marcante, a sua expressão de admiração e surpresa, Uai, é mesmo?, bem como o correspondente "não djiga", ainda hoje fundamentos temáticos da verdadeira investigação jornalística. Foi também o inventor do choro compulsivo (Uiiiiim) e do susto que se apanha (Arrgnh).



Maga Patalógica
Referência obrigatória para qualquer Primeira Dama que se preze, de Barbara Bush a Manuela Eanes, passando pela actual Maria, esta princesa da prestidigitação não foi capaz nunca de fazer mal a uma mosca e prezava "acima de tudo" os cuidados de beleza a que obrigava a sua extrema elegância, e vice-versa. Criadora do célebre referente expressivo Uau, significando extrema admiração, mais tarde adaptado por diversos artistas nacionais. Criadora de neologismos geniais como Cabum, Crash, Zapum e Tchrrac.



Pateta
Baptizado Goofy e cachorro de nascimento, nosso Pateta é a verdadeira expressão da inteligência e do desenrascanço tipicamente portugueses. A ele se devem expressões lapidares, hoje em dia muito em voga, como Glup, a bem dizer, "ó diacho", ou Burp (eructação, arroto), ou ainda a mais conhecida Chlep, expressão de delícia quando, por exemplo, lhe oferecem alguns amendoins, a base da sua alimentação.



Tio Patinhas
O verdadeiro ícone da modernidade, sempre viveu enterrado em dinheiro, na sua casa-forte de Patópolis. Conhecido por ser extremamente generoso e por ter excelente feitio, viu ser-lhe roubada a imagem de marca, abusivamente utilizada pelos Estados Unidos da América, enquanto símbolo nacional. A ele se deve a expressão Ué, cadê meu dinheiro?, ainda hoje utilizada por estadistas em todo o mundo civilizado. Célebres também as formas como manifestava indignação (Quack!) ou surpresa (Quaaack!!!).


(Imagens, por ordem de entrada em cena: atlas.kennesaw.edu, www.universohq.com, www.saa.com.br, joka-landa-producoes.tripod.com, www.planetadeagostini.pt)
(*)- Não continua. Isto é só assim mesmo, capítulo único. Pensamos que não ficaria bem misturar personagens menores, "tipo" Otelo ou Cunhal, nesta galeria de figuras distintas. Ficará talvez para mais tarde, havendo pachorra, em outra galeria, então mais dedicada a verdadeiros cromos.

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22/07/06

Caralho!

Mas esta merda não acaba nunca? Volta-e-meia, lá aparece mais um a chamar-me caguinchas, ou cobardolas, ou coisa que o valha, para o caso tanto faz; fico fodido, acho logo que aquilo é comigo mesmo, nem mais, arrepelam-se-me as meninges, ide lá chamar nomes para a vossa terra, aos galináceos que tendes lá em casa, seus bardamerdas.

Este honradíssimo blog, mai-lo seu não menos autor, já por diversas vezes se deram ambos à maçada de esclarecer a opinião pública em geral e os nossos três visitantes em particular que somos anónimos, e com muito gozo, pela trivialíssima razão de que precisamos de comer. Bem sabemos que isso se pode tornar de difícil compreensão para as mentes mais refinadas da intelligentsia blogosférica nacional, mas é assim mesmo: até um animal extinto precisa de debicar suas migalhas, quando em vez, portanto façam o obséquio de não chatear, parem lá com essa merda da cobardia, ora foda-se.

Pois não concebeis, vós outros, ó iluminados do cacete, que um gajo possa perder o sustento por causa daquilo que escreve? Confiais deveras, assim tão cegamente, nas chamadas "amplas liberdades" políticas, essa intrujice comunistóide? Julgais que toda a gente pode dizer aquilo que lhe der na real veneta, sem quaisquer consequências?

Essa é famosa. Linda. O caralho é que pode, amiguinhos, não pode coisa nenhuma. Tenho todas as razões e mais alguma para suspeitar ou, melhor, para ter a certeza absoluta, de que perderia imediatamente a minha posição profissional - e, por consequência, tudo o mais - assim que se soubesse que sou eu, Fulano de Tal da Costa e Silva Pizarro de Almeida Cunha Telles Ortigão Martins Peninha, quem escreve aqui. Que estejais vós outros montados no alto da carne seca, como dizem os brasileiros, e que "não tenham problemas desses", bom, encantados da vida, segui lá o vosso caminho dando graças a Deus, que privilegiados sois. Herdastes, por conseguinte, não apenas, quem sabe, a putativa beleza por parte da mãe e o porte altivo de vosso paizinho, como a conta bancária de ambos e a cagança típica da vossa classe social (aquela alta burguesia que tanto dizeis abominar), além, é claro, do belo tacho vitalício que vos permite dar uma de "heróis" da palavra escrita, de paladinos da "coragem" redigida, de "valentes" cabecinhas pensadoras, grandes dirigentes e educadores da classe escriturária.

Ora, ora, fodei-vos, mas é. Essas patacoadas não têm ponta por onde se lhes pegue, a não ser talvez pela irritação que provocam naqueles que se sentem atingidos pelas vossas cuspidelas betinhas. Como é o nosso (meu) caso evidente. Ide chamar cobarde a vossa prima, não sei se me faço entender.

Aliás, mesmo que não fosse o caso, pretérito, presente ou futuro, mas sempre altamente provável, de vir a perder o meu ganha-pão, acresce que entretanto se me criaram hábitos de anonimato, que findou por se transformar, digamos assim, em verdadeiro vício da clandestinidade. Mesmo que, de repente, me saísse o totoloto ou me morresse um qualquer tio pato-bravo e me deixasse grossa maquia em herança, pois mesmo assim me quer bem parecer que já não iria desvendar a minha real-social-legal identidade. Com o tempo, acho que me tornei anónimo de mim próprio, assumi ou transformei-me gradualmente na persona que aqui assina, acabaram por me crescer penas, e umas asas mirradas, cresceu-me este bico adunco, enorme, tornei-me desajeitado, espécie de ave que não voa mas que não pára nunca de tentar.

Uma entidade autónoma pode ser o objecto, a criação, a coisa realizada, o mais simples acto de escrita, de construção ou mesmo de desconstrução; relacionar o exercício, de qualquer espécie, com o seu autor, pode fazer todo o sentido como pode não fazer sentido algum. De certa forma, nem eu mesmo conhecia ou sequer suspeitava da existência deste animal que há em mim e que escreve nesta toca virtual. Não será agora, não será nunca (ou, pelo menos, não sucederá enquanto me for possível evitar tal coisa), que irei liquidar este ser autónomo, independente, que é muito mais irritante, por vezes cómico, inconveniente e subversivo do que eu próprio, simples mortal que lhe serve exclusivamente para carregar nas teclas.

Não quero que o Dodo morra, pobre bicho. Eu não sou ele. Dizer que sim seria matá-lo, coitado, dava-lhe uma coisinha má logo ali, parece que o estou a ver, arrgh, caralho, chavalo, que me matas do coração, ai, bálhamedeus, foda-se, eu sou tu?, tu és eu?, que horror, não, não quero, ai mãezinha que não me sinto nada bem. Desabava-se-me pela certa, redondo no chão.

E eu nunca me perdoaria pelo crime. Deus me livre!

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20/07/06

Licença de porte de ignorância


Até ao 25 de Abril de 1974 era obrigatória uma licença anual de uso de isqueiros. Já nesses tempos, os governos tinham maneiras estranhas de sacar dinheiro ao pessoal. Mas o mais, digamos assim, interessante, é o que está escrito no próprio documento: o apelo à denúncia, premiando o acto com 15% do valor da multa!.Para os que não têm memória, cá está, no seu melhor, a pureza do regime salazarista-caetanista. Será que o uso do isqueiro era subversivo?.
in blog Outra Margem

Não sei por que bulas havia de, logo eu, deparar com tão desgraçada prosa. Bálhamedeus. A coisa até vale pelo documento histórico digitalizado que lá está, abrilhantando a dita prosa, a fotocópia de frente e verso de uma genuína Licença Anual para uso de Acendedores e Isqueiros, mas cumpre esclarecer, por assim dizer, iluminar as cabecinhas tontas desta juventude.

Pois, jovens, presumo que seja para vossas cacholinhas extremamente arejadas uma surpresa a simples verificação da verdade histórica atinente. Perdoareis por certo este meu maldito feitio de escrita, que vos forçará amiúde a consultar enciclopédias, porém sucede que não sei dizer as cousas de outra forma, é uma maldição, como estou farto de repetir, as mais comezinhas matérias jorram-me dos dedos em arrebiques verbais e em metafórico, extensíssimo e complicadíssimo fraseado, uma coisa horrorosa, estas frases que nunca mais acabam, e sucede por vezes mesmo alguém perder-se a meio, nesta floresta de palavras, chega a ser necessário ir deixando migalhas pelo caminho, como no conto célebre, para que se não perca o trajecto de volta, a ideia base, o fio à meada.

Tentarei, por conseguinte, até porque bem sei que todos pensais, jovens, que ler dá trabalho, ser o mais claro possível, e mais prometo me esforçarei, uma vez sem exemplo, ao máximo, na tentativa de deixar uma mensagem clara, transparente, de fácil digestão mental, algo que juvenilmente contribua para o esclarecimento da questão.

Abreviemos, portanto.

Começando por essa coisada de "regime salazarista-caetanista". Rapaziada, sabei que a hifenização é abusiva, no caso: Salazar finou-se em 1970, dois anos depois de ter deixado o Governo, pelas razões de saúde conhecidas, e com ele prescreveu também o Decreto-Lei 28 219, de Novembro de 1937(*), o tal que instituiu a chamada "Licença de Isqueiro". Marcelo Caetano sucedeu àquele estadista, como Presidente do Conselho, em 1968, uns tempos depois da famosa "queda da cadeira" que sofreu Salazar, mas é historicamente incontroverso que o "regime salazarista" - se aceitarmos essa designação simplista - desapareceu com o velho Professor. Caetano encetou então um período de reformas políticas em todos os sectores, a que chamou ele próprio "abertura", e que outros baptizaram de "Primavera marcelista", durante a qual o nosso país, então como hoje o mais atrasado da Europa, apresentou índices de crescimento absolutamente ímpares (e imparáveis), a nível mundial, apesar de quase metade do produto nacional ser absorvido pelos custos da Guerra Colonial. Este período de pujança económica foi abruptamente interrompido por um golpe-de-Estado, em 1974. Existiu em Portugal, entre 1928 e aquele ano fatal, um regime político musculado, de carácter corporativo e nacionalista, regime este que Salazar fundou e consolidou, e ao qual sucedeu Marcelo Caetano, um político totalmente diferente, como aliás eram diferentes os tempos e os ventos geopolíticos. Misturar os dois com um simples tracinho é, portanto, digamos, ridículo.

Foi este Professor Marcelo, precisamente, quem acabou com a licença de isqueiro, coisa que o outro nunca faria. Foi durante o consulado do "fasssista" Salazar que se promulgou aquele Diploma, e muito justamente: a respectiva sustentação política, quanto a esta como quanto a outras medidas sociais de igual calibre, baseou-se não em balelas politicamente correctas mas em factos absolutos e comprováveis. Surpresa, jovens: a licença de isqueiro servia exclusivamente para proteger o emprego dos operários da Fosforeira Nacional; assim, quem preferisse acender o cigarro ou o fogão com isqueiro (ou com acendedor, como previa o Decreto), em vez de usar os fósforos produzidos em exclusivo por aquela fábrica, teria de pagar uma coima; era um dissuasor, a Lei, e destinava-se a fazer com que os mais ricos - não esqueçamos que, naquela altura, os isqueiros eram produtos de luxo - pagassem aos mais pobres pelas suas extravagâncias; por outro lado, a licença e as multas forçavam as pessoas a usar quase exclusivamente fósforos, viabilizando a empresa fosforeira, os seus funcionários e respectivas famílias e, em última análise, o próprio Estado, accionista maioritário da Empresa.

Foram inúmeras as medidas de verdadeiro carácter social e, nessa perspectiva, socialista, que o velho "ditador" tomou, promoveu ou forçou.

Outro exemplo conhecido é o da proibição da marca "Coca-Cola" em território nacional. A finalidade objectiva, extremamente simples, como era regra nesse tempo, residia em proibir a comercialização da Coca-Cola para acautelar os interesses dos operários do sector nacional dos refrigerantes; se aquela marca americana entrasse em Portugal, rapidamente as nossas fábricas iriam à falência e, por conseguinte, todos aqueles operários para o desemprego. Evidentemente, as esquerdas apressaram-se de imediato a intoxicar a opinião pública a respeito disto, espalhando a atoarda de que a proibição se devia ao facto de Salazar julgar que a Coca-Cola tinha cocaína na sua composição e, portanto, interditava-a, e assim se via como ele era estúpido e ignorante. Nada mais falso, como se saberia se os factos não fossem sistematicamente terraplanados pelos esquerdistas, e como se vê perfeitamente através da simples constatação da realidade social actual.

Aquilo que vale para os fósforos e para os refrigerantes serve aqui de simples amostras. São apenas dois exemplos. Quem conhece, ainda hoje, o perímetro da Tabaqueira (que já não é Nacional, mas americana), ou o bairro operário da CUF, ou as urbanizações para funcionários em todas as barragens hidroeléctricas, sabe perfeitamente que a filosofia social de Salazar baseava-se no mais puro respeito pela dignidade e pelas condições de vida dos trabalhadores; quem já viu as casas e outras instalações cooperativas, construídas pelas organizações de funcionários das grandes empresas nacionais, não pode deixar de reconhecer que muito, e grande, e bom, foi feito durante o "antigo regime" de estrito mas nunca restrito cariz social.

Muitas dessas medidas e realizações constam hoje do anedotário esquerdista, que utiliza a velha receita de ridicularizar, amesquinhar e sistematicamente mentir a respeito. Não existe sequer comparação possível entre aquilo que era a protecção social no "antigamente" e aquilo que ela é hoje, como sabe também e sofre na pele qualquer português, branco e de meia-idade que se veja de repente no desemprego. Dantes, não havia subsídios a parasitas, mas o trabalho dos portugueses era defendido dos ataques estrangeiros. Dantes, não se davam casas a marginais, mas fomentava-se a iniciativa, fosse ela privada ou colectiva.

Em resumo, e é de facto um axioma comparativo: dantes, havia licença de isqueiro e por isso algumas pessoas podiam viver melhor; hoje, não há licença de isqueiro mas isso não beneficia ninguém.

Ou seja, jovens, Deus há-de perdoar-vos a inconsciência, relevar-vos a ignorância e absolver-vos de qualquer ignomínia. Sois novos, não pensais, é assim mesmo, o que se há-de fazer? Mas, olhai, e que tal se reformulásseis ao menos a sentença, essa questão final do vosso texto?

Hem? Vá lá. Não custa nada. Em vez de "será que o uso do isqueiro era subversivo" que tal pôr "será que o uso de isqueiro era criminoso"?




(Devo confessar que a coisa não me correu nada bem. Prometi abreviar e é o que se vê, bumba, bumba, bumba, e tal e tal e tal. Ó raios. Que chato. Ganda melga. Brrrrr! Mas enfim, fica a intenção. Aliás, para facilitar a função, coloquei a "bold" o fraseado mais suculento; assim, a leitura não dá trabalho nenhum, ora essa, por quem sois.)

(*) Única fonte encontrada a este respeito: blog A Verdade da Mentira; bela designação, mesmo a calhar.
Imagem do maravilhoso Zippo: www.lesans.com

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14/07/06

Anti-comunista, eu? Sim.

Anda por aí tudo histérico, "derivado ao" facto de a maioria dos estudantes do ensino secundário estar chumbando, coitadinhos, coitadinha da maioria, nos exames nacionais, a uma catrefa de disciplinas. Vai daí, toca a repetir os exames porque, se a maioria chumba, bálhamedeus, é impossível que tal coisa se deva a ignorância, a cabulice, a estupidez dessa mesma maioria; o problema só pode estar, reside com certeza, absoluta, na forma como aqueles exames foram redigidos. Onde já se viu, caramba, alunos a chumbar em exames! Oh! Só podem ser os exames que estão errados, vê-se logo.

"Portantos", toca a "repetir-zi-os", como diria qualquer professor pós-moderno, os ditos exames. Se, na próxima época, a coisa suceder de novo, azar, foda-se, repete-se tudo outra vez. Até que sejam definitivamente extirpados os erros nos exames (o motivo único para que um aluno reprove) e até que, por fim, toda a gente passe "cumapérnáscostas". Há-de ir. Cona da mãe. Puta que pariu os exames, caralho. É preciso é que passe toda a gente. E quem não quer que passe toda a gente, é fasssista com três "s".

Eis o nirvana comuna, em todo o seu esplendor. Era esta mesma técnica, esta engenharia social, esta fantochada, que os comunas gostariam de ver aplicada a todos os actos sociais democráticos; ou seja, por exemplo, enquanto não ganhassem as eleições, democraticamente, como nunca ganharam e como nunca ganharão, o ideal seria que as eleições se repetissem, sistematicamente, exaustivamente, extenuantemente, até que, um dia, a puta da maioria, essa coisa intermitentemente incómoda, acabasse por se maçar e, vencida pela exaustão, acabasse por finalmente conceder a vitória nas urnas à cambada de facínoras, de bandidos, de marginais, de assassinos que a si mesmos se intitulam de "progressistas".

A paneleirice que agora se passa com os exames nacionais é mais um ensaio geral para talqualmente comunistóide desiderato.

Este país é uma puta de uma brincadeira, a fucking joke, minada, armadilhada, vigiada e controlada por comunistas, em todo o lado. E os mais perigosos são aqueles que, sendo-o, não sabem ou fingem que não sabem que o são.

Parafraseando a queridíssima, espantosa, admirável, brilhante Maria José Nogueira Pinto, eu sei que eles sabem que eu sei que eles são, esses cabrões. Bem, talvez, pensando melhor, a amiga Maria José não utilizasse a expressão "esses cabrões" mas, no essencial, a coisa viria a dar no mesmo.

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Socialismo capitalista compulsivo

1. Médico de família
Presume-se, com esta figurinha legal, que todos os "utentes" do nosso sistema de saúde possuem uma. Ou seja, visto que não é possível um cidadão ter outro médico que não um destes, dito "de família", por inerência não existirá em Portugal ninguém que não tenha ou não pertença, por força, a uma qualquer "família".

Essa é boa. Então, e se realmente eu não tiver família? Não posso? Tenho de ter família para ter médico de família ou para, em suma, ter médico? E se eu não quiser ter família, deixo de ter direito? Se me estiver altamente cagando para todas as pessoas que têm o meu apelido e que, por mera coincidência, constituem a minha família biológica, se não souber nem quiser saber de nenhum deles, há um porradal de anos, como é, nesse caso? Não tenho direito a assistência médica? Ou terei de andar por aí, de chapéu na mão, a pedir pelas alminhas que alguma família caridosa me adopte?

Essa é famosa, como diria o Eça. Um valor da direita política, a família, adoptado por seu turno pelas esquerdas, e administrativamente transformado em facto universal, eis um axioma genial, daqueles que não lembravam nem ao careca.

Não quero "médico de família" nenhum. Quero que a minha família se foda, mas de vez em quando pode ser que precise de assistência médica gratuita, direito de qualquer cidadão, nacional ou não.

E, afinal, para que serve essa merda, além de pretensamente se dar a entender que o país é um paraíso onde todos se dão perfeitamente uns com os outros? Para quê, se a própria instituição família está em acelerado processo de extinção? Um médico conhece melhor os meus podres viscerais se conhecer os dos meus familiares? Terei eu mais e melhor tratamento, quando por fatalidade adoecer, se a terapêutica atender também ao historial clínico dos meus pais, irmãos, primos, tios e sobrinhos?

Mas, no fim de merdas, e se pura e simplesmente não me apetecer? Hem? E se eu for um "sem-abrigo"? E se eu quiser ser um "sem-família", em vez disso? Onde está a minha liberdade individual?

Apetece-me embirrar com toda a gente, a começar por aqueles que me estão mais próximos, precisamente, os parentes, os que andam por aí a circular com o "meu" sangue. Eles que se fodam, repito. Nem admito que eles são da minha família nem que me tentem obrigar, através de um simples cartão de utente, a reconhecer que pertenço à família deles. Que os pariu. Que se lixe o cartão, e o sistema, e o médico. Fodei-vos todos.

Hei-de morrer, assim sendo, só, pária, deserdado, mas totalmente livre. Hei-de morrer portanto cheio de saúde.

2. Assembleia de condóminos
Rosnar os bons-dias, num elevador, por exemplo, é o máximo que me pode ser exigido, salvo seja, na condição de vizinho. Nada mais. Os vizinhos que se fodam, é de resto o meu lema. Deles, apenas quero distância, e que primem pela ausência é o que mais desejo. Nada me obriga a ser simpático, nem sequer a cumprimentar, se não estiver para aí virado, como nada me pode obrigar a aturar o rádio daquela puta do 2º D, sempre em altos berros, ou o cãozinho da velha do rés-do-chão, esse filho-da-puta que não me grama, como a dona, diabos a levem.

Ora, em casos destes, em se tratando de gajo absolutamente anti-social, ou totalmente desprovido de quaisquer ferramentas de convivência - como é o meu caso evidente - gostaria de saber porque cargas d'água hei-de ser forçado a pertencer a uma "comunidade de condóminos". Mas porquê comunidade? Quero lá saber eu bem da comunidade para alguma coisa!

Esta foi mais uma das invenções comunistóides, uma das maquinações socializantes do pós-25 A. Pós de perlimpimpim, é como digo, borrifados por cima de toda a gente, à antiga soviética, no sentido de forçar a constituição de manadas politicamente controláveis. Pretender-se-ia com este tipo de socialização forçada, teoricamente, que o cidadão se "integrasse" na comunidade nacional, estando esta estruturada em células, desde o "grupo de trabalho" ao comité de cidadãos, passando pelas estruturas de poder local, sindicatos, organizações sectoriais, associações desportivas e culturais. O "condomínio" funcionaria então como "estrutura de base", espécie de émulo sub-reptício dos "comités de bairro" comunistas.

Estruturas de base estas que, à semelhança daqueles comités, têm por finalidade a vigilância de costumes e, por conseguinte, o estabelecimento de uma ordem comportamental estabelecida. É para isto mesmo, no fundo, que servem os vizinhos, organizados ou não em "condomínio": para controlar a vida alheia, zelando pelos interesses da chamada "moral e bons costumes". Servem os vizinhos, numa palavra, para bisbilhotar.

Ora, portanto, não sei se já tinha dito, eu quero é que os vizinhos vão meter o bedelho na grandessíssima puta que os há-de parir. Xô. Andor. Não só tenho de pagar as "despesas" de condomínio, pretensamente devido àquilo que o dito "gasta" comigo, como, ainda por cima, tenho de comparecer às respectivas "assembleias", esses horrorosos ajuntamentos de intriguistas, em pleno vão de escada, durante os quais se discute e se vota(!) sobre coisas interessantíssimas, o ordenado da mulher-a-dias que lava as escadas às 4ªs, a pedra que está solta no patamar, as beatas de cigarro no elevador, e outras merdas que tais.

Não vou. Foda-se. Metam o condomínio na peidola, se fazem o favor. A minha casa é o meu castelo, entro e levanto a ponte que, nem de propósito, é levadiça. Vizinhança, nem vê-la. É bom-dia e boa-tarde, quando muito, e a mais ninguém me pode obrigar. Venha de lá o mais zidane, a ver se tem sorte.

3. M!Ctório
Este barbas fundou uma tertúlia de inteligentes (ver significado no dicionário) com a finalidade de perorar sobre a pobreza em geral e sobre os pobrezinhos em particular. Para se poder pertencer ao clube deste barbas que, ainda por cima, se diz poeta e tudo, é necessário, em princípio, possuir o adequado currículo anti-fasssista (com três "s") e recitar convenientemente, isto é, na ponta da língua, o manual de coitadismo militante, além de saber de cor e salteado e de trás para a frente a oração subordinada causal que junta povo, capitalismo, justiça, exploração e direitos.

Sendo eles fundamentalmente comunistas e, portanto, anti-americanos, estes patuscos do barbas, vagamente ressabiados pelo facto de o seu querido povo se estar marimbando para a excelência das suas ideias, todos os frequentadores do M!Ctório me despertam, confesso, a mais profunda repugnância. Ultrapassada a fase do riso, ou seja, agora que já não lhes acho piada nenhuma, nem ao barbas nem aos acólitos, com as suas grandiloquências sobre a "exploração capitalista", parece-me que vai sendo tempo de alguém tecer algumas considerações enérgicas (e higiénicas) a propósito.

A começar pelo facto de o próprio barbas ser um tipo podre de rico, semelhantemente à esmagadora maioria dos seus confrades, que não manifesta nem manifestou nunca (era só o que faltava) a mais leve intenção de partilhar com os outros ao menos uma parte da sua não desprezível fortuna pessoal. O que implica, como se não fosse evidente mas é necessário explicar ao povo, centenas de vezes se preciso for, que tudo aquilo que se diz no M!ICtório não vale nada, é tudo verbo de encher, não passa de cortejo de vaidades, poço de trivialidades, fossa séptica de falsidades.

E isto, se necessário fosse, comprova à saciedade não apenas a minha teoria como, principalmente, a minha prática a respeito de esquerdas e de esquerdistas: não passam de refinados hipócritas. Por mais que arenguem sobre as qualidades genéticas do povo (em geral, e dos pobrezinhos em particular), nada, mas absolutamente nada, me fará mudar uma vírgula (era só o que faltava) no meu discurso de sempre a respeito do mesmo povo: odeio-o. Não tanto como o povo odeia a sua própria condição mas, ainda assim, aquilo que politicamente pretendo do povo é exclusivamente distância, lonjura, que fique lá com os seus robertos (ver significado no dicionário) leais e as suas sardinhas assadas.

Claro que tal não difere em nada do que o próprio barbas pretende também, com a diferença de que eu e outros que tais gostaríamos de que não existisse gente muito pobre, enquanto o barbas e outros que tais gostariam de que não existisse gente rica, à excepção deles próprios e dos seus camaradas. São estes os dois pólos políticos fundamentais, aquilo a que geralmente se chama esquerda e direita, os que tentam acabar com a pobreza (em geral) e os que tentam acabar com a riqueza (em particular).

O que torna o barbas, e aquilo que ele representa, absolutamente insuportável, é tentarem situar-se no meio, numa espécie de terra-de-ninguém política, quando de facto são pessoas de esquerda, e da mais pura e dura. Enchendo o seu espaço político à força de vacuidades, debitando às mijinhas a cartilha marxista, estes tristes tentam, acintosamente, hipocritamente, barbudamente, fazer passar a "mensagem" da sua elevação espiritual, da sua superioridade moral, da inevitabilidade das suas razões - quando, ao mesmo tempo, o porteiro do restaurante de luxo onde se reúnem mantém a uma distância conveniente qualquer desgraçado que se tente aproximar do grupo de eleitos e iluminados; ali, onde se discutem os problemas dos pobres, coitadinhos, pobre não entra, pois claro (era só o que faltava), para não perturbar os discursos de Suas Excelências.

Quem quiser, mesmo tendo tomado banho e estando minimamente apresentável, se quiser conferir aquilo de que falo, pode fazer a experiência: ide ao Clube de Empresários, esse extremamente socialista antro de barbudos bem-pensantes, oh, sim, ide e vereis. Aposto que não chegais nem perto do portão. Enquanto, lá dentro, os comensais esquerdistas trincham mais uma desgraça, e mais um frango à cafreal, servem-se de mais um pobre, e outra trufa marinada, emborcam mais uma manobra capitalista, e enchem de novo a taça com Chablis.

Que nojo, camaradinhas, que nojo. Não vos resta sequer um pingo de vergonha na cara? Ou nas barbas?

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Atende às 2ªs, 4ªs e 6ªs


ORAÇÃO INFALÍVEL
Ao divino Espírito Santo, ao Menino Jesus e à Sua Santíssima Mãe e Santo António. Oh! Jesus, que disseste: pede e receberás, procura e acharás, bate e a porta se abrirá. Por intermédio de Maria Vossa Mãe Santíssima, eu bato, procuro e Vos rogo que a minha prece seja atendida (menciona-se o pedido). Oh! Jesus que disseste: tudo o que pedires ao Pai em meu nome Ele atenderá. Com Maria Santa Mãe, humildemente rogo ao Pai, em Vosso nome, que a minha prece seja ouvida (menciona-se o pedido). Oh! Jesus que disseste: o Céu e a Terra passarão, mas a minha palavra não passará. Com Maria Vossa Mãe Bendita, eu confio que a minha oração seja ouvida (rezar três ave-marias e uma salve-rainha). Em casos urgentes, esta novena deverá ser feita em nove horas seguidas. Publicar a oração assim que receber a graça. Agradeço graça recebida.
L.M.


Dos jornais

Notas: o pedido tem de ser feito exactamente como está, nem mais chus nem menos chus; quando não, qualquer mijadela fora do penico, danou-se, não funcemina. Onde diz "(menciona-se o pedido)", não é para dizer "menciona-se o pedido", é para mencionar o pedido que se quer mencionar mesmo. Não vale rezar duas ave-marias e duas salve-rainhas, ou salganhadas que tais, é 3 e 1, nem mais nem menos, ó tótó, vê lá se precisas que te faça um desenho, chiça, cambada de burros.

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Síndroma de Pinóquio

Na área da Economia, José Sócrates garantiu que "não [haverá] aumento de impostos" mesmo que falhem as metas de redução da despesa a que Portugal se comprometeu com Bruxelas.
DN de hoje; artigo sobre a entrevista de Maria João Avilez ao primeiro-ministro, transmitida ontem pela RTP1 .

Deve ser, portanto, uma questão de dias até que chovam novos aumentos. Porém, de acordo com o quadro clínico desta síndroma e conforme o perfil psicológico do respectivo portador, o chamado "mentiroso compulsivo", esses aumentos virão por certo embrulhados em designações alternativas, como "taxa moderadora", "emolumento", "coima", "receita extraordinária", "pagamento especial por conta", "sobretaxa", "encargo", "despesa", "juros de mora", ou quaisquer outras conjugações terminológicas que excluam a palavra "imposto". Serão efectivamente, fatalmente, como sempre, simples aumentos de impostos mas, desde que se evite esse termo técnico, ninguém poderá acusar o primeiro-ministro de ter (mais uma vez) mentido. De facto, não aumentarão quaisquer impostos, mas outras coisas que não se chamam impostos. Brilhante, a receita do costume.

Aliás, a mesma que se aplica a qualquer dificuldade de governação. Quando algo não corre bem, num Ministério, numa Direcção-Geral, num departamento ou mesmo numa Empresa estatal, basta mudar o respectivo nome, a sua designação legal e respectiva sigla, para que o problema se resolva imediatamente.

Apenas para dar um exemplo, toda a gente se lembrará, por certo, do organismo estatal responsável pelas rodovias nacionais, a JAE (Junta Autónoma das Estradas); surgiram em tempos questões ligadas a corrupção, desvios de verbas e outras manigâncias, naquela instituição. Após longas, arrastadas investigações, não se tendo concluído absolutamente coisa alguma, como era de prever, o poder político optou pela solução radical: "extinguiu" a JAE e "criou" o IEP (Instituto das Estradas de Portugal), aproveitando a oportunidade para "criar" mais duas entidades novinhas em folha (ICOR e ICERR), como acessórios; de uma para a outra, transitaram todos os funcionários, toda a estrutura, toda a orgânica e todo o património; mudou apenas o nome, mas isso equivale na prática a matar dois coelhos de uma só cajadada: não apenas desapareceu a corrupção na JAE, porque a JAE desapareceu ela própria, como se criam novas e esplendorosas oportunidades para que a corrupção, o nepotismo e a incompetência se mantenham sob outro nome, mas agora a multiplicar por três. Esplêndida engenharia de Estado esta, prosseguida por todos os "estadistas", sem excepção, há cerca de trinta anos, independentemente da respectiva "cor" política.

O mentiroso compulsivo, como qualquer doente mental, vive num mundo de palavras, totalmente desligados da realidade ambos, o mentiroso e as palavras. Nesse mundo, também conhecido como "a porca da política", não cabe a mais ínfima partícula de honestidade, hombridade ou honra. É tudo uma questão de bois, e de nomes que se lhes chama. Por isso até "juram", os políticos, e dão a sua "palavra-de-honra". Não custa nada. Afinal, o que é "jurar"? Ora vejamos. Não é bem assim. Enquadremos a questão. Ao fim e ao cabo, enfim, digamos que...

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13/07/06

Létss luque éta treila



Ah, os bons velhos tempos do HERMAN ENCICLOPÉDIA! Este foi um sketch que escrevi com o João Quadros para o Lauro Dérmio e que continha a linha de texto que até hoje faz o Herman ter convulsões de riso. É seguramente das coisas mais intensamente maradas que escrevemos nas nossas carreiras.
Nuno Markl

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11/07/06

Sumário: técnicas de pinxar paredes e respétivas maneiras de fogir há bófia

Há uns anos, dei aulas numa (grande) escola secundária. Dois dos meus alunos, bons rapazes, eram conhecidos como grandes artistas do "graffitti". Como as paredes da escola, constituída por "n" pavilhões, estavam num estado miserável, e na tentativa de juntar por uma vez o inútil ao menos desagradável, na minha santa inocência, sugeri a ambos que espalhassem a sua "arte" por essas paredes, mas de forma coerente e em colaboração: apresentariam esboços, um para cada parede de cada pavilhão e, com a ajuda dos docentes de EV e após aprovação pelo CE, executariam o trabalho de forma planeada. A ideia seria, por conseguinte, não apenas "personalizar" tematicamente cada edifício, como demonstrar que pinchar paredes não tem necessariamente de ser uma manifestação de selvajaria.

A reacção dos artistas foi a mais previsível. Primeiro concordaram, achando a ideia "bué da fixe", yá setor, vamos nessa vanessa; mas depois, a sós com as suas calças negras cinco números acima e com as suas correntes de autoclismo metidas nos bolsos, coçando compenetradamente o brinco na orelha e o brinco no nariz, tomaram uma decisão não expressa: trabalho? Como "trabalho"? Graffitti como "trabalho" (que horror) não tem graça nenhuma. Esboços? Esboços também é trabalho, iach!, que nojo! E então nada de bófia, a gente ali assim com as latas de spray à vista de toda a gente, em pleno dia? Man, mas que ideia mais cota, da-se.

Ainda hoje aquelas paredes lá estão, abjectas, visualmente cacofónicas, camadas sobrepostas de gatafunhos, uma espécie de palimpsesto da irresponsabilidade. Palpita-me, sinceramente, que ninguém manda pintar aquela porcaria toda, de cima a baixo, por exemplo de branco, apenas para "não ferir susceptibilidades"; ou seja, a fórmula politicamente correcta para qualquer professor dizer sem dizer "borrem as paredes à vontade, antes isso do que me lixarem a pintura do carro..."

(A propósito de um "post" num blog que se chama, muito adequadamente, revisão da matéria.)

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09/07/06

Portugal visto do espaço




(imagem original: International Charter)

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SMS em Chinês

Deve ser lixado. Ou em Japonês, ou em Árabe, por exemplo. Há-de ser bonito escrever coisas como "qd xegars tlf meu 22" ou "k raio s passa? pq n ligas dd ontem?".

Com escritas "pictóricas", palpita-me que não deve ser mesmo nada fácil mas, ainda assim, não tão difícil como ir para a Somália vender dietas de emagrecimento, pregar o Evangelho na Arábia Saudita ou convencer Cavaco Silva a comer de boca fechada e, já agora, a fazer o mesmo quando fala.

Se alguém quiser tentar - a primeira das dificuldades extremas, não as outras - pode sempre, armado da respectiva paciência, usar o serviço chinês ecall China. Deve ser barato, ou praticamente de borla. Não sei ao certo, porque ando muito esquecido do meu Mandarim.

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07/07/06

Perfeitamente

Melhor jogador jovem do Mundial 2006
Já se vão agitando as consciências nacionais, sempre as mesmas, sempre as do costume e aquelas que sempre dizem as mesmíssimas coisas, também sempre com o apoio e a sustentação minimamente articulada dos intelectualóides pátrios. Que é uma injustiça, e que o Cristiano Ronaldo é que deveria ter sido eleito como aquela coisa, para detentor deste novel título, exclusiva inovação do Mundial da Alemanha. E que "nós" (ou seja, ele, o puto malcriado e mimado que por acaso é bom jogador de futebol) perdemos porque somos "pequeninos" e "eles" são grandes, etc., etc.; o costume. É sempre a mesma coisa.

Ele são campanhas contra nós, os portugueses, porque somos essa tal coisa de "pequenos", e ele está tudo contra nós, nós, logo nós, caramba, os tipos mais porreiros do universo, e ele é manobras soviéticas umas atrás das outras, a ver se nos desestabilizam, e "eles" chamam-nos coisas terríveis, como "atrasados", e "trogloditas, e boçais, ó-ó, sei lá bem, coisas piores e tudo.

Eu cá não acho. Quero dizer, não acho que sejam assim tão injustas as acusações, até porque se trata de meros factos, não de algo que simplesmente se alega sem qualquer fundamento.

Um povo de medíocres que a si mesmo se promove como algo de colectivamente admirável, enquanto inferniza alegremente a vida a qualquer compatriota, esta gentinha que esmaga e destrói tudo aquilo que de realmente nobre ou minimamente útil alguns vão fazendo, esporadicamente, não tem mais do que esperar pela retribuição adequada. Um país que expulsa por sistema os melhores dos seus naturais, que abomina a inteligência, a capacidade de trabalho ou o mais leve indício de originalidade ou de valor, apenas merece o desprezo, a indiferença, quem sabe se justificadamente o asco de alguns povos civilizados, colectiva e individualmente manifestados.

A arbitragem do uruguaio na meia-final recente, como a do outro, o francês, com a mão de Abel Xavier, há uns anos, ou aquele que expulsou o Rui Costa por caminhar a passo, como muitos outros exemplos - pretéritos e futuros - significam realmente algum ressaibo, alguma raiva, algum nojo que percorre a espinha dorsal de muito estrangeiro sempre que ouve falar de ou que tropeça em algum Português ou em alguma coisa portuguesa, precisamente por não reconhecer nem vislumbrar sequer o mais ínfimo indício de coluna vertebral, de verticalidade, nem neste país nem neste povo que o habita. Estamos fartos de saber que isto é assim, e não é de agora. Porém, nada consegue apagar de uma vez por todas esta "nossa" paixão pela lamúria ("ah, e tal, eles não gostam de nós, os filhosdumaputa") e muito menos se vê, seja onde for, a mínima vontade de acabar com a labreguice nacional, o garrafão de tintol à cabeça, as costas das mãos nas ilhargas, a peixeirada, a cultura do barulho, a preguiça elevada a valor e lema nacionais, o gosto atávico pela foleirada, pela pimbalhada, pelo teatro manhoso, pelo salto para a piscina e, principalmente, a perseguição sistemática ao gosto, à honra, à transparência, ao saber, a aversão às artes em geral e à civilização em particular, a promoção da estupidez, da corrupção e da mediocridade a expoente máximo e a denominador comum.

Uma terra, além do mais, onde toda a gente copia toda a gente e ninguém produz nada de novo, é perfeitamente legítimo que seja absolutamente ignorada, ainda quando tal poderia não se justificar, e mesmo quando se trata de uma coisinha tão insignificante como o pontapé na chincha. Muitas gerações terão ainda de passar até que, talvez, um dia, Portugal e os portugueses mereçam o respeito das nações evoluídas. Até lá, muitos cristianos ronaldos e muitos campeonatos de futebol se passarão, para sempre "perdidos" e como sempre "injustamente", até que algum português ou alguma coisa portuguesa se possa distinguir de alguma forma, enquanto ser-humano de mérito ou enquanto realização notável. As raríssimas excepções, por regra e por definição desconhecidas e ignoradas na sua própria pátria, estão aí, ou lá, "lá fora", para o comprovar. O resto é folclore, malas de cartão, ridículo prototípico, indigência mediática e simples curiosidade zoológica.

Eu cá acho. Quero dizer, acho bem. Parabéns, Podolsky, ou lá como te chamas.

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Singela homenagem aos nossos jogadores
Costinha
Pauleta
Paulo Ferreira
Nuno Valente

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Consultório sentimental - XV

Números
E, havendo-lhe dado a beber aquela água, será que, se ela se tiver contaminado, e contra seu marido tiver transgredido, a água amaldiçoante entrará nela para amargura, e o seu ventre se inchará, e consumirá a sua coxa; e aquela mulher será por maldição no meio do seu povo. E, se a mulher se não tiver contaminado, mas estiver limpa, então será livre, e conceberá filhos. Esta é a lei dos ciúmes, quando a mulher, em poder de seu marido, se desviar e for contaminada; ou quando sobre o homem vier o espírito de ciúmes, e tiver ciúmes de sua mulher, apresente a mulher perante o Senhor, e o sacerdote nela execute toda esta lei. E o homem será livre da iniquidade, porém a mulher levará a sua iniquidade.
Bíblia Sagrada, Números (5, 27-31)

De um ponto de vista bíblico, por assim dizer, não existe qualquer dúvida sobre a culpabilidade inata da mulher, naquilo que ao sexo diz respeito. Fenómeno comum, de resto, a qualquer outra confissão religiosa, pelo menos no hemisfério ocidental, primando todas elas, religiões, pela regra geral da condenação apriorística do belo sexo em tudo aquilo que se relacione com o dito. Segundo este princípio universal, mulher que é mulher, se não é de forma patente galdéria, é porque anda a esconder alguma coisa; se não se lhe conhecem amantes, andará por certo a preparar alguma coisa pouco recomendável; duvidemos sistematicamente nós outros, homens, em suma, da virtude feminina - com a óbvia excepção, que primordialmente confirma a regra, a do ícone dos ícones, aquela mulher única e ideal que foi capaz de engravidar sem qualquer intervenção masculina e sem nunca ter sequer experimentado tão universal mas tão condenável acto, o mesmo desde o início, o mesmo do pecado original.

Porém, e mesmo dando de barato o carácter absolutamente alegórico das Escrituras, as coisas mudaram bastante nos últimos tempos, em especial desde a invenção do "soutien" e do direito a férias pagas, ou seja, mais ou menos a partir dos anos cinquenta do século XX. Se bem que persista, numa franja cada vez mais residual do universo feminino, algum sentimento de culpa em relação ao sexo e, por arrastamento, alguma contenção de ordem moral, podemos agora dizer, em boa verdade, que a esmagadora maioria da humanidade, homens e mulheres, se está altamente cagando para toda e qualquer espécie de prurido moral, em se tratando de laurear a pevide, e nomeadamente, especialmente, quando não exclusivamente por via sexual. Trata-se, de certa forma, da total inversão de valores ou, melhor dito, de total ausência dos mesmos, como forma de ao menos compensação pela longuíssima noite moralista, de raiz religiosa, infinita e estupidamente castradora.

Os números, nos tempos que correm, são totalmente diferentes dos poeirentos tempos bíblicos. Basta, actualmente, utilizar a palavra "números", em qualquer circunstância diferente de uma aula de Matemática, para que aflore de imediato um sorrisinho entendido, nas faces dos circunstantes e, por vezes, um ligeiro rubor comprometido, nas das presentes. É cada vez mais difícil, como sabemos, entabular uma simples conversa, entre um homem e uma mulher, ou entre vários e várias, sem que o tema descaia, ou descambe, conforme a perspectiva, sobre assuntos de cama; portanto, quando se fala de números, em qualquer tertúlia, toda a gente pensa de imediato no mais conhecido deles, aquele cujo símbolo é também o de um signo do Zodíaco; igualmente conhecido pela abreviatura, ou seja, simplesmente "69", corresponde este número à única "posição sexual" com direito a logótipo e, de certa forma, a marca registada universal.

O povinho português tem, quanto a este número em particular, e provavelmente devido ao seu idiossincrático gosto pela piadética, a estranha mania de falar dele evitando-o; qualquer labrego que tenha a "sorte" de cumprir o 69º aniversário nunca por nunca dirá esse número exacto, duplamente redondo; diz sempre, pelo contrário, e achando-se a si mesmo muito engraçado e original, que fez "sessenta e oito mais um" ou, ainda mais engraçado, hilariante mesmo, que foi o seu aniversário 68B. O que vale igualmente para uma página de qualquer jornal A Bola, assim mais espessa, entalada entre a 68 e a 70: diz-se "vê aí na página sessenta e oito bê"; uma outra variante surge nos jogos de azar, em especial nas sociedades recreativas, desportivas e culturais, por esse Portugal profundo; quando sai da tômbola a bola 69, logo o "cantador" ou a "cantadeira" anunciam "aquilo de que todos gostam" e de imediato toda a sala se desmancha a rir, de tal força é a piada.

O 69, enquanto "posição sexual gratificante", como diria a inefável Marta Crawford, não tem afinal graça nenhuma, muito pelo contrário; é mesmo um assunto sério, muito sério. Para aferir da sua importância, no contexto dos números em geral, bastará espreitar uma página de anúncios de qualquer jornal: são às dezenas, às centenas, diariamente, os pedidos de almas "solitárias e sensíveis" procurando as respectivas "almas gémeas" mas, note-se bem, sempre, absolutamente sempre jurando que é "para assunto sério". Assim mesmo. Gente à procura do 69, portanto. Nada de mais sério, também portanto. E reforce-se o conceito: não há nada de engraçado no 69, já porque o riso é o pior inimigo do sexo e já porque é necessário alguma experiência, diria treino intensivo, em tal actividade específica, para que se possam atingir níveis de proficiência minimamente aceitáveis.

De facto, antes de avançar, assim às cegas, para tão extraordinário número, é imprescindível conhecer os seus antecedentes ou, digamos, os respectivos radicais, respectivamente o 6 (mais conhecido por "minete") e o 9, seu oposto (também designado por "broche"); aqui, evidentemente, a ordem dos factores é arbitrária, pode muito bem ser ao contrário, o que vem a dar rigorosamente no mesmo. Acontece que, depois de adquiridos os conhecimentos devidos quanto aos radicais, mesmo estando apto o menino para o cunnilingus e a menina para o felácio, é ainda necessário obter alguma destreza e maleabilidade físicas para que broche e minete funcionem em simultâneo, a contento para ambas as partes. Devido à mútua posição de encaixe, e dependendo de quem fica por cima e quem fica por baixo, ou se estão ambos democraticamente de lado, existe sempre algum risco de que a um ou a ambos possa suceder alguma coisinha má, tipo sufocar, ou engasgar-se, ou assim. A coisa, ao contrário do que pensam as mulheres em geral e as inexperientes em particular, é de muito mais difícil execução para o homem; não apenas este tem de se aguentar à bronca durante um porradal de tempo, a ver se evita o inevitável antes dela, como, ainda por cima, aquilo acaba fatalmente por dar cãibras, não na língua mas, mais exactamente, nos encaixes da cremalheira, ou seja, na articulação dos maxilares; às vezes, como poderá afiançar qualquer gajo minimamente batido, aquela merda até estala, tac, é fodido, fica ali o caramelo com o focinho entalado entre as pernas da chavala, e as queixadas népia, foderam-se, não fecham, e ainda para mais dói que se farta. Tecnicamente, chama-se a isto "desenculatrar" os queixos, o que é fodidíssimo para ambos, para o mineteiro porque vai ter de parar, desencabeçar das pernas e fechar aquela merda com as mãos, e também para a minetada, porque vai ter de parar a função quando por certo já estava no melhor da festa, e ainda vai ter de ajudar ao curativo.

Mas deixemos, ao menos por ora, estas minudências aborrecidas, se bem que aconteçam ao mais pintado e mesmo à mais pintada, e falemos de outros números, não menos interessantes. Como, por exemplo, o número 3, ou trio, para os amigos e apreciadores. No catálogo posicional, poderíamos baptizar este número como 878, o que desde logo manda às urtigas o antiquíssimo e conservador Kama Sutra. Trata-se, como já todos adivinharam e como alguns estão carecas de saber, daquele número em que um gajo se amanha e lambuza com duas mulheres. Supremo petisco, ao qual os franceses chamam, com o seu linguajar requintado, "ménage à trois"; deve porém ser recomendado ao comensal mais fução que se abstenha de tal prática, dado o alto grau de exigência física envolvido; se o bacano não aguenta duas horas com uma, muito menos irá aguentar o dobro com duas e, portanto, é melhor nem se meter nisso, com a agravante de que aqui apenas são referidos os requisitos mínimos, muito longe dos ideais, que rondarão o dobro do dobro. Aliás, a propósito disto mesmo, escusado será dizer que a mesma lógica algébrica se aplica a números derivados de 3, como 4, ou 5, ou 6, isto é, mano que não queira passar vergonhas é melhor evitar meter-se ao barulho com mais do que duas - ou, vá lá, três mulheres, no máximo - ao mesmo tempo. Isto, claro, quando nos referimos a exclusividade masculina, só a nossa no meio delas, primeiro porque não há lugar neste consultório para números circenses e segundo porque, de acordo com as regras elementares da álgebra, o número de variáveis é directamente proporcional à probabilidade de ocorrência de erros, e vice-versa.

Apenas como nota de rodapé, e funcionando como ilustração de como são infinitos os números, refira-se um outro, do qual pouca gente fala, ainda que sejam cada vez mais os seus praticantes, com uma boa parcela daqueles que o fazem exclusivamente. É algo que ainda nem sequer está classificado e que se tornou possível apenas muito recentemente, com o advento da Internet. Falo, evidentemente, do sexo virtual, aquela variante que se inicia, como todas as outras, por uma fase de engate, através dos blogs, passa por um período mais ou menos longo de namoro, via e-mail, com ou sem "chat-room" de permeio, e termina em sexo puro e duro, como sempre, mas desta vez com a inovação de não haver qualquer espécie de contacto físico. Ora aí está, se a moda pega - como vai pegando - uma excelente forma de resolver de uma assentada dois dos problemas que mais afligem a humanidade: as doenças sexualmente transmissíveis e o excesso de população.

Realmente, quanto a esses dois aspectos, o sexo virtual é a descoberta do século - e bem poderá ser a última de todos os tempos - e não perde quase nada em relação a outras modalidades: o grau de "satisfação" pode ser igual ou mesmo maior, as "relações" através de áudio e vídeo podem ser tão "gratificantes" como gosta Marta, nossa referência, e sempre sem chatices, dispensa-se por fim a estopada do preservativo, está cada qual em sua casa, a sós com as suas manias que o outro não terá de aturar. São quase só vantagens. Claro que há esse pormenor de não ser possível o contacto físico, penetração natural incluída, e (ainda) nem sequer é possível incorporar coisas essenciais na relação, como os cheiros; mas isso o que importa? Ao fim e ao cabo, sexo por cabo ou por onda hertziana cumpre a mesma função do tradicional, segundo os ditames actuais, a saber, a fruição do prazer. Com a instauração da ditadura juvenil, e com o que isso implica de normalização compulsiva de padrões estéticos e comportamentais, a tendência natural será com certeza que este número cresça exponencialmente até absorver todos os outros, esmagando-os por exclusão de partes.

Como haveremos de designar este novo número? Pelo valor máximo de um byte? 11111111? Será este o número final? Quando não restar mais nada, será possível que haja alguma coisa para além de 256?

Talvez seja o princípio da solidão total e absoluta. Ou talvez o seu fim definitivo. Um novo paradigma bíblico, absolutamente imprevisto: ide e desmultiplicai-vos.

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06/07/06

Os sete pecados mortais

Gula Avareza Ira Orgulho Inveja Preguiça Luxúria

Gula Luxúria
Os olhos brilhavam-lhe de excitação, as narinas dilatadas e frementes, a respiração ofegante. Segurou-o firmemente com a mão esquerda e com a outra fez deslizar o invólucro para baixo. Estendeu primeiro a língua, tocou-lhe com ela mesmo na ponta, e só depois o abocanhou por completo, semi-cerrando os olhos com extrema volúpia. Deixou escapar um murmúrio, quase um gemido, hummmm, enquanto chupava e mordiscava, fazendo-o rolar docemente dentro da sua boca. Então, por um momento, retirou-o de si, segurando-o com delicadeza, entreabriu os olhos e remirou-o, embevecida e gulosa. E de novo mergulhou nele, desta vez com uma espécie de raiva, ou desespero. Avançava, recuava, avançava, recuava, agora gemendo já sem pudor, cada vez mais depressa e mais arfante, por vezes mordendo e largando, por vezes apertando e mesmo trincando com alguma violência.

Quando acabou, por fim, largou o pau com um suspiro:

_ Ai. Não há nada como um belo de um magnum, Deus me perdoe.

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The day after

10 razões para (se) estar contente com a derrota dos Labregas
Se a selecção portuguesa de futebol tivesse ganho à da França, teríamos de gramar:
1. Doses industriais, em todas as estações de rádio e canais televisivos, de entrevistas em directo ao "homem da rua", ao "popular" ou, horror dos horrores, ao emigrante luso parisiense, ao qual seriam colocadas as questões da ordem, como se sente, então e agora, acha que Portugal vai ser campeão, qual é o seu vaticínio, je penso quile vai a ganhar, le portugal, deux a um, butes de pólêtá.
2. Ranchos folclóricos envergonhando o país, por esse mundo fora, com suas típicas, execráveis, trogloditas, grosseiras, esquizofrénicas palhaçadas, por entre castanholadas, os braços ao alto em forma de cornos, e guinchos frenéticos a três notas musicais, e patadas no chão marcando o ritmo dos bombos, olariloléla, ai mãezinha, fostes à horta, tum-tu-ru-tum.
3. Espectáculos espontâneos de verdadeiros "artistas", sempre dedicados e disponíveis para o arraial, o cagaçal, o bacanal a que chamam cultural, essa manifestação nojenta, aviltante, indecente, esse carnaval em piso térreo e imundo, em ambiente viciado de fumo de sardinhas, de frango, magotes de gente circulando por entre e por causa do ruído imenso, o centro e a chama, o deus único da crença popular, uiiiim, maizuma voltinha, maizuma viagem, benha cá freguesa .
4. Cortejos automóveis constituídos por entusiastas da causa nacional, em todas as cidades, vilas e aldeias, do Minho a Timor, buzinando com desespero insano e com raiva patriótica, entupindo todas as ruas e avenidas e mesmo provocando um disturbiozinho ou outro, coisa pouca, não faz mal, a hora é para comemorar, fodei-vos, seus morcões, semos os máiores, pi, piii, piii, póóó, la cucaracha, pó pó pó.
5. Foguetório diverso, sustentado pela maestria de verdadeiros especialistas, virtuosos da "arte pirotécnica", pum catrapum horas a fio, de dia e de noite, e que se lixem as matas, que se danem as leis que proibem o pessoal de manifestar a sua alegria fazendo a festa, atirando os foguetes e apanhando as canas, haja saúde e binho, ah, que lindo, bistes, olha só, biba pertugáli, biba.
6. Milhares de posts em outros tantos blogs, mais ou menos, portanto, em todos aqueles que se escrevem em Português (uma minoria) e seus derivados (uma esmagadora maioria), ora louvando os "nossos bravos rapazes", ora "postando" mais um bandeira verde-rubra em formato gif e em tamanho extra, ora debitando análises avisadas sobre as incidências do jogo e de como afinal, o futebol comanda a vida, blá-blá-blá e patati-patatá.
7. Intermináveis entrevistas aos Labregas, a cada um deles e todas elas, durante as quais uns e outras repetiriam ad nauseam que, e eu penso que, e acima de tudo, e os noventa minutos, e acima de tudo, e fomos mais fortes, e acima de tudo, e acima de tudo, estivemos bem, pois que, acima de tudo, eles hádem ver, inté os comemos, acima de tudo.
8. Declarações embevecidas dos nossos quadros, dirigentes, a classe política em geral e a "Nova Gente" em particular, vozes convenientemente embargadas e poses prudentemente comovidas, batendo no peito e jurando a sua lealdade aos princípios futebolisticamente correctos de Luis Felipe Scolari, felipe com "e", note-se, o excelente, portuguesíssimo felipão, mai-los nossos heróis de Berlim, bem entendido, etc.
9. Repetição sistemática, nos quatro canais de "sinal aberto" e em mais dois ou três de "sinal fechado", do jogo com a França - na íntegra - e dos cinco jogos anteriores, neste campeonato, recolocando no ar imagens em câmera lenta das jogadas mais polémicas, tudo ilustrado e esclarecido pelas circunspectas e avisadas opiniões dos respectivos cientistas da bola, José Mourinho e assim, fazendo alarde dos seus espantosos índices de "scolaridade" e dos seus conhecimentos e belíssima pronúncia na língua de ére mágéstide de kuíne.
10. Fotografias de primeira página, a três quartos, em todos os jornais portugueses, com parangonas laudatórias e brilhantes, além de originais, "tipo" somos os maiores, depenámos o galo, toma-toma-toma, Zizou levou no pescoço, a nós a glória, Nossa Senhora de Caravaggio derrota S. Jorge, é nossa, já temos a scolaridade obrigatória, obrigado, D Felipe IV, glória a Simão nas alturas.

Enfim, quero dizer, cá na minha, não se perdeu nada. Donc. Merci les gars. Ah, a propósito: andate tutti a fanculo!

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04/07/06

Explicações de Inglês

Portugal - Road To Germany - WC06

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