Odi profanum vulgus et arceo

30/06/04

Words and deeds XX



WE ARE THE CHAMPIONS

(Queen)

I've paid my dues
time after time
I've done my sentence
but committed no crime
And bad mistakes
I've made a few
I've had my share of sand kicked in my face
but I've come through

And we mean to go on and on and on and on

We are the champions, my friends
And we'll keep on fighting till the end
We are the champions, we are the champions
No time for losers
Cause we are the champions, of the world

I've taken my bows
and my curtain calls
You brought me fame and fortune
and everything that goes with it
and I thank you all
But it's been no bed of roses
no pleasure cruise
I consider it a challenge before the whole human race,
and I ain't gonna lose

And we mean to go on and on and on and on

We are the champions, my friends
And we'll keep on fighting till the end
We are the champions, we are the champions
No time for losers
Cause we are the champions of the world

We are the champions, my friends
And we'll keep on fighting till the end
We are the champions, we are the champions
No time for losers
Cause we are the champions


autor e vocalista: Freddie Mercury
banda: Queen
duração: 2 m 57 s
edição: 7 Outubro 1977

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Aquilo que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Entradas de leão, saídas de sendeiro.

Ao contrário dos adágios populares, começar mal e acabar bem foi o que aconteceu com a equipa nacional, neste campeonato europeu de 2004; bem, pelo menos a parte do "começar mal" bateu certo, até agora. A nossa equipa começou mal, depois as coisas melhoraram e agora a expectativa é grande. Não fazemos a coisa por menos, nós, portugueses: queremos ganhar.

Isto não é para dar azar, Deus me livre. Nada de foguetes antes da festa. Mas haja fé. Se ganharmos, como espero (3-1), aqui fica o mais conhecido dos hinos futebolísticos; o mais internacional de todos, aquele que serve para todas as equipas, de todas as cores, nos cinco continentes.

Mesmo que percamos este jogo, uma coisa já ganhámos: Portugal produziu o melhor campeonato de sempre(*). Só por isso, já somos campeões.

Boa sorte, Portugal!



Fontes de informação
ficheiro de som: http://henkerthekiller.free.fr/Queen%20-%20We%20are%20the%20champions.mp3
letra da música: http://w3.restena.lu/musep/Songs/We_are_the_champions.html
dados bibliográficos: http://www.queenwords.com/lyrics/songs/sng11_17.shtml
logotipo do Euro 2004: Federação Portuguesa de Futebol
(*) "dica" de My Moleskine

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29/06/04

Words and deeds XIX


Holanda


The dutch text of the first stanza

Wilhelmus van Nassau
ben ik van duitschen bloed.
De vaderland getrouwe
ben ik tot in de doed.
Een prinschen van Oranje
ben ik vrij onverveerd
de koning van Hispanje
heb ik altijd geëerd.
The english translation

William of Nassau, scion
Of a Dutch and ancient line,
Dedicate undying
Faith to this land of mine.
A prince I am, undaunted,
Of Orange, ever free,
To the king of Spain I've granted
A lifelong loyalty.




fontes de informação
letra do hino: http://www.digital-dreams.nl/realdutch/anthem.htm
dados e números sobre a Holanda: http://www.countryreports.org/content/netherlands.htm
hino (ficheiro de som): http://www.hollandhistory.com/typicaldutch.html

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Fado português


O fado nasceu um dia,
Quando o vento mal bulia
E o céu o mar prolongava,
Na amurada dum veleiro,
No peito dum marinheiro
Que, estando triste cantava,
Que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
Meu chão, meu monte, meu vale,
De folhas, flores, frutas de oiro,
Vê se vês terras de Espanha,
Areias de Portugal,
Olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
Do frágil barco veleiro,
Morrendo a canção magoada,
Diz o pungir dos desejos
Do lábio a queimar de beijos
Que beija o ar, e mais nada,
Que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus, adeus, Maria,
Guarda bem no teu sentido
Que aqui te faço uma jura:
Que ou te levo à sacristia,
Ou foi Deus que foi servido
Dar-me no mar sepultura

Ora eis que embora outro dia,
Quando o vento nem bulia
E o céu o mar prolongava,
À proa de outro veleiro
Velava outro marinheiro
Que, estando triste, cantava,
Que, estando triste, cantava.

Amália Rodrigues
Letra de José Régio, música de Alain Oulman
Editado por Valentim de Carvalho, 1965



Amália, Portugal, fado, alma, génio, Régio, rasgo, longe e perto, ontem, hoje e amanhã. Não há outro Portugal, nem outra Amália. Só há este e só há esta, em todo o mundo. E chega para o mundo inteiro e para sempre.
Deus existe, sim.

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27/06/04

Artigo 171.º
(Legislatura)

1. A legislatura tem a duração de quatro sessões legislativas.
2. No caso de dissolução, a Assembleia então eleita inicia nova legislatura cuja duração será inicialmente acrescida do tempo necessário para se completar o período correspondente à sessão legislativa em curso à data da eleição.


Artigo 185.º
(Substituição de membros do Governo)

1. Não havendo Vice-Primeiro-Ministro, o Primeiro-Ministro é substituído na sua ausência ou no seu impedimento pelo Ministro que indicar ao Presidente da República ou, na falta de tal indicação, pelo Ministro que for designado pelo Presidente da República.
2. Cada Ministro será substituído na sua ausência ou impedimento pelo Secretário de Estado que indicar ao Primeiro-Ministro ou, na falta de tal indicação, pelo membro do Governo que o Primeiro-Ministro designar.


Artigo 187.º
(Formação)

1. O Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais.
2. Os restantes membros do Governo são nomeados pelo Presidente da República, sob proposta do Primeiro-Ministro.


Artigo 195.º
(Demissão do Governo)

1. Implicam a demissão do Governo:

a) O início de nova legislatura;
b) A aceitação pelo Presidente da República do pedido de demissão apresentado pelo Primeiro-Ministro;
c) A morte ou a impossibilidade física duradoura do Primeiro-Ministro;
d) A rejeição do programa do Governo;
e) A não aprovação de uma moção de confiança;
f) A aprovação de uma moção de censura por maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções.

2. O Presidente da República só pode demitir o Governo quando tal se torne necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas, ouvido o Conselho de Estado.


Artigo 239.º
(Órgãos deliberativos e executivos)

1. A organização das autarquias locais compreende uma assembleia eleita dotada de poderes deliberativos e um órgão executivo colegial perante ela responsável.
2. A assembleia é eleita por sufrágio universal, directo e secreto dos cidadãos recenseados na área da respectiva autarquia, segundo o sistema da representação proporcional.
3. O órgão executivo colegial é constituído por um número adequado de membros, sendo designado presidente o primeiro candidato da lista mais votada para a assembleia ou para o executivo, de acordo com a solução adoptada na lei, a qual regulará também o processo eleitoral, os requisitos da sua constituição e destituição e o seu funcionamento.
4. As candidaturas para as eleições dos órgãos das autarquias locais podem ser apresentadas por partidos políticos, isoladamente ou em coligação, ou por grupos de cidadãos eleitores, nos termos da lei.


Constituição da República Portuguesa

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26/06/04

Posso falar?


Em trinta e dois blogs, uma só opinião. Toda a gente acha que DB está "a fugir", que é um "rato a abandonar o navio"; a opinião unânime (32/32) é que a coisa ameaça transformar-se em "golpe de Estado"; que não foi PSL o eleito para primeiro-ministro; que devemos avançar, já, imediatamente, para eleições legislativas antecipadas; que os portugueses não servem só para apoiar a selecção de futebol.

Isto dos blogs é o paradigma da liberdade de opinião, sem dúvida. Até eu tenho opinião, vejam só. E sou tão capaz de meter o bedelho como outro qualquer.

Vejamos. Quanto ao próprio Durão Barroso na presidência da CE:
1 - É giro estar um ex-maoísta na presidência da CE
2 - DB tem uma esposa que o poderá companhar, em cerimónias e banquetes, com elegância e discrição.
3 - DB sabe Línguas e não envergonha ninguém.
4 - DB raramente dá barraca, com a experiência nada despicienda que tem, enquanto MNE.
Portanto, porque não DB na presidência da CE?

Por outro lado, quanto ao cargo em questão.
1 -O cargo é destituído de quaisquer poderes efectivos. É um cargo de prestígio que pode beneficiar tanto o país de origem do novo presidente como beneficiou o Luxemburgo (Jacques Santer) ou a Itália (Romano Prodi).
2 - O presidente da CE não é o "4º homem mais poderoso do mundo", é o presidente da Comissão Europeia; o espaço da União Europeia é que é a 4ª potência económica mundial.
3 - A União Europeia é um aglomerado artificial de Estados, não existindo de facto enquanto entidade histórica ou política. É presidido por uma comissão e esta, naturalmente, tem um presidente.
4 - Ser presidente da CE não é o mesmo que ser presidente da UE, cargo que nem sequer existe, obviamente e por enquanto.
Logo, qual é o problema em ser um Português a presidir à CE?

Quanto ao carácter roedor da pessoa em causa e sua putativa "fuga".
1 - Um primeiro-ministro (ou o respectivo Partido) nomeia quem muito bem entender para o substituir no cargo. É isso que diz a Constituição. É para isso que existe uma hierarquia de Estado.
2 - Durão Barroso não é António Guterres, e as circunstâncias são diferentes. Quando se foge, por definição, foge-se para pior ou para parte incerta. Trocar um lugar de prestígio por outro de ainda maior prestígio é não só legítimo como desejável. É o que todos nós tentamos fazer ao longo da vida.
4 - A derrota nas eleições para o parlamento europeu, que a coligação do Governo sofreu, nem foi desastrosa nem pode ser considerada significativa; é abusivo e especulativo estabelecer um paralelo entre este tipo de eleições e as autárquicas - que provocaram a demissão de Guterres.
Então, DB foge de quê ou abandona quem?

Sobre o "golpe de Estado" em curso:
1 - Os portugueses votaram no Partido da sua preferência, não no PM mais do seu agrado.
2 - Quem nomeia o PM é o Presidente da República, nos termos constitucionais, e estes são que seja nomeada a pessoa indicada pelo Partido vencedor das eleições.
3 - Se, em vez de uma nomeação para um cargo de prestígio, DB tivesse falecido (salvo seja, saúdinha é que é preciso), a solução teria sido a mesma e igualmente constitucional: o Partido (ou coligação, como é o caso) vencedor das últimas eleições legislativas indicaria o novo PM.
4 - O mandato legislativo, que confere legitimidade democrática ao actual Governo, ainda está longe do fim.
Assim sendo, chamar "golpe de Estado" a uma alteração estrutural, efectuada dentro da Lei fundamental, é abusivo (e obviamente tendencioso).

Pelos vistos, o que mais "preocupa" algumas pessoas que sabem ler e escrever é a possibilidade de Pedro Santana Lopes "subir" a PM. Mas não é ele o nº 2 do PSD? E não é o PSD o Partido maioritário da coligação que venceu as últimas legislativas?

Esta "preocupação" inteligente liga-se obviamente com o efeito dominó que estas mexidas de topo provocarão, pela pirâmide política abaixo, até à base: quem irá então para o lugar de PSL? O vice-presidente da Câmara de Lisboa? E para o lugar deste? E assim por diante. O que os encanita é a dança das cadeiras que inevitavelmente se seguirá, e a altíssima probabilidade de ficaram com as nalgas desalapadas. Mesmo para os tachistas e arrivistas cor-de-laranja, a coisa dá-lhes comichões, estão já afiando as navalhas e preparando as mocas para o "confronto de ideias". Já que se falou em ratos, é evidente que é a estes que o assunto mais preocupa, aos ratos da política, peritos na arte da intriga palaciana; não à população em geral, não à imensa maioria que não tem absolutamente nada para abichar no aparelho de Estado e cuja única função consiste em financiar esse mesmo Estado - e escolher, de 4 em 4 anos, quem vai para lá derreter o seu dinheiro. Hoje na oposição, o PS faz rigorosamente o mesmo que o actual Partido do Governo fez na situação inversa. Costuma chamar-se a isto "jogo democrático", mas a liberdade formal dita de expressão confere o direito a qualquer um de ver por si mesmo aquilo de que se trata: jogo de bastidores, intoxicação, contra-informação. Verdadeiro golpe de Estado seria (ou será, quem sabe) se a teoria da conspiração vingar e se esta minoria conseguir nas ruas o que não conseguiu nas urnas.

Daí a necessidade de agitação e, portanto, os opinion-makers já começam a reproduzir a voz do(s) respectivo(s) dono(s). A qual, mais tarde ou mais cedo, se a coisa for bem matraqueada, se transformará em voz do povo. Para comunistas e esquerdistas em geral, o motivo real - que deve ser cuidadosamente escamoteado, como sempre - não interessa para nada; o que interessa é derrubar o Governo, este ou outro qualquer e, para isso, qualquer pretexto, real ou inventado, é bom. Para a esquerda desalojada do poder, o que importa é chegar lá outra vez; para a esquerda anti-democrática, quanto mais confusão, melhor. Eleições, eleições sempre, mais eleições, até levar o povo eleitor à exaustão, à descrença e à anarquia, até desarticular a autoridade e o tecido produtivo, para depois obrigar esse mesmo povo a mendigar a ordem e a aceitar, no limite, a ditadura como mal menor. Destruir o sistema eleitoral é a única alternativa para quem não consegue e para quem sabe que não conseguirá nunca alcançar o poder por essa via.

E vale tudo, como arma de arremesso. Misturar neste assunto o apoio à selecção nacional de futebol é claríssima táctica de guerrilha ideológica; como se os portugueses estivessem a fazer um favor ao Governo, quando apoiam a sua selecção; como se este apoio fosse um empréstimo ao poder, um cheque a descontar nas urnas; como se apenas desse apoio dependesse a carreira da equipa, ou como se o apoio fosse uma concessão à paz social. Pelo contrário, e isso é a técnica básica do manual, usam eles mesmos este fenómeno de massas para atingir as próprias massas, tentando manipulá-las por esse meio, na crista da onda, apenas aproveitando a maré sem terem absolutamente nada a ver com ela.

O próprio DB leu por esta cartilha, nos idos de 70, o vetusto manual de agitação e propaganda (agitprop) vermelhusca, a teoria fanática de quanto pior, melhor; de conquista do poder absoluto pela total destruição do poder democrático, de arrasar para "construir" por cima, de mentir descaradamente em nome de valores "mais altos". Não deixa de ser irónico estar, hoje em dia, aquele antigo paladino dos amanhãs que cantam, a sofrer na pele os efeitos do próprio "remédio".

Honra lhe seja feita, e descontados os desmandos próprios da juventude e do desequilíbrio hormonal inerente, este ao menos caiu em si, mudou. Mas ainda sobram muitos, uns quantos milhares - mas capazes de subverter milhões - aos quais nem uma lobotomia ajudaria, perfeitamente capazes de arrumar o ex-camarada - e com ele o país inteiro. Sem pestanejar, como é próprio dos facínoras.

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Eu, Génio


Sim, é o meu nome próprio e que bem escolhido foi ele. Obrigado, Pai! Obrigado, Mãe!

E é como me sinto, sempre que acordo, bem disposto e cheio de energia, preparado para mais um dia de brilhante postagem, de fina ironia blogueira, de sagacidade definitiva e de radical inteligência criativa. A primeira coisa que me ocorre, assim que acordo, é a verificação técnica do dia anterior, quantas visitas, o meu querido Sitemeter lá está, fiel, coisa espantosa, é como o algodão. Pulo da cama já ansioso, abro os gráficos, mensal, semanal, anual, confiro os referentes, uma espreitadela à Technorati, click, ali está, vejamos o que diz de mim hoje o pessoal. Confiro número e peso dos comentários, respondo se vale a pena, apago se não interessa. Estas coisas urgentes despacham-se ainda antes do banho, do café, do primeiro cigarro. Memorando: é preciso referir e agradecer os links mais recentes, ando para fazer isso há que tempos.

Já no duche, as ideias acodem-me ao cérebro em catadupa, ora vejamos, hoje vou falar do PM, do Iraque, da ONU e do campeonato; depois, umas referenciazinhas ao processo Casa Pia, não esquecer aquela parva da Ministra da Educação, como é que ela se chama, bem, não interessa, depois vejo isso; ah, e depois uns poemas, claro, fica sempre bem, espeto-lhes com mais um jogo de palavras que até ficam cegos, e depois um texto jeitoso sobre coisas mais sérias, pespego-lhes com o Keatings, o Heideger, o Hegel, e o outro, aquele português, como raio se chama ele, ah, pois, o Damásio. Vão ver, ehehehe, cambada de pacóvios, nunca li porra nenhuma daquilo, era só o que faltava.

Café e jornais, há que pôr as leituras em dia. Ora deixa cá ver o que se aproveita daqui. Hum, hum, hum, pois, isto aqui do Carlos Cruz é giro, o caso do estripador também pode ser, e esta receita, olha, boa, molho de cogumelos com mel.

Agora veio-me a inspiração, costuma acontecer por esta hora, preciso de um guardanapo de papel.

subi-te em veredas lembradas
de repente nas tuas coxas
com o musgo palpitante e húmido
em nuances cálidas e roxas


Rima. Ora bolas, rima. Não pode rimar, fica foleiro. Tenho de trabalhar aquilo. Talvez "rosáceas" em vez de "roxas"; e "costas" em vez de "coxas", é, pode ser, ou deixo ficar as coxas e ponho reticências em roxas, ou... já sei; fica "em nuances cálidas como rochas". Rima na mesma. Catano. Bem, depois trato disso também.

É esta a rotina quotidiana, o que faço todos os dias, mal posso esperar, chego a casa, ligo o computador, sento-me finalmente. Vejo o email e respondo, coisa para uma hora, despacho os primeiros textos, para citação vale o Joyce, a rima eliminada (definitivamente, fica a primeira versão, é mais helderiano, toma e embrulha), a Ministra afinal é Ministro, acrescento os links simpáticos ao "template", e por fim a voltinha pela vizinhança, a ver as novidades. Há que ser criterioso, escolher bem os alvos, provocar onde é preciso, bajular, se for preciso, onde mais convém, e, sobretudo, estar atento ao que dizem os tubarões e o outro peixe maior; a gente distrai-se e, de repente, aparece algum mais escorregadio que fica nas bocas do mundo; a gente passa um ou dois dias sem escrever e quase desaparece, duas semanas e é fatal como o destino.

Há que ter cuidado, cumprir algumas regras, mas é aqui que me sinto bem, só aqui, no meio dos meus livros, os meus dicionários e as tralhas tecnológicas todas, a aparelhagem, o DVD, dois computadores em rede, MegaDrive, joystick, a artilharia completa. Por detrás deste vidro, no meu famosíssimo blog, para as minhas fãs e para o resto da maralha, tenho 1 metro e 84, sou investigador, licenciado em Química e pós-graduado em Engenharia de Sistemas pela Universidade de Salamanca, arqueólogo nos tempos livres, especialista em civilizações orientais e em Aramaico, colunista em diversos jornais e revistas. Adoro a blogosfera, abençoada, antes não havia nada disto, nem imagino como seria. O Abrupto, o Aviz, o 100nada e os gajos do Blasfémias já me citaram. Tenho aí uns dez ou doze blogs, mas o principal é este. Isto é o meu mundo e não quero outro. Confesso que nunca me passou pela cabeça que a coisa colasse. Todos os dias me surpreendo com os números dos contadores, com as polémicas que levanto, com as invejas e guerrinhas que provoco. Já não me consigo imaginar de outra forma senão esta que inventei, de fio a pavio. E agora não há volta a dar-lhe, sou aquilo que criei para mim.

Eugénio

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25/06/04

Breaking news


Finalmente! Foram descobertas armas de destruição maciça no Iraque!







imagens gentilmente "cedidas" por:
http://cigarros-barato.com/
http://www.webcolombia.com/invesco/
http://www.carship.jp/fw-1/

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Só?


Esta passou despercebida à maior parte dos portugueses, entretidos com o Euro e com as próprias taras e manias.

Três milhões de portugueses sofrem de doenças mentais. O que é surpreendente nisto é o número ser tão baixo. 33%, um terço, pfff, o que é isso.

Não há lugarejo em Portugal que não tenha o seu maluquinho de estimação, sendo que uma cidade é um aglomerado de aldeias. Mas aquilo que é referido no Plano Nacional de Saúde, quanto a doenças psiquiátricas, diz respeito não apenas aos casos mais flagrantes ou evidentes, clinicamente catalogados, mas a todo o vastíssimo universo da pancada na bola. Mistura-se, numa curiosa salada-russa psiquiátrica, a esquizofrenia, a depressão e o mais trivial "stress". Como sempre, é tudo uma questão de perspectiva e enfoque; se um dia - que já não virá longe - alguém se lembrar de considerar que, por exemplo, o acto de fumar, como qualquer outra dependência, revela fragilidades ou desvios em relação à norma, os números serão certamente muito superiores.

Lá chegaremos. E quem diz fumar diz muitas outras compulsões, como coleccionar selos, ler, trabalhar (esta, raríssima mania cá na Pátria). Nesta perspectiva ecléctica, todos somos chanfrados, 100% e não 33%, 10 milhões e não apenas três. Deduz-se que este é mais um "estudo", pago pelos contribuintes, dos que têm por único objectivo colocar "os portugueses no topo da Europa" seja no que for. Como nos indicadores económicos a coisa não está fácil, arranjam-se assim umas tretas, a fingir que se faz alguma coisa. Duas "notícias" correlacionadas indiciam isso mesmo: uma titulada com "Chegada da primavera pode agravar doenças mentais" e a outra, ainda mais especializada, sobre bebés "deprimidos". Mas que interessante.



'Tadinha da criança, tão inocente e já tão estatística. Tivesse a geração do Maio de 68 - e a que se seguiu, a das amplas liberdades - dado menos no haxixe e encasquinado menos Guevara (e outras drogas, mais ou menos duras), não teriam gerado crianças mal-educadas (era como se chamava dantes a "hiperactividade") e não estaríamos hoje em pleno regime de terror infanto-juvenil, no qual as crianças são tratadas como espécie alienígena e os jovens têm carta de alforria e superioridade moral incontestável.

Por simples cálculo de probabilidades - ou apenas fazendo uso do mais elementar bom-senso - e como sabe perfeitamente qualquer estrangeiro, Portugal tem uma taxa de "doenças mentais" igual à de qualquer outro país europeu; considerando a depressão e o stress, talvez tenhamos a mais baixa percentagem de afectados, na Europa, visto estes serem males da civilização, afecções urbanas dos países desenvolvidos - e quanto a civilização e a desenvolvimento, estamos conversados. Existirão pessoas "stressadas" no Burkina Faso? E o povo Zulu, terá muitos deprimidos?

Uma das consequências do politicamente correcto foi a adopção da política "libertária", aplicada aos casos clínicos de esquizofrenia, paranóia, demência e outras manifestações realmente do foro psiquiátrico clínico: a partir dos anos 80, passou-se a considerar que o internamento dos doentes psiquiátricos era um erro e, portanto, estes deviam ser "integrados" na sociedade; é por isso que os hospitais psiquiátricos foram desactivados, demolidos, transformados em hotéis, e os que restam destinam-se aos poucos "ambulatórios" forçados que ainda existem. A ninguém ocorreu, quando esta política foi implementada em toda a Europa, perguntar alguma coisa aos próprios internados. Se tinham para onde ir. Se queriam sair dali. E agora o que temos é os nossos "loucos" em guetos, mendigando e lavando janelas de automóveis.

E temos também um gigantesco hospício, mas agora do lado de fora das grades, no qual já todos nós estamos internados - pelo menos estatisticamente. Estudos e títulos bombásticos como este pretendem comprovar isso mesmo: somos muitos e muito maluquinhos, com a óbvia excepção de quem escreveu tão brilhantes conclusões.



(imagem de Portugal Diário)

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24/06/04

um dichote por dia dá saúde e alegria

é mais fácil um camelo entrar no reino dos céus do que um pobre passar pelo fundo duma agulha

Jesus Cristo, Mateus 19 (adaptado ao séc. XXI e a Portugal)

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Lei nº 100/2003
de 15 de Novembro

TÍTULO II
Parte especial
CAPÍTULO I
Dos crimes contra a independência e a integridade nacionais
SECÇÃO I
Traição
Artigo 25º
Traição à Pátria


Aquele que, por meio de violência ou ameaça de violência:

a) Tentar separar da Mãe-Pátria ou entregar a país estrangeiro ou submeter à soberania estrangeira todo o território português ou parte dele; ou

b) Ofender ou puser em perigo a independência do País; é punido com pena de prisão de 15 a 25 anos.


do site da Associação de Praças da Armada




Considerando o carácter internacional do evento que neste momento decorre em Portugal.
Considerando o risco para a segurança de pessoas e bens, inerente à afluência de dezenas de milhar de cidadãos, nacionais e estrangeiros, aos locais onde o evento se realiza.
Considerando a projecção mediática do evento, na imprensa e na opinião pública mundiais.
Considerando o carácter de desígnio nacional que foi desde sempre incutido e oficialmente difundido, na generalidade da população, a propósito do Campeonato da Europa 2004.
Considerando que existe, a julgar pelas manifestações patentes, um sentimento e um espírito de tarefa comum, por parte da maioria dos portugueses.
Considerando que se trata de um acontecimento determinante para o prestígio e a projecção de Portugal no mundo.
Considerando que o evento decorre em circunstâncias excepcionais e transitórias.
Considerando o esforço de segurança, em meios materiais e humanos, desenvolvido pelo Governo e pelas autoridades.
Considerando a alta probabilidade da ocorrência de actos violentos, devido à excepcional concentração de passageiros, agravada pela inexistência de transportes.

A convocação de greves, ou a ameaça de greve, e nomeadamente no sector dos transportes públicos nacionais, com o intuito de capitalizar dividendos ou fazer reverter situações em favor de interesses particulares, no decurso e por causa do Campeonato da Europa 2004, deve ser facto considerado como crime, punível nos termos a alínea b) do Artº 25 - Título II - Cap. I, da Lei nº100/2003.

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Espelho meu...

Sem os italianos, o Euro 2004 tem muito menos graça. Podem até fazer falta ao futebol, mas foi no campeonato da beleza, a decorrer em milhares de mentes femininas, que eles se destacaram. E é aí que nós, as adeptas, mais sentiremos a sua ausência.
Tinham tudo para ganhar, estavam com a Taça nas mãos, mas jogaram mal e foram-se embora, deixando o terreno aberto ao avanço das hordas suecas, vikings altos e louros que, com Ljungberg à cabeça, diz quem gosta do estilo, são um conjunto de respeito em matéria de beleza.
Por isso, caros jogadores portugueses, têm vocês nas mãos a defesa da honra e do bom nome dos machos latinos, homens de tez escura e barba rija, e duros de roer. Já sem espanhóis e italianos (os franceses são de outra casta), contamos convosco para derrotar esses copinhos de leite do Norte.
Força, rapazes, vocês são muito mais bonitos do que os ingleses.

Jornal Record de hoje, página 29


Este documento é um sério candidato ao Óscar da Imbecilidade 2004. Provavelmente, na categoria Máquina de Fornicar, a criar para o efeito e expressamente para esta candidata única. Já se podem ler umas coisas sobre o tema, por aí - e mesmo no blogbairro - mas nunca a coisa se me tinha aparecido tão escarrapachada, em sentido figurado e em sentido literal.

A autora destas bojardas não deve ter idade para se lembrar dos concursos "de beleza"; ora, isto foi coisa rapidamente caída em desgraça por influência directa (entre outras pessoas) dos maiores coiros deste mundo, que alegavam ser aquilo uma coisa degradante para a "condição feminina", uma redução da "mulher" à condição de objecto, um evento machista até à medula, etc. De facto, esses concursos de "Misses" têm tudo a ver com desfiles de moda, mas para vacas charolesas e outro gado vacum, durante os quais uns quantos velhinhos a cair da tripeça e uns malandrecos de cabelo oleoso, todos babando alarvemente, apreciavam os úberes e o coxame e os quartos traseiros do gado que ia desfilando, devidamente engalanado para a ocasião; para dar um certo lustro à coisa, e para que se não dissesse que aquelas reses eram apenas partes de carne, rabadilha, acém e chã de fora, inventou-se uma "prova" de "inteligência" e de "cultura geral"; era uma coisa muito engraçada, além de pungente, ouvir as desgraçadas papagueando umas larachas e tentando não esquecer nenhuma das palavras do guião. No fim, a candidata eleita chorava copiosamente (Woody Allen representou excelentemente esse papel), e as "derrotadas" aplaudiam em volta, rezando pela pele da vencedora mas desfazendo-se em sorrisos; um truque engraçado das "damas-de-honor" (os bifes de 2ª e de 3ª) era pespegaram grandes beijocas na vencedora, por forma a que ela ficasse cheia de "bâton"; era uma forma de lhe estragarem as fotografias de consagração, uma vingancinha discreta.

Ainda hoje há destas coisas que são, sem qualquer dúvida ou direito a qualquer tergiversação, uma das mais degradantes manifestações humanas. Parece até que, ultimamente, a tendência é para aumentarem e diversificarem-se os desfiles de gado, cada vez mais "especializados": temos as versões abrangentes, os concursos de "misses" nacionais (171, números da ONU), existe a Miss Mundo, a Miss Universo, a Miss Oregon, Florida, Arizona, etc. (50, só nos EUA, uma por cada Estado), mas também temos versões sectoriais, Miss Juventude (que horror), Miss Praia, Miss T-shirt Molhada (giro fetiche), Miss Nua (ok), Miss Costa do Castelo, Miss Junta de Freguesia de Arruda-Dos-Vinhos. Curros para todos os gostos, como se vê.

Agora leva-se com isto pelas trombas, salvo seja: vem uma mulherzinha e transforma um campeonato de futebol em concurso de "beleza", desta vez na versão masculina. Já cá faltava. Ou, por outra, era só o que faltava! Como dizia um humorista brasileiro (Millôr Fernandes?), quem gosta de homem não é mulher, é bicha; mulher gosta mesmo é de dinheiro; pelos vistos, ou estava enganado ou viveu em outro tempo. Mas não tomemos a árvore pela floresta; conheço pessoalmente duas ou três mulheres que não são assim assanhadas.

O que nunca tinha era lido algo tão evidentemente cretino, e pago à linha ou à palavra, ainda por cima. O que é novo aqui é o descaramento e talvez seja melhor a gente ir-se conformando com a nova realidade da "libertação" feminina; realmente, se existem homens tarados sexuais, se a boçalidade masculina é tolerada, isto deve ser mais uma naturalíssima "conquista" das mulheres, enquanto grupo social; na sua permanente afirmação pelos "direitos" inerentes à sua "condição", as mulheres também já conquistaram o direito à boçalidade e à exibição pública das suas taras sexuais. Bem, pelo menos esta.

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23/06/04

Operação blog dourado

A Capital já foi um jornal. Em tempos, faziam-lhe companhia o Diário Popular e o Diário de Lisboa, constituindo assim uma espécie de três mosqueteiros vespertinos. Agora apenas resta a folha-de-couve em que se transformou A Capital, que já nem sequer sai à tarde.

Hoje fiz uma coisa que já não fazia há mais de 10 anos, gastei 70 cêntimos com o pasquim, e apenas por causa da chamada de primeira página: a festa da blogoesfera (pela primeira vez com prémios no Lux).

Já pelo neologismo trigonométrico a coisa me pareceu esquisita, e mesmo receando o pior, vá lá, se era no Lux então está muito bem. Nunca lá fui, mas diz que é coisa fina. Ora diz então aquilo também, a chamada, que a tal coisa esférica "chegou atrasada a Portugal", olha a grande novidade, e que "mas a sua pujança" e tal e tal, páginas 3 a 6. Espera. Calma. Páginas 3 a 6? Quatro páginas inteirinhas sobre os blogs? Pode lá ser. Deve ser montes de publicidade, daí tanta página. Não, só três anúncios nas quatro páginas quatro.

Ora vejamos. Na 3, para início de conversa, uma "breve história" a cinco colunas da tal coisa redonda, artigo assinado por Raquel Gomes Freire; uma foto de arquivo, a 55%, mostra o ecrã de um Compaq onde se distingue perfeitamente um dos blogs portugueses mais recentes e mais actualizados: O Meu Pipi; lê-se perfeitamente o título do "post" mais recente (15 de Dezembro de 2003), que não iremos reproduzir para não ferir susceptibilidades de nenhum dos nossos três leitores. Depois de umas considerações genéricas, devidamente polvinhadas com termos técnicos, surge a revelação:

"Hoje em dia, segundo o site Blogcensus, a rede mundial de computadores já contabiliza acima de 500 mil blogs activos". Como dizia o outro, fui ver; não era. Não é. O que lá diz é 1.966.514 Weblogs Indexed, 1.297.899 Estimated Active. Confirmemos: a blo.gs, por exemplo, e mesmo tendo uma cobertura parcial, refere mais de dois milhões. Já a Technorati assinala 2.842.130 blogs, nada mais nada menos. Será que os números da senhora vieram de outro "site Blogcensus"? E é impressão minha ou este serviço está parado há meses?

Enfim, isto tem de ser pela rama, a julgar pela amostra não vale a pena estar a perder mais tempo com o artigo a páginas 3. Viremo-la, por conseguinte.

Na 4, entrevista a Paulo Querido, jornalista, escritor e blogger. Ah, bem, e dizia eu que havia pouca publicidade. Afinal, ora aqui temos um anúncio de página inteira, promovendo o sucesso editorial de um livro, 124 páginas, 14,71 €. Apresentando este polivalente autor, à boleia de graves erros de Português, diz-se - e repete-se, deve ser algum fetiche - que "existem entre oito a 12 mil blogs escritos por portugueses". Mais adiante, esclarece-se que, destes, seis mil tiveram actividade (novos "posts", presume-se) no último mês, e cerca de quatro mil com actividade semanal. Estou pasmado. Mas que raio de mania esta, mas porque diabo ligam o palpitómetro quando não sabem? De onde vieram esses números, se não por palpite?

Siga a marinha. Página 5: "nem todos os do blog votaram no Bloco". Ó diacho. Daniel Oliveira, a.k.a. barnabé. Agora é que a coisa deu para o torto. Sinistro, melhor dizendo. Respigo uma perguntinha, a bold: como é que surgiu este bichinho? Cruzes, canhoto. A tretazinha da ordem, eizi-a, resplandecendo em toda a sua mediocridade. Diz lá, em letras garrafais, que este tal barnabé, Daniel Oliveira de sua graça, "é hoje um dos mais conhecidos bloggers da nossa praça". Quem? Onde? Era suposto eu conhecer o senhor, ou o blog dele, por exemplo e por alminha de quem? E diz mais, diz que o dito "decidiu defender as suas ideias e ideologias na blogosfera". Ah, bem, fera; pois. Mas lá nessa coisa como é que se faz para a defesa de tantas coisas diferentes, é com uma moca ou com uma marreta? Usam a cassette? Uf. Chega. Impossível ler mais, já basta o que basta e os respingos sobejam. Next.

6. Destaque blogosfera: Vital Moreira, José Pacheco Pereira, Francisco José Viegas, Daniel Oliveira, Pedro Mexia, João Pereira Coutinho. Em vez de uma, duas santíssimas trindades. Que imaginação, que jornalismo de investigação, que beleza, que grande latosa.

O Dicionário do Diabo está fechado. O sinistro, como se não bastasse a entrevistazinha, é citado de novo, agora nesta equipa de blogbol de seis. O JPCoutinho.com é um site que tem apenas muito remotas parecenças com um blog.

Existem mais três colunas nesta paginazinha: Os Anónimos..., A Revelação... e Os vencedores São...

O truque das reticências é giro, fica sempre bem e não lembraria nem ao careca. Nos "anónimos", alguém lá no pasquim foi capaz de desencantar um tipo tão anónimo, mas tão anónimo mesmo, que nem sequer existe, o blog que lá dizem não aparece em lado algum. Na "revelação", surge mais uma novidade, supimpa cacha, mais um livrozinho para vender, o do Pipi, também a.k.a. Gato Fedorento. Por fim, "os vencedores são..." o raio que os parta. Aos promotores desta elegante e original iniciativa, sugere-se a repetição do evento a cada três meses, em vez dos seis que agora "comemoram" (a propósito, sinceros parabéns, seis meses de bloganço é uma coisa do caneco). Como se trata de socialismo caviar para consumo interno, coisa altamente restrita aos portadores de cartão, sempre teriam o dobro das ocasiões para confraternizar e trocarem ideias uns sobre os outros e sobre a jantarada seguinte, com prémios rotativos.

De qualquer forma, a roda é chic, a palheta há-de ser suculenta e, em tratando-se de caviar, mesmo socialista, quanto mais melhor, como sabemos e é escusado repetir.

Don't ask me,
I only work here


(imagem de Mega Star - Caviar Socialism)

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chega de rezas, pá!

Sent: Wednesday, June 23, 2004 6:28 PM
Subject: chega de rezas, pá!

Ó coisinho:
 
Vê lá se deixas de Me chatear com essas coisas, que eu tenho mais que fazer, ok? Mas o que é isto? Primeiro foi por causa do Portugal-Rússia e, enfim, lá dei um jeitinho; depois, como se não chegasse, foi o Espanha-Portugal (aquela do Latim foi gira, gramei) e, aí, santa paciência, um a zero, o povo todo em festa, e tal; chega, ouviste? Ficas prevenido, não me venhas agora chatear por causa do jogo com a Inglaterra. Vocês passaram a primeira fase, Eu dei uma ajuda valente nos dois jogos, porque, enfim, tu até que tens jeito para meter cunhas aqui em cima; mas agora, desenrasquem-se vocês sozinhos nos quartos de final.
 
Chega. Acabou. Não há cá mais Avé-Marias nem Padres-Nossos, não mexo mais uma palha. Mas vocês aí em Portugal pensam que Eu agora tenho o tempo todo (além da eternidade) para vos safar de apertos? E logo por causa de uma porcaria de um campeonato europeu de futebol! Ainda se fosse o mundial, ainda vá que não vá, mas assim, amanhem-se com os ingleses. Eu cá, repito, não vou fazer mais nada, ficam por vossa conta: joguem à bola.
 
Enfim, mas ficamos amigos na mesma, Eu até gosto bastante da vossa equipa, e acho que o brasileiro tem a sua piada - não me perguntes pela data da guia de marcha dele, porque isso não é do meu departamento, deleguei no S. José há que tempos. Nós aqui no céu temos assistido a umas partidas (os vossos televisores são uma brincadeira, ao pé dos nossos) e, sinceramente, se bem que já saiba todos os resultados e até quem vai ser o campeão (como sei tudo, de resto), mas mesmo assim vou ficar a torcer pelo vosso "tchimi". Não sei porquê, gosto da vossa selecção, acho que até podiam ganhar aquilo, por isso não perdi até agora nenhum dos vossos jogos (e também dos outros, mesmo já os tendo visto todos, como já vi tudo).
 
Portanto, é isto: não vale a pena mais orações, porque não vou ligar nenhuma. E, de qualquer forma, também não te vou dizer o resultado final do jogo de amanhã, nem se o teu país vai ser campeão ou não. Era só o que faltava. Vocês, portugueses, estão sempre na pedinchice, não só a Mim mesmo como a todo o meu pessoal.
 
Aeuzinho.
 
Eu    

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22/06/04

um dichote por dia dá saúde e alegria

quanto mais te bato menos gosto de ti

ditado popular (tinha de ser)

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O QI QSL

Uma amiga minha dizia que, estivesse onde estivesse, qualquer maluco ou esquisitóide - num raio de cem metros - ia logo ter com ela; sentava-se num transporte público e, mesmo que houvesse dezenas de lugares livres, era fatal que alguém de aspecto duvidoso se lhe pespegava mesmo em frente, ou ao lado, e desatava a fazer macacadas ou a falar com ela, imediatamente, pelos cotovelos, sem a conhecer de lado algum. Verifiquei eu próprio isso mesmo, por diversas vezes; eram geralmente pedintes, pessoas andrajosas, mas também houve pelo menos um mongolóide, uns quantos bêbedos, Testemunhas de Jeová impingindo a Palavra, estudantes com problemas até à raiz dos cabelos, senhoras muito pintadas e chorosas, coçando suas varizes; certa vez, houve até um cão, com evidentes problemas de personalidade, que lhe põs o focinho no colo e desatou a ganir, que era uma coisa de se nos partir a alma.

_ Bem, é normal - disse-lhe eu um dia, do alto dos meus vinte e cinco anos. Tu atrais as pessoas com problemas, porque elas sentem que tu não os tens, sentem segurança... Se calhar, foi por isso que a gente se conheceu!

O que essa minha amiga não sabia, ainda, é que exactamente o mesmo se passava comigo; também eu exercia um estranho fascínio sobre tudo o que era gente problemática, mas numa variante um pouco mais violenta: além de seres humanos com óbvios distúrbios mentais, especializei-me com o passar dos anos em rufias, bandidos, porteiros, polícias e, principalmente, pessoas solitárias - mulheres, exclusivamente. De resto, anos mais tarde, foi uma dessas que me vaticinou um futuro nada risonho: a partir daqui, com a idade que tu tens, só te vão aparecer mulheres casadas, mal amadas (note-se que não foi bem este o termo que ela utilizou), pessoas cheias de problemas, com medo da velhice, solitárias, enfim, o que tu estás é bem lixado, vai-te habituando à ideia.

Nunca mais a vi, a esta bruxa em potência. Que talento. De facto, nestes anos todos, não há rufia por perto que não sinta imediatamente uma absoluta necessidade de implicar comigo, como não há mulher (bem, enfim, algumas) nos seus intas ou entas que não descubra, assim que me conhece, que o legítimo lá de casa não passa de um tremendo banana; já aconteceu passarem palavra e eu receber candidatas no meu escritório, que era geralmente um Café qualquer.

É qualquer coisa nos olhos, dizem. Nunca entendi bem ou, melhor, nunca entendi patavina de como a coisa se processa, mas o facto é que os anos foram passando e o fenómeno manteve-se inalterado; bem posso andar na rua meio enfiado, contando as pedras da calçada, ou escolher um balcão para pedir uma cerveja preta, tendo o cuidado de deixar toda a gente ser atendida primeiro; já experimentei e não adianta, sentar-me na mesa mais recôndita da pastelaria mais discreta, tapando a cara com o jornal; ou entrar numa casa da "náite" no meio geográfico da multidão, fazendo-me transparente e ainda mais pequeno. É uma questão de tempo até alguém me dar um encontrão valente e desatar aos berros, então você não vê para onde vai, sua besta, ou há uma alminha que grita pelos seus direitos, ou um ser obscuro que me fita com ar desconfiado, ou ainda - tenho uma longa colecção destas cenas caricatas - aparece alguém que descobre em mim, de imediato, sentimentos malévolos, inconfessáveis intenções e, em resumo, "má pinta".

Assim a modos de exemplo, só para ilustrar. Fui preso aos 16 anos, porque o guarda de um parque de campismo achou que eu tinha "pinta de mafioso" (eu cá mordo-os logo, dizia ele) e chamou a GNR - que chegou de táxi, porque a viatura de serviço estava na oficina; veio um sargento de pistola à cintura e um praça armado de espingarda Mauser, para tomarem conta da ocorrência e dos meliantes, os quais eram eu e um colega da escola. Ao fim da tarde, atravessei a cidade onde nasci escoltado por um agente da autoridade com a Mauser a tiracolo; e passei essa noite no calabouço da PSP, porque a prisão da Guarda estava em obras. Claro que o meu amiguinho foi libertado de imediato, porque, naquele assunto, apenas eu tinha "cara de malandro"; ele não, ele era obviamente "boa pessoa", via-se logo.

Eu acho que é do barulho. Nunca suportei barulho, é o que é, cães a ladrar, mastigações, palitanços, arrastar de cadeiras, coisas assim, música aos berros e pessoas que falam alto. Ora, fedúncia é mais do que evidente indício de distúrbio mental ou, muito pior, é um claríssimo sintoma de instintos de perversão, maldade entranhada no corpo, vícios inomináveis e mesmo alguns abomináveis. Portanto, é natural, que hão-de as pessoas normais fazer, há que meter o bicho na ordem, mas o que é isto, cumpra-se, esmague-se, enjaule-se.

Bom, isto explicará talvez a má catadura envolvente, o cerco e o assédio que de sempre o homem da rua se achou na obrigação de me mover e, em última análise, o que existe em mim assim de tão irritante para os tolinhos e os rufiões em geral não me largarem a gola do casaco; mas não explica minimamente o outro lado da moeda, ou seja, porque é que as mulheres com problemas se aproximam de mim com tais ânsias de libertação, por assim dizer.

Pois bem, continuo a achar que é do barulho na mesma. Para uma solitária, em especial sendo casada, um tipo como eu - o demónio em pessoa para qualquer homem - só pode ser o inverso do burgesso que tem lá em casa. Portanto, lá está, é do barulho. As mulheres funcionam de forma absolutamente insondável, mas atrevo-me a vaticinar que deve haver algum fascínio, no cérebro feminino, e mesmo grande carga de charme, numa pessoa tão detestada e tão instintivamente ostracizada. Claro que também pode ser por algum mais trivial motivo, mas palpita-me que é nisto que reside o busílis. A prova está em que é facílimo a paixão e esse tal fascínio desaparecerem. É um estalar dos dedos, clac, acabou-se. Largas dezenas de casos devem querer dizer alguma coisa, se bem que nunca fiando.

Não há nisto absolutamente nada que tenha a ver com a inteligência, o nível cultural, a educação ou o estrato social. É puramente instintivo, básico, primário. Não vale a pena fazer testes ou contas ao quociente de inteligência. Por isso, já que é assim mesmo e acabou-se, que se lixe. Hei-de morrer odiando o ruído, completamente fedúncico, mas deixo, ao menos, como legado, esta coisa que julgo admirável: acabei de inventar uma palavra nova.

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21/06/04

Paula Bobone? Gosto.


Já tinha excelente impressão da senhora, quando a vi e ouvi escavacando um troglodita (Não Sei Quê Paço D'Arcos) em pleno estúdio, numa qualquer mesa-redonda televisiva.

Mas fiquei absolutamente encantado quando li, no DN, qual é o carro que Paula Bobone conduz e o que ela acha das latas com rodas, em geral. Se bem me lembro, o artigo vinha acompanhado com foto da viatura, era qualquer coisa como um Carocha a cair de podre; ou isso ou um Mini, ou um Dois Cavalos, uma coisa do género. Pouco importa em concreto, era realmente uma daquelas coisas que levam a gente e a tralha de um lado para outro, e não uma arma de arremesso ou um artefacto de prestígio. O comentário certeiro da feliz e indiferente proprietária define a pessoa, tanto como a própria viatura: é um electrodoméstico, um utilitário, e, desde que não me deixe ficar apeada, gosto dele - até porque tem muita personalidade.

Cito de memória, mas não deve ter andado muito longe disto. Paula Bobone, com o bom gosto e a simplicidade que definem uma pessoa educada, colocava no seu lugar, com poucas palavras e de forma elegante, o conjunto dos possuidores de "gandas máquinas", ou seja, cerca de 99,99% dos portugueses.

Como ela própria define, no seu Dicionário de Etiqueta (ISBN 972-8608-40-3):

Automóvel: a circulação de automóveis é regulada pelo Código da Estrada. Todavia, é necessário ter em conta a boa educação, principalmente, dos que o conduzem. Conduzir revela o nível de cortesia, respeito pelo próximo e até bom senso. Há comportamentos pouco civilizados, como buzinar, estacionar em dupla fila, ou até fazer ralis e travagens bruscas. Deitar papeis pela janela e despejar cinzeiros nos passeios também é inaceitável. Um bom carro é sinal exterior de riqueza, mas uma condução educada é um sinal exterior de civilização. O mais importante é a forma como se guia. (...)

Estamos num país onde é tradição atirar pela janela não apenas papeis mas latas, garrafas, ossos de frango, cascas de banana; onde utilizar os "piscas" é sintoma de fracos níveis de testosterona e altos de mariquice; onde muita gente passaria fome, não existissem as "massas", as batatas, o arroz, para pagar as prestações da "bomba"; onde é obrigatório buzinar desenfreadamente, a qualquer pretexto; onde é permitida qualquer forma de estacionamento, em cima das passadeiras, à porta dos "cafés", quando não dentro dos ditos, em segunda, em terceira e em enésima fila, seja onde for, enfim, vale tudo desde que se deixem os quatro "piscas" ligados; um país que está em verdadeira guerra civil, na qual morrem, em cada ano, mais pessoas do que as baixas em combate durante os quinze anos de "guerra colonial"; um país onde é tradição não dar um passo, porque o peão é uma espécie infra-humana; onde se conduz com o ódio à flor da pele, não propriamente pela necessidade da deslocação mas antes pelo "gozo" de conduzir, sendo este tanto maior quanto "mais depressa" do que os outros se conseguir andar e tanto mais orgásmico quantos mais dos "outros" forem deixados "para trás".

Estamos num país, portanto, não há que enganar, de verdadeiros trogloditas, de grunhos genuínos. A esmagadora minoria de pessoas como Paula Bobone bem pode pregar o contrário e tentar regar a sua plantinha civilizacional; não adianta; o terreno é fraco e agreste, tem demasiados pedregulhos e azoto, aqui essa flor não medra, não vinga, nem sequer germina.

Por isso acho admirável a coragem da senhora. Não apenas por aquilo que prega, e onde, e para quem, mas porque faz o que diz que se deve fazer. É pura coragem, repito. A simples menção da palavra "etiqueta" provoca arrepios e esgares de nojo, no português típico, ou não fosse isso - a arte de não incomodar os outros - uma coisa evidentemente reaccionária.

Em Portugal, o Código da Estrada é mais uma das milhares de leis que valem o que valem, ou seja, é "consoante". A regra da prioridade não é propriamente para "quem se apresente pela direita" (cá está o reaccionarismo da coisa, vistes?) mas para quem tiver o melhor carro; num cruzamento, um Porsche tem sempre prioridade sobre um Fiat Uno; qualquer Corsa Tipo A, por exemplo, tem de ser imediatamente ultrapassado, mesmo que pela direita, e ainda que circule a 120 ou mesmo 140 km/hora. É intolerável que uma carripana evidentemente muito pior do que a "minha" siga à "minha" frente: ultrapassa-se já e trava-se, "a ver se gostas". Quem já conduziu diversos tipos de máquinas sabe que é assim que as coisas se passam. Se, por hipótese académica e por curiosidade, alguém pegar num Vectra de 2002 pela manhã, passar para um Polo de 95 à tarde e depois, mais pela fresca, der umas voltas ao volante de um magnífico Renault 4L, vai ter a fabulosa experiência de três conduções e três Códigos da Estrada absolutamente diferentes. E isto em apenas doze horas, garantidamente uma experiência inesquecível.

Bem, no fundo, o princípio é o mesmo da farpela. Já entrei de fraque numa "discoteca" da moda, com o porteiro respeitosamente de espinhaço curvado abrindo as portas à minha frente, e, no dia seguinte, na mesma "discoteca", sensivelmente à mesma hora, o mesmo porteiro declarar - em tom rosnado - "estamos fechados". A diferença é que nesse segundo dia não tinha ido a nenhum concerto, como na véspera e, portanto, estava sem sobretudo e com um casaco "leisure".

Somos assim, cara Senhora. Um país onde, de facto, diz muito bem, até os cães ladram a um ser humano mal vestido; os cães portugueses são, de resto, um paradigma da nossa maneira de ser. Mesmo, ou principalmente, os que são capazes de se erguer em duas patas.

Digo eu, que não passo de um teso e de um invejoso, como obviamente são todos os que se estão nas tintas para cromados. Um fulano que não tem imensa lata. Um tipo desprezível que, em Outubro que vem, data do 13º aniversário, vai oferecer uma lata de óleo ao seu fiel corsinha.

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Esperando o tal Godot, ou isso


1º aniversário

E recebemos este maravilhoso presente.
HASH(0x8b15c20)
schizoid


Which Personality Disorder Do You Have?
brought to you by Quizilla

Esquizóide, adj. Semelhante à esquizofrenia; com aspecto de esquizofrenia.

Exacto. Confere. Eu cá, pelo menos, sempre tive essa imagem de marca: esquisitóide.

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20/06/04

Estádio de Alvalade, Lisboa, 20 de Junho 2004 - 19:45 h



Ave Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco,
bendita sois vós entre as mulheres
e bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores,
agora e na hora de nossa morte.
Amém
Dios te salve Maria
Ilena eres de gracia
el Senor esta contigo
bendita tu eres entre todas las mujeres
y bendito es el fruto de tu vientre Jesus.
Santa Maria, madre de Dios,
ruega por nosotros pecadores
ahora y en la hora de nuestra muerte.
Amén
Ave Maria, gratia plena,
Dominus tecum,
benedicta tu in mulieribus
et benedictus fructus ventris tui Iesus.
Sancta Maria, Mater Dei,
ora pro nobis peccatoribus
nunc et in hora mortis nostrae.
Amen

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18/06/04

posso falar?

de fedúncia e outras chatices
Por causa desta coisa do Euro 2004, descobri a diferença entre os canais de televisão portugueses. A primeira constatação é que a RTP tem o Gabriel Alves e os outros não; ora, isto é, à partida, uma vantagem decisiva para os outros. Se quisermos ver a coisa por outra perspectiva, isto é, porque é que os canais privados têm muito mais público do que o público (o 2 não conta, é o Panda dos intelectuais), bem, é precisamente pelo mesmo motivo: tanto a TVI como a SIC têm, nos seus quadros, mentecaptos de igual calibre, quando comparados com o QI de 70 que apresenta aquele veterano das andanças futebolísticas e do neologismo sumarento: de resto, estes perfeitos imbecis foram importados da escola érretêpê, directamente para as luzes dos estúdios da estação do Balsemão e para a outra ainda mais horrível.

Aqui chegado, digo eu, põe-se a questão: mas então isto é tudo a mesma merda, e não há volta a dar-lhe? As respostas são sim e não, respectivamente. Enquanto a esmagadora maioria do população portuguesa for constituída por atrasados mentais - coisa mais do que atestada, não engrolemos - , enquanto se mantiver o statu quo de promoção da incompetência, enquanto for regra nacional o quanto pior, melhor, e enquanto o Zé Povinho for o paradigma da identidade nacional, bom, meus dois amigos, bem podemos assobiar às botas da civilização - esses tenebrosos países onde existem seres humanos que gostam de literatura, de pintura, de outras coisas acabadas em ura, como competência; no dia do Juízo Final lá estaremos, lá daremos de caras com o altíssimo, que há-de embatucar com a nossa lata, ali plantados de telecomando em punho, a ver a bola, e Ele atónito, tentando pôr alguma espécie de ordem na bandalheira. Havemos de subverter até nessa ocasião, até a corte celeste, ali os santinhos todos aparvalhados com as nossas artes de alegre trogloditismo, o nosso ar descontraído e desenrascado, a nossa meiinha branca e os nossos - tão típicos - sons corporais àvontadex. Nesse dia, quando tiver de julgar dez milhões de portugueses, o Próprio aderirá imediatamente à nossa causa e à nossa maneira de ser, mete baixa justificada, com base em tremenda enxaqueca.

Porque, sejamos práticos, esta coisa do Euro 2004 só deve chegar lá acima por via hertziana, quer-me bem parecer, e portanto reservado nos está o bocado. Imagino a cara que fará, o esgar doloroso e pungente de nosso Pai celestial, quando lhe pespegarem com as nossas figurinhas nacionais pelas ventas, e a ter de emitir veredicto, caramba; qualquer um embatucava, no lugar Dele. Eu cá, pelo menos, passe a arrogância, não saberia o que fazer com esse tal Gabriel Alves, ou com um Luís Pereira de Sousa, dois eládios clímacos, ou três cavacos silvas; acho que me dava uma coisinha má, logo ali assim e de repente, mas isso não faz grande sentido, enfim, que diabo, nem imagino como seria, ó pra mim senhor de todos os poderes, no Dia dos Dias, tu pecaste, morcão, vais para ali arder nas chamas eternas, tu idem, e tu, e tu, e tu. Gramava. Ai chateaste as pessoas com a aparelhagem aos berros, ai é? Então toma lá disto, vais gramar Marco Paulo durante 4923 anos. E tu, ó ganda labrego, pensas que és algum Fangio e andaste a dar porrada com o teu chasso nesses caminhos de Portugal todos? Pois então aqui tens, ficas condenado a conduzir no IC19 durante 824 séculos, a ver se gostas; porquê 824? Ai é? Então toma lá mais 176, pronto, arredonda-se a conta.

Bem, lá tergiversei. Fala-se-me do Euro, lembra-se-me o Gabriel Alves, que hei-de fazer, e depois vai-se por aí adiante, pumba, pumba, pumba, é uma coisa horrível. Mas adorava comparecer nesse tal dia do Juízo, essa é que é a verdade, e dar eu mesmo uma ajudinha, que aquilo deve ser um ver se te avias, coitados dos santos e outros auxiliares da coisa quando esse dia chegar, que trabalheira despachar aquilo tudo.

Iria jurar que ainda vamos ver tudo isso, em directo e a cores, com "replay" nos casos mais duvidosos de condenação sumária ao quinto dos infernos, micro câmeras encafuadas algures no meio das chamas e dos caldeirões de azeite a ferver, e uma data de gente guinchando como leitões metidos vivos num forno, iach!, que horror. Mas, ao mesmo tempo, que visão sublime: toda a coorte pimba nacional ardendo para sempre, a incompetência rechinando, o nacional porreirismo reduzido a cinzas, a punição final e radical da mediocridade. Mal posso esperar, aiaiaiaiaiaia*.




*(menos ais o tanas, por exemplo)

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16/06/04

Estádio da Luz, Lisboa, 16 de Junho 2004 - 19:45 h

Pai nosso que estais no céu,
santificado seja o vosso nome,
venha a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai as nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não deixeis cair em tentações,
mas livrai-nos do mal.
Amém.
Ave Maria,
cheia de graça,
o Senhor é convosco;
bendita sois vós entre as mulheres
e bendito o fruto de vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores,
agora e na hora de nossa morte.
Amém.

Pai nosso que estais no céu,
santificado seja o vosso nome,
venha a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai as nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não deixeis cair em tentações,
mas livrai-nos do mal.
Amém.
Ave Maria,
cheia de graça,
o Senhor é convosco;
bendita sois vós entre as mulheres
e bendito o fruto de vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores,
agora e na hora de nossa morte.
Amém.

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14/06/04



Algumas razões para ter orgulho de ser português:

A Casa Grande de Romarigães
Abril em Portugal
açorda
Afonso de Albuquerque
água Vitalis
água-pé
aguardente de abrunho
Alberto Ramos
Alentejo
Alfama
alheiras
Amália
amêndoa amarga
amores-perfeitos
Ana Zanatti
Angola
António Damásio
Aqueduto das Águas Livres
Arraiolos
azedas
azeite
azeitonas
azinheira
bacalhau
Bairro Alto
baixa pombalina
barra do Tejo
barragem de Alqueva
barragem de Cahora-Bassa
bica, café, cimbalino
broa de Avintes
broa de mel
Cabo da Roca
Cabo-Verde
cacilheiro
caldeirada
canja de galinha
caracóis
caracoletas
caravela
carcaça, papo-seco, trigo, pão
Carlos Lopes
Carlos Paredes
Carlos Seixas
Casa dos Bicos
Cascais
Castelo
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figos
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Lara Li
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melão pele-de-sapo
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moelas
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nêsperas, magnórios
obrigado
Ordem de Malta
Os Lusíadas
Os Maias
Palácio da Ajuda
Panteão Nacional
pão de milho, broa
papas de sarrabulho
papos-de-anjo
pastel-de-nata
Pedro dos leitões
Pedro e Inês
petinga
pevides
pezinhos de coentrada
pipis
Ponte D. Maria
ponte-sobre-o-Tejo
Portinho-da-Arrábida
queijo-da-serra
Quiaios
renda de bilros
rojões
Rosa Mota
rotunda do Marquês
Rui Veloso
salada de búzios
salada de polvo
salpicão
sandes de queijo derretido
Sara Tavares
saudade
selos de correio, filatelia
Seteais
sextante
SG Filtro
Sintra
SLB
sopa alentejana
sopa de cação
sopas de cavalo cansado
Super Bock
tapete de Arraiolos
timbal (assado)
Timor
Torre de Belém
toucinho-do-céu
Trás-Os-Montes
tremoços
Trovante
uva americana
Via Verde
Vidigueira reserva
vinho alentejano
vinho do Porto
vinho verde
Vista Alegre
Zeca Afonso
zínias

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12/06/04

Words and deeds XVIII



O que pode um pobre blog dizer a respeito da Grécia? Como se diz alguma coisa sobre a terra onde nasceu a civilização ocidental? Como se pode condensar 2500 anos de História em poucas palavras?

Bem, talvez listar algumas daquelas que existem em Português, de origem grega, seja uma pista para que se possa ter uma ideia do que a Grécia representa.




abulico/a
academia
acustico/a
aereo
aerodromo
aeronautica
aeroporto
afonico/a
agonia
agronomia
alegoria
alegorico/a
alergia
alfabeto
algoritmo
alpinismo
alquimia
ambrosia
ametista
amnesia
amnistia
amonia
anacronismo
anagrama
analfabeto
analgesico/a
analisar

diacono
diafragma
diagnostico/a
diagonal
diagrama
dialeto
dialogo
diamante
diametro
diarreia
didatico/a
dieta
dietetico/a
dilema
dinamico/a
dinamismo
dinamite
dinastia
diploma
diplomacia
diplomata
diplomatico/a
disco
discoteca
disenteria
ditongo
dote
drama
dramatico/a
dramaturgo/a
drastico/a

melancolico/a
melodia
melodrama
menopausa
metabolismo
metafora
medalha
mel
melancolia
melodia
metal
metalico
metalurgia
metalurgico/a
meteorito
meteoro
meteorologia
meteorologista
metodico/a
metodista
metodo
metonimia
metrico/a
metro
metropole
microbio
microfone
microplaqueta
microscopio
miope
miriade

telefonico/a
telegrafo
telegrama
telemetria
telepatia
telescopio
tema
tematico/a
teologia
teorema
teoria
teorico/a
terapeuta
terapia
termico/a
termometro
termostato
tese
tetano
tio/a
tifiode
timpano
tipico/a
tipo
tipografia
titanico
tonico/a
topico/a
toxico/a
toxicomano/a
tragedia
tragico/a
trapezio

Da excelente página de onde esta informação foi recolhida (onde existe consulta por cada uma das letras do alfabeto*), vale a pena citar integralmente:

Esta página é um projecto para mostrar a internacionalidade da língua grega, a qual cedeu diversas palavras para muitas línguas, mais do que você possa imaginar. Há palavras que são usadas em termos científicos, como psicologia, medicina, economia, mas há também outras presentes em nosso quotidiano. Aqui você encontrará palavras que são puramente gregas, com apenas a pronúncia diferente. Não listei palavras que são apenas em parte gregas, como "automóvel" ou "anti-corpo". Se você não fala grego, descobrirá que, na verdade, você já sabe alguma coisa de grego, e espero que da próxima vez você pense duas vezes antes de dizer: "Isto pra mim é grego!" :-)




fontes de informação
ficheiro de imagem com a letra do hino e ficheiro de som:Colégio de S.Bento do Rio de Janeiro
http://www.csbrj.org.br/culturaclassica2002/hino.htm
imagem da bandeira: http://www.iccti.mct.pt/PT/bilaterais/cultural_europa.html
imagem (de um jogo): http://www.lghs.net/teachers/english/dgarrett/other/games1.htm
palavras de origem grega: ver lista completa em http://www.ypogeio.gr/vkot/grego/linguamae/
* esta palavra também é de origem grega, composta pelas duas primeiras letras do... alfabeto grego: alfa e beta

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11/06/04

caxa

EsperandootalGodotouisso é o primeiro coisinho mediático a publicar os resultados das próximas eleições para o Parlamento Europeu, a realizar no próximo Domingo, 13 de Junho. São resultados absolutamente fidedignos, recebidos há pouco, via fax, do nosso enviado especial à Terra do Nunca, a jornalista e repórter alada Sininho.

Bloco de Esquerda
Força Portugal
Partido Abstencionista
Partido Comunista
Partido Socialista
PCTP/MRPP
PND
outros
votos brancos/nulos
1,35%
11,99%
69,35%
1,69%
12,58%
0,17%
0,12%
0,29%
2,47%


Recebemos também a classificação final do campeonato europeu de futebol, que amanhã terá início no Porto; não divulgamos já estes resultados para não estragar a(s) surpresa(s) aos nossos estimados leitores.
Peter Pan

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zchk zchk zchk zchk zchk zchk
snif snifsnif snif tic snif snif snif snif tic tic snif snif snif tac snif snif snifsnif snif tic tic tic tac snif snif snif snif snif snifsnif snif snif snif
harrum hum
tic tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tac tac snif snif snif snif tic tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tic tac snif
schwof schwof schwof schwof
zit zit zit snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif zit tic tic
zchk zchk
tac tac tac tac...
zchk...
snif snif snif snif snif snif snif tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tac tac snif snif snifsnif snif snif snif tic tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tic tac snif
snif snif snif snif tic tic snif snif snif snif snif snif snif snif snif snif tic
schwof schwof schwof schwof
zchk zchk zzz zchk zchk zchk zchk zchk zchk
puf puf puf puf
schwof schwof schwof schwof schwof schwof schwof schwof schwof schwof schwof
ora então...
(espelho esquerda; espelho direita)
tá óptimo!





adoro cortar o cabelo


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10/06/04


10 de Junho
Dia de Portugal, de Camões e das comodidades portuguesas



anigif: Residencial Alboi

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Words and deeds XVI

Existirá alguma relação entre um hino nacional e um hino de clube? Encurtando razões, parece-me que sim. Existe uma "nação benfiquista", seja lá isso o que for, como também se costuma dizer que "o Porto é uma nação", idem. Dos três "grandes" portugueses (clubes de futebol, entenda-se), apenas quanto ao Sporting não me parece que haja uma expressão equivalente, mas também este clube tem uma canção própria e colectivamente identificadora.

Por coincidência, foi também o hino sportinguista o que menos dificuldades levantou na busca e na recolha de link para o ficheiro de som; no site oficial deste clube, até existe uma frase lapidar a respeito: "faça download do hino"! E apresentam links directos para ficheiros, em dois formatos diferentes. Ora bem. Assim entende-se. Já para conseguir o hino do Benfica a coisa não foi nada fácil; depois de ultrapassadas algumas estranhas barreiras - como a misteriosa frase "compra o CD na loja" - e após algumas ultrapassagens de estranhíssimos javascript para impedir o link, lá foi possível juntar as peças... e aí está o hino.

Isto levanta algumas interrogações e, se para aí estivesse virado, algumas preocupações: o hino de um clube de futebol constará de algum "hit parade" nacional? Terão direitos de autor, os clubes? E não sendo estes, quem tem? A finalidade do hino clubístico não será, precisamente, a maior divulgação possível?

Não é muito fácil de entender esta "reserva de direitos" sobre património colectivo. Contudo, se, porventura, algum "autor" se sentir "prejudicado" pela publicação neste blog da letra e do link ao ficheiro de som respectivo, pois com certeza: se devidamente esclarecidos os direitos autorais e a objecção à colocação da referência (identificada, como sempre), retiraremos de imediato o objecto da... objecção. Todas as fontes de informação deste estudo estão perfeitamente identificadas; não existe qualquer intenção de prejudicar seja quem for ou de lesar os interesses seja do que for. Por mais obscuros que sejam, esses interesses, e por mais difícil que seja desencantar uma razão para tal coisa.

Não deixa de ser curioso, no entanto, que apenas neste particular se levante este tipo de questões. Provavelmente, não convirá mexer muito com o mundo de milhões que é o futebol. Sigam os hinos, por conseguinte.



Futebol Clube do Porto
Oh, meu Porto, onde a eterna mocidade
Diz à gente o que é ser nobre e leal.
Teu pendão leva o escudo da cidade
Que na história deu o nome a Portugal.
Refrão
Oh, campeão, o teu passado
É um livro de honra de vitórias sem igual
O teu brasão abençoado
Tem no teu Porto mais um arco triunfal
Porto, Porto, Porto, Porto
Porto, Porto, Porto, Porto
Porto, Porto
Quando alguém se atrever a sufocar
O grito audaz da tua ardente voz
Oh, Oh, Porto, então verás vibrar
A multidão num grito só de todos nós
Refrão

cantado por Maria Amélia Canossas



(link)



Sporting Clube de Portugal
O Sporting nasceu um dia
Sob o signo do leão
Nós aprendemos a amá-lo
E a trazê-lo no coração

Rapaziada oiçam bem o que eu lhes digo
E gritem todos comigo
Viva ao Sporting !

Rapaziada quer se possa
Ou se não possa
A vitória será nossa
Viva ao Sporting !

Rapaziada oiçam bem o que eu lhes digo
E gritem todos comigo
Viva ao Sporting !

Rapaziada quer se possa
Ou se não possa
A vitória será nossa
Viva ao Sporting !

Bandeira verde o Leão
E uma esperança sem fim
Muita fé no coração
O sportinguista é assim

Rapaziada oiçam bem o que eu lhes digo
E gritem todos comigo
Viva ao Sporting !

Rapaziada quer se possa
Ou se não possa
A vitória será nossa
Viva ao Sporting !

Rapaziada oiçam bem o que eu lhes digo
E gritem todos comigo
Viva ao Sporting !

Rapaziada quer se possa
Ou se não possa
A vitória será nossa
Viva ao Sporting !

Ai vamos lá cantar a marcha
Que é a de todos nós
Cantam todos os do Sporting
Desde os netos até aos avós

Rapaziada oiçam bem o que eu lhes digo
E gritem todos comigo
Viva ao Sporting !

Rapaziada quer se possa
Ou se não possa
A vitória será nossa
Viva ao Sporting !

Rapaziada oiçam bem o que eu lhes digo
E gritem todos comigo
Viva ao Sporting !

Rapaziada quer se possa
Ou se não possa
A vitória é sempre nossa
Viva ao Sporting !



(link)



Sport Lisboa e Benfica
Sou do Benfica
E isso me envaidece
Tenho a genica
Que a qualquer engrandece
Sou de um clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontra rival
Neste nosso portugal

Ser Benfiquista
é ter na alma a chama imensa
que nos conquista
e leva à alma a luz intensa
do sol que lá no céu
risonho vem beijar
com orgulho muito seu
as camisolas berrantes
que nos campos a vibrar
são papoilas saltitantes

cantado por Luís Piçarra


(link)







fontes de informação
letra do hino do Benfica: http://homepage2.nifty.com/girassol/futebol/hino.htm (parece ser um site japonês!)
música do hino do SL Benfica: http://www.anos60.com/portugal/conteudo.htm
letra e música do hino do FC Porto: http://www.terravista.pt/Nazare/5659/
letra e música do hino do Sporting CP: http://www.sporting.pt/Clube/clube_hinosporting.asp
símbolo do FCP: http://www.g14.com/G14members/porto.asp
símbolo do SLB: http://agora.unige.ch/ctie/fr/belluard/eleves/pereira-sergio-2002/notre_equipe.htm
símbolo do SCP: http://jateixeira.no.sapo.pt/Sporting.html

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09/06/04

Fumo na venta

Worries, doubts, superstitious beliefs all are common in everyday life. However, when they become so excessive such as hours of hand washing or make no sense at all such as driving around and around the block to check that an accident didn't occur then a diagnosis of OCD is made. In OCD, it is as though the brain gets stuck on a particular thought or urge and just can't let go. People with OCD often say the symptoms feel like a case of mental hiccups that won't go away. OCD is a medical brain disorder that causes problems in information processing. It is not your fault or the result of a "weak" or unstable personality.

Obsessions are thoughts, images, or impulses that occur over and over again and feel out of your control. The person does not want to have these ideas, finds them disturbing and intrusive, and usually recognizes that they don't really make sense. People with OCD may worry excessively about dirt and germs and be obsessed with the idea that they are contaminated or may contaminate others. Or they may have obsessive fears of having inadvertently harmed someone else (perhaps while pulling the car out of the driveway), even though they usually know this is not realistic. Obsessions are accompanied by uncomfortable feelings, such as fear, disgust, doubt, or a sensation that things have to be done in a way that is "just so."

Research suggests that OCD involves problems in communication between the front part of the brain (the orbital cortex) and deeper structures (the basal ganglia).
These brain structures use the chemical messenger serotonin. It is believed that insufficient levels of serotonin are prominently involved in OCD. Drugs that increase the brain concentration of serotonin often help improve OCD symptoms.
Pictures of the brain at work also show that the brain circuits involved in OCD return toward normal in those who improve after taking a serotonin medication or receiving cognitive-behavioural psychotherapy.
Although it seems clear that reduced levels of serotonin play a role in OCD, there is no laboratory test for OCD. Rather, the diagnosis is made based on an assessment of the person's symptoms. When OCD starts suddenly in childhood in association with strep throat, an autoimmune mechanism may be involved, and treatment with an antibiotic may prove helpful.

Obsessive-Compulsive Foundation (Fundação Distúrbio Obsessivo-Compulsivo)


Vivendo e aprendendo. Ainda há dias passou na TV - não me lembro em que canal - um excelente documentário sobre OCD e, assim de repente e absolutamente "out of nowhere", passou-me pela cabeça uma ideia que é também tremenda dúvida existencial: o anti-tabagismo militante não será uma manifestação clara deste distúrbio neurológico, psiquiátrico, mental?

A questão estará provavelmente mal formulada, porque não são imediatamente reconhecíveis todos os sintomas arrolados; de facto, um anti-tabagista militante é perfeitamente capaz de liquidar fisicamente um fumador, apenas para impedir que este continue a fumar e, portanto, a dar cabo da sua saúde - e isto é algo que o "portador" de OCD comum seria incapaz de fazer.

1 - "preocupações, dúvidas, crenças supersticiosas", CHECK;
2 - "pensamento encravado em uma única ideia fixa", CHECK;
3 - "distúrbio mental que provoca alterações no processamento da informação", CHECK;
4 - "pensamentos, imagens ou impulsos que ocorrem uma e outra e outra vez, indefinidamente", CHECK;
5 - "obcecados com a ideia de que estão contaminados ou que podem contaminar os outros", CHECK;
6 - "medo obsessivo de ter inadvertidamente prejudicado outrem", CHECK;
7 - "sensações incómodas, como medo, repugnância, dúvida sistemática", CHECK;
8 - "crença em que as coisas têm de ser feitas porque sim", CHECK;

Checklist accomplished, os anti-tabagistas manifestam oito sintomas em oito possíveis, o que seria talvez suficiente para o diagnóstico - fosse eu médico psiquiatra autorizado e pudesse caçar um no meu consultório. Assim, nada feito. As pessoas que se estão rigorosamente nas tintas para o seu semelhante, nas mais ínfimas atitudes, mas que manifestam uma tocante preocupação com a saúde alheia quando se trata de tabaco, hão-de continuar na senda da sanha e, pior ainda, eleitas como boas pessoas, excelentes, beneméritas, mártires da causa. Indivíduos absolutamente incapazes de deixar passar o condutor da direita, de dar uma esmola ou de ajudar um transeunte caído, continuarão na sua sagrada e comummente abençoada saga persecutória e, pior ainda, elevados à condição de protectores higiénicos da humanidade, de cruzados de uma Ordem de Hipócrates manhosa, de imaculados voluntários na santa guerra aos infiéis intoxicados.

Conheci em tempos uma senhora, recepcionista, que ia a correr lavar as mãos sempre que alguém a cumprimentava; na prateleira do balcão, tinha um frasco de álcool puro, para os intervalos entre abluções. Evidentemente, esta figura tinha horror ao fumo dos fumadores mas, que sorte, já nesse tempo era proibido fumar na recepção. Toda a gente achava muita graça àquelas "manias" da senhora e ninguém a levava muito a sério.

Quantas pessoas assim estarão, em vez de num balcão despachando formulários, numa digníssima e poderosíssima cadeira despachando decretos? O Ministro da Saúde (!!!) inglês, não por exemplo, teve o atrevimento de dizer o seguinte: "smoking is one of the few pleasures left for the poor on sink estates and in working men's clubs"* (fumar é um dos poucos prazeres que restam aos pobres dos bairros sociais e das tascas**). Vai cair o equivalente ao Carmo e à Trindade, lá em Londres (talvez St George and Westminster Cathedral), e não se augura grande futuro a Mr. John Reed na cadeira ministerial. Aposto que vai ser imediatamente despachado para os confins da Lapónia, a pão e água. Pobre diabo.

O anti-tabagismo é hoje carreira política, é profissão altamente remunerada, é factor de ascensão social e de prestígio na moral vigente, é tudo, enfim, menos aquilo que arvora: a procura desinteressada do bem alheio. Deus me livre de gentinha tão boazinha e tão tolinha. Que Ele me não castigue com uma morte lenta que eu não possa abreviar, porque do terror já me não livro.



* visto em 40º à sombra
** tradução interpretada; em Portugal, não existem "clubes para as classes trabalhadoras"; "bairros sociais" também pode significar, neste contexto, bairros-de-lata ou, de forma mais abrangente, "bairros-dormitórios"

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